Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Desconhecido:
Oi, gato!
Quando vamos remarcar aquela bebida?
Alice:
Oi, esse é meu número novo.
Queria te chamar para vir aqui em casa.
Quem é essa?
Cocei a cabeça, pensativo. Reparei na imagem da foto. Eu deveria
conhecê-la de algum lugar, já que havia salvado o contato, mas não
conseguia fazer ideia de quem era.
Bruna:
Chefinho :P
Está precisando de um café no final de semana?
Deixamos aquele assunto mal resolvido.
Por que não nos encontramos para terminar?
Alberto:
Ainda acordado?
Augusto:
Miguel está resfriado, vai ser uma noite longa.
Alberto:
Podemos conversar?
Augusto:
Sim.
Alberto:
O que acontece se eu for realmente o pai dessas crianças?
Augusto:
Vai ter que assumi-las, ajudar nas despesas e na criação.
Alberto:
Pagar pensão?
Augusto:
Ser pai é mais do que isso, as crianças precisam da sua
presença como pai.
Alberto:
Eu não sei ser pai.
Augusto:
Nunca é tarde para aprender.
Alberto:
Isso é uma merda!
Augusto:
Você pode mudar de opinião quando conhecer suas filhas.
Alberto:
Duvido! Nem sabemos se elas realmente são minhas ou a mãe
só está mentindo. Esse mundo é cheio de gente tentando tirar proveito
da situação.
Augusto:
Está falando como o Artur.
A Ana mostrou que ele estava errado.
Alberto:
Quanto a ela, mas e o resto?
Augusto:
Não importa!
Isso não muda nada se as filhas forem suas.
Elas não têm culpa de qualquer atitude da mãe.
Alberto:
Ainda bem que o Miguel não é filho da Graciela.
Augusto:
Amém, mas se ele fosse, ainda assim seria meu filho.
Alberto:
Vou ter que fazer o DNA, não é?
Augusto:
Caso ela entre com um pedido de reconhecimento de
paternidade, o juiz vai solicitar um DNA, mas se você se recusar há
uma presunção de paternidade, você vai ter que provar que não há
possibilidade de ser o pai.
Alberto:
Eu posso ter dormido com ela, mas não me lembro.
Augusto:
Aceita o meu conselho.
Alberto:
Qual?
Augusto:
Faz o exame. Se der negativo, você fica livre.
Alberto:
Mas se for positivo não posso fugir.
Augusto:
Não pode.
Alberto:
Queria uma solução melhor do que essa.
Augusto:
Sabe que não tem.
Talvez não seja o que quer ouvir de mim, mas você precisa se
responsabilizar pelas coisas que faz.
Alberto:
Tomara que ela esteja errada sobre mim.
Augusto:
O exame vai te dizer.
Alberto:
É! Valeu.
Augusto:
Por nada.
Alberto:
Elas foram até a clínica.
Augusto:
Já tem o resultado?
Alberto:
Ainda não. Vou até lá para coletarem a minha amostra e me
prometeram o resultado até o fim do dia.
Augusto:
Ótimo!
Como está se sentindo?
Alberto:
Azarado para caralho.
Augusto:
Não é para tanto. Filhos são uma benção.
Alberto:
Quando a gente escolhe tê-los.
Augusto:
Se você não foi pai delas, é melhor optar pela abstinência
depois desse susto. Só assim vai garantir que não engravidará mulher
nenhuma.
Alberto:
Sem transar o meu pau vai cair.
Augusto:
Risos!
Nem vai precisar dele mesmo.
Alberto:
Rá!
Acho melhor fazer uma vasectomia.
Augusto:
O único método 100% eficiente é não transar.
Alberto:
Tá! Já entendi.
Augusto:
Vai dar tudo certo.
Alberto:
Espero que sim.
Augusto:
Me fala quando tiver os resultados.
Alberto:
Está bem.
Meu pai estava habituado que eu não fosse para o trabalho com ele e
não me fez perguntas quando eu saí de casa pela manhã e passei na clínica.
Tentei trabalhar ao longo do dia como se fosse qualquer outro,
porém, foi impossível me concentrar. A todo momento eu abria a minha
caixa de e-mail e recarregava para ver se havia algo da clínica. Eles me
garantiram entregar o mais rápido possível, porém, não poderiam diminuir
o tempo da máquina e queriam garantir que não houvesse erro.
Que merda!
Eu estava extremamente nervoso.
Inclinei o meu corpo para frente, massageando as têmporas e
inspirando profundamente.
Ouvi uma batida na porta e me remexi na cadeira.
— Quem é?
Bruna abriu a porta e colocou a cabeça para dentro da sala,
lançando-me um sorrisinho.
— Oi, chefinho.
— O que foi?
— Queria saber se precisa de uma mãozinha, ou algo mais.
— Não!
— Mas…
— Me deixa em paz.
— Tem certeza.
— Sai e fecha a porta — rugi em um tom ríspido.
Naquele momento eu não estava com clima para fazer
absolutamente nada. Só de pensar na possibilidade de me ver naquela
enrascada de novo, eu tinha calafrios.
Meu dia foi uma merda, não consegui me concentrar para fazer nada
direito e tinha certeza de que iriam me recriminar por isso, mas enquanto
aquele resultado não saísse, ficaria remoendo aquela sensação de angústia.
Já era quase seis horas da tarde quando abri a janela do meu e-mail
pessoal e atualizei a caixa de entrada, recebendo o e-mail da clínica. Abri
sem pensar duas vezes e rolei até o fim, onde estava um anexo em PDF com
o resultado.
Muitos termos técnicos, mas eu segui para a parte que me
interessava. Havia um exame para cada uma das crianças e a
compatibilidade genética comigo e com a Silvana…
Ah! Droga!
Não é que a maluca estava falando a verdade?
As duas meninas eram minhas filhas.
Alberto:
Saiu o resultado.
Augusto:
E aí!
Alberto:
Positivo, ao que parece.
Augusto:
Não há subjetividade, é sim ou não.
Alberto:
Elas são minhas filhas.
Augusto:
Parabéns!
Alberto:
Deveria ser: meus pêsames!
Augusto:
Você já as viu?
Alberto:
Ainda não.
Augusto:
Vai ver só como a sua vida vai mudar completamente quando
as conhecer.
Alberto:
Acha que eu quero mudar a minha vida?
Augusto:
Ser pai é uma coisa boa.
Alberto:
Para você.
Augusto:
Certo. Elas são suas filhas e já passaram um tempo sem você.
Está na hora de mudar isso. Quando vai encontrá-las?
Alberto:
Eu não sei.
Augusto:
Quanto mais cedo melhor.
Alberto:
Não vejo por esse lado.
Augusto:
Só seja o pai que elas precisam.
Alberto:
E se eu não conseguir?
Augusto:
Precisa ao menos se esforçar.
Alberto:
Vai comigo?
Tenho um endereço que a Silvana me passou.
Augusto:
Sim. Vou avisar a Elisandra e saímos daqui direto para lá.
Alberto:
Obrigado.
Augusto:
Daqui há meia hora. Pode ser?
Alberto:
Combinado.
Alberto:
Sim.
Silvana:
Fiquei pensando se você iria aparecer mais tarde.
Alberto:
Não deu. Eu cheguei atrasado e tive um dia complicado na
empresa.
Silvana:
Com seu irmão?
Alberto:
Ele também.
Silvana:
Sinto muito.
Alberto:
Relaxa! Como estão as meninas?
Silvana:
Bem, acabei de colocá-las para dormir.
Alberto:
Estava pensando em como vamos contar a elas sobre mim.
Silvana:
Eu já contei.
Alberto:
Ah, que bom!
Silvana:
Mas talvez não tenha sido da melhor forma.
Alberto:
Por quê?
Silvana:
Elas estavam me perguntando sobre você e se não iria chegar.
Alberto:
Por que isso é ruim?
Silvana:
Elas têm que entender que não moramos juntos e não somos
um casal.
Alberto:
Tem razão.
O que disse para elas?
Silvana:
Que você mora em outro lugar.
Alberto:
Como elas reagiram?
Silvana:
Aceitaram.
Alberto:
Vai ficar tudo bem.
Silvana:
É o que eu mais quero.
Alberto:
Eu também.
Silvana:
Obrigada por ter me emprestado o seu cartão, amanhã eu vou
deixar as meninas na creche e ir trabalhar para comprar os outros
mantimentos. Devolvo ele para você assim que nos virmos.
Alberto:
Fique com o cartão.
Silvana:
Não posso.
Alberto:
Prometo decidir sobre a escola amanhã.
Você pode ficar com elas por mais um dia?
Silvana:
Posso perder os meus clientes.
Alberto:
Quer vender acarajé para o resto da vida?
Silvana:
É um trabalho digno e honesto que garantiu o sustento das
meninas pelos últimos três anos.
Alberto:
Não foi o que eu perguntei.
Você estudou? Tem vontade de fazer outra coisa?
Silvana:
Gosto de fazer acarajé.
Alberto:
Tudo bem.
Pode ficar com elas só amanhã.
Silvana:
Posso.
Alberto:
Preciso que me envie as certidões de nascimento, vou
matriculá-las na escola e dar entrada no reconhecimento de
paternidade.
Silvana:
Obrigada.
Alberto:
Por nada, boa noite.
Silvana:
Okay.
Alberto:
Obrigado.
Alberto:
Por que eu sinto que estou fazendo tudo errado?
Augusto:
O que aconteceu?
Alberto:
Eu beijei a Silvana há alguns dias e hoje tentei me aproximar
de novo.
Ela me mandou embora, no melhor resumo da situação.
Augusto:
O que você quer com ela?
Alberto:
Como assim?
Augusto:
Ela é mãe das suas filhas.
Alberto:
Eu sei.
Augusto:
Não dá para agir como se ela fosse só mais uma.
Alberto:
Foi o que a Silvana disse.
Augusto:
Se quiser ficar com ela, vai ter que ficar de verdade, com
amarras.
Alberto:
Um relacionamento?
Augusto:
Óbvio!
Alberto:
Não sei se eu quero isso.
Augusto:
Enquanto não tiver certeza, deixa a mulher em paz.
Alberto:
Por que falar parece muito mais simples do que colocar em
prática?
Augusto:
Porque é!
Mas pense que vocês têm duas filhas que não pode arrastá-las
para uma confusão.
As meninas são a prioridade.
Alberto:
É o que ela diz.
Augusto:
Isso faz dela uma boa mãe.
Alberto:
Eu sou um péssimo pai.
Augusto:
Calma, cara…
Você descobriu ser pai ontem e está se esforçando. Vi o quando
as meninas são felizes na sua companhia, isso é o que importa.
Alberto:
Espero que sim.
Augusto:
Você vai se sair bem.
Alberto:
Queria ser como você.
Augusto:
Minha vida está bem longe de ser perfeita.
Alberto:
Mas parece.
Augusto:
Já passei por coisas que prefiro nem ficar pensando.
Alberto:
Mas superou tudo.
Augusto:
Ainda bem!
Alberto:
Às vezes eu penso que se fosse mais como você saberia lidar
com tudo isso.
Augusto:
Quem disse que eu sei?
Rsrs.
Alberto:
Parece.
Augusto:
Irmão, quem vê de fora, não sabe o que realmente está
acontecendo.
Já está na hora de você aprender isso.
Fiquei tempo demais preso em um casamento do qual não
conseguia me livrar com uma mulher maluca que arquitetou um
plano para que eu engravidasse outra e ela roubasse o bebê para fingir
que engravidou de mim. Tudo isso para não perder acesso ao meu
dinheiro.
Alberto:
Okay, você venceu.
Augusto:
Rsrs!
Viu?
Alberto:
Você tem razão.
Augusto:
O importante não é quantos tombos nós levamos, mas a nossa
capacidade de nos levantar.
Alberto:
Vou me lembrar disso.
Augusto:
Ótimo!
Alberto:
Obrigado pela conversa.
Augusto:
Por nada.
Eu sabia que a conversa com o meu irmão não tomasse o rumo que
eu queria, mas conversar com ele fez com que eu me sentisse melhor.
Apesar de não ser perfeito, como ele mesmo dizia, Augusto parecia saber
lidar com as situações melhor do que qualquer um de nós.
Capítulo 33
— Mamãe!
— Mamãe!
Acordei com as mãos das minhas meninas nos meus braços. Abri os
olhos com sonolência e percebi haver dormido no sofá. A minha cabeça
estava latejando e eu não consegui espantar a sensação ruim que tomava
conta do meu peito.
Alberto…
Eu não queria pensar que quase havíamos ido longe demais, porém,
era praticamente impossível afastar aqueles pensamentos. Esquecer como
ele olhou para mim quando eu fui firme em minha decisão.
Mais firme do que eu imaginei que poderia ser…
Eu seria uma mentirosa se dissesse que não queria. A vontade de
experimentá-lo novamente palpitava em mim e esse era um motivo ainda
mais forte para que eu a repelisse com toda a força, pois eu não queria cair
em um abismo do qual não havia retorno. A chance de que os meus
sentimentos nos colocassem em uma situação difícil era enorme, por isso,
eu acreditava que me convencer de que não daríamos certo era a melhor
escolha.
Alberto não era o homem de uma mulher só e certamente não valia a
pena o risco.
— Mamãe! — Maria Lis voltou a gritar.
— O que foi, querida?
— A escola!
— Que horas são?
— Na hora da escola…
Levantei-me do sofá em um salto e procurei pelo meu celular para
verificar quantas horas eram e tomei um grande susto. As meninas estavam
atrasadas e eu também.
Ah, droga…
— Vamos, filhas! Vamos!
Troquei os pijamas dela pelo uniforme o mais rápido possível e
preparei um misto frio para irem comendo pelo caminho enquanto íamos
para a escola, que não ficava muito longe dali. Chegamos quase uma hora
depois do horário de entrada das crianças e levei uma bela bronca da
professora, mas felizmente, deixaram que elas entrassem.
Perdi completamente a hora e meu celular não despertou, como se
nem ele quisesse estar ao meu lado.
Ah, Alberto…
Não queria prejudicar as minhas filhas pelo que eu sentia ou deixava
de sentir por aquele homem, porém, acabou acontecendo e isso me deixava
ainda mais irritada comigo mesma.
Eu só poderia pensar nele como pai das meninas e nada, além disso.
Capítulo 34
Enquanto você não tiver certeza do que quer, deixe-a em paz…
Apesar da conversa com o Augusto ter sido por mensagens em um
aplicativo, eu escutava a frase dele, como se fosse a sua própria voz. Não
tinha dúvidas de que o meu irmão estava certo, mas, na prática, a situação
era bem diferente.
Eu queria a Silvana. Eu não conseguia pensar nela só como mãe das
minhas filhas. Parecia um tarado que mal fechava os olhos e tentava
imaginá-la nua. Esforçava-me para me lembrar de como havia sido há
quatro anos quando transamos, mas não conseguia. Tantas mulheres já
passaram pela minha cama que seria praticamente impossível me recordar
de cada uma delas.
A Silvana definitivamente não era apenas mais uma, porém, isso não
mudava a minha mentalidade da época. O que havia acontecido no passado,
literalmente ficou no passado.
Já que eu não iria me lembrar, parecia simples criar uma lembrança
nova. Só mais uma transa para que eu não ficasse tão frustrado, mas não iria
rolar. Não com a Silvana.
Ela não me deixaria brincar e depois desaparecer como sempre
fazia. Com duas filhas entre nós dois, havia perdido o direito de
desaparecer.
Ou eu ficava com ela, ou iria brincar com outra mulher.
Era o sim ou não mais difícil da minha vida.
Abdicar da minha vida de solteiro não era nada que eu sequer havia
cogitado, mesmo quando o meu pai ofereceu uma fortuna para que eu e o
Artur nos casássemos. Meu irmão aceitou aquela proposta, sem pensar duas
vezes, e a agilidade dele o fez vencer a aposta...
Os meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta.
— Pode entrar… — Eu me remexi na cadeira, pensando que poderia
ser a Bruna. Depois das últimas conversas que tivemos, a relação com a
minha secretária não estava das melhores.
O pior de tudo era que haviam me avisado para não me envolver
com alguém tão próximo porque poderia acabar me arrependendo.
Parecia um pouco tarde para pensar sobre tomar uma decisão
diferente. Se ela não conseguisse agir com profissionalismo, eu poderia
conseguir outro emprego para ela e me livrar da dor de cabeça.
Soltei um suspiro de alívio ao ver o Artur. Não que ele fosse alguém
que eu esperasse ou desejasse conversar, porém, diante da situação, era uma
alternativa melhor.
— Tudo bem? — Ele me observou com atenção como se estivesse
procurando por algo.
— Sim, por que não estaria?
— Sei lá! — Deu de ombros.
— Em que posso ajudá-lo? — Inclinei-me na mesa, observando-o
com atenção.
Artur raramente vinha até a minha sala. Ele me evitava sempre que
possível. Então imaginei que pudesse ser algo grave ou emergencial.
Apesar de não termos culpa pelo que aconteceu à mãe dele, meu
irmão ainda continuava culpando a mim e a minha mãe. Com o passar dos
anos, percebendo que ele não conseguia deixar para lá, acabou virando
parte da nossa convivência.
— Deixei passar algum assunto importante? — insisti quando ele
não falou de imediato.
Artur amava apontar os meus erros, apesar de ele estar longe de ser
perfeito e de não acertar cem por cento das vezes. Queria provar que me ter
por perto era uma atitude estupida do nosso pai, que acabava relevando e só
me dava uma bronca quando realmente era necessário. Considerando que
nos últimos dias a minha mente estava completamente alheia aos negócios,
não seria uma surpresa que eu houvesse dado um motivo para o Artur vir
tripudiar em cima de mim.
— Ah… — Pensou por alguns instantes. — Não.
— Então o que foi? — Arqueei as sobrancelhas, ainda mais confuso.
— A Ana Paula… — bufou.
Minha expressão destacou ainda mais o fato de eu não estar
compreendendo nada. Artur nunca havia compartilhado confidências
comigo e não conseguia ver um motivo para ele começar a desabafar sobre
o casamento.
Permaneci o encarando, esperando que continuasse.
— Minha esposa quer convidar vocês para almoçar conosco no
sábado. Ela disse que não aceita não como resposta.
— Ah… — Fiquei boquiaberto.
— Então vocês vão?
— Vou falar com a Silvana.
— Obrigado.
— Okay. — Ele se virou, mas antes que saísse da minha sala, voltei
a chamá-lo.
— Artur!
— Sim? — Girou nos calcanhares para voltar a me fitar.
— Obrigado pelo convite.
— Por nada.
Artur nunca havia me convidado para a casa dele. Nem sabia como
era o seu apartamento, só que ele morava perto do Parque Ibirapuera.
Seja lá como havia sido a conversa dele com a esposa, a mulher
conseguiu ser bem convincente para fazer com que ele me suportasse em
seu espaço.
Apesar do Augusto ser o mais velho e ter se casado pela primeira
vez há mais de uma década, Artur saiu de casa bem antes disso. Ele foi o
único de nós a começar a trabalhar com nosso pai antes de terminar a
faculdade e usou o salário para conseguir a própria casa. Meus pais não
foram contra a saída dele, porque o Artur brigava muito com a minha mãe,
mesmo quando ela não estava fazendo nada. Confesso que a casa havia se
tornado um ambiente melhor depois da saída dele.
Só voltamos a conviver quando eu comecei a trabalhar na empresa,
mas a opinião dele sobre mim não havia mudado. Eu poderia jurar que
jamais mudaria e já tinha aprendido a lidar com a situação.
Capítulo 35
Depois de um dia péssimo com apenas duas vendas, eu estava
exausta quando fui buscar as meninas na escola. Ouvi elas falarem
animadas sobre como havia sido o dia. Elas haviam começado a plantar
uma horta e foram as responsáveis pelos tomates. Esse tipo de atividade
sempre as deixava felizes.
Entramos no apartamento e eu coloquei as mochilas sobre a mesa de
centro na sala e elas foram correndo até o banheiro.
— Tomem banho direito — gritei para elas. — Eu vou conferir se
estão limpinhas. Vi que as unhas estão cheias de terra.
— Tá bom!
Soltei um longo suspiro antes de elas começarem a gritar.
— Mamãe!
— Mãeeee!
— Já estou indo.
Cheguei no banheiro e vi Maria Flor na ponta dos pés, tentando
abrir o registro do chuveiro. Elas ainda eram muito pequenas para alcançar.
Ri ao ajudá-las e entreguei o chuveirinho para que dividissem.
Maria Lis se molhou e depois passou a mangueira para a irmã
enquanto pegava o sabão da minha mão para se lavar.
— Muito bem. — Incentivei enquanto observava o empenho delas.
Depois que eu desliguei o chuveiro e enrolei as duas nas toalhas
brancas e macias oferecidas pelo apart-hotel, surpreendi-me com o som de
alguém batendo na porta.
Alberto!
Meu coração deu um salto no peito. Por mais que eu houvesse
passado o dia inteiro tentando me convencer de que poderíamos conviver
como pessoas maduras e determinadas a garantir o bem das nossas filhas,
tive certeza de que essa teoria poderia cair por terra no primeiro deslize.
— Papai! — As meninas vibraram e também imaginavam que
pudesse ser ele.
— Vão se vestir. Coloquem o pijama que eu vou abrir a porta.
Elas assentiram com um movimento de cabeça.
Engoli em seco, sentindo como se houvesse um ouriço-do-mar na
minha garganta, machucando com os seus espinhos. Meu coração foi
ficando cada vez mais apertado à medida que eu me aproximava da porta.
Não queria sofrer por antecipação, mas parecia impossível.
Você é mais forte do que isso…
Mais madura.
O pior de tudo era que naquele momento eu não sabia se força e
maturidade era o suficiente para lidar com a situação.
Suspirei ao me dar conta do suor frio nas minhas mãos quando
toquei na maçaneta da porta para abri-la. Minha esperança de não ser o
Alberto se esvaiu quando eu o vi parado no corredor, usando um terno
cinza, como se houvesse acabado de sair do trabalho. Ele levantou a cabeça
e me encarou com um sorriso.
— Boa noite, Silvana.
— Boa noite… — Tentei retribuir, mas provavelmente só consegui
fazer uma careta.
— Tudo bem?
Balancei a cabeça fazendo que sim, mas a minha vontade era gritar:
claro que não! Como ele poderia querer que eu estivesse bem depois de
tudo que havia acontecido.
Preferia acreditar que ele não sabia do impacto que suas palavras e
atos podiam provocar em mim do que pensar que ele estava fazendo de
proposito só para me jogar num sofrimento angustiante.
Eu abri a boca, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, as
meninas apareceram gritando.
— Papai!
Elas passaram por mim, quase me derrubando e o abraçaram,
envolvendo as pernas dele e Alberto se agachou para retribuir o carinho.
— Oi, minhas meninas!
— Ah, papai!
Era impressionante a habilidade que as crianças tinham de
abandonar o passado. Alberto não esteve presente na vida delas por anos,
mas tudo o que importava para as duas era que ele estava ali agora. Não
havia mágoas, nem ressentimentos, apenas a alegria de poder conviver com
o pai e se sentirem amadas por ele.
— Como foi o dia de vocês hoje? — Ele se levantou, guiando as
meninas para dentro do apartamento e fechou a porta.
— Fizemos hortá! — disse Maria Lis.
— Horta?
— Sim — respondeu Maria Flor. — Tomate.
— Ah, vocês plantaram tomate?
— Hum rum…
— Que legal!
— Sim…
— Enquanto vocês estão com o papai, eu vou preparar o jantar.
— Tá!
Elas não se importaram quando eu me afastei, como se quisessem
apenas a atenção do Alberto. Tentei não me sentir enciumada, afinal eu fui
atrás dele para garantir que as meninas tivessem aquele direito.
Ouvi o riso e a felicidade delas, enquanto cozinhava e isso era o
bastante para me deixar feliz também.
Era o que importava.
Capítulo 36
Percebi pelo olhar da Silvana que ela estava desconcertada assim
que ela me viu na porta. Tive a sensação de que ela torcia para que não
fosse eu. Poderia ser apenas uma impressão, mas o clima estava pesado
entre nós.
Ambos estávamos tentando fingir que nada havia acontecido, mas
ficava cada vez mais óbvio que éramos ruins nisso.
Ela não queria ser só mais uma transa minha, mas não significava
que eu conseguisse evitar a minha vontade de tê-la. Eu havia passado o dia
todo com aquela pele negra na minha mente, com uma vontade de enfiar
meus dedos naquele cabelo cacheado, minha boca nos seus lábios
carnudos…
Eu queria dizer que era fácil afastar todos aqueles pensamentos da
minha mente, mas só provava para mim mesmo o quanto eu estava
fracassando. Não conseguia evitar aquela perturbação que me deixava com
dor de cabeça.
As meninas conseguiram me distrair por um tempo, mas eu sabia
que era momentâneo, quando eu estivesse sozinho novamente, meus
pensamentos acabariam fluindo para ela. Tentar me convencer de que não
deveríamos ficar juntos, só fazia com que eu me provasse que a queria mais
do que minha racionalidade dizia ser aceitável.
— Papai! — Maria Lis segurou na lapela do meu paletó.
— Oi, princesa?
— Gosta de horta?
— Nunca plantei.
— Ah!
— Mas deve ser muito legal.
— É sim!
— O jantar está pronto — anunciou Silvana ao colocar os pratos
sobre a mesa e servir a refeição das meninas.
— Vamos comer. — Segurei nas costas das minhas filhas e ajudei as
duas a ficar de pé.
— Vamos! — Elas comemoraram.
Meu olhar cruzou com o da Silvana e eu engoli em seco, mas
nenhum de nós ousou dizer nada.
Se não queríamos deixar a situação entre nós constrangedora,
estávamos falhando miseravelmente.
Servi um pouco da refeição para mim e acabei me sentando no lado
oposto da mesa de quatro lugares, encarando a Silvana. As meninas eram
novas demais, mas qualquer outra pessoa mais madura conseguiria perceber
que havia algo pesando demais entre nós como se uma nuvem cinza e
chuvosa pairasse sobre nossas cabeças.
Éramos como duas crianças emburradas que não conseguiam deixar
os problemas de lado.
— Hum… ótimo! — exclamei depois de mastigar um pedaço da
carne.
— Obrigada — Silvana deu um sorriso sem jeito.
— Já pensou em ter um restaurante?
— Restaurante? — Franziu o cenho, surpresa com a minha
pergunta.
— Sim.
— Uma vez, mas…
— Mas o quê? — insisti.
— É complicado…
— Acha que não conseguiria?
— Não por isso.
— Então pelo quê?
— Para abrir um restaurante precisa de um investimento muito
grande que eu nem consigo imaginar. Alugar um local, comprar os
eletrodomésticos, sem contar as pessoas para trabalhar… eu mal conseguia
pagar o aluguel daquele barracão, nunca conseguiria dinheiro para algo tão
ambicioso como um restaurante.
— Mas você gostaria de ter um?
— É algo fora das minhas possibilidades…
— Responda com sim ou não — cortei-a, enfático.
— Não sei… quero dizer, sim. Claro que sim! Mas o
investimento…
— Deixe o investimento comigo.
— Não! — Ela deu um grito que assustou as meninas.
— Mamãe…
— Desculpa, meninas — sussurrou, sem jeito, antes de voltar a me
encarar. — Não posso aceitar o seu dinheiro, Alberto. Uma coisa é cuidar
das nossas filhas, mas eu não procurei você para tirar proveito da situação.
— Não foi o que eu disse.
— Mas aposto que é o que todo mundo acaba pensando.
— Que todo mundo? — Franzi o cenho, mantendo o meu ar
questionador.
— Seus pais… Seus irmãos… Eu não sei.
— Eles nunca disseram nada.
— Mas podem estar pensando… — Mordeu o lábio inferior, tensa.
— Já pensou que pode estar só na sua cabeça e não na deles?
Ela ficou em silêncio.
— De qualquer forma, como você mesma disse, é um investimento
e eu sou um investidor. É com isso que eu trabalho, então são negócios para
nós dois. Você entra com a mão de obra e eu com o dinheiro. Não é um
favor, mas um negócio que eu acredito no potencial de rentabilidade. O que
você me diz?
— Eu… Eu não sei… Vale a pena?
— É você quem vai me dizer. É um bom investimento ou vou rasgar
dinheiro?
— Eu… eu não sei…
— Não precisa me responder agora. Pense sobre o assunto?
Balançou a cabeça, concordando.
— Obrigada.
Não apenas por ser mãe das minhas filhas, Silvana era uma boa
cozinheira e eu acreditava que ela merecia um local melhor para trabalhar
do que aquela banca precária na rua. Poderia atrair os clientes que já tinha e
fidelizar novos. Minha família ganhava muito dinheiro investindo em
negócios e o meu pai me treinou para perceber quando havia algum
potencial ou se eu perderia dinheiro.
Capítulo 37
Queria que ele fosse embora antes das meninas dormirem, seria
mais fácil para mim e evitaria o constrangimento de ficarmos sozinhos, mas
as minhas filhas não contribuíram comigo, insistiram para que ele contasse
uma história e só fecharam os olhos depois do segundo livrinho.
Eu estava parada na porta, observando, até que o Alberto se levantou
da beirada da cama da Maria Lis, deu um beijo na testa dela e depois na da
Maria Flor antes de caminhar na minha direção e eu dei dois passos
cambaleantes para trás no corredor.
— Elas estão gostando da escola nova.
Balancei a cabeça concordando.
— Se adaptaram melhor do que eu imaginava.
— É tudo mais fácil quando a gente é criança.
— Uma pena que a gente cresce.
— Também existem vantagens de ser adulto.
— Eu não sei…
— Claro que sim. — Ele tocou o meu rosto e eu afastei por reflexo,
batendo com as costas na parede do corredor.
— Alberto…
Ele aproximou o seu rosto do meu e quando me dei conta, seu corpo
estava perto demais para nos manter agindo com prudência e
responsabilidade.
— Eu não consigo… — Desabafou com a voz rouca e baixa, como
se estivesse sentindo falta de ar, mas ele não era o único sem fôlego.
— O que…
— Parar de pensar em beijar você.
— Alberto, não…
Ele tirou a mão do meu rosto e a colocou na parede, encostando sua
testa na minha. Sua respiração estava urgente e acelerou a minha. Meu
coração começou a galopar no peito e imaginei que ele pudesse acabar
pulando da boca.
— Não podemos…
— Acho que não — sussurrou com os lábios tão próximos dos meus
que eu os sentia se atraindo como se fossem lados opostos de um ímã.
Foge!
Minha mente berrava, tentando agir com racionalidade diante de
toda aquela atração.
Alberto acabou com a distância entre as nossas bocas, raspando os
lábios nos meus de forma lenta e provocante que deixou o meu coração
ainda mais acelerado.
Que fiquei com sede, uma necessidade tão desesperada pela boca
dele, como se fosse um verdadeiro oásis. O que começou com um roçar de
lábios, numa leve provocação, acabou num beijo perigoso quando eu
empurrei a minha língua contra a boca dele.
As mãos do Alberto caíram da parede e pararam na minha cintura
quando ele prensou meu corpo contra a superfície rígida com a pressão do
seu peito contra o meu.
Enquanto a minha consciência berrava para afastá-lo, eu estava
sendo seduzida pelo desejo ao subir com as mãos pelos seus ombros e
abraçar o seu pescoço.
A língua dele mergulhou na minha boca com ainda mais
intensidade, roubando meu fôlego e a lógica enquanto as mãos pesadas
escorregavam da minha cintura e apertavam a minha bunda protegida pela
calça jeans.
Eu já não conseguia mais respirar quando ele interrompeu o beijo,
mas ao invés de se afastar, sua boca deslizou pelo meu pescoço, deixando
um rastro de mordidas e chupões que me fizeram enlouquecer.
Segurei os seus ombros, pensando em empurrá-lo, mas tudo o que
consegui fazer, foi ficar as unhas no seu paletó, enquanto cerrava os lábios
para não gemer ao senti-lo abocanhar a minha garganta.
Deixei escapar um suspiro quando ele apertou a minha bunda com
ainda mais força, encaixando uma perna entre as minhas coxas e a fricção
aumentou ainda mais o meu desejo por ele. Por mais que parecesse um
enorme erro admitir, queria muito estar com aquele homem novamente.
— Você tem que ir embora…
— Você não quer que eu vá embora. — Lambeu meu pescoço,
provocando uma série de calafrios que me deixaram toda arrepiada antes de
voltar a roçar os lábios nos meus.
— O que eu quero, não importa.
— Nós dois sabemos que não é bem assim.
A minha racionalidade já não estava sendo forte o bastante para me
impedir de cometer aquele erro. Minhas palavras poderiam dizer uma coisa,
mas meus atos certamente demonstravam outra.
Como eu poderia convencê-lo a ir embora se o meu corpo
continuava a se esfregar no seu e eu sentia a palpitação entre as minhas
coxas se intensificar.
— As meninas…
— Estão dormindo. — Mordiscou o meu queixo. — Não vão ver
nem saber de nada.
Mas eu vou saber!
Isso já deveria ser o bastante para empurrar o Alberto e mandá-lo
sair dali, mas ao invés disso, minha boca estava na sua, beijando com ainda
mais ferocidade enquanto o sentia entrar por debaixo da minha blusa e tocar
os meus seios. Mordi o seu lábio inferior, tentando não gemer enquanto
seus dedos torciam meus mamilos após ter invadido o meu sutiã e tê-lo
puxado para baixo.
Eu tentei falar o seu nome, protestar contra aquele erro enorme, mas
a sua língua se afundou ainda mais na minha boca, acabando de vez com a
pouca prudência que eu deveria ter.
As mãos saíram da minha blusa e eu finalmente achei que ele se
afastaria, mas ao invés disso, foram para a minha cintura e me pegaram no
colo. Diante do movimento rápido, tudo o que eu consegui fazer foi jogar as
pernas ao redor do seu quadril e permitir que ele me carregasse para o meu
quarto.
Alberto fechou a porta e dessa vez o beijo me devorou, enquanto ele
me pressionava contra a madeira. O seu beijo e toques estavam carregados
de uma necessidade incontrolável, faminta e urgente.
Minhas coxas ainda estavam ao redor da sua cintura e eu sentia o
volume da sua calça ser pressionado e friccionar contra mim de uma forma
que aumentava ainda mais o meu desejo.
Ah, Alberto!
Sua boca escapou da minha e outro calafrio me varreu quando seu
fôlego soprou a minha orelha.
— Você é mais gostosa do que eu estava imaginando — confessou
ele.
— Você estava imaginando?
— Não faz ideia do quanto.
Voltou a me beijar, mordiscando e lambendo os meus lábios de uma
forma tão enlouquecedora que colocou fogo em cada parte do meu corpo.
Eu havia perdido completamente o controle e não conseguia mais ficar só
nos beijos.
Subi com os meus dedos pela sua nuca, puxando o seu cabelo,
tornando o beijo mais intenso do que eu julgava possível. Já as mãos dele,
subiram pelas minhas coxas, agarrando minha bunda e apertando as
nádegas. Naquele momento, o tecido jeans pareceu muito fino, quase como
se ele estivesse me tocando diretamente.
Alberto me carregou até a cama sem afastar os seus lábios dos meus.
Sua língua estava brincando com a minha quando ouvi o zíper da minha
calça e senti suas mãos puxando a peça para baixo.
Ele se afastou momentaneamente para me encarar e eu percebi
como seus lábios ficaram avermelhados pelo beijo e eu notei que havia
deixado a marca das minhas unhas na pele clara do seu pescoço, mas ele
não parecia se importar. Alberto umedeceu os lábios ao perceber que eu
estava o encarando e me dirigiu um sorriso enquanto puxava a minha
calcinha assim como havia feito com minha calça.
Empurrando-me mais para o meio da cama, ele se acomodou entre
as minhas coxas e se inclinou lentamente até posicionar a sua cabeça. Eu
estremecia em antecipação quando seu fôlego me arrepiou antes que a
língua me tocasse. Agarrei o seu cabelo macio, remexendo-me na cama
quando ele me abocanhou e abriu meus grandes lábios com a língua,
fazendo movimentos circulares no meu clitóris e me deixando ensandecida.
Comecei a rebolar na cama, mas Alberto agarrou as minhas coxas, detendo
meus movimentos antes de enterrar a língua em mim e fazer com que o meu
corpo arqueasse.
Oh… ah!
Alberto não poderia se lembrar de como havia sido há quatro anos,
mas eu nunca tinha me esquecido e poderia garantir que ele estava se saindo
bem melhor.
Seus beijos, sua língua e chupões me levaram à beira de um
precipício de êxtase, mergulhando-me em uma névoa que me deixava
completamente atordoada.
— Alberto! — Deixei escapar um gritinho.
— Shi! — Ele colocou o dedo esticado sobre os meus lábios
enquanto os seus ainda estavam enterrados na minha intimidade. — Não vai
querer acordar as meninas.
Balancei a cabeça fazendo que não e ele retornou ao trabalho.
Se havia alguma chance de eu afastá-lo, ela se esvaiu
completamente em meio aquele oral, quando eu percebi que tudo o que eu
queria era mais dele. Seus lábios, sua língua, seu corpo inteiro…
Estremeci quando a tensão se transformou em milhares de
fragmentos que percorreram o meu sangue, me fazendo formigar.
Quando eu soltei o lençol que estava puxando e comecei a respirar
com mais urgência, Alberto percebeu que havia me levado ao ápice e voltou
a me encarar.
Sua boca voltou para a minha, deixando-me sentir meu gosto na sua
língua e ele me beijou, mordiscou os meus lábios, ao terminar de tirar
minha roupa. Suas mãos agarraram os meus seios, apertando meus
mamilos, torcendo-os e afundando-os de um jeito que só aumentava meu
tesão.
Ele abocanhou o meu pescoço e eu estremeci, enquanto tentava
recuperar o controle do meu corpo para tirar a roupa dele.
Capítulo 38
Os dedos delicados e longos dela abriram o meu paletó e eu,
praticamente, arranquei a minha camisa ao jogá-la no chão.
Silvana estava esparramada sobre o lençol, com seus cabelos
volumosos abertos como se fosse um laque, recuperando-se do oral
enquanto ela me observava me despir. Linda, completamente nua, com a
pouca luz que entrava pela janela, reluzindo na sua pele suada.
O cinto me deixou impaciente, enquanto eu lutava para tirá-lo e
finalmente me livrava da parte debaixo das minhas roupas, empilhando-as
no chão antes de avançar para cima da Silvana e voltar a beijá-la.
Minhas mãos percorriam seus contornos, emoldurando-os, enquanto
eu desfrutava da minha pele escorregando pela sua. Eu estava
completamente louco para ter aquela mulher nos últimos dias e finalmente
tocá-la nua só me deixou ainda mais faminto.
Afastei as suas coxas grossas e esfreguei o meu pau na abertura
molhada. Meu corpo vibrou ainda mais em necessidade antes que eu
escorregasse para dentro dela, me afundando naquele canal quente e
apertado.
Foi a minha vez de conter um gemido de satisfação e êxtase ao
finalmente poder desfrutar daquele corpo maravilhoso. Inclinei-me para
frente, passando os braços atrás do corpo dela, envolvendo a sua cintura e a
puxei para cima, fazendo com que se sentasse em mim enquanto eu estava
ajoelhado sobre o colchão.
Ela se acomodou em mim, rebolando no meu colo e eu subi com
uma das mãos para a sua nuca, trazendo a sua cabeça para mim, voltando a
beijá-la. Nossas línguas se entrelaçavam enquanto eu segurava a sua bunda
com a outra mão e fazia com que ela começasse a quicar no meu colo,
subindo e descendo de uma forma maravilhosa.
Era disso que eu estava me esquecendo?
Faminto, devorei a sua boca, enquanto permanecia cravado nela.
Sentindo o seu canal se contrair em mim a cada movimento que ela fazia.
Soltei seu pescoço, segurando a sua bunda com as duas mãos e
Silvana jogou a cabeça para trás, fazendo seus cabelos esvoaçarem,
selvagens, enquanto os seios empinados roçavam no meu peito.
— Você é maravilhosa… — sussurrei.
Ela deixou escapar uma risadinha enquanto segurava nos meus
ombros para aumentar a velocidade com que se movimentava em mim.
Eu estava louco de desejo, queria congelar o momento bem ali para
podermos ficar nele para sempre. No entanto, quando a suas unhas
rasparam na minha pele e o aperto do seu canal se tornou ainda mais
intenso, eu não consegui mais resistir.
Deixei escapar um rugido baixo enquanto todo meu corpo se
preenchia de prazer ao alcançar o orgasmo.
Eu inclinei meu corpo para trás, apoiando-me no colchão enquanto
me recuperava e ela continuou subindo e descendo em mim da melhor
maneira possível. Eu poderia assistir aquele corpo suado, os seios pulando e
os olhos revirados para sempre.
Capítulo 39
De olhos fechados, queria me convencer de que fora um sonho até
sentir a língua quente e molhada contornando o meu mamilo.
Quando levantei as pálpebras, vi o Alberto beijando os meus seios,
chupando-os e dando leves mordidas que me atiçavam. Eu teria os
esfregado na sua boca, pedindo por mais, se não houvesse sido atingida por
um choque de realidade.
— Você precisa sair daqui!
— Hum… — resmungou confuso, como se também estivesse
acordando.
Levantei-me da cama, empurrando-o para o lado e peguei as suas
roupas, jogando-as contra ele.
— Se veste e sai!
— Silvana…
— As meninas não podem acordar e te ver aqui.
— Mas…
— Veste, Alberto!
Massageei as minhas têmporas, como se estivesse com dor de
cabeça, mas era peso na consciência por ter transado com ele, mesmo tendo
me garantido que não cometeria o mesmo erro de novo.
— Por que não volta aqui para cama e a gente continua o que
começou ontem?
— Você ficou maluco? Imagina o que vai acontecer se as meninas
acordarem e te verem aqui… — Eu peguei minhas próprias roupas e me
vesti mais rápido do que ele.
— Somos os pais delas.
— Mas não somos um casal…
— Silvana… — Ele me puxou pelo braço e me jogou de volta na
cama.
— Você precisa se vestir. — Cerrei os dentes, brava.
— E se pudermos fazer funcionar? — Encarou-me sério, deixando-
me ainda mais confusa.
— Do que está falando?
— Sobre nós dois.
— O que aconteceu ontem foi um erro!
— Eu não acho.
— Não podemos fazer isso… — Tentei me esquivar, mas ele estava
em cima de mim, capturando os meus olhos com os seus.
— Podemos! Namora comigo?
— Você está de brincadeira? — questionei, incrédula.
— Pareço estar brincando? — Encarou-me sério.
— Alberto…
— Eu quero ficar com você. Acho que podemos fazer funcionar.
— Mas se não conseguirmos fazer funcionar? — Engoli em seco,
tensa.
Eu não queria ter que admitir para ele a minha vontade de ficarmos
juntos. Minha consciência dizia que eu estava sendo idiota, caindo no
mesmo papinho só para que ele conseguisse sexo, mas o meu coração
realmente queria fazer funcionar. Sermos um casal parecia um sonho, mas
meu receio me dizia ser impossível.
— Silvana… — Ele estendeu a mão para tocar o meu rosto,
acariciando lentamente a minha face e se inclinou na minha direção.
Pensei que ele fosse me beijar e eu fechei os meus olhos, mas um
grito me trouxe de volta a realidade.
— Mãe!
— Se veste! — Empurrei-o, fazendo com que ele cambaleasse para
trás.
— Silvana, mas…
— Agora vai ficar escondido até as meninas irem para a escola.
— Elas…
— Shi! — Levantei a mão em sinal de pare.
— Eu…
— Silêncio!
— Mãe! Mãe!
Olhei séria para o Alberto, que assentiu com um movimento de
cabeça e eu saí do quarto, fechando a porta atrás de mim e me deparando
com as gêmeas no corredor, encarando-me com uma expressão de confusão.
— Oi, minhas princesas. — Abri um sorriso amarelo ao encará-las.
— Vamos para escola? — Maria Lis tombou a cabeça, reparando em
mim e tentando identificar se havia algo de errado.
A expressão delas fez com que o meu suor frio aumentasse.
— Sim! Vocês vão sim!
— Eh!
— Agora vão escovar os dentes e se trocar. Eu vou preparar o café
da manhã para vocês duas.
Fiquei tensa durante todo o momento, esperando que as meninas,
não se encontrassem com o Alberto. Eu o mataria se ele as deixasse
confusas. Já não estava sendo fácil para mim processar a noite passada, para
as minhas filhas seria ainda mais complicado. Para elas só funcionava sim
ou não, qualquer talvez era confuso demais.
Assim que elas se arrumaram, dei um misto quente para cada uma
delas e saímos antes que vissem o pai.
Capítulo 40
Esperei o silêncio completo antes de abrir a porta do quarto e sair.
Silvana e as meninas não estavam mais ali e eu aproveitei para tomar um
banho e coloquei o terno do dia anterior para ir direto para o escritório.
Não era a primeira vez que eu passava a noite fora e tinha essa
atitude, porém, dessa vez era completamente diferente. Antes ema apenas
noites passageiras, sem qualquer envolvimento. Nem sequer havia cogitado
assumir aquelas mulheres, porém, com a Silvana, estava ciente de que não
poderia ser assim e não me arrependia de querer algo sério.
Além de linda, Silvana tinha outras características que me
encantavam, como a sua determinação e como priorizava as meninas. Era
uma ótima mãe e tinha tudo para ser uma boa esposa.
Esposa…
O que eu estava pensando? Namorar era uma coisa, mas tomar a
decisão de me casar tornava tudo mais sério e profundo. Eu queria estar
com ela, mas precisava ter certeza de que estava pronto para esse passo
antes de decidir tomá-lo.
Silvana estava certa, com as nossas filhas no meio de tudo aquilo, eu
não poderia tomar uma decisão e me arrepender nos meses seguintes. O
bem-estar delas tinha que estar na minha prioridade.
Eu saí do apart-hotel e fui até o meu carro estacionado na rua. Antes
de ir para a empresa, fiz uma ligação para o gerente da minha conta pessoal
no banco. O dinheiro no meu nome vinha da divisão de lucros no fim do
ano, mas eu quase não fazia movimentações pessoais, porque a maioria dos
meus gastos eram feitos no cartão corporativo. O meu próprio dinheiro era
reinvestido e transformado em uma renda passiva. Morando na casa dos
meus pais, eu não tinha muitas preocupações, entretanto, queria comprar
um local para as minhas filhas, além de estar pensando em outro
investimento…
Usando o meu próprio dinheiro, eu não precisava da aprovação dos
meus irmãos, nem convencer os outros diretores de que era uma boa
estratégia de negócios. Confiava no potencial da Silvana e isso era o
bastante para mim.
Depois da conversa com o gerente sobre a disponibilização dos
meus fundos de investimentos, eu liguei para a minha secretária. Estava
evitando falar com ela devido aos últimos acontecimentos, mas ainda
precisava que ela fizesse o seu trabalho.
— Bruna…
— Oi, chefe. — Ouvi sua voz soar manhosa do outro lado da linha.
— Preciso que consulte minha agenda para mim.
— O senhor tem uma reunião depois do almoço com o dono de uma
rede de supermercados. Ele tem interesse em expandir para o estado de
Minas Gerais e está procurando por investidores.
— Preciso que ligue para ele e remarque esse encontro para amanhã.
— Aconteceu algo?
— Não. Só tenho outras prioridades para hoje. Se meu pai ou os
meus irmãos procurarem por mim, diga que eu estou fazendo trabalho de
campo hoje.
— Quer a minha ajuda…
— Não! — cortei-a, enfático.
— Mas…
— Tenha um bom dia, Bruna. Desliguei a chamada sem me
estender.
Eu sabia que a Bruna já havia começado a confundir demais o nosso
relacionamento e eu não queria dar mais motivos para a má interpretação
dela.
Dirigi para o Brás, onde havia me encontrado com a Silvana pela
primeira vez e sabia que ela trabalhava. Deveria haver lojas e
estabelecimentos para compra e aluguel e eu procurei por eles durante toda
a manhã, fazendo algumas visitas e observando o interior.
Estava em um deles quando o meu celular começou a vibrar.
Pai:
Onde você está, Alberto?
Não passou a noite em casa e agora não vem trabalhar.
Alberto:
Minha secretária não disse que eu faria trabalho de campo?
Pai:
Disse, mas você poderia inventar desculpas.
Alberto:
Ah, pai, não me enche.
Pai:
Olha como fala!
Você tem que se preocupar com os negócios.
Alberto:
Estou tratando de negócios. Estou procurando um local para
abrir um restaurante.
Pai:
Restaurante? Desde quando se interessa por esse ramo?
Alberto:
Desde que eu percebi como a Silvana cozinha bem e merece
mais do que uma banca de madeira debaixo do sol forte.
Pai:
Aprecio a sua atitude, mas investimentos para a abertura de um
novo negócio precisam ser discutidos com a diretoria.
Alberto:
Eu sei, por isso vou usar meu próprio dinheiro.
Pai:
Nesse caso eu só posso desejar boa sorte.
Alberto:
Obrigado, pai.
Pai:
Só não se deixe levar pelas emoções e tome decisões
impensadas, ou só vai perder dinheiro.
Alberto:
Pode deixar!
Silvana:
Eu nem acredito!
Alberto:
Em quê?
Silvana:
O almoço foi ainda mais cheio do que no dia da inauguração.
Lotamos! Quase que os mantimentos não foram o suficiente.
Alberto:
Isso é maravilhoso!
Silvana:
Sim.
A Giovana teve que sair correndo ou não vamos ter nada para
servir durante o jantar.
Alberto:
Eu sabia que iria se sair bem.
Silvana:
Obrigada por me apoiar.
Alberto:
Sempre!
Silvana:
Estou muito feliz.
Alberto:
Eu também.
Tenho certeza de que o restaurante ainda vai crescer muito
mais.
Silvana:
Vou me esforçar para isso.
Alberto:
Eu sei.
Silvana:
A Giovana chegou, preciso preparar as coisas para o jantar.
Alberto:
Bom trabalho.
Silvana:
Para você também.
Ah, eu devo ficar até tarde aqui. Você pode buscar as meninas
na escola?
Alberto:
Claro! Vou com as meninas buscar você.
Silvana:
Obrigada.
Sinopse:
Sinopse:
Ana Paula vê seu sonho desmoronar quando seu projeto social enfrenta o
risco de fechamento por falta de recursos. À beira do despejo, o destino a
coloca frente a frente com Artur Oliveira, um magnata com um dilema
próprio. Ele decide oferecer a Ana Paula um acordo selado em contrato.
Sinopse:
Adrián Ruiz tinha muitos motivos para odiar os Velásquez. Era culpa do
líder do cartel rival ter ficado viúvo e estar em uma cadeira de rodas, mas
foi obrigado a recuar e aceitar uma aliança diante de um inimigo em
comum.
Sinopse:
Elisandra era apenas uma garota simples, ingênua e inocente que saíra do
interior para tentar uma vida melhor na cidade grande até o seu caminho
cruzar com o Magnata bilionário Augusto Oliveira.
Augusto era incapaz de acreditar que seria pai, após o fim do seu terrível
casamento. Ele queria se manter longe de qualquer relacionamento, mas o
rosto daquele garotinho foi capaz de derreter seu coração e fazer com que
repensasse as decisões que havia tomado.
Presa ao mafioso (Cartel Velásquez Livro 3)
Sinopse:
Pensar em fugir seria apenas o início do seu maior pesadelo, quando Mirelle
perceber que havia confiado na pessoa errada e o monstro com quem iria se
casar era o único poderoso o bastante para salvá-la e mantê-la segura.
Eu errei com elas
Sinopse:
Ele deixou tudo para trás para ser um juiz, inclusive ela.
Ninguém era mais importante que o meu objetivo, nem Janine, minha
sonhadora namorada, que deixei com apenas um bilhete, sem me explicar
ou dar a chance que suas lágrimas me impedissem de partir.
Seis anos se passaram, tornei-me o juiz que havia sonhado, mas com isso
veio a frieza e a solidão. Ainda assim, nada importava até que um
diagnóstico jogou meu mundo no chão, mostrando que dinheiro e prestígio
não importavam.
Sinopse:
MONSTER ROMANCE
ELE É O VILÃO DAS LENDAS DE NATAL.
ELA É UMA MOCINHA INOCENTE.
ELE TEM UMA CAUDA E SABE COMO USAR.
ELE A QUER E TERÁ A QUALQUER CUSTO.
Todos o conhecem por ser o assombroso demônio que pune aqueles que
se comportam mal. Krampus era mau, o terror das lendas natalinas e
ninguém desejava estar na sua lista de crianças más.
Nalu sempre se esforçou para ser uma menina doce, amável e prestativa
que agradava a todos. Abria mão das próprias vontades para ser vista como
boa, mas isso não estava sendo o suficiente.
Krampus sempre a quis, mas ela permanecia longe dos seus domínios.
Entretanto, estava disposto a tudo para tê-la para si, inclusive levá-la para o
mau caminho.
Gavião: O marido que me rejeitava (agents of
S.A.E.W. Livro 2)
Sinopse:
Sinopse:
Keyla Baker carregava consigo um segredo que levaria até o túmulo pela
felicidade daqueles que mais amava. Até que uma doença terrível abalou
tudo e a verdade veio à tona.
Ele achava que não precisava de amor, mas estava prestes a descobrir o
quanto a sua vida sem uma família era vazia.
Eu sou o pai
Sinopse:
Sinopse:
Agda Martins era só uma garota comum, filha caçula de pais amorosos e
estudante universitária até o cara errado cruzar seu caminho. Sexy, com um
sotaque forte e tatuagens, ele parecia apenas um estrangeiro gato numa
festa. Quando descobriu a verdade sobre ele, era tarde demais...
Agda tinha medo de quem era o pai de seus bebês, no entanto, ainda assim
decidiu contar para ele, deparando-se com desprezo e rejeição. Porém ser
abandonada pelo homem que a engravidou estava longe de ser o seu maior
sofrimento, pois os inimigos dos Velásquez viriam atrás dela.
A arrogância de Henzel (Os pecadores)
Sinopse:
Age GAP – Dark Fantasy – Ela se apaixona pelo vilão — Anjo caído
Deus não aceita os arrogantes em sua presença (Salmos 5.4,5)
Anna viu a luz nele, mesmo anjo caído fazendo de tudo para afastá-la.
Confira mais dos meus livros
Acesse aqui!