Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: Nossa preocupação com a maneira como o ensino de uma LE pode preparar o aluno
para situações reais de comunicação levou-nos a buscar um caminho que levasse o
estudante a aguçar sua sensibilidade para o impacto que a diferença cultural exerce no
processo comunicativo. Com esse objetivo planejamos e realizamos oficinas para
aquisição lingüístico-cultural de espanhol mediada por filmes hispânicos. Nesta
experiência, coletamos dados para uma pesquisa com enfoque etnográfico, num
Centro de Estudos de Línguas do Estado de São Paulo. A análise do corpus reunido
permitiu-nos observar que muitos desses aprendizes estudam o espanhol apenas
porque, segundo seu imaginário, quem tem domínio desta língua terá um emprego
melhor, pois poderá inserir-se no Mercosul com facilidade. A visão de LE como “chave
de acesso” para o mercado de trabalho é acompanhada pela crença de que esta
língua, por ser próxima do português, é fácil de ser aprendida. O cinema mostrou-se
um ótimo insumo para este contexto, proporcionando aos participantes uma forma
pluricultural de perceber o mundo e a si mesmos.
1
Este artigo é fruto do projeto do Núcleo de Ensino, desenvolvido em 2004 com o patrocínio da PROGRAD/FUNDUNESP.
2
Professora do Departamento de Letras Modernas – Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Assis.
3
Graduando em Letras – Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Assis
4
Graduando em Letras – Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Assis
5
Compartilhamos do conceito de competência comunicativa apresentado por Hymes (1979), sistematizado por Canale & Swain (1980)
e ampliado por Almeida Filho (1993).
388
♣ Proporcionar aos alunos diferentes oportunidades de novas formas de
expressão, considerando as variações lingüísticas;
6
Entendida aqui como lingüística transdisciplinar e não aplicação da lingüística. (Cf: Cavalcanti, 1986; Celani, 1992; Moita Lopes, 1996;
Schmitz, 2004).
7
A professora participante é brasileira, graduou-se em Letras por uma universidade pública em 1998. Desde então ela se dedica ao
ensino de E-LE em escolas públicas e particulares da cidade de Assis e região. Ministra aulas de espanhol instrumental, há dois anos,
em um curso de graduação em Administração numa faculdade particular local.
8
Este programa foi criado pelo Decreto Governamental n.º 27.270/87. Os CELs estão distribuídos na rede pública de todo o estado de
São Paulo. O Centro pesquisado oferece cursos de Alemão, Espanhol, Francês, Italiano e Japonês, nos períodos diurno e noturno,
inclusive aos sábados (manhã e tarde).
389
programa que oferece aos alunos da rede pública a possibilidade de acesso a uma segunda língua
estrangeira, além da inglesa, oferecida nos currículos regulares.
O filme, além de enriquecer as aulas, torna-se uma ótima alternativa como extensão
do ambiente formal de ensino e pode contribuir com o desenvolvimento da autonomia para a
promoção da aprendizagem:
Após a seleção dos filmes, contando com materiais de apoio (textos, mapas, guias,
cartazes, guias de viagens, músicas, fitas de vídeo) elaboramos atividades (dramatizações,
poemas, exercícios com foco na língua e tarefas de cunho comunicativo relacionadas com o
conteúdo presente no filme com foco no componente cultural) que foram aplicadas durante as
oficinas, totalizando uma carga de 32 horas ao longo do ano de 2004.
390
Os dois primeiros filmes foram exibidos contando com o apoio da legenda na língua-
meta, já na exibição do último, tendo em vista que os alunos estavam mais familiarizados com a
compreensão auditiva deste recurso, optamos pela exibição sem legenda. Existem vários títulos
hispânicos disponíveis no mercado brasileiro, porém, é importante ressaltar que se deve procurar
uma adequação à faixa etária do público envolvido..
2.1. O Imaginário
391
Podemos perceber no discurso dos aprendizes uma visão de Língua Estrangeira
enquanto “chave de acesso” ao mercado de trabalho e ao status social (vide fig.3):
– “Por que o espanhol ? Por que o mercado de trabalho é muito exigente e espanhol é a
segunda língua mais falada.” Karina, 17 anos.
– “Faço espanhol pra ter um conhecimento a mais no currículo.” Maria Júlia, 16 anos.
– “Sigo estudando espanhol porque quero completar o curso e, no final, pegar meu diploma.”
Ana Carolina, 17 anos.
Este estudo nos propiciou conhecer outras crenças desses aprendizes, como a de
que o espanhol, por ser uma língua próxima à língua portuguesa, é fácil de ser aprendida:
– “Eu escolhi o espanhol porque, das cinco línguas que têm aqui, eu acho que o espanhol é
mais fácil” Izabel, 14 anos.
– “Eu escolhi o espanhol porque eu achei que fosse uma língua fácil e gostosa de se falar”
Marcos, 16 anos.
– “Eu gosto do espanhol, porque é uma das línguas mais fáceis” Kamille, 14 anos.
392
Figura 4: A diferença entre aprender espanhol e outras línguas estrangeiras.
Levando-se em conta que o senso comum impõe o estudo de línguas como uma
necessidade essencial na contemporaneidade, o grupo pesquisado procura aprender espanhol,
pois, segundo o imaginário da maioria desses alunos esta é uma língua que demanda pouco
esforço do aprendiz.
2.2. A Motivação
393
positivamente, o processo em que está envolvido, tomando como base o atendimento ou não da
motivação prévia que possuía.
EXPLICAÇÕES
GRAMATICAIS
VÍDEOS/FILMES
1%
10% MÚSICAS
18%
TRABALHOS COM
VOCABULÁRIO
13%
CRIAÇÃO DE
DIÁLOGOS
DRAMATIZAÇÕES 6%
4%
DIÁLOGOS
12%
PESQUISAS
EXERCÍCIOS
4% JOGOS TRADUÇÕES GRAMATICAIS
15% 13% 4%
Gráfico 1: Levantamento das atividades consideradas pelos alunos como mais motivadoras.
Poderíamos descrever uma aula típica como uma aula tradicional, a professora é
muito divertida e mantém um bom filtro afetivo – o que cria um ambiente
agradável, favorável à aprendizagem – porém, talvez pela necessidade de
terminar o livro didático, o conteúdo fica restrito a seguí-lo e nele aparecem
muitos exercícios estruturais o que demanda explicitações gramaticais e de
vocabulário muitas vezes de forma isolada e repetitiva. (Diário de Pesquisa,
17/04/04).
394
Uma análise qualitativa do corpus coletado nos permite concluir que o insumo atua
decisivamente na motivação dos aprendizes e, neste contexto, o uso do cinema propiciou cenários
de interação, o que aumentou significativamente a motivação dos alunos, refletindo na melhoria de
seus desempenhos lingüísticos. As fotos 1 e 2 apresentam alunos trabalhando em grupo, com
entusiasmo, durante o desenvolvimento das oficinas:
Ao longo de nossa trajetória pelos contextos escolares, quer seja como alunos,
professores ou pesquisadores, sempre observamos que o cinema tem sido pouco utilizado na aula
de língua estrangeira, quando não mal-utilizado. Não foram poucas as situações de nossa
trajetória de vida em que convivemos com o “vídeo-enrolação” ou o “vídeo-tapa-buraco”9.
Fatos como estes nos inquietavam, assim como nos preocupava o pouco espaço
que tem sido dado às variantes lingüísticas nos ambientes formais de aprendizado de LE. Muitas
vezes, o aluno só se da conta disso quando, após terminar seu curso, tem a oportunidade de falar
com nativos em situações reais de comunicação e então percebe que as fórmulas prontas e
estandardizadas que aprendeu não dão conta de significar em todas as situações e contextos da
vida real.
9
Estas expressões são de Moran, 1995 apud Napolitano, 2003.
395
Estes temas nos motivaram a buscar apoio nas teorias especializadas sobre
aquisição de LE (insumos, abordagem/cultura de aprender, teorias implícitas) e a buscar meios de
proporcionar caminhos para a prática neste contexto que nos foi propiciado, com muita presteza,
pela professora participante que se prontificou a refletir conosco e buscar mudanças.
Podemos confirmar que todos os envolvidos por esta experiência saíram dela
modificados. A mudança nos alunos pode ser observada no relato da professora participante –
posteriormente apresentado em um evento científico:
O uso de filmes na sala de aula é uma opção válida e possível de ser executada e,
no contexto estudado, proporcionou bons resultados, como pode ser observado pelo testemunho
da professora sobre o desempenho dos alunos:
“(...) yo veo que el grupo creció mucho, amadureció mucho, porque [en] los días
que yo trabajé sola con ellos la producción de las cosas fueron más rápida, la
comprensión de las cosas(...)”11
– “Acho que estudando assim, aprender a língua estrangeira torna-se divertido”. Ana
Carolina, 16 anos.
– “Achei legal, pois cada semana era uma coisa diferente a se trabalhar”. Analu, 13 anos.
– “A qualidade é ótima, várias atividades diferentes(...) atividades que ensinam e divertem ao
mesmo tempo... São atividades diferentes e gostosas de fazer...” Francine, 16 anos.
– “[Meu interesse] aumentou, me fazendo pensar até em fazer Letras (espanhol)”. Andréia,
17 anos.
10
A principal mudança constatada no grupo de alunos pesquisados foi a significativa perda da inibição ou perda da timidez no momento
de se expressar na língua estudada. Alunos que não falavam quase nada agora perguntam na língua alvo e se sentem cômodos ao
perguntar palavras que não conhecem.
11
“(...) eu vejo que o grupo cresceu muito, amadureceu muito, porque nos dias em que eu trabalhei sozinha com eles a produção das
coisas foram mais rápidas, a compreensão das coisas (...)”
12
Buscando a autonomia do aprendiz: o cinema como um caminho.
396
Professores de Língua Inglesa do Estado de São Paulo (APLIESP), levando em consideração a
grande quantidade de filmes disponíveis nesta língua.
O aluno preparado para aprender com filmes torna-se mais autônomo na extensão
de seu aprendizado fora de ambientes formais de ensino, estendendo para sua vida cotidiana uma
mais apurada capacidade interpretativa. Sobre esta importância do aluno participar ativamente na
construção do conhecimento, compartilhamos das idéias de Leffa (2002):
(...) por lo menos yo no voy a tener coraje de poner una película para tapar un
hueco y después no hablar nada de aquello, ¿no es? Porque ahí yo voy a matar
13
“(...) eu aprendi muito com isso também, trabalhar em grupo, compartilhando, não é? Porque às vezes ficamos tão solitários nas salas
de aula. (...) que não conseguimos nos dar conta de quanta coisa interessante podemos fazer com a mesma coisa, não é? Então, bom,
eu os agradeço(...)”
397
esta película porque después no van (a) comprender mucha cosa que podrían
tener comprendido, entonces por lo menos para eso(..)14
Este evento realizado na Argentina foi uma possibilidade de fortalecer ainda mais as
intenções do projeto, pois foi um espaço que privilegiou a importância das variantes lingüísticas. O
tema do congresso era “pelo reconhecimento de uma iberoamérica pluricultural e multilingüe”,
onde se levou em conta que cada variante representa uma visão particular de mundo, preservando
a identidade dos que a falam:
Dicen que tiene siete lenguas la boca del dragón. Yo no sé. Pero me consta que
muchas más lenguas tiene la boca del mundo, y el fuego de sus lenguas nos
abriga. Será siempre poco cuanto se haga para defenderlas del desprecio y del
exterminio.15
(Eduardo Galeano para el I Congreso de laS LenguaS)
14
“(...) ao menos eu não vou ter coragem de passar um filme para tampar um buraco e depois não falar nada daquilo, não é? Porque aí
eu vou matar este filme porque depois não vão compreender muita coisa que perderiam ter compreendido, então pelo menos para
isso(..)”
15
Dizem que tem sete línguas a boca do dragão. Eu não sei. Mas me consta que muitas mais línguas têm a boca do mundo, e o fogo
de suas línguas nos abriga. Será sempre pouco quanto se faça para defendê-las do desprezo e do extermínio.
16
“Sem línguas, Sem possibilidade de mundos ou Cem línguas, Cem mundos possíveis”. Este foi o título da XIII Semana de Letras da
UNESP – São José do Rio Preto, 2001.
398
Esse olhar reflexivo sobre a própria prática deveria começar na licenciatura (e até
antes da licenciatura) para que o profissional possa se engajar em sua formação
continuada. O desenvolvimento da proficiência e da competência pedagógica
deveria caminhar paralelamente ao desenvolvimento da competência reflexivo-
social. (Cavalcanti, 1999)
4. DESAFIOS E PERSPECTIVAS
O objetivo seria gerar material didático que não fosse imposto como uma cartilha a
ser seguida, mas que atuasse como um insumo a mais no planejamento de suas atividades
auxiliando na construção de uma metodologia que promovesse a autonomia e desenvolvesse a
capacidade interpretativa dos aprendizes de LE desde uma perspectiva intercultural.
Acreditamos que o material reunido até esta etapa da pesquisa nos possibilitará
trabalhos futuros com a questão do imaginário, interação, crenças e histórias de aprendizes e
professores, gerando materiais que possam auxiliar aqueles que se dedicam ao ensino de línguas.
17
52.º Seminário do GEL, XIII EAIC da UEL, I Congreso de laS LenguaS da UNR (Argentina), 12.º SIIC da USP, XVI CIC da UNESP e
XVIII Spring Conference da APLIESP.
399
5. BIBLIOGRAFIA:
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Pontes,
Campinas,1993.
BARCELOS, Ana Maria Ferreira. “A Cultura de aprender línguas (inglês) de alunos no curso de
Letras”. In: ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes (Org.) O professor de língua estrangeira em
formação. Campinas: Pontes, 1999.
BYRAM, M. & FLEMING, M. (Org.). Perspectivas interculturales en el aprendizaje de idiomas:
enfoques a través del teatro y la etnografía. Madrid: Cambridge University Press, 2001.
CAMPANELLA, Juan José & CASTETS, Fernando. El hijo de la novia (Guión). Buenos Aires: del
Nuevo Extremo, 2002.
CANÇADO, M. Procedimentos de pesquisa etnográfica em sala de aula de língua estrangeira: uma
avaliação de potencialidades e limitações da metodologia. Dissertação de Mestrado. Belo
Horizonte: UFMG, 1990.
CANALE, M. e SWAIN, M. “Theoretical bases of communicative approaches to second language
teaching and testing”. In:Applied Linguistics, vol. 1, n.º 2, 1980.
CAVALCANTI, Marilda do Couto. A propósito de lingüística aplicada. In: Trabalhos em Lingüística
Aplicada. Campinas, 1986.
______ “Reflexões sobre a prática como fonte de temas para projetos de pesquisa para a
formação de professores de LE”. In: ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes (Org.) O professor de
língua estrangeira em formação. Campinas: Pontes, 1999.
CELANI, Maria Antonieta Alba. “Afinal, o que é lingüística aplicada?” In: ______ & PASCHOAL,
Mara Sofia Zanotto (Orgs.) Lingüística Aplicada: da aplicação da lingüística à lingüística
transdisciplinar. São Paulo: Educ, 1992.
CRUZ, Maria de Lourdes Otero Brabo; SOUZA, Fábio Marques de; LIMA, Luis Fernando Martins
de. Adquisición de español-lengua extranjera por brasileños, ¿cuál variante enseñar?: la pluralidad
lingüística y cultural mediada por el cine. Actas del I Congreso de laS lenguaS: por el
reconocimiento de una Iberoamérica pluricultural e multilingüe. Rosario (Argentina), 2004.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Decreto n.º 27.270/87. Dispõe sobre a criação dos
Centros de Estudos de Línguas (CELs), 1987.
______. Resolução n.º 6, de 22-1-2003. Dispõe sobre o funcionamentos dos Centros de Estudos
de Línguas (CELs) e dá providências correlatas.
HYMES, D. “On communicative competence” (extracts). In: Brumfit, C.J. e K. Johnson (Orgs.) The
Communicative approach to language teaching. Oxford: Oxford University Press, 1979.
JACOB, Lilian Karine. Diferenças motivacionais e suas implicações no processo de
ensino/aprendizagem de espanhol como língua estrangeira. Dissertação de Mestrado. São José
do Rio Preto: UNESP, 2002.
LEFFA, V.J. Quando menos é mais: a autonomia na aprendizagem de línguas. Trabalho
apresentado no II Fórum Internacional de Ensino de Línguas Estrangeiras (II FILE). Pelotas:
UCPel. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/autonomia.htm>. acesso em jan/2003.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. PCN: Parâmetros Curriculares Nacionais
(Língua Estrangeira), Brasília, 1998.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Oficina de Lingüística Aplicada: a natureza social e educacional
dos processos de ensino/aprendizagem de línguas. Campinas: Mercado das Letras, 1996.
MOTTA, L.M.V.M. Reflexão e conscientização para o uso de estratégias de aprendizagem: dois
momentos no desenvolvimento do professor. Dissertação de Mestrado. São Paulo: PUC, 1997.
400
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003.
OLIVEIRA, Angélica Maria dos Santos. La pluralidad lingüístico cultural en el aula. Ponencia
presentada en el I Congreso de laS lenguaS: por el reconocimiento de una Iberoamérica
pluricultural e multilingüe. Rosario (Argentina), 2004.
SCHMITZ, John. Lingüística Aplicada: novas dimensões e identidades no século XXI. Texto da
palestra proferida no 1.º Colóquio de Estudos Lingüísticos da UNESP/F.C.L. de Assis-SP, 2004.
TREVIZAN, Zizi. As malhas do texto: escola, literatura, cinema. São Paulo: Clíper, 1998.
ANEXO 1
• Fale com ela (Espanha, 2002, de Pedro Almodóvar): Durante o tempo suspenso entre as
paredes da clínica, a vida das quatro personagens (Marco, Lydia, Alicia e Benigno) flui em
todas as direções: passado, presente e futuro. É um filme sobre a alegria de narrar e sobre
a palavra como arma para fugir da solidão, da enfermidade, da morte e da loucura. O filme
apresenta narradores de si mesmos, homens que falam a quem possa e sobre tudo a
quem não os possa ouvir.
• O filho da noiva (Argentina, 2001, dir.: Juan José Campanella): Rafael Belvedere não está
contente com a vida que leva. Não consegue dedicar-se a suas coisas, a sua gente, nunca
tem tempo. Além disso, faz mais de um ano que não visita sua mãe que sofre do mal de
alzehimer e está internada em um asilo. Tudo que Rafael quer é que o deixem em paz.
Mas uma série de acontecimentos inesperados o obrigará a rever sua situação.
• Como agua para chocolate (Mexico, 1992, dir.: Alfonso Arau): A personagem principal é
Tita, a filha menor de mamãe Elena. Tita tem que postergar sua relação com Pedro
Musquiz porque os rígidos costumes familiares a obrigariam a cuidar de sua mãe até a
morte. A cozinha se converte em refúgio e sede de uma curiosa variante do poder feminino.
Entre a comédia, o melodrama e o realismo mágico, o filme atravessa quase que a
totalidade da história do México do século XX e apresenta algumas idéias sobre a
condição da mulher, o machismo e o amor.
401