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UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DE


NATAL

GRADUAÇÃO EM DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO CIVIL
Prof. Felipe Melo

ROTEIRO 2 – CONCEITOS IMPORTANTES

1.0 – Introdução

Acostumar-se com termos e linguagem jurídica é uma das obrigações de


todo estudante de direito. Tais conceitos serão usados para compreensão não apenas
durante a disciplina de Teoria Geral do Processo, como também em muitas outras no
decorrer do curso e na prática forense.
Nesta aula, aprenderemos conceitos importantes cujo significado precisa
ser assimilado por todos nós, pois será usado no nosso dia-a-dia a partir de hoje.

2.0 – Direito Objetivo (Positivo) e Direito Subjetivo

Um conceito que necessita de explanação diz respeito à diferenciação


entre Direito Objetivo e Direito Subjetivo.
O Direito Objetivo (também chamado de Direito Positivo) é o direito
posto, previsto em lei. É o conjunto de regras (aí compreendidas, desde a Lei em sentido
amplo até os costumes e regulamentos) que preside a vida em nossa sociedade. Toda a
norma de agir prevista em nosso sistema normativo.
Também conhecido como “norma agendi” ou “norma de agir”. Aqui é
importante destacar que as normas que compõe o direito objetivo são normas vigentes,
que são aplicáveis em nosso dia-a-dia. Tais normas impõe um imperativo entre os
cidadãos, de forma que seus verbos sempre se encontram em tons de ordem ou
obrigação.

Exemplo: “Código Civil. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Note que o artigo do código civil usa um
imperativo, uma ordem que deve ser observada, independentemente de processo ou o
que quer que seja.

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O Direito Subjetivo sugere uma opção, uma escolha, uma faculdade de


agir dentro das regras de direito (as quais chamamos de “facultas agendi”). Tal
faculdade é a ferramenta que o cidadão usa para fazer valer seus direitos individuais.
Quando o Direito Objetivo é descumprido ou inobservado, nasce a
faculdade do Direito Subjetivo de requerer em juízo o cumprimento daquele direito.

Exemplo: Roberto, por ato ilícito, causou dano a Miguel. Roberto recusa-se a reparar o
dano causado a Miguel. Com base no Direito Objetivo previsto no art. 927 do Código
Civil, Miguel pode se valer de seu Direito Subjetivo para requerer uma reparação em
face de Roberto, consubstanciado na Lei Civil, Direito Objetivo que não foi observado
por Roberto, face à sua recusa em reparar o dano causado.

3.0 – Lide

“Lide” é um elemento processual que está ligado ao conceito de litígio,


disputa e discussão. Outros sinônimos também abarcam pleito judicial e demanda (no
sentido processual). Há lide quando duas partes discutem ou “brigam” (também no
sentido processual) por algum bem jurídico, ainda que em algum momento no processo
resolvam suas diferenças em um acordo judicial.
O doutrinador Francesco Carnelutti define o conceito de Lide como:
“conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida”. Neste aspecto,
existem dois elementos que precisamos destrinchar para compreender o conceito de
Lide.
O termo “interesse” sugere a existência de uma “vontade”. No entanto, é
importante que o estudante analise a palavra “interesse” sob uma ótica processual. O
interesse processual não se traduz tão somente pelo mero “querer da parte”, mas pela
demonstração da relação jurídica que a parte possui com a demanda pretendida.
Frise-se: o mero “desejo da parte” não é suficiente para ser
caracterizado como interesse do ponto de vista processual.
Sendo assim, o conflito de interesses ocorre quando ambas as partes
possuem interesses que se interferem mutuamente, de forma que um não pode acontecer
se outro for observado.
Os interesses processuais são a tradução das pretensões das partes. A
palavra “pretensão” se traduz no que a parte pretende fazer, conforme seu interesse. A
pretensão é a ideia que move o exercício do direito subjetivo. É sua principal
motivação.

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Exemplo: No caso do dano causado por Roberto a Miguel, percebemos aí 2 interesses


processuais: Miguel pretende que Roberto repare o dano causado; Roberto pretende
não reparar o dano causado. Note que se uma dessas pretensões for atendida, a outra não
poderá ser. Daí o conflito de interesses, vez que somente uma das pretensões pode ser
atendida.

4.0 – Sujeitos do Processo

Outros termos importantes que precisam ser aprendidos pelos estudantes


diz respeito aos Sujeitos do Processo, que são as pessoas que participam ativamente
da Relação Processual. Conheçamo-nos:

4.1 – As Partes:

Também conhecidos como “litigantes”, são aqueles que possuem


interesse direto na lide e no processo. As partes são os oficiais detentores da Pretensão
Resistida.
A parte Autora (também conhecida como Requerente) é aquela que
leva a demanda ao conhecimento do juiz. Diz-se que o Autor ocupa o polo ativo da
demanda. A parte Ré (também chamado de Requerido) é aquele que ocupa o polo
passivo da demanda e em face de quem se requer algo em juízo.
O processo se estabelece quando o Autor recorre ao juízo, que chama o
Réu para tomar conhecimento da ação. Assim, toda iniciativa do processo se dá por
parte do Autor. O Réu, via de regra, por sua vez, adota um comportamento reativo às
pretensões do Autor.
Toda essa “dança” processual é coordenada pelo juiz, o “polo neutro”
(ou melhor, imparcial) da relação processual, que aplica a Lei Processual para ditar os
passos, de acordo com a permissibilidade que a própria Lei o concede. Este contato
entre Autor, Juiz e Réu forma uma relação triangular, que podemos perceber conforme
o esquema a seguir:

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4.2 – Os Advogados:

Os advogados são a ferramenta essencial para propositura das ações na


justiça. Eles também possuem responsabilidades inerentes ao processo e o dever de agir
com uma postura profissional, representando os interesses das partes as quais
patrocinam, bem como se fazendo cumprir as normas e o devido processo legal.
Os deveres das partes e dos advogados serão estudados ainda nesta
disciplina.

4.3 – Os Terceiros:

Além do Autor e do Réu nas ações, pode haver a intervenção de


terceiros com interesse processual na lide desenvolvida pelo Autor e Réu. Estas partes
são chamadas de Terceiros Interessados (ou simplesmente “Terceiros”). Eles também
estão sujeitos a regramento próprio dentro do processo e em muitas coisas se equiparam
às partes.
Estudaremos os Terceiros Interessados e os meios pelos quais estes
intervém no processo ainda nesta disciplina.

4.4 – O Juiz (Juízo) e os Auxiliares da Justiça:

Uma grande inovação no CPC de 2015 foi o aprimoramento das regras


inerentes ao juiz e aos demais serventuários da justiça. Juízes e serventuários também
possuem prazos e deveres nas regras processuais, além de manterem uma postura de
imparcialidade condizente com suas posições.

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Outra inovação do CPC 2015 foi a despersonalização da figura do juiz.


Por vezes o CPC prefere o uso da palavra “juízo”. Isso porque esta remete a instituição
julgadora e não a pessoa física do magistrado. Quando as partes requerem algo, o
fazem direcionando seus pedidos ao Juízo e não mais ao Juiz. Dessa forma, o(a) juiz(a)
que estiver a frente na representação do juízo é aquele que vai se manifestar sobre o
pleito, independentemente de quem seja a pessoa do juiz.
Os juízes trabalham nos órgãos do poder judiciário, junto com os demais
funcionários que compõe as secretarias judiciárias das varas de primeira instância, dos
Tribunais de Justiça Estaduais de segunda instância ou dos Supremo Tribunal Federal
(STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Diz-se que o juiz atua tão somente nas varas da primeira instância. Na
segunda instância (Tribunais de Justiça Estaduais), temos os Desembargadores e nos
tribunais Superior e Supremo, passam a ser chamados de Ministros (do STJ ou STF, a
depender da corte). Contudo, todos são magistrados ou, como são mais comumente
chamados, julgadores.

Aprofunde seu estudo com:

 https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/direitoobjetivo-
e-direito-subjetivo/20104
 https://danicoelho1987.jusbrasil.com.br/artigos/590422657/direto-
subjetivodireito-objetivo-direito-adquirido-e-expectativa-de-direito
 http://genjuridico.com.br/2021/03/29/conflito-de-interesses-conceito-de-lide
 https://www.youtube.com/watch?v=WeLScDRX1vA
 https://www.youtube.com/watch?v=RJO0EdISNr0
 https://www.youtube.com/watch?v=u1PJG4eJPsI
 https://www.youtube.com/watch?v=ocU5Lu5Zw-Q

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