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NELSON RIBEIRO JUNIOR

LEI Nº14.133:
UMA ANÁLISE DA LEI E DAS DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE NAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS

CURITIBA
2024
NELSON RIBEIRO JUNIOR

LEI Nº14.133:
UMA ANÁLISE DA LEI E DAS DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE NAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS

Artígo Científico apresentado ao programa


de Graduação em Direito do Centro
Universitário Internacional como um
requisito parcial para obeter o título de
Bacharel em Direito.

Orientadora: Profa. Ma. Safira Orçatto


Merelles do Prado

CURITIBA
2024
TERMO DE AUTORIA E RESPONSABILIDADE

À Coordenadoria de TCC Profa. Profa. Ma. Safira Orçatto Merelles do Prado

Acadêmico: Nelson Ribeiro Junior


Título do trabalho: Lei Nº 14.133 : Uma análise da lei e das dificuldades na
implementação das sustentabilidade na aquisições públicas.

Autorizo a submissão do artigo supramencionado acima à Comissão ou à Banca


Avaliadora, responsabilizando-me civil e criminalmente pela autoria e originalidade
do material apresentado.

Curitiba, 11 de março de 2024.

Assinatura do Acadêmico:
4

LEI Nº14.133:
UMA ANÁLISE DA LEI E DAS DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE NAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS

Nelson Ribeiro Junior1

RESUMO

SUMARIO: 1.INTRODUÇÃO 2. A SUSTENTABILIDADE NAS COMPRAS


PÚBLICAS 2.1.DIMENSÕES E O PRÍNCIPIO DA SUSTENTABILIDADE;
2.2.COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTATÁVEIS (CPS); 3. LICITAÇÕES
SUSTENTÁVEIS NA LEI N° 14.133/2021; 3.1 IMPACTOS DA NOVA LEI PARA O
APERFEIÇOAMENTO DA SUSTENTABILIDADE NAS CONTRATAÇÕES
PÚBLICAS; 3.2.O ESTADO E AS FUNÇÕES REGULATÓRIAS NAS COMPRAS
PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS (CPS); 4. OS DESAFIOS PARA A
IMPLEMENTAÇÃO DE CRITÉRIOS SUSTENTÁVEIS NAS LICITAÇÕES 4.1.A
ISONOMIA NAS COMPRAS PÚBLICAS; 4.2.COMPETIVIDADE E AQUISIÇÕES
PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS; 4.3. O POSICIONAMENTO DO TCU;
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS. 7.REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

2 A SUSTENTABILIDADE NAS COMPRAS PÚBLICAS

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, também

1
Nelson Ribeiro Junior. Graduando em Direito pelo Centro Univeritário Uninter. Email:
nelsrib@icloud.com
5

conhecida como Conferência de Estocolmo, em 1972, foi um dos marcos iniciais do


movimento ecológico mundial, que surgiu como resultado da degradação ambiental
que a sociedade experimentou desde meados do século XX. Embora o termo
"desenvolvimento sustentável" ainda não estivesse em uso na época, a lógica que o
sustenta já era familiar. Usava-se ainda "ecodesenvolvimento", ou desenvolvimento
econômico justo e responsável para as gerações futuras, principalmente em relação
aos problemas ambientais.
A ideia de que uma ética ambiental deve ser "cultivada" é o caminho a seguir
para intervenções humanas responsáveis. Desde então, essa ética ambiental tem
sido o elemento catalisador para mudanças no direito, pois várias nações têm
incorporado princípios ambientais em suas leis, notadamente por meio de
instrumentos, planos, programas e políticas públicas.
No anos 80, 90 a discussão sobre o termo "desenvolvimento sustentável" se
intensificou. O relatório da “Comissão de Brundtland”2 de 1987, tornou-se
mundialmente conhecido tendo sido elaborado por diferentes nações em 1987 para
a ONU, por uma comissão chefiada pela Dra. Gro Harlem Brundtland 3.
Originalmente, chamava-se Nosso Futuro Comum e, onde o termo desenvolvimento
sustentável foi utilizado pela primeira vez, definido como aquele que supre às
necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
Esse relatório definiu o que é desenvolvimento sustentável e defendeu mudanças
nas leis ambientais e na relação homem-meio ambiente.
O Brasil adotou uma postura inclusiva e considerou dispositivos com fortes
diretrizes normativas sobre como a sociedade e o Estado devem agir em relação ao
tema. Essa perspectiva de sustentabilidade vem sendo, aos poucos, incorporada no
sistema jurídico nacional de compras públicas, seja por força de intervenções
legislativas (por exemplo, a Lei 12.349/2010 4 que inseriu o dever de sustentabilidade
na Lei 8.666/19915) ou de intervenções doutrinárias e jurisprudenciais e de controle
da administração estatal.

2
Sobre o tema, ver “Nosso Futuro Comum / Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Disponível em: <https://idoc.pub/queue/relatorio-brundtland-nosso-futuro-comum-
em-portugues-1d47edg6gmn2>. Acesso em 18 de março de 2024.
3
Ambientalita e primeira-ministra da Noruega na ocasião.
4
BRASIL. Lei 12.349, de 15 de dezembro de 2010. Altera as Leis nos 8.666, de 21 de junho de 1993,
8.958, de 20 de dezembro de 1994, e 10.973, de 2 de dezembro de 2004; e revoga o § 1o do art. 2o da
Lei no 11.273, de 6 de fevereiro de 2006.
5
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, institui normas para licitação e contratos […].
6

Todavia, essa ampliação tanto do dever legal quanto do conhecimento técnico


jurídico sobre o tema sustentabilidade ainda não reflete efetivamente na adoção de
práticas consistentes de aquisições públicas sustentáveis.
A sustentabilidade nas contratações públicas no Brasil é um tópico de
especial relevância , principalmente após a promulgação da nova Lei de Licitações e
Contratos - Lei nº 14.133/20216 que estabeleceu normas gerais de licitação e
contratação para as Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Importantes, foram as
mudanças trazidas pela nova Lei, que incluiu de forma expressa a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável como um dos principais objetivos das
licitações e contratações públicas. Embora a implementação plena da nova
legislação seja complexa, ela nos trouxe uma importante base de princípios,
ferramentas e instituições que podem permitir progressos substanciais na
implementação da sustentabilidade no domínio dos contratos públicos.
A administração pública tem uma história de esforços para promover práticas
sustentáveis e combater a degradação ambiental. Essas ações fazem parte de um
objetivo maior para garantir que o avanço da sociedade moderna não prejudique o
bem-estar das gerações futuras.
As aquisições governamentais no Brasil são um tópico frequente no setor
público, sendo o tema, objeto de intensas discussões e bem conhecido por sua
complexidade em termos institucionais e organizacionais, bem como pela variedade
de atores envolvidos no processo de implementação, e também pelos mecanismos
de controle elencados nas compras públicas. Além disso, quando se trata de
movimentar uma quantidade significativa de recursos financeiros, é evidente a
complexidade dessa estratégia.

2.1 DIMENSÕES E O PRINCIPIO DA SUSTENTABILIDADE

A sustentabilidade está cada vez mais presente na vida de todos, mesmo que
não percebamos. Isso ocorre porque a sustentabilidade é vista como uma solução

6
Nova Lei de Licitações e contratos, promulgada em 01 de abril de 2021.BRASIL. Lei 14.133, de 01
de abril de 2021. Dispõe sobre licitações e contratos. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm?origin=instituicao>. Acesso
em 13 de março de 2024.
7

para os problemas ambientais causados pelos humanos em nosso planeta. Assim,


surgem as "dimensões da sustentabilidade", que discutem como a sustentabilidade
se manifesta nas várias formas de interações humanas.
Assim, como paradigma, a sustentabilidade deve ser avaliada com base em
suas várias várias dimensões. Nos ateremos ao conceito multidimensional proposto
por Freitas (2019). Segundo ele, o desenvolvimento sustentável deve ser
compreendido em cinco dimensões: social, ética, jurídico-política, econômica e
ambiental. Freitas avança e adiciona um novo olhar à teoria consagrada do “triple
bottom line”7, que antes se concentrava apenas nos aspectos econômico, social e
ambiental.
Dimensão Social: a dimensão social da sustentabilidade mostra que os
modelos de desenvolvimento que incluem discriminação, insensibilidade e
desigualdade não são aceitos. Freitas observou que os programas destinados a
garantir o acesso universal a bens e serviços essenciais são a fonte de ênfase nos
direitos sociais fundamentais. Esta parte também garante a proteção, segurança e
saúde dos trabalhadores no local de trabalho. Ou seja, rejeita os modelos de
desenvolvimento caracterizados pela discriminação, insensibilidade e desigualdade.
Dimensão Ética: a dimensão ética do desenvolvimento sustentável está
baseada nas relações e vinculações emocionais e naturais que existem entre todos
os seres humanos. Essas interconexões, que derivam do entendimento de Darwin
sobre a seleção natural de grupos, reconhecem a solidariedade e a empatia como
uma obrigação universal (FREITAS, 2019).
Dimensão Econômica : segundo Freitas (2019), a dimensão econômica da
sustentabilidade implica uma mudança significativa nos padrões de produção e
consumo. O foco desta mudança é a adoção de práticas empresariais e estilos de
vida ambientalmente conscientes e inclusivos. A reorganização econômica tem
como objetivo não apenas melhorar a eficiência e reduzir o desperdício, mas
também aumentar o bem-estar compartilhado e diminuir as desigualdades sociais.
Nesse contexto, a economia de baixo carbono se mostra um modelo econômico
essencial. Ela tem como objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o
que é essencial para combater o fenômeno da mudança climática, bem como
promover a transição para fontes de energia renováveis e tecnologias limpas. Além
7
Sobre o tema ver “MILLER, Kelsey. The Triple Bottom Line: What It Is & Why It’s Important. Harvard
Business School Online, 08 dez. 2020”. Disponível em: <https://online.hbs.edu/blog/post/what-is-the-
triple-bottom-line> . Acesso em: 24 de março de 2024.
8

disso, a economia de baixo carbono é vista como um meio de superar a pobreza por
meio da criação de novos empregos e oportunidades de negócios que são
sustentáveis a longo prazo e que trazem prazer ao longo do tempo.
Para medir o progresso em direção a uma economia mais sustentável, é
preciso ir além do PIB. O produto interno bruto (PIB) é uma medida de atividade
econômica que não considera a distribuição de renda ou a deterioração do meio
ambiente. Portanto, são propostos novos indicadores econômicos para melhor
refletir a saúde econômica, social e ambiental de uma sociedade. Medidas de bem-
estar social, qualidade de vida, eficiência no uso de recursos e efeitos ambientais
podem estar entre esses.
Dimensão Jurídico-Política: esta dimensão da sustentabilidade diz respeito à
obrigação constitucional de proteger a liberdade de todos os titulares da cidadania
ambiental ou ecológica, por meio do autocontrole de seus impulsos degradadores e
exaurientes, visando garantir a definição dos direitos e obrigações essenciais das
gerações atuais e futuras.
As cinco dimensões trabalham em conexão para promover um
desenvolvimento justo e sustentável e são essenciais para a compreensão dos
desafios do século XXI. Cada dimensão desempenha um papel significativo e não
pode ser desconsiderada no caminho para a sustentabilidade.

2.2 COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS

As compras públicas sustentáveis (CPS)8 são valiosas ao permitir que o


Estado demonstre seu poder e liderança nos âmbitos social, econômico e ambiental,
ao promover políticas que estimulem o desenvolvimento sustentável. Isso se
enquadra no amplo tema de produção e consumo sustentável.
As aquisições públicas não mais se concentram apenas na esfera econômica.
Em vez disso, elas têm auferido destaque com a introdução da noção de compras
públicas sustentáveis (CPS) e variáveis integrando critérios econômicos, sociais e
ambientais nos processos licitatórios. As CPS obtiveram significativo impulso com as
8
Sobre o tema ver Tribunal de Contas da União (TCU) e “MOURA, Adriana Maria Magalhães de. As
compras públicas sustentáveis e sua evolução no Brasil. Boletim Regional, Urbano e Ambiental -
Artigos, [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)]”, 2019. Disponível em:
https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5584/1/BRU_n07_compras.pdf>. Acesso em 19 de
março de 2024.
9

mudanças na legislação brasileira, culminando com a Lei Federal 14.133/2021, que


não apenas incentiva, como estatui no ordenamento legal, a inovação e o
desenvolvimento nacional sustentável nas aquisições públicas.
Como o grande consumidor, o setor público ocupa uma posição invejável para
estabelecer escalabilidade, balizar o mercado nos quesitos de lucratividade,
mitigação de riscos e segurança nas transações. O governo fornece aos produtores
e fornecedores um mercado estável e constante ao sinalizar o aumento da demanda
por produtos específicos. Ao demandar produtos e serviços sustentáveis, Governos
em todo o mundo têm usado as aquisições públicas como ferramentas para
promover políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável, devido ao
seu poder de compra significativo e impor pelo exemplo, um direcionamento claro à
sociedade. Podemos inferir que o poder de compra do Estado é expressivo, o que
torna indutor junto ao mercado produtor, para a adoção de critérios sustentáveis na
fabricação de seus produtos.
Portanto, como consumidor mais ativo do mercado, o Estado é
indubitavelmente importante para a criação de regulamentações, impostos e
incentivos. As aquisições públicas sustentáveis são aquelas que trazem no bojo
critérios de sustentabilidade nos certames licitatórios, compatíveis com as premissas
do desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável é um conceito
complexo e intrincado que busca a construção de uma sociedade mais justa,
inclusiva e equitativa para as gerações atuais e futuras, desenvolvendo-se na mais
absoluta capacidade ofertada pelo meio ambiente. O objetivo fulcral das CPS é que,
as autoridades públicas devem assumir a responsabilidade por catalogar, incentivar
e dar preferência aos produtos e serviços mais benéficos para uma economia
sustentável.
Um dos benefícios mais imediatos citados para a utilização de critérios
sustentáveis nas compras públicas é que o Estado pode alcançar objetivos
ambientais e sociais sem ter que alocar recursos adicionais no seu orçamento,
permitindo assim que o mercado, livremente, busque a melhor forma de atender a
demanda para atingir esses objetivos; Isso significa que o governo não precisa
incorrer em novos custos para a sociedade cumprir os padrões ambientais, já que as
forças do livre mercado agem nesta direção. As CPS podem ajudar os governos a
atingir metas relacionadas, por exemplo, com as alterações climáticas, a gestão de
resíduos e a gestão de recursos hídricos. Produtos, serviços e trabalhos com menor
10

impacto ambiental também podem reduzir gastos futuros do governo em medidas


para corrigir danos ambientais na sociedade. Estas aquisições também tendem a
reduzir os gastos das famílias com a manutenção de bens porque os produtos
sustentáveis são geralmente mais duráveis e utilizam menos energia. Desta forma, a
liderança governamental, ao demonstrar um comportamento mais sustentável para a
sociedade, pode acelerar este processo em outros setores e promover o surgimento
de novos mercados e empregos “verdes”, área que tende a ter muito mais espaço
no cenário internacional nos próximos poucos. A capacidade das CPS de promover
avanços no setor social é outra vantagem significativa. Isso pode ser alcançado, por
exemplo, garantindo condições de trabalho justas para os trabalhadores da
construção civil ou oferecendo novas oportunidades de emprego a grupos que
costumam ser marginalizados no mercado de trabalho.
Prosseguindo, importa comentar os aspectos legais das CPS. Além dos casos
estabelecidos no Art. 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), o processo de
aquisições na administração pública era regido de acordo com a Lei 8.666/1993. Em
2021, visando atender às novas demandas dos órgãos públicos, foi promulgada uma
nova lei de licitações, a Lei Federal 14.133/2021, que introduziu novos elementos no
processo de compras públicas. A Lei em seu Art. 11 estabelece os seguintes
objetivos que devem fazer parte do processo de licitação nas aquisições públicas:

I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de


contratação mais vantajoso para a Administração Pública,
inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto; II - assegurar
tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa
competição; III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços
manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos
contratos; e IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento
nacional sustentável (BRASIL, 2021, grifo nosso).

É importante observar que a nova lei incorpora em seus objetivos que as


compras públicas devem incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional
sustentável, ou seja, tem-se a preocupação da aquisição de produtos e serviços que
sejam sustentável e que contribuam para que o país possa atender os objetivos do
desenvolvimento sustentável. Com essa mesma compreensão, a Lei 12.305/2010 no
qual instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos em seu Art. 6 que versa sob os
princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos destaca que:
11

“V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a


preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as
necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo,
equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta” (BRASIL,
2010).

No Art. 11 parágrafo único, a Lei 14.133/2021 destaca que:

Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável


pela governança das contratações e deve implementar processos e
estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar,
direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos,
com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo,
promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das
contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e
promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações (BRASIL,
2021)

Podemos assim elencar as significativas mudanças trazidas pelo novo


dispositivo legal, no que diz respeito a sustentabilidade e meio ambiente:(i) durante o
planejamento inicial de uma licitação, é necessário descrever os possíveis impactos
ambientais e as medidas para minimizá-los, incluindo a necessidade de recursos e
eficiência energética, bem como a logística reversa para disposição e reciclagem de
materiais e resíduos, se for o caso; (ii) o contratante pode assumir a
responsabilidade pelo processo de licenciamento ambiental no documento de
licitação; (iii) as autoridades ambientais priorizarão a obtenção de licenças
ambientais para projetos de engenharia e obras; (iv) A lei permite que os custos
indiretos (incluindo manutenção, operação, substituição, depreciação e impacto
ambiental do item licitado, entre outros aspectos relacionados ao seu ciclo de vida)
sejam levados em consideração quando se avaliam os critérios para determinar o
vencedor da licitação, especialmente no que diz respeito ao menor preço; (v) Ao
contratar serviços e obras de engenharia, é necessário seguir padrões que garantem
a eliminação adequada de resíduos sólidos, a compensação ambiental e a mitigação
dos efeitos ambientais. Também é necessário selecionar produtos, equipamentos e
serviços que reduzam o consumo de energia e recursos naturais; (vi) a remuneração
variável em contratos de obras, fornecimentos e serviços, incluindo engenharia,
depende do desempenho do contratado. Essa previsão depende de metas, padrões
de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazos estabelecidos no
edital e no contrato; (vii) a demora na conclusão de processos de desapropriação,
desocupação, servidão administrativa ou licenciamento ambiental pode justificar
12

uma revisão do contrato para equilibrar as finanças, com a administração ou o


contratado podendo decidir suspender suas obrigações; (viii) demoras ou falhas na
obtenção do licenciamento ambiental podem resultar na rescisão do contrato; (xix)
se houver atrasos ou falhas no cumprimento das obrigações da Administração
relacionadas ao licenciamento ambiental, o contratado tem o direito de rescindir o
contrato; (x) se houver irregularidades no processo de licitação ou na execução do
contrato que não podem ser corrigidas, a decisão de suspender a execução ou
anular o contrato só será tomada se for considerada uma medida de interesse
público, levando em conta os objetivos sociais e ambientais do contrato, entre outros
fatores.
Como se evidencia, a Nova Lei de Licitações mostra a preocupação do
legislador em enfatizar os aspectos ambientais e seus efeitos na contratação de
bens e serviços pela Administração Pública com o objetivo de promover um
desenvolvimento sustentável do país. Por causa disso, as empresas devem estar
atentas às mudanças introduzidas pela nova lei antes de participar de licitações. A
governança das contratações, a gestão de riscos e os controles internos tornam as
compras públicas cada vez mais complicadas e exigem transparência nas
aquisições, um requisito cada vez mais exigido.
A mudança paradigmática que a norma cogente e sua evolução nos trouxe,
exige cada vez mais uma análise das dimensões que envolvem as compras públicas
para alinhar as exigências legais e sociais. É essencial ter uma visão ampliada e
estratégica das aquisições públicas para entender os obstáculos, obstáculos e
oportunidades que permeiam o processo de aquisição no setor governamental.
Ao promover licitações o Estado acaba atuando como um agente econômico,
mas não um agente econômico qualquer, pois a magnitude de suas contratações,
gera um mercado próprio revestido de um poderio quase sempre, não alcançado
pelos entes privados. As compras públicas, que constituem uma parte significativa
do Produto Interno Bruto (PIB), da ordem de 12,5% segundo dados do IPEA 9
,
desempenham um papel vital na realização dos princípios do desenvolvimento
sustentável. As aquisições públicas podem impulsionar o desenvolvimento
sustentável e o reconhecimento desta importância, levou o Estado brasileiro a não
medir e direcionar esforços neste sentido. Um bom exemplo deste comprometimento
9
RIBEIRO, C. G.; JUNIOR, EDMUNDO I. (2019). O mercado de compras governamentais brasileiro
(2006-2017): Mensuração e análise. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Disponível em:
https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9315/1/td_2476.pdf. Acesso em 23 de março de v2024.
13

é o Guia Nacional de Contratações Sustentáveis 10, que se encontra em sua 6ª


edição e desempenha importante papel ao oferecer ao mercado a visão institucional
da União, balizando as contratações sustentáveis na esfera pública.
Então, resta consolidada a ideia de que as aquisições sejam feitas por meio
de “Licitação Sustentável” também conhecida como compras verdes, compras
públicas sustentáveis, eco aquisição, green purchasing ou mesmo licitação positiva.
Estes modelos vêm a ser soluções viáveis que visam integrar questões ambientais e
sociais em todos os estágios do processo de compra ou mesmo na contratação de
agentes públicos, com o objetivo de minimizar ao máximo os efeitos negativos sobre
o meio ambiente, a saúde humana e os direitos humanos. De uma perspectiva mais
ampla, esse tipo de aquisição tem como objetivo atender às previsões do relatório
de Brundtland, que incluía "o desenvolvimento que satisfaz às necessidades
presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades".O bem comum da coletividade, por sua vez, deve ser
protegido pela administração pública. Isso inclui proteger o meio ambiente e levar
em consideração as questões ambientais quando a administração pública faz
compras. Novos paradigmas estão moldando o direito administrativo, bem como as
licitações e contratações públicas que desempenham também funções de regulação
do mercado e são instrumentos para a implementação de políticas públicas. A
obtenção do menor preço não é o único viés de uma proposta mais vantajosa; em
vez disso, um certame licitatório pode servir como um instrumento legítimo para
garantir valores protegidos pela Constituição Federal.
Em linhas gerais, as compras públicas sustentáveis (CPS) incluem requisitos
de sustentabilidade nas licitações. Isso indica que eles se alinham com os princípios
do desenvolvimento sustentável com o objetivo de construir uma sociedade mais
justa e equitativa para as gerações atuais e futuras, ao mesmo tempo em que se
desenvolvem dentro dos limites sustentáveis do meio ambiente.
7 REFERÊNCIAS

ALENCASTRO, Maria Alice Cruz; DA SILVA, Edson Vicente; LOPES, Ana Maria
D’Ávila. Contratações sustentáveis na administração pública brasileira: a experiência
10
BRASIL. Advocacia-Geral da União (AGU). Consultoria-Geral da União. Guia Nacional de
Contratações Sustentáveis. 6ª ed. Barth, Maria Leticia B.G; Bliacheris, Marcos W.; Brandão, Gabriela
da S.; Cabral, Flávio. G.; Clare, Celso V.; Fernandes, Viviane V. S.; Paz e Silva Filho, Pereira, Rodrigo
M.; Santos, Murillo Giordan; Villac, Teresa.Disponível em:
https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/cgu/cgu/guias/guia-de-contratacoes-sustentaveis-set-
2023.pdf. Acesso em 23 de março de 2024.
14

do Poder Executivo federal. Revista de Administração Pública, v. 48, n. 1, p. 207-


236, 2014. Disponível em:<
https://www.scielo.br/j/rap/a/569WywjGqbKtyFnZnwd9njs/?format=pdf>. Acesso em:
12 de março de 2024.

AMORIM, Victor. “Modalidades e Rito Procedimental da Licitação”. In: DI PIETRO,


Maria Sylvia Zanella. Licitações e contratos administrativos: inovações da Lei
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BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da


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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 12
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Sustentáveis. Setembro de 2023. Disponível em:
https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/cgu/cgu/guias/guia-de-contratacoes-
sustentaveis-set-2023.pdf. Acesso em: 24 mar. 2024.

BRASIL. Lei 12.349, de 15 de dezembro de 2010. Altera as Leis nos 8.666, de 21 de


junho de 1993, 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e 10.973, de 2 de dezembro de
2004; e revoga o § 1o do art. 2o da Lei no 11.273, de 6 de fevereiro de 2006.
Disponivel em :
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12349.htm>. Acesso
em 16 de março de 2024.

BRASIL. Lei 14.133, de 01 de abril de 2021. Dispõe sobre licitações e contratos.


Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm?
origin=instituicao>. Acesso em 13 de março de 2024.

BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União,


Estados, Distrito Federal e Municípios, a modalidade de licitação denominada
pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10520.htm>.
Acesso em 24 de março de 2024.

BRASIL. Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de


Contratações Públicas – RDC […]. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12462.htm>. Acesso
15

em 14 mar. 2024.

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos


Administrativos. Presidência da República, 2021. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm>. Acesso
em: 13 de março de 2024.

BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, institui normas para licitação e contratos […]. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em : 12 mar.
2024.

BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
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