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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

MICHELE LOPES PEREIRA

PERFIL DOS USUÁRIOS DO SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL DE UM MUNICÍPIO


DE MÉDIO PORTE DE MINAS GERAIS

VIÇOSA-MINAS GERIAS
2019
i

MICHELE LOPES PEREIRA

PERFIL DOS USUÁRIOS DO SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL DE UM MUNICÍPIO


DE MÉDIO PORTE DE MINAS GERAIS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Departamento de Economia
Doméstica como exigência para a conclusão do
curso de bacharelado em Serviço Social da
Universidade Federal de Viçosa.

Orientadora: Cristiane Magalhães de Melo

VIÇOSA-MINAS GERAIS
2019
ii

Aos meus pais, Rosania e Antônio.


iii

AGRADECIMENTOS

A Deus, por suas obras e graças dedicadas a mim.

Aos meus pais Rosania e Antônio, por terem sido exemplos de vida, força, honestidade, amor,
e por estarem sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis.

Ao meu companheiro Eduardo por sua presença, paciência e principalmente pelo incentivo à
minha formação profissional.

A minha Orientadora Cristiane Magalhães de Melo pela contribuição e aprendizado


dispensados a este Trabalho de Conclusão de Curso.

Ao Centro de Atenção Psicossocial-CAPS pelo acolhimento, conhecimento, aprendizado


transmitido a mim e a minha profissão.

A minha Supervisora de Estágio Márcia Valéria pelos ensinamentos e dever ético perante o
agir profissional, a ser responsável a todas as situações atribuídas as ações e dever do
Assistente Social, contribuindo valiosamente para minha formação profissional e pessoal.

A Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Economia Doméstica, pela


oportunidade de realização da Graduação.

Enfim, agradeço a todos que estiveram ao meu lado durante toda a minha jornada acadêmica,
que de alguma forma, tornaram os momentos mais leves e felizes.
iv

“Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada.

Apenas dê o primeiro passo.”

Martin Luther King


v

RESUMO

PEREIRA, Michele Lopes. Universidade Federal de Viçosa, dezembro de 2019. Perfil dos Usuários
do Serviço de Saúde Mental de um Município de Médio Porte de Minas Gerais. Orientadora:
Cristiane Magalhães de Melo.

Objetivou descrever o perfil dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Despertar e
comparar o perfil desses usuários a achados sobre morbimortalidade por transtornos mentais e
comportamentais no município de Viçosa/MG. Trata-se de um estudo transversal, descritivo. Foram
utilizados como fontes de informação os dados registrados nos prontuários de usuários em
permanência dia-PD cadastrados no CAPS. Foram incluídos dados dos/as usuários/as residentes em
Viçosa e, também, dos não residentes. De forma complementar, foram utilizados dados secundários
provenientes do Sistema de Informação Hospitalar do SUS – SIH/SUS, e informações sobre os óbitos
registrados e do Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM. Considerou os casos ocorridos na
região de saúde de Viçosa, no período de 2004 a 2017. As variáveis analisadas foram: internações
hospitalares na região de saúde; óbitos na região de saúde; ano da internação; ano do óbito; sexo e
faixa etária dos usuários internados e, também dos óbitos; causas de internação e causas de óbito
considerando a CID-10 referentes aos transtornos mentais e comportamentais. Sobre o perfil dos
usuários do CAPS Despertar, observou-se predominância de mulheres (53%) em relação aos homens
(47%). À faixa etária no momento da admissão, verificou-se predominância de usuários adultos
(73%), seguido dos jovens (24%) e idosos (3%). Observou-se a prevalência dos diagnósticos
relacionados à esquizofrenia, (F20 a F29) e dos transtornos relacionados ao uso de substâncias
psicoativas (64%). Foram significativos, também, os diagnósticos relacionados aos transtornos de
humor (27%). Foi possível identificar no período de 2004 a 2017, 706 casos de internações sendo
(67%) eram homens. O transtorno de maior prevalência foi Transtornos mentais e comportamentais
devido uso álcool com (198 casos). Dados sobre a mortalidade por transtornos mentais e
comportamentais. A ocorrência de 90 óbitos por tais causas em Viçosa, no período de 2004 a 2017. O
diagnóstico de maior expressão foi o transtorno mental e comportamental devido ao uso substancias
psicoativas (49%). Com base nos perfis, é possível sugerir a realização de uma assistência focada ao
usuário. Para que haja discussões sobre a prática, repensando o já estabelecido e aplicado, se faz
necessário à união e esforço em conjunto dos profissionais de saúde, onde todos tenham como igual
proposito de acolher, tratar, auxiliar e guiar as pessoas em sofrimento mental aos seus direito, como o
direito social e indo ao encontro do modelo biopsicossocial de atendimento em saúde.

Palavras-Chave: Rede de Atenção Psicossocial; Política de saúde mental; CAPS.


vi

ABSTRAT

It aimed to describe the profile of users of the Psychosocial Care Center - CAPS Awakening and
comparing the profile of these users to findings on morbidity and mortality due to mental and
behavioral disorders in Viçosa / MG. It is a cross-sectional, descriptive study. We used as sources of
information the data recorded in the medical records of users in day-PD permanence registered in
CAPS. Data were included for users residing in Viçosa and also for non-residents. In addition,
secondary data from the SUS Hospital Information System - SIH / SUS, and information on registered
deaths and the Mortality Information System - SIM were used. It considered the cases that occurred in
the health region of Viçosa, from 2004 to 2017. The variables analyzed were: hospitalizations in the
health region; deaths in the health region; year of hospitalization; year of death; sex and age of
hospitalized users and also of deaths; causes of hospitalization and causes of death considering the
ICD-10 regarding mental and behavioral disorders. Regarding the profile of CAPS Awakening users,
there was a predominance of women (53%) over men (47%). At the age of admission, there was a
predominance of adult users (73%), followed by young (24%) and elderly (3%). There was a
prevalence of diagnoses related to schizophrenia (F20 to F29) and disorders related to psychoactive
substance use (64%). There were also significant diagnoses related to mood disorders (27%). It was
possible to identify in the period from 2004 to 2017, 706 cases of hospitalizations being (67%) were
men. The most prevalent disorder was Mental and Behavioral Disorders due to alcohol use with (198
cases). Mortality data for mental and behavioral disorders. The occurrence of 90 deaths from such
causes in Viçosa, from 2004 to 2017. The most significant diagnosis was mental and behavioral
disorder due to psychoactive substance use (49%). Based on the profiles, it is possible to suggest
focused user assistance. For discussions on the practice, rethinking the established and applied, it is
necessary for the union and joint effort of health professionals, where all have the same purpose of
welcoming, treating, assisting and guiding people in mental suffering to their as social law and
meeting the biopsychosocial model of health care.

Keywords: Psychosocial Care Network; Mental health policy; CAPS.


vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. Fluxograma de Atendimento do CAPS II Despertar de Viçosa/MG................................17

FIGURA 2. Proporção usuários/as CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo sexo no
Viçosa-MG, NOVEMBRO/2019..........................................................................................................19

FIGURA 3. Proporção usuários/as CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo faixa etária
no momento da admissão no serviço. Viçosa-MG, 2004 – 2019.........................................................20

FIGURA 4. Proporção usuários/as CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo faixa etária
no momento da coleta dos dados. Viçosa-MG, novembro/2019...........................................................21

FIGURA 5. Proporção usuários CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo estado civil.
Viçosa-MG, novembro, 2019...............................................................................................................22

FIGURA 6. Proporção usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo sexo e
estado civil. Viçosa-MG, novembro, 2019...........................................................................................23

FIGURA 7. Total de usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo bairro/região
de residência. Viçosa-MG, novembro, 2019........................................................................................24

FIGURA 8.Total de usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo tempo de
permanência no serviço. Viçosa-MG, novembro, 2019.......................................................................26

FIGURA 9. Total de usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo referência para
serviço de saúde mental. Viçosa-MG, novembro, 2019.......................................................................27

QUADRO 1. Descrição da variável „local de residência‟ conforme bairros e áreas integrantes,


Viçosa- MG, 2019................................................................................................................................3

QUADRO 1. Códigos CID 10 utilizados para a classificação e descrição dos transtornos mentais e
comportamentais e classificação do tipo de transtorno mental e comportamental................................5
viii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Hipótese diagnóstica registrada para usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia
(PD), Viçosa-MG, novembro, 2019....................................................................................................25
TABELA 2. Mobilidade Hospitalar do SUS por transtornos mentais e comportamentais, segundo
sexo. Viçosa-MG, 2004 a 2017............................................................................................................30
TABELA 3. Mortalidade por transtornos mentais e comportamentais, segundo o sexo. Viçosa-MG,
2004 a 2017.........................................................................................................................................31
ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APS - Atenção Primaria à Saúde

CAPS - Centro de Atenção Psicossocial

ESF - Estratégia Saúde da Família

NAPS - Núcleo de Assistência Psicossocial

SRT - Serviço Residencial Terapêutico

SUS - Sistema Único de Saúde

RASP - Rede de Atenção Psicossocial

UAs - Unidade de Acolhimento

CECOs - Centros de Convivência e Cultura

UFV - Universidade Federal de Viçosa

TR - Técnico de Referência

SIH/SUS - Sistema de Informação Hospitalar do SUS

PTI - Projeto Terapêutico Individual

PD - Permanência Dia

OMS - Organização Mundial da Saúde

CNS - Conselho Nacional de Saúde

PEA - População Economicamente Ativa

SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

RPB - Reforma Psiquiátrica Brasileira


x

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 1

Característica do estudo.......................................................................................................................2

Plano de coleta, sistematização e análise dos dados............................................................................3

Aspectos éticos....................................................................................................................................7

Objetivo Geral.....................................................................................................................................7

Objetivos Específicos..........................................................................................................................7

CAPITULO I: DA LOUCURA À SAÚDE MENTAL COMO DIREITO........................................... 8

Breve história da loucura e do “tratamento” à doença mental.............................................................8

A Reforma Psiquiátrica Brasileira: da doença à saúde mental.............................................................9

A Saúde mental no Sistema Único de Saúde – SUS: as Redes de Atenção Psicossocial – RASP.....10

CAPITULO II: A CIDADE DE VIÇOSA E A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.................................. 15

Local do estudo.................................................................................................................................15

Organização do CAPS Viçosa...........................................................................................................15

CAPITULO III: PERFIL DOS USUÁRIOS DO CAPS DESPERTAR E A MORBIMORTALIDADE...........18

Morbimortalidade por transtornos mentais e comportamentais.........................................................29

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 32

Recomendações para trabalhos futuros..............................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................... 34

APÊNDICE........................................................................................................................................ 38

Banco de dados – identificação das variáveis:.................................................................................... 38

Comitê de Ética em Pesquisa – Aprovação.......................................................................................40

Lei 10.206/2001................................................................................................................................42
xi

APRESENTAÇÃO

A escolha da “saúde mental”, como tema de pesquisa surgiu da minha trajetória


acadêmica. Ingressei na Universidade Federal de Viçosa (UFV), no curso de Economia
Doméstica em 2015 e no ano de 2017 optei pela mudança para o curso de Serviço Social na
mesma universidade. Foi através de uma professora do curso de economia doméstica,
Formada em serviço social, que passei há conhecer um pouco mais de perto as competências
do assistente social, aos poucos fui me identificando com os preceitos da área. curso de
Economia domestica na UFV acabou sendo assim nenhuma turma nova ingressou após o
processo de fechamento do curso, então os alunos tiveram a opção de mudar para alguns
cursos ou serem os pioneiros na UFV. Foi a partir dai que vi a minha vida mudar e para
melhor quanto a minha visão profissional e acadêmica. No último ano da graduação, tive
oportunidade de estágio no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II de Viçosa/MG. A
partir de então, tive meus primeiros contatos com a pesquisa na área de saúde mental. No
mesmo período de inserção do estágio no CAPS II, me deparei com uma nota do ministério
da saúde, ratificada pelo Presidente da República recém eleito, que tratava da proposta de
reformulação sobre a Política Nacional de Saúde Mental, álcool e outras drogas (2001), e
sobre a necessidade de reestruturação ou mesmo construção de um novo modelo de
assistência psiquiátrica no país. Tais argumentos despertaram em mim o interesse em
compreender melhor as propostas da atual Política, como ela tem sido implementada no
Brasil, seus limites e desafios para, então, compreender as críticas empenhadas sobre ela.
O estágio contribuiu para o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo sobre a
temática em questão “assistência em saúde mental” e sobre a importância que a reforma
psiquiátrica brasileira teve enquanto conquista no campo da atenção e do cuidado em saúde
mental.
Nesse contexto, vislumbrei a necessidade de avaliação sistemática da política de
assistência à saúde mental, bem como de avaliações sobre a implementação da política
vigente até então e dos próprios serviços de assistência à saúde mental, tanto a nível macro
(estadual e nacional), quanto micro (município e/ou nos serviços locais de saúde).
1

INTRODUÇÃO

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 garante, em seu texto, que todos devem
possuir acesso à saúde, sendo dever do poder público o desenvolvimento de políticas
públicas visando à redução dos ricos de doenças e outros agravos, bem como de ações para
minimização das consequencias e secuelas tanto no nivel individual quanto coletivo. O
Sistema Únicode Saúde (SUS), foi criado, assim, com intuito de garantir oconjunto de ações
para atender essa previsão constitucional. Fruto de lutas sociais pela reforma sanitária
brasileira e pelo acesso à saúde por todos(as) cidadãos(as), o SUS tem como princípios
doutrinários a universalidade, equidade e integralidade e como princípios organizativos,
entre outros, a descentralização das ações e a regionalização. (DIAS, 2012).
Considerando o princípio da descentralização, cabe aos municípios o
desenvolvimento da Política de Saúde Mental conforme as diretrizes do SUS e, também, de
acordo com a Lei Federal nº. 10.216 de 2001, que estabelece o papel do Estado na proteção
e direitos dos portadores de transtornos mentais. , assumindo o papel de respeitar a
regionalização, articulação assistencial, promoção e reabilitação psicossocial, proporcionar a
promoção de ações na atenção básica, entre o Programa de Saúde da Família - PSF e rede de
Saúde Mental substitutiva, tendo em vista à redução de internações psiquiátricas e viabilizar
a reinserção social. (ESCUDEIRO; SOUZA, 2009).
Para proposição/planejamento e avaliação das políticas em saúde mental é
fundamental conhecer o perfil dos usuários dessa política. No intuito de cumprir o proposto
constitucional e garantir atenção psicossocial inclusiva e substitutiva aos tratamentos até
então realizados pelos hospitais psiquiátricos e manicômios, a partir da década de 1990, o
Ministério da Saúde, propôs a implementação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos a comunidade com oferta de
atendimento diário. Os CAPS são locais de cuidados, parcialidade, emancipação, interação,
construção social de convivência, inclusão e empoderamento. Local de diversos meios e
perspectivas a intervenções terapêuticas o que fortalece as demandas individuais do
tratamento, já que oferece ao usuário um serviço com uma diversidade de procedimentos
que abrange proporções diversas do existir (PINHEIRO et al., 2007).
Os CAPS são organizados por tipo, sendo eles o tipo I, II, III, Álcool e Drogas (AD)
e infanto-juvenil (CAPSi). O critério para efetivação da rede de atenção mental nas cidades
junto à implantação dos centros é o delineamento populacional dos municípios. Quanto
maior a população do município, maior complexidade dos níveis de atendimento
2

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Segundo os critérios do Ministério da Saúde, os CAPS


do tipo I são aqueles que atendem uma população entre 20 mil e 50 mil habitantes. Os CAPS
do tipo II atendem um município com população acima de 50 mil habitantes e prestam
atendimento a adultos com transtornos mentais severos e persistentes. Os CAPS do tipo III
atendem municípios com 200 mil habitantes ou mais, com serviços de alta complexidade e
atendimento 24 horas por dia (MINISTERIO DA SAUDE, 2004). O CAPS de Viçosa,
Minas Gerais, é hoje do tipo II.
Especificamente no caso de Viçosa-MG, foi preciso compreender como a assistência
em saúde mental estava organizada? Quais equipamentos públicos compunham a Rede de
Atenção Psicossocial? Quem são os/as usuários/as da política de saúde mental no
município? Partindo dessas questões iniciais, é que construí meu objeto de pesquisa para o
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC em Serviço Social.
Assim, para o desenvolvimento do presente trabalho, busquei responder as perguntas
acima, tentando compreender a organização da assistência em saúde mental no município e
perfil dos usuários de um dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAS) – o Centro
de Apoio Psicossocial – CAPS Despertar. De forma complementar, busquei informações
sobre a morbimortalidade por transtornos mentais e comportamentais, relacionando tais
informações aos achados sobre o perfil dos usuários do CAPS Despertar. A partir disso,
espero que, enquanto estudo transversal e descritivo, o TCC contribuía para a construção de
um acervo documental sobre o perfil dos usuários do Centro de apoio Psicossocial - CAPS
Despertar, da RAPS do município de Viçosa, que está vinculando os demais níveis de
complexidade da rede.

Característica do estudo

O presente estudo passou pelo Comitê de Ética e foi aprovado para submissão da
pesquisa que consistiu em um estudo transversal descritivo, construído a partir de dados
primários e secundários provenientes de prontuários de usuários do CAPS Despertar
atendidos em cuidados intensivos diários (cadastrados para permanência dia) e de dados
referentes à morbimortalidade por transtornos mentais e comportamentais registrados no
DATASUS, conforme plano de coleta, sistematização e análise dos dados descritos a seguir.
3

Plano de coleta, sistematização e análise dos dados

Para a construção dos dados sobre o perfil dos/as usuários/as óbitos do CAPS
Despertar, foram consultados os prontuários de paciente em cuidados intensivos diários
(permanência dia - PD), priorizando as informações descritas na capa padrão dos
prontuários. Foram incluídos dados dos/as usuários/as residentes em Viçosa e, também, dos
não residentes.
Para fins de coleta e posterior análise de dados, foram consideradas as seguintes
variáveis: sexo (masculino e feminino), idade, município de residência do/a usuário/a, zona
de residência, bairro/local de residência, hipótese diagnóstica principal e secundárias
(Código Internacional de doenças – CID10ª e Hipótese Diagnostica - HD), data de admissão
no CAPS e as demais rede de saúde para referência e a contra referencia para o/a usuário/a.
Para a categoria idade, foram consideradas a idade no momento da admissão no
CAPS e a idade no momento da coleta dos dados (novembro/2019). Foram consideradas três
faixas etárias para fins de classificação. São elas: agrupamos os resultados em três
categorias: jovem (de 12 a 24 anos), adulto (de 25 a 59) e idoso (mais de 60 anos), conforme
proposto por Jacobo et al. (2013).
Para descrição do local de residência dos usuários residentes em Viçosa, utilizou-se
como referência a as regiões censitárias propostas pelo IBGE, adaptadas por Melo (2011),
conforme (QUADRO 1).

QUADRO 1: Descrição da variável „local de residência‟ conforme bairros e áreas integrantes,


Viçosa-MG, 2019. (continua)
REGIÃO DE BAIRROS E LOCALIDADES INTEGRANTES E RESPECTIVOS LIMITES
RESIDÊNCIA
Ramos, Clélia Bernardes, Belvedere e Centro. Este último limitado pelas ruas:
Gomes Barbosa, Ladeira dos Operários, José Antonio Rodrigues, Dos Estudantes,
av.
Centro P.H. Rolfs (da linha férrea até a esquina com a av. Castelo Branco), av. Marechal
Castelo Branco, (até o trevo do Belvedere), Geninho Lentine, Dr. Milton
Bandeira, Dona Gertrudes, Tenente Kümmel, av. Bueno Brandão e Floriano
Peixoto
Bom Jesus Integrada pelos bairros: Bom Jesus, Bela Vista, Sagrada Família, Estrelas e
Conceição
Nova Viçosa Integrada pelos bairros: Nova Viçosa e Posses
Fátima Integrada pelo Bairro de Fátima
4

Integrada pelos bairros: Betânia, Santa Clara (parte baixa, limitada pela av. JK até
Lourdes a rua Joaquim Andrade), Lourdes e Alameda Fábio Ribeiro
Santa Clara Integrada pelos bairros: JK, Santa Clara (parte alta), Maria Eugênia e São Sebastião

Integrada pelos bairros: Fuad Chequer, Sagrado Coração (Rebenta Rabicho) e


Passos pela área limitada pela rua dos Passos (do Hospital S.J. Batista até a esquina com
a Dona Gertrudes), Rua Dr. Brito, Rua Santana, Álvaro
Gouveia e Dr. José Norberto Vaz de Melo
Santo Antônio Integrada pelos bairros: Julia Molla, Santo Antônio (do Belvedere até o trevo de
Coimbra)
Nova Era Integrada pelos bairros: Nova Era, Vale do Sol e União (Morro do Café)

Amoras Integrada pelos bairros: Barrinha, Cidade Nova, Arduino Bolívar (Amoras),
Laranjal (São José), Boa Vista, Vau- Açú, Inácio Martins e Floresta
Silvestre Integrada pelos bairros: Liberdade, Violeira Recanto da Serra, João Brás,
Inconfidência, Parque do Ipê, Silvestre e Novo Silvestre
Acamari Integrada pelos bairros: Romão dos Reis, Rua Nova, Acamari, Vila Alves, Jardim
do Vale e Quinta dos Guimarães
São José do Triunfo Distrito São José do Triunfo e bairro João Mariano
Cachoeira de Santa Cruz Distrito de Cachoeira de Santa Cruz
Zona Rural Zona Rural de Viçosa
Fonte: Melo, 2011.

Após coletados, os dados foram sistematizados e analisados utilizando-se o programa


Microsoft Office Excel 2010.
O perfil dos/as usuários do CAPS Despertar foi definido a partir do cálculo da
distribuição proporcional de usuários segundo sexo, faixa etária, município e local de
residência.
Para análise dos casos atendidos, foi considerada a proporção de atendimentos
segundo hipótese diagnóstica, o tempo de admissão e a existência ou não de
acompanhamento pela atenção primária à saúde - APS.
Para descrever, analisar e, posteriormente comparar os dados sobre morbimortalidade
por transtornos mentais e comportamentais registrados em Viçosa, ao perfil dos usuários do
CAPS Despertar, foram utilizados dados secundários provenientes do Sistema de
Informação Hospitalar do SUS – SIH/SUS1, e informações sobre os óbitos registrados e do
Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM2.

1
SIH/SUS: sistema de informação em saúde que registra as internações realizadas pelo SUS em determinado
local e período de tempo
5

Os dados secundários sobre morbimortalidade foram obtidos no DATASUS e


considerou os casos ocorridos na região de saúde de Viçosa, no período de 2004 a 2017. As
variáveis analisadas foram: internações hospitalares na região de saúde; óbitos na região de
saúde; ano da internação; ano do óbito; sexo e faixa etária dos usuários internados e,
também dos óbitos; causas de internação e causas de óbito considerando a CID-10 referentes
aos transtornos mentais e comportamentais.
Ressalta-se que para descrição e análise da variável “hipótese diagnóstica” para os
usuários do CAPS Despertar, assim como os dados secundários de morbimortalidade por
transtornos mentais e comportamentais foram consideradas onze categorias da CID-10 para
classificação dos transtornos mentais e comportamentais, conforme (QUADRO 2).

QUADRO 2: Códigos CID 10 utilizados para a classificação e descrição dos transtornos mentais e
comportamentais e classificação do tipo de transtorno mental e comportamental. (continua).

TIPOS DE
TRANSTORNOS CÓDIGO NA
DESCRIÇÃO
MENTAIS E CID 10
COMPORTAMENTAIS
Compreende uma série de transtornos mentais reunidos,
tendo em comum uma etiologia demonstrável tal como
doença ou lesão cerebral ou outro comportamento que
Transtornos mentais leva à disfunção cerebral. A disfunção pode ser primária,
orgânicos, inclusive os F00-F09 como em doenças, lesões e comprometimento que afetam
sintomáticos o cérebro de maneira direta e seletiva; ou secundária,
como em doenças e transtornos sistemático que atacam o
cérebro apenas como um dos múltiplos órgãos ou sistema
orgânicos envolvidos.

Transtornos mentais e
Compreende numerosos transtornos que diferem entre si
comportamentais devidos
F10-F19 pela gravidade variável e por sintomatologia diversa, mas
ao uso de substância
que têm em comum o fato de serem todos atribuídos ao
psicoativa
uso de uma ou de várias substancias psicoativas,
prescritas ou não por um médico.
Agrupamento que reúne a esquizofrenia, a categoria mais
Esquizofrenia, transtornos importante deste grupo de transtornos, o transtorno
esquizotípicos e F20-29 esquizotípico, os transtornos delirantes persistentes e um
transtornos delirantes grupo maior de transtornos psicóticos agudos e
transitórios.
Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma
alteração do humor ou do afeto, no sentido de uma
depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma
Transtornos do humor
F30-F39 elação. A alteração do humor em geral se acompanha de
[afetivos]
uma modificação do nível global de atividade, e a
maioria dos outros sintomas são quer secundários a estas
alterações do humor e da atividade, quer facilmente

2
SIM: sistema de informação em saúde que registra todos os óbitos ocorridos em determinado local e período
de tempo
6

compreensíveis no contexto dessas alterações. A maioria


desses transtornos tende a ser recorrente e a ocorrência
dos episódios individuais pode frequentemente estar
relacionada com a situação ou fatos estressantes.

Transtornos neuróticos, Grupo de transtornos nos quais uma ansiedade é


transtornos relacionados desencadeada exclusiva ou essencialmente por situações
F40-F48
com o "stress" e nitidamente determinadas que não apresentam
transtornos somatoformes atualmente nenhum perigo real. Estas situações são, por
esse motivo, evitadas ou suportadas com temor.

Síndromes
comportamentais Transtornos alimentares ou disfunções sexuais ou de
associadas a disfunções F50-F59 sono causados por fatores emocionais;
fisiológicas e a fatores
físicos

Este agrupamento compreende diversos estados e tipos


de comportamentos clinicamente significativos que
tendem a persistir e são a expressão característica da
maneira de viver do individuo e de seu modo de
Transtornos da
estabelecer relações consigo próprio e com os outros.
personalidade e do F60-F69
Alguns destes estados e tipos de comportamento
comportamento do adulto
aparecem precocemente durante o desenvolvimento
individual sob a influência conjunta de fatores
constitucionais e sociais, enquanto outros são adquiridos
mais tardiamente durante a vida.
Parada do desenvolvimento ou desenvolvimento
incompleto do funcionamento intelectual, caracterizados
essencialmente por um comprometimento, durante o
período de desenvolvimento, das faculdades que
Retardo mental F70-F79 determinam o nível global de inteligência, isto é, das
funções cognitivas, de linguagem, da motricidade e do
comportamento social. O retardo mental pode
acompanhar um outro transtornos mental ou físico, ou
ocorrer de modo independente.

Os transtornos classificados em F80-89 têm em comum:


a) inicio situado obrigatoriamente na primeira ou
segunda infância; b) comprometimento ou retardo do
desenvolvimento de funções estreitamente ligadas à
maturação biológica do sistema nervoso central; e c)
F80-F89 Transtornos do
evolução contínua sem remissões nem recaídas. Na
desenvolvimento F80-F89
maioria dos casos, as funções atingidas compreendem a
psicológico
linguagem, as habilidades espaço-visuais e a
coordenação motora. Habitualmente o retardo ou a
deficiência já estavam presentes mesmo antes de
poderem ser postos em evidência com certeza e
diminuição progressivamente com a idade, déficits mais
leves podem, contudo, persistir na idade adulta.
Transtornos do
Transtornos do comportamento e transtornos emocionais
comportamento e
que aparecem habitualmente durante a infância ou a
transtornos emocionais
F90-F98 adolescência. ... Estes transtornos se acompanham
que aparecem
freqüentemente de um déficit cognitivo e de um retardo
habitualmente durante a
específico do desenvolvimento da motricidade e da
infância ou a adolescência
linguagem.
Transtorno mental não Doença mental SOE
F99
especificado
7

Fonte: Organização Mundial de Saúde (1993).

Aspectos éticos

O projeto foi aprovado pelo CEP/Conep no dia 18/11/2019, podendo ser consultado
o resultado pela Plataforma Brasil (APÊNDICE 2). De acordo com a Resolução nº 466/12 e
a Resolução n. 510/16, “toda pesquisa envolvendo seres humanos deve ser submetida à
apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)”.
Após aprovado o projeto de pesquisa foi obedecidos os critérios da Resolução do
Conselho Nacional Saúde 466/2012, garantindo a proteção das informações a serem
coletados nos prontuários dos usuários do CAPS Despertar.
Para acesso aos prontuários foi solicitada autorização à Coordenação do CAPS
Despertar, Viçosa, MG/Secretaria de Saúde/Prefeitura Municipal de Viçosa, que assinou o
Termo de Autorização, sendo garantido que os dados coletados seriam utilizados,
exclusivamente, para fins da pesquisa, não sendo publicados nomes de usuários ou
trabalhadores ou outras informações que permitam a identificação das pessoas.

Objetivo Geral

 Objetivou descrever o perfil dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS


Despertar e comparar o perfil desses usuários a achados sobre morbimortalidade por
transtornos mentais e comportamentais.

Objetivos Específicos

 Descrever o perfil dos usuários do CAPS segundo características individuais (sexo,


faixa etária, estado civil, município e bairro de residência);
 Analisar os casos atendidos, segundo hipótese diagnóstica, tempo de admissão e tipo
de acompanhamento no CAPS;
 Identificar a existência de acompanhamento (referência e contra referência) dos
usuários do CAPS na atenção primária em saúde do município de Viçosa-MG;
 Descrever a morbimortalidade por transtornos mentais e comportamentais em
Viçosa, MG.
8

CAPITULO I: DA LOUCURA À SAÚDE MENTAL COMO DIREITO

Tratar o tema da saúde mental pressupõe a compreensão sobre a história da loucura e


da atenção à doença mental, no mundo ocidental capitalista e, mais especificamente, no
Brasil. Assim, para construir o referencial teórico desse texto, busquei referencias que tratam
da história da loucura e da atenção à doença mental no mundo e no Brasil e, também,
referencias que informam sobre os marcos legais e políticos sobre a atenção à saúde mental
brasileira.

Breve história da loucura e do “tratamento” à doença mental

Até meados do Séc. XX, nos países ocidentais capitalistas como Alemanha, Europa,
França e Brasil, existiram diversos tipos de “tratamento da loucura”, desde o uso de
sanguessugas, da hipnose, choques e isolamento. Os considerados "Alienados Mentais",
eram asilados em casas de misericórdia ou manicômios, sendo julgados moralmente e
recebendo tratamentos degradantes. (RODRIGUES, 2014).

Segundo Santos (s.d.), os “tratamentos” não tinham base científica e consistiam em


espancamentos e torturas, sendo, essas pessoas, muitas vezes, presas a grilhões de ferro e
sem direito a banho de sol. Os asilos funcionavam de forma prisional, encarcerando o
indivíduo que não se encaixava no modelo preconizado pela ordem social vigente, fosse por
estigmas ou por costumes e cultura. Quem não se encaixava nos “padrões” socioeconômico,
cultural e moral, era considerado “Louco” e, assim, asilado de forma desumana sem
qualquer diagnostico de doença mental e, ainda, não submetido a nenhum tipo de
tratamento. A responsabilidade pelos cuidados ou assistência aos “loucos” era atribuída às
freiras ou damas de caridade, sendo que a Igreja Católica assumia o papel de caráter
“Caritativo ou Misericordioso” dentro desses asilos. Nas situações em que havia médicos,
estes não eram especializados em psiquiatria – os denominados “médicos de alienados
mentais”.

No Brasil no fim da década de 1950, a situação era grave nos hospitais psiquiátricos:
superlotação; deficiência de pessoal; maus-tratos; falta de vestuário e de alimentação;
péssimas condições físicas; cuidados técnicos escassos e automatizados. Onde os médicos
assumem a gestão dos serviços psiquiátricos. Eles tinham suas ações pautadas na ampliação
do significado da doença mental, na legitimação da reclusão dos indivíduos que
9

apresentassem comportamentos divergentes ou indesejados em relação aos padrões


moralmente aceitos pela sociedade, ao mesmo tempo em que “viabilizava as perspectivas de
ampliação de poder do alienista” (ENGEL, 2001 e MINAS GERAIS, 2006).
Na década de 70, os movimentos sociais ganharam força e, junto à mobilização da
sociedade, estabelecem cenário profícuo para a reformulação na concepção de loucura e de
proposição de novos métodos de se tratar a doença mental a partir do final da década de
1980 (COSTA-ROSA, 1987 e RODRIGUES, 2014;).
É importante informar que, nesse momento, o Brasil vivia um dos períodos mais
duros da ditadura militar. Porém, um movimento importante foi gestado em função da crise
no setor saúde “o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira” – MRS, que culminou com a
organização do Sistema Único de Saúde – SUS e corroborando com a Reforma Psiquiátrica.

A Reforma Psiquiátrica Brasileira: da doença à saúde mental

Em meados da década de 90, tornou-se nítida a necessidade de melhorias na


assistência medica psiquiátrica, centrada no leito hospitalar, fruto do modelo assistencial
vigente na época. Foram indicadas prioridades e propostas estratégias para a transformação
necessária na área de Saúde Mental. Com as Normas Operacionais Básicas do Sistema
Único de Saúde (NOB-SUS), a área de Saúde Mental passou por um processo de
modificações, com a inserção de novos procedimentos de trabalho em nível ambulatorial e
hospitalar, sistematização da fiscalização e regulamentação dos serviços (CAMPIOTTO e
YAMAGUCHI, 2014).
A mudança na assistência psiquiátrica iniciou com o movimento denominado
Reforma Psiquiátrica, que preconizava a desinstitucionalização da loucura e construção de
uma rede de atenção integral à saúde mental. Uma série de iniciativas foi promovida
principalmente pelos governos locais. O objetivo da desinstitucionalização da loucura,
proposta pela Reforma Psiquiátrica, era deslocar as práticas psiquiátricas vigentes,
desconstruindo o manicômio e seus paradigmas, e construindo práticas de cuidados
centrados na comunidade (SCHENEIDER, 2009, BARROS e SILVA, 2014).
Campiotto e Yamaguchi (2014) destacam que o processo da Reforma Psiquiátrica
brasileira teve três períodos marcantes. O primeiro, de 1992 a 2001, ocorreu a
implementação de estratégias de desinstitucionalização e início do financiamento e
implantação de novos tipos de serviços substitutivos. O segundo, de 2000 a 2002, houve a
1

expansão da rede de atenção com a inclusão do atendimento a crianças e adolescentes, além


do uso excessivo de drogas. Por fim, o terceiro período acontece a partir de 2003, quando a
reforma se consolida, com projetos específicos, considerando caso por caso. As
transformações que se sucederam no atendimento aos usuários de problemas decorrentes de
saúde mental acabaram por priorizar ações dedicadas a inclusão social e garantir a
autonomia de quem carece desse tipo de serviço (BARROS e SILVA, 2014).
A Reforma Psiquiátrica pregava, assim, o retorno do indivíduo ao seio familiar,
considerando-se, para tanto, o dever do Estado de garantir ampla estrutura de proteção e
suporte para este retorno, incluindo os cuidados com a utilização de doses abusivas de
medicamentos e substancias psicoativa (RODRIGUES, 2014). Segundo Chiavagatti et al.
(2011), a Reforma é um processo contínuo de elaboração e implementação de reflexões e de
mudanças nos campos assistencial, cultural e conceitual, cujo objetivo é mudar a visão que a
sociedade, as instituições e os/as profissionais têm com relação a doença mental. Busca-se,
assim, acabar com estereótipos relacionados à loucura e seus modos de tratamento,
estabelecendo, por outro lado, uma relação de coexistência, solidariedade e cuidados. Nesse
contexto, a inclusão dos indivíduos é a ação norteadora do processo de estruturação da rede
de atenção à saúde mental. Para tanto, faz-se necessário à organização e de uma rede de
serviços que articulada, promova a autonomia dos/as usuários/as e a interação destes com os
demais indivíduos da sociedade (SCHENEIDER, 2009).
Ao propor um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária, com
garantia da livre participação e circulação de pessoas com transtornos mentais, a Reforma
Psiquiátrica contribui para redução nos leitos psiquiátricos, para a melhoria na qualidade e
expansão da rede externa à área hospitalar, bem como para a promoção de ações da saúde
mental na atenção primária no âmbito do SUS. (CAMPIOTTO e YAMAGUCHI, 2014).

A Saúde mental no Sistema Único de Saúde – SUS: as Redes de Atenção Psicossocial –


RASP
Em 1990, o Brasil signatário a Declaração de Caracas que atribui um novo viés a
assistência psiquiátrica, entre as diretrizes, a Declaração prega a atenção de base
comunitária, integral e contínua, ajustada à atenção primária em saúde e que prescinda da
utilização de hospitais psiquiátricos, através de atos normativos, o Executivo Federal definiu
as circunstancias para o desenvolvimento da rede comunitária em saúde mental em todo o
país. A fixação dos centros de Atenção psicossocial (CAPS) com repasses financeiros do
governo central para Estados e, principalmente, para os Municípios, que detêm a gestão
1

direta dos novos dispositivos da RPB, (DOMINGOS et al , 2012). No ano de 2001, após 12
anos de tramitação no Congresso Nacional, a Lei Federal 10.216, mais conhecida como “Lei
Paulo Delgado” foi sancionada no país, substituindo do Projeto de Lei original, e trazendo
modificações importantes no texto normativo como dispondo teoricamente acerca da
proteção, garantias e direitos das pessoas com transtornos mentais. Porém, em
contrapartida, a Lei não extinguiu a existência de hospitais psiquiátricos. Assim, a Lei
Federal 10.216 redireciona a assistência em Saúde Mental, privilegiando o oferecimento de
tratamento em serviços de base comunitária e dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas com transtornos mentais, embora não institua mecanismos claros para a progressiva
extinção dos manicômios. Ainda assim, a promulgação da Lei Federal 10.216 impõe novo
impulso e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil. É no contexto da
promulgação da Lei Federal 10.216 e da realização da III Conferência Nacional de Saúde
Mental, que a Política de Saúde Mental do governo federal, alinhada com as diretrizes da
Reforma Psiquiátrica, passa a consolidar-se, ganhando maior sustentação e visibilidade
(BRASIL, 2005).
Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental, onde propõe em suas diretrizes
normativas a garantia do cuidado ao usuário com transtornos mentais em serviços
substitutivos aos hospitais psiquiátricos, deixando para trás os antigos moldes da internação
de longa permanecia em ambientes isolados e sem o contato com a família. Redução em
leitos psiquiátricos de longa permanência, instigando a internação quando necessária em
hospitais gerais de curta duração. A Política de Saúde Mental visa a estruturação de uma
rede de dispositivos para com o serviço que permite a atenção ao usuário portador de
sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização do usuário em hospitais
psiquiátricos de longa duração, desenvolvimento de mecanismos para a reabilitação
psicossocial do individuo, através do trabalho, cultura e do lazer (BRASIL, 2012).
A construção do Sistema Único de Saúde avançou de forma significativa nos últimos
anos, fortalecendo as evidências da importância da Atenção Primária à Saúde (APS) como
base do sistema de saúde (DIAS, 2012). A APS ou nível primário ou primeiro nível de
atendimento do SUS, é caracterizada por atividades realizadas em postos e centros de saúde,
com fins de promover, proteger e garantir a saúde e o diagnóstico em nível ambulatorial e é
associado a uma preocupação com o saneamento. O nível secundário abrange as atividades
assistenciais nas especialidades médicas básicas que são a clínica médica, ginecologia e
obstetrícia, pediatria e clínica cirúrgica. Além destas quatro especialidades, atua na atenção
ambulatorial, internação, urgência e reabilitação. O nível terciário caracteriza-se por tratar de
1

casos mais complexos, como o atendimento ambulatorial, internação e urgência (SANTOS,


2015).
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que integra o nível secundário de atenção
no âmbito do SUS, estabelece os aspectos que devem ser considerados com mais atenção
para o atendimento de pacientes com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do
crack, álcool e outras drogas. A Rede é composta por diversos serviços como: Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), onde os atendimentos são voltados para as pessoas que
apresentam intenso sofrimento psíquico, transtornos mentais severos ou persistentes,
incluindo os transtornos relacionados às substâncias psicoativas (álcool e outras drogas),
assim como, as crianças e adolescentes com transtornos mentais. Os Serviços Residenciais
Terapêuticos (SRT) são responsáveis pela atenção aos usuários para o acolhimento em casas
urbanas, criadas para atender os indivíduos com transtorno mental grave. Viabilizando o
direito à moradia, reintegração na comunidade, com proposito da reabilitação em prol da
autonomia e a inclusão social do individuo; Centros de Convivência e Cultura (CECOs) são
dispositivos públicos componentes da rede de atenção substitutiva em saúde mental
brasileira, onde são oferecidos às pessoas espaços de sociabilidade, produção e intervenção
na cidade; as Unidade de Acolhimento (UAs) e leitos de atenção integral (em Hospitais
Gerais e nos CAPS III) Enfermaria especializada em Hospital Geral, Serviço Hospitalar de
Referência para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2004; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013 e FERREIRA, 2014).
Estudos têm apontado para a necessidade de integração da saúde mental às atividades
da Atenção Básica com fins de garantir o princípio da integralidade do atendimento à saúde.
Dentro do processo de integração da saúde mental, pode-se citar o matriciamento ou apoio
matricial, processo de construção compartilhada, no qual mais de uma equipe de saúde cria
uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica. Portanto, o matriciamento em saúde
mental é uma importante estratégia para fazer tal integração, o que resulta em ampliação do
cuidado à saúde por meio do diálogo entre diversas áreas de conhecimento em prol da saúde
(IGLESIAS e AVELLAR, 2017). Estes autores preferem dizer que o matriciamento é
definido, pelo Ministério da Saúde, como um arranjo organizacional que configura um
suporte técnico-pedagógico às áreas específicas dos profissionais responsáveis pela
elaboração do atendimento no nível básico de saúde. Trata-se de um projeto de construção
de novas práticas em saúde mental com a participação das comunidades, no espaço de
1

vivência e circulação das pessoas, com uma vinculação sistemática e interativa entre a
Atenção Básica e as equipes de saúde mental.
De acordo com Medeiros (2015) o matriciamento figura como representante de uma
nova configuração que estabelece novos padrões de interação entre equipe médica e usuários
e que maximiza o compromisso dos profissionais com as atividades de saúde, à medida que
as barreiras de comunicação são burladas.
A nova proposta integradora visa transformar a lógica tradicional dos sistemas de
saúde (CHIAVERINI, 2011). Para que esta prática seja bem-sucedida é necessário que haja
mudanças nas relações de trabalho, que sempre foram hierarquizadas; mudança no modo
fragmentado de se operar a atenção à saúde; mudança na formação em saúde – centrada na
perspectiva biomédica; mudança no modo de praticar saúde – que transcende o setor saúde.
Além disso, é necessário empenho, mudanças e disponibilidade dos profissionais envolvidos
(IGLESIAS e AVELLAR 2017).
Para Furtado (2001) o modelo de atenção proposto pelo CAPS, preconiza o
desenvolvimento de Projetos Terapêuticos Individuais (PTI), no intuito de particularizar a
atenção oferecida a cada usuário. Para garantir o acompanhamento individualizado e
personalizado dos usuários, o Ministério da Saúde propôs a criação da figura do
“profissional de referência”. Esse seria o profissional responsável pela elaboração,
acompanhamento e avaliação do PTI, em conjunto, sempre que possível, com o próprio
paciente e seus familiares (BRASIL, 2004).
É importante informar sobre a centralidade do CAPS para a implementação efetiva
da Política de Saúde Mental, uma vez que este equipamento está presente em grande parte
dos municípios brasileiros e constitui-se, em muitos deles, a porta de entrada para a RASP
das pessoas com sofrimento mental.
Atualmente, existe mais de 2.462 de no Brasil, sendo 339 em Minas Gerais,
distribuídos nas 77 microrregiões de saúde do Estado (BRASIL; 2017). Em grande parte dos
municípios de pequeno e médio porte, o CAPS é, junto a outros equipamentos da atenção
básica, o único meio de acesso a política de saúde mental.
A saúde mental é um importante campo da saúde coletiva, por ser responsável no
acompanhamento no processo saúde-doença, que em sua grande maioria trabalha com
processos biopsicossociais complexos, que demandam uma abordagem interdisciplinar e
intersetorial, com ações inseridas em uma rede de serviços e dispositivos de atenção e de
cuidado inseridos no território, sendo um deles o Centro de Atenção Psicossocial - CAPS.
1

O modelo biopsicossocial atende em linha reta os conceitos de saúde estabelecidos


pela OMS, em 1948 “os conceitos de saúde e de doença são analisados em sua evolução
histórica e em seu relacionamento com o contexto cultural, social, político e econômico,
evidenciando a evolução das idéias nessa área da experiência humana” (SCLIAR, 2007).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um estado completo de
bem estar físico, mental e social do ser humano, pois intende que o modelo Biopsicossocial
foi feito e estabelecido por Engels em 1977, com a crítica à deficiência no sistema
epidemiológico tradicional ao tratar a saúde como um fenômeno radicado na organização

social (PUTTINI et al. 2010),passa a vê que a doença não é só unicausal como no modelo
biomédico, mas consequência da relação dos mecanismos celulares, teciduais, organismos,
interpessoais e ambientais e também da crítica de que a relação saúde-doença é um
processo, portanto sem ponto fixo, mas sim um estado. Ao contrário do senso comum, que
infere ao termo a idéia de ausência de doenças. (Fava & Sonino, 2008).
O conceito de saúde, que era visto como ausência de doença passa a ser visto como
um bem-estar subjetivo, a visão do “paradigma” saúde-doença não como um conceito
dicotômico, mas como um processo, caracterizando outro modelo de atenção à saúde, o
modelo biopsicossocial.
O modelo biopsicossocial, trás uma nova maneira do profissional de saúde ver a
doença, que implica a substituição do termo tratar pelo cuidar que abrange a contínua
renovação da interpretação do respeito a si, do outro e do mundo, envolvendo da mesma
forma significados sobre saúde, doença, qualidade de vida, autonomia, que tornando um
espaço além do saber-fazer científico/tecnológico. Permitindo um olhar além da doença,
considerando-se o conhecimento de si próprio, o adoecer e a saúde, fatores essenciais na
reconstrução conjunta de sentidos a uma vida saudável em suas diversas particularidade
(MANDÚ, 2004).
1

CAPITULO II: A CIDADE DE VIÇOSA E A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Local do estudo

O estudo foi realizado em Viçosa, município localizado na mesorregião da Zona da


Mata de Minas Gerais. Com população de aproximadamente de 72.220 habitantes (IBGE,
2010).
Viçosa é considerada cidade polo da Região de Saúde (RS) que engloba os
municípios de Araponga, Cajuri, Canaã, Paula Cândido, Pedra do Anta, Porto Firme, São
Miguel do Anta e Teixeiras, cuja população total de toda macrorregião estimada é de
221.585 habitantes (IBGE, 2010).
A unidade empírica da analise é o Centro de Apoio Psicossocial – “CAPS
Despertar”, um serviço de atenção à saúde mental do município e referência da Região de
Saúde de Viçosa, estando situado na Rua Vinicius de Moraes, nº 237, Bairro de Fátima.
Categorizado como tipo II, realiza atendimentos a adultos, para transtornos mentais graves e
persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas. Funciona, de segunda à sexta-
feira, de 7 às 17h, na região central do município. Trata-se de uma unidade do Sistema
Único de Saúde - SUS e, portanto, o serviço prestado é público e gratuito.
Compõe a rede de atenção psicossocial (RAPS) de Viçosa e região de saúde, o CAPS
Despertar e 10 leitos de retaguarda localizados no Hospital João Batista, os usuários só são
encaminhados para o leito de retaguarda quando o quadro não consegue ser estabilizado no
CAPS.

Organização do CAPS Viçosa

O Centro de Atenção Psicossocial-CAPS é um serviço de saúde mental aberto e


comunitário do Sistema Único de Saúde-SUS. Local referência para tratamento para pessoas
com transtornos mentais severos e/ou persistentes, isto é, psicoses, neuroses graves,
depressão grave e transtorno afetivo bipolar. Essas pessoas, que possuem comprometimento
psíquico, podem ter tido uma história de internações psiquiátricas, ou nunca ter sido
internada. O Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Despertar, regulamentado pela
Portaria nº 336/GM, de 19/02/2002, foi implantado em Viçosa pela Secretaria Municipal de
Saúde em 2003. Somente em 2006, após a presença do Deputado Paulo Delgado em um
simpósio realizado pela equipe do CAPS da época, organizado pela, então coordenadora
1

Ivete Starling de Oliveira3. Após o evento, ocorrido em julho de 2006, o CAPS foi
credenciado pelo Ministerio da Saúde em Janeiro de 2007, passando a receber recursos do
Governo Federal. Atualmente oferece assistência especializada a pessoas adultas que
apresentam intenso sofrimento psíquico residentes em Viçosa e região segundo fluxo de
atendimento ilustrado na FIGURA 1.
A criação desse Centro foi em busca de um processo de cuidado integral, inter-
setorial dos vários segmentos que compõe este trabalho, de um espaço que visa reintegrar os
usuários não só no convívio familiar, mas também à comunidade, envolvendo-os numa
grande rede de solidariedade. Assim, busca-se incluir socialmente os usuários, por meio do
incentivo ao retorno às atividades escolares, de trabalho, lazer, etc.
Nos CAPS os usuários são assistidos em regime de atenção diária. O tratamento
acontece através de atendimentos individuais e em grupos, e oficinas terapêuticas que
buscam a inclusão social, através do desenvolvimento da cidadania.
Os usuários podem frequentar por meio período (07h às 12h) ou período integral
(07h às 16h), diariamente ou em dias alternados, de acordo com o programa combinado e
estabelecido no momento da triagem e avaliação. O CAPS oferece um lanche pela manhã,
um almoço e um lanche à tarde.
Assim sendo, a cidade de Viçosa oferece à comunidade um serviço de atendimento
psicossocial na modalidade de CAPS II, equipamento importante para município com
população com mais de 70 mil habitantes, com uma equipe multiprofissional (dois Médicos
Psiquiatras, um Psicólogo, um Assistentes Sociais, um pedagoga, um Educador Físico, um
enfermeiro Saúde Mental, um Enfermeiro clinico, um Artesão, dois Assistentes
Administrativos, um Seguranças, quatro Técnicos de Enfermagem) que trabalham a inserção
social e a reabilitação do portador de sofrimento mental. Em casos de demanda de outros
profissionais, geralmente é realizado um processo seletivo ou obedecendo ao processo
seletivo ainda vigente.

3
Ivete Starling de Oliveira – Psicóloga, efetiva da Secretaria Municipal de Saúde de Viçosa/MG, desde 1998.
1

FIGURA 1: Fluxograma de Atendimento do CAPS II Despertar de Viçosa/MG


Fonte: CAPSII Despertar

Modalidades de atendimento e atenção profissional

 Intensivo (diariamente): quadro clínico que necessita de um cuidado diário, por parte
de uma equipe multiprofissional. O usuário pode, inclusive, ser cuidado
intensivamente através de atendimento domiciliar. Ao dar entrada em leito crise, o
usuário demanda cuidado intensivo. Receberá semanalmente no mínimo três
atendimentos do Técnico de referência -TR e um atendimento médico.

 Semi-intensivo (de duas a três vezes por semana): quadro clinico que necessita de
uma atenção frequente. Entenda-se por isso usuários que necessitam participar
algumas vezes por semana das atividades do CAPS. Receberá semanalmente no
mínimo dois atendimentos do TR e 1 atendimento médico.

 Não intensivo (até três vezes por mês): atendimentos prestados mensalmente ou
quinzenalmente ao usuário que por seu quadro clínico e projeto terapêutico, necessita de um
1

acompanhamento mais espaçado. Receberá semanalmente no mínimo um atendimento do


TR e quinzena1mente um atendimento médico.
Considerando as modalidades de atendimento, para todos os casos, deve haver
registro adequado, em prontuário individual, de forma linear-temporal de todos os
atendimentos realizados e procedimentos diagnósticos e terapêuticos adotados.

CAPITULO III: PERFIL DOS USUÁRIOS DO CAPS DESPERTAR E A


MORBIMORTALIDADE

A partir da pesquisa nos arquivos do CAPS Despertar, foram identificados 1.889


prontuários de atendimentos desde sua implementação em 2004 até novembro de 2019.
Desses prontuários, 34 tratava-se de pacientes em cuidados intensivos diários, ou seja,
permanência dia – PD, no momento da coleta de dados. Assim, para fins dessa pesquisa,
foram considerados os 34 prontuários de pacientes em PD.
Sobre o perfil dos usuários, observou-se predominância de mulheres (53%). Em
relação aos homens (47%), (FIGURA 2). Estes dados vão de encontro aos estudos realizados
por Silveira et al. (2009), Pelisoli e Moreira (2007), que consideraram que a maioria dos
usuários destes serviços de saúde mental é representada pelo sexo feminino. Contudo,
observou-se que a diferença entre homens e mulheres foi pequena (apenas de 6%), podendo
supor que os homens têm procurado o tratamento quase em mesma proporção do que as
mulheres, considerado os casos do CAPS Despertar.
1

47% MULHERES

53% HOMENS

FIGURA 2: Proporção usuários/as CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo sexo no
Viçosa-MG, novembro/2019.
Fonte: dados da pesquisa.

Quanto à faixa etária no momento da admissão, verificou-se predominância de


usuários adultos (73%), seguido dos jovens (24%) e idosos (3%) (FIGURA 3). A média da
idade na admissão foi de 35,5 anos (mediana= 50; moda= 20; variância = 420,52 2; Desvio-
Padrão – DP = 14,5), variando em uma faixa etária de 16 a 50 anos. Do mesmo modo,
verificamos que a maior parte dos usuários atualmente em PD, são adultos (88%); seguido
dos jovens (9%) e idosos (3%) conforme demostrado na (FIGURA 4).
2

50,00

45,00

40,00

35,00

30,00

25,00
%

FEMININO
20,00
MASCULINO

15,00

10,00

5,00

0,00
Jovem Adulto Idoso
FAIXA ETÁRIA

FIGURA 3: Proporção usuários/as CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo faixa etária
no momento da admissão no serviço. Viçosa-MG, 2004 – 2019.
Fonte: dados da pesquisa.

A média da idade dos pacientes atualmente em PD foi de 52 anos, mediana= 37,5;


moda= 30; variância = 210,252; Desvio- Padrão – DP = 20,5), variando em uma faixa etária
de 23 a 67 anos.
A diferença das medianas da idade na admissão e da idade no momento da coleta de
dados evidencia o envelhecimento dos usuários. Isso porque se trata de usuários crônicos
cuja permanência no serviço, muitas vezes, ultrapassa anos de cuidados.
2

50,0

45,0

40,0

35,0

30,0

25,0
%

20,0 FEMININO
MASCULINO

15,0

10,0

5,0

0,0
Jovem Adulto Idoso
FAIXA ETÁRIA

FIGURA 4: Proporção usuários/as CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo faixa etária
no momento da coleta dos dados. Viçosa-MG, novembro/2019.
Fonte: dados da pesquisa.

A maior demanda representada por usuários adultos foi observada, também, em


estudos realizados por Freitas (2010), Andrade et al (2006) e Bellettine (2013). Tratam-se de
pessoas em idade produtiva, ou seja, que compõe a População Economicamente Ativa
(PEA). Nesse sentido e considerando que a PEA movimenta o capital de um país e que o
trabalho é artefato que e dignifica o sujeito, o processo de assistência e reintegração dos
usuários do CAPS deve ser conduzido, também, para a reinserção ou inserção no mercado
de trabalho, pois, vê-se que o sentido da atividade de trabalho pode assumir desde uma
condição de equidade, neutralidade e a centralidade na identidade pessoal e social
(CALLINICOS, 2011; MORIN et al, 2007).
Com relação ao estado civil, do total de usuários/as do CAPS, observamos que a
maior parte é solteira (53%), seguido dos casados ou em união estável (24%),
divorciados/separados (12%) e viúvos (12%). (FIGURA 5).
2

60

50

40
%

30

20

10

0
Casados ou uniao estavelDivorciados ou separados solteiros viuvos

ESTADO CÍVIL

FIGURA 5: Proporção usuários CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo estado civil.
Viçosa-MG, novembro, 2019.
Fonte: dados da pesquisa.

Avaliando a relação sexo e estado civil, observamos que a maior parte dos homens
eram solteiros (44%), seguido dos casados ou em união estável (12%) e, no caso das
mulheres, a maioria era casada (12%), seguido das solteiras (9%). (FIGURA 6).
2

50

45

40

35

30

25
%

20

15

10

CASADO OU UNIÃO ESTÁVEL


SOLTEIRO VIUVO DIVORCIADO

Estado civil

FIGURA 6: Proporção usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo sexo e
estado civil. Viçosa-MG, novembro, 2019.
Fonte: dados da pesquisa

Quanto ao município de origem dos usuários, foi possível perceber a predominância


de residentes em Viçosa-MG (91%), embora registre-se a presença de usuários residentes
em municípios da região de saúde (Porto Firme - um usuário e Paula Cândido – dois
usuários).
Dentre os residentes em Viçosa, a maior parte dos usuários residiam em bairros e
regiões centrais, servidos de transporte público e relativamente próximo ao CAPS, sendo de
fácil acesso ao serviço de saúde mental (FIGURA 7).
2

São Jose do Triunfo

Nova Era Cachoeira de Santa Cruz


Zona Rural

Centro Silvestre Bom Jesus


Santo Antônio Nova Viçosa Santa Clara
Amoras
REGIÃO DE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
TOTAL DE USÚARIOS CAPS Despertar

FIGURA 7: Total de usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo bairro/região
de residência. Viçosa-MG, novembro, 2019.
Fonte: dados da pesquisa.

No CAPS Despertar, a informação sobre diagnóstico (TABELA 2) existia em 100%


(n=34) dos prontuários. Observou-se a prevalência dos diagnósticos relacionados à
esquizofrenia, (F20 a F29) e transtornos relacionados ao uso de substancias psicoativas
(64%). Foram significativo, também, os diagnósticos relacionados aos transtornos de humor
(27%). (TABELA 1)
É importante salientar que o Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool
e outras drogas (CAPS AD) foi inaugurado no último dia 31 de Outubro de 2019. Situado
na Rua Bernardes Filho, nº 384, bairro de Lourdes/Viçosa-MG, porém como o serviço foi
aberto recentemente até o presente momento o local não se encontra totalmente estruturado
para receber os pacientes em permanecia dia- PD, mas o serviço implantando é um grande
ganho para a população haja vista que o diagnóstico de Transtornos mentais e
comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa foi um número considerável na
analises dos prontuários dos usuários do CAPSII e o maior pelos casos das internações no
período de 2004 a 2017. Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool
foi o diagnostico que mais levou o usuário a óbito. Pensando nisso, concluímos a suma
2

importância do CAPS AD no município, para o acolhimento e cuidados das pessoas em


constante sofrimento desencadeados por tais substâncias psicoativas. O CAPS AD somara
quanto à rede de saúde em beneficio as saúde como um todo e principalmente para os
usuários que sofrem com os transtornos vinculado ao uso de álcool e drogas, os pacientes do
CAPS II com essas características será remanejados. Assim, cada dispositivo prestara a
assistência qualificada e de qualidade para estes usuários, garantindo, o tratamento
especializado e focado, introduzindo assim os benéficos proposto para o cuidado a estes
indivíduos.

TABELA 1: Hipótese diagnóstica registrada para usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia
(PD), Viçosa-MG, novembro, 2019.
CÓDIGO NA DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA TOTAL %
CID 10 DE CASOS
F06 Outros transtornos mentais devidos à lesão e disfunção 1 3%
cerebral e a doença física
F10 a F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso 11 32%
de substância psicoativa
F20 a F29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos 11 32%
delirantes.
F30 a F39 Transtornos do humor [afetivos] 9 27%
F40 a F49 Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o 1 3%
“stress” e transtornos somatoformes.

F50 a F59 Síndromes comportamentais associadas a disfunções - 0,00


fisiológicas e a fatores físicos
F60 a F69 Transtornos da personalidade e do comportamento do 1 3%
adulto
F06-F69 Transtornos mentais e comportamentais 34 100%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Alguns dados representados nos prontuários analisados retratam particularidades do


funcionamento do serviço, especialmente em relação ao tempo em que o paciente
permanece em tratamento no CAPS Despertar. Em relação há esse tempo, a análise dos
dados apontou que 94% dos usuários do serviço estão em tratamento a mais de um ano
(FIGURA 8).
2

6%
18%

MENOS UM ANO

ENTRE UM E SEIS ANOS (INCOMPLETO


ENTRE SEIS E 11 ANOS (INCOMPLETO
15% 11 ANOS OU MAIS

61%

FIGURA 8: Total de usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo tempo de
permanência no serviço. Viçosa-MG, novembro, 2019.
Fonte: dados da pesquisa.

Assim, percebe-se a longa permanência dos usuários no serviço, o que certamente


relaciona-se ao tipo de problema na saúde que se propõe a atender (doenças crônicas), mas
que, pode indicar também: (i) a boa adesão dos usuários ao serviço prestado; (ii)
dependência dos usuários para com o serviço devido à dificuldade de promoção da
autonomia, indicando a baixa resolutividade ou ainda (iii) ausência do trabalho em rede
com as unidades basicas de saúde, de modo a favorecer o cuidado domiciliar acompanhado
pela equipe APS.
Para tal resultado é importante considerarmos os principios do SUS de universidade
de acesso e a intregralidade das ações. Por isso a importância do trabalho intersetorial,
trabalhos ou instituições que funcione de apoio e retaguarda para o CAPS, para quando o
paciente rebeceber a alta, possa haver alguma local para onde possa ir e ser acomanhado de
forma continua, contribuindo para a continuidade do cuida, e estimulando a autonômia do
usuario, uma rede de cuidados e de facil acesso para os usuarios. O paciente deve
encontrar este cuidado, após alta do CAPS na atenção primaria, porém para que a rede
funcione e atenda a todos, a uniao e dialago entre o sistema funcione, por isso a
importancia da existencia sistemas e programas que auxilie o cuidado do usuarios para
desenvolvimento pessoal quanto o profissional, fazer o proprio usuario se sentir capaz e
2

ultil para desenvolver trabalhos correlacionados com o grau de dificulades de cada um.
O usuário deve ser acompanhado pela atenção secundaria até que seu quadro
estabelize e receba alta, sendo assim encaminhado novamente ou referenciado para atenção
primaria para que o acompanhamento seja prosseguido de forma continua prestando os
devidos cuidados e atendimento a estes usuarios.
Assim sendo, e considerando a proposta da política de saúde mental (BRASIL,
2004). O método de reconstrução dos laços sociais, familiares e comunitários, é o que
possibilita a autonomia do individuo. Além disso, o CAPS deve buscar um elo diario e
direto com as equipes da rede básica de saúde em seu território.
Ao avaliar a existência de acompanhamento dos usuários do CAPS Despertar
(referência e contra referencia), na rede de saúde de Viçosa, foi possível observar que a
maior parte dos casos foram referenciados ao CAPS por profissionais das especialidades
médicas (psiquiatria e neurologia) fora da rede SUS (47%), ou seja, por médicos
particulares. Apenas 23% foram referenciados ao CAPS Despertar por médicos das ESF de
Viçosa e região. 30% não foi possível identificar a fonte que realizou o encaminhamento ou
houve demanda espontânea por parte do usuário, visto que o serviço é porta aberta, ou seja,
qualquer pessoa pode acessar o serviço quando necessário (FIGURA 9).

21%

FORA DA REDE SUS

ATENÇÃO PRIMARIA DE SAÚDE


47% DEMANDA ESPONTANEA
9%
NÃO IDENTIFICADO

23%

FIGURA 9: Total de usuários do CAPS Despertar em Permanência Dia (PD), segundo referência
para serviço de saúde mental. Viçosa-MG, novembro, 2019.
Fonte: dados da pesquisa.
2

Os dados observados sugerem dificuldades na estruturação de uma rede de atenção


em saúde que garanta o acesso e a assistência oportuna e qualificada aos usuários da saúde
mental. Garantindo, assim, a realização adequada da referência e contra referência,
estratégias indispensáveis para acompanhamento dos casos.
O número de elevado de encaminhamentos ao CAPS realizados por médicos da rede
privada pode estar ligado a deficiências da rede do SUS, sobretudo da APS, em identificar a
existência dos transtornos mentais e comportamentais em usuários de sua área de
abrangência e realizar encaminhamento adequado e oportuno ao CAPS. Vale ressaltar que
todos os pacientes em PD do CAPS Despertar são residentes em áreas cobertas por ESF
tanto em Viçosa quanto na Região de Saúde.
Ressalta-se, ainda, que a APS de Viçosa é estruturada a partir das equipes de Saúde
da Família (ESF). Existem atualmente, 17 equipes no município e elas são formadas por
médicos generalistas. Como a atenção primaria é o primeiro acesso do usuário, elas
deveriam acolher os casos, contribuir no diagnóstico e encaminhar à rede (atenção
especializada à saúde mental) para confirmação do diagnóstico e acompanhamento
necessário. Cabe à APS o primeiro contato com o usuário para compreensão das suas
particularidades e encaminhamento para rede de saúde, caso seja necessário.
De acordo com Azevedo et al (2010), a continuidade da atenção e cuidado no CAPS
não desresponsabiliza a equipe de saúde da APS onde os usuários estão cadastrados. O
acompanhamento dos usuários pela APS deverá ser mantido durante todo o tempo em que
este for atendido no serviço de saúde mental. O mesmo se aplica ao CAPS com relação à
manutenção do contra referência dos usuários acompanhado neste serviço.
Contudo, Fratini e outros (2008) informam que os princípios da referência e contra
referência até então encontram em uma fase de pouca evolução, tanto quanto em relação ao
sentido teórico, quanto efetivação e disseminação de experiências sejam elas realizadas e
finalizadas com êxito ou não.
Conforme dito anteriormente, todos os usuários atualmente cadastrados no CAPS
Despertar em PD, residem em regiões cobertas pela APS, sejam eles residentes em Viçosa
ou nos municípios circunvizinhos (Porto Firme e Paula Cândido). A APS, por meio da ESF,
consiste em dispositivo de amplo alcance de usuários, porém a falta de treinamento
adequado para identificar e atender aos transtornos mentais leves, bem como a alta
rotatividade de profissionais das ESF e a falta de conhecimento sobre a própria rede SUS e a
RASP ocasionam problemas.
2

Destaca-se que os transtornos mentais leves deveriam ser, prioritariamente,


identificados e acompanhados na APS. Os encaminhamentos errôneos desses casos podem
acarretar na superlotação dos serviços de saúde mental, dificultando o acesso dos casos
realmente elegíveis. Ao mesmo tempo, a falta de atendimento adequado dos transtornos
leves pode contribuir para o agravamento dos casos tornando-os persistentes e graves.
Segundo Ministério da saúde (2005), o território é um regulador dos dispositivos da
saúde como por consequência saúde mental, entre este o CAPS, deve valer-se dos recursos
comunitários para o apoio em suas ações, empenhando-se para a inserção social e garantindo
os laços com a comunidade em que os usuários ressudem independentemente do seu
transtorno mental.
A equipe de Agentes Comunitário de Saúde (ACS) também é importante espectador,
pois são intermediadores e facilitadores entre os serviços de saúde mental e os usuários, no
qual estabelecem comunicação interpessoal bem-sucedida, uma vez que partilham da mesma
realidade no seu espaço local. À proposição da reforma psiquiátrica, vem ao encontro dos
serviços extramuros, desempenhando como uns de seus importantes papel no cuidado da
saúde mental, um deles é o instrumento do agente de saúde pela sua facilidade em
estabelecer vínculos (WAIDMAN, 2012).

Morbimortalidade por transtornos mentais e comportamentais

De acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), foi


possível identificar no período de 2004 a 2017, 706 casos de internações em Viçosa, dessas
(67%) são homens, o transtorno de maior prevalência foi Transtornos mentais e
comportamentais devido ao uso álcool com 198 casos. Ao classificar por faixa etária dos
homens é possível notar que (89%) adultos; (8%) idosos e (3%) são jovens. Dos casos de
morbidade ao se tratar das mulheres cerca de (33%) dos casos são representados por elas, o
transtorno de maior prevalência foi os outros transtornos mentais e comportamentais com 78
dos casos, (91%) das mulheres são adultas; (3%) são jovens; (6%) são idosas, Tabela 2.
Diversos estudos tem tido como objeto de investigação as internações hospitalares,
pois constitui uma fonte de dados relevante sobre a morbidade do usuário hospitalizado,
além de ser responsáveis por grande parte dos gastos do setor de Saúde (BITTENCOURT et
al 2006 e MELLO et al 2000). Neste sentido, o Sistema de Informações Hospitalares do
Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) é uma das principais ferramentas para a efetivação e a
avaliação das políticas relacionadas à assistência médico-hospitalar, no que tange a respeito
3

da organização e financiamento no sistema público de saúde, quanto para fins


epidemiológicos (CARVALHO, 2009).

TABELA 2. Mobilidade Hospitalar do SUS por transtornos mentais e comportamentais, segundo


sexo. Viçosa-MG, 2004 a 2017.
GRUPO DE CAUSAS CID 10 MASCULINO % FEMININO % TOTAL %

Demência 92 59% 63 41% 155 22%

Transtornos mentais e 176 89% 22 11% 198 29%


comportamentais devido uso álcool.

Transtorno mental comportamental 39 76% 12 24% 51 7%


devido uso outras substâncias
psicoativas.

Esquizofrenia transtornos 51 60% 34 40% 75 11%


esquizotípicos e delirantes.

Transtornos de humor [afetivos] 11 34% 21 66% 32 5%

Transtornos neuróticos e 6 50% 6 50% 12 2%


relacionados com stress
somatoformes.

Retardo mental. 3 100% - - 3 0%

Outros transtornos mentais e 92 54% 78 46% 170 24%


comportamentais

Total 470 67% 236 33% 706 100%

Fonte: DATASUS. Acesso novembro/2019.

Os dados do Sistema de Informação Hospitalar do SUS - SIH-SUS mostram que as


internações ocorreram com maior frequência pelo sexo masculino, quanto ao número de
usuários de maior prevalência no CAPS Despertar é representado pelo sexo feminino.
Quanto à faixa etária por transtornos mentais e comportamentais os dados coletados no
CAPS Despertar foi de encontro com os dados obtidos no SIH-SUS , onde a prevalência de
adultos se sobressaiu, Já o diagnóstico por morbidade no munícipio versa o CAPS Despertar
de encontro com os dados , pois os diagnóstico de Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos
e transtornos delirantes junto com Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de
substância psicoativa foi o de maior frequência no CAPS. Já no SIH-SUS o diagnostico de
3

maior representatividade foi os Transtornos mentais e comportamentais devido uso álcool


seguido Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa .
Dados sobre a mortalidade por transtornos mentais e comportamentais de obtidos no
Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM (DATASUS, 2019), informam a ocorrência
de 90 óbitos por tais causas em Viçosa, no período de 2004 a 2017. O diagnóstico de maior
expressão foi o transtorno mental e comportamental devido ao uso substancias psicoativas
(49%) Do total de óbitos registrado no período, 63% pessoas eram do sexo masculino e 37%
do sexo feminino. (Tabela 3). Quanto a faixa etária dos óbitos dos homens 39% adultos,
29% idosos e 0% jovem. Já as mulheres 70% idosas; 30% adultas e 0% jovem.

TABELA 3. Mortalidade por transtornos mentais e comportamentais, segundo o sexo. Viçosa-MG,


2004 a 2017.

ID-10 MASCULINO % FEMININO % TOTAL %


Transtornos mentais 13 36% 23 64% 36 40%
orgânicos, incluindo
sintomáticos

Transtornos mentais e 37 84% 7 16% 44 49%


comportamentais
devido ao uso
substâncias psicoativas

Esquizofrenia, 2 100% - - 2 2%
transtornos
esquizotípicos e
delirantes.

Transtornos do humor 2 40% 3 60% 5 6%


[afetivos]

Síndrome 1 100% - - 1 1%
comportamentais
associadas disfunção
fisiológica e fatores
físicos

Transtorno mental não 2 100% - - 2 2%


especificado

TOTAL 57 63% 33 37% 90 100%


Acesso novembro/2019.
Fonte: DATASUS.
3

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração deste trabalho teve como Objetivou descrever o perfil dos usuários do
Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Despertar e comparar o perfil desses usuários a achados
sobre morbimortalidade por transtornos mentais e comportamentais no município de Viçosa-MG.
Foi realizada uma pesquisa, onde conta com uma breve contextualização da trajetória da
Reforma Psiquiátrica Brasileira até os dias atuais, as novas políticas de atenção em saúde
mental, o Centros de Atenção Psicossocial-CAPS, ou seja, o universo da atenção em saúde
mental no município de estudo. O CAPS Despertar de Viçosa - MG, local aonde se
conduziu o estudo, proporcionou condições para a realização da pesquisa. Os resultados
obtidos permitiram delinear o perfil dos usuários em permanecia dia- PD do CAPS II de
Viçosa-MG.
O estudo foi realizado através de uma pesquisa transversal descritiva, estando
sujeitos a limitações, que podem em maior ou menor grau, ter interferido nos resultados
alcançados. Uma das limitações foi alguns dados não preenchidos nos prontuários. O
preenchimento e o registro das informações contidas nos prontuários devem ser feitos
corretamente, para possibilitar a análise epidemiológica quando necessária outra limitação
encontrada. O curto período de tempo para coleta dos dados, fazendo com que não
pudéssemos efetuar a pesquisa com todos os prontuários do CAPS Despertar. A
impossibilidade de não coletar os dados dos outros 1.850 prontuários se deu pela demora nos
tramites e aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de ética e pesquisa da Universidade
Federal de viçosa, sendo assim optou-se em realizar o estudo somente com os usuários em
PD, (34 prontuários), adequando para cumprir os objetivos da pesquisa.
O perfil dos usuários do CAPS Despertar caracterizou por indivíduos adultos do
sexo feminino. Observou-se a prevalência dos diagnósticos relacionados à esquizofrenia
com (32%), (F20 a F29) e dos transtornos relacionados ao uso de substancias psicoativo
(32%) e os diagnósticos relacionados aos transtornos de humor (27%). Já os usuários que
contabilizados pelo o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde
(SIH-SUS) para morbimortalidade, caracterizou-se por indivíduos do sexo masculino,
adultos, os diagnósticos prevalentes foi Transtornos mentais e comportamentais devido uso
álcool. Quanto à mortalidade o transtorno de maior prevalência foi Transtornos mentais e
comportamentais devido ao uso substâncias psicoativas.
Com base nos perfis, é possível sugerir a realização de uma assistência focada ao usuário,
com discussões sobre a prática, repensando o já estabelecido e aplicado, se faz necessário à
3

união e esforços em conjunto dos profissionais de saúde, onde todos tenham como igual
propósito acolher, tratar, auxiliar e guiar as pessoas em sofrimento mental aos seus direito,
como direito social e indo ao encontro do modelo biopsicossocial de atendimento em saúde.
Sugere-se que outros estudos desta ordem sejam realizados, no sentido de possibilitar
o reconhecimento atenção em saúde mental do município, uma vez que o estudo não
contemplou a todos os prontuários dos pacientes do CAPS II, sendo assim, mesmo com
todos os resultados alcançados sobre a demanda e serviço é necessário uma analise
minuciosa, pois mesmos que com a analise de 34 prontuários foi possível o reconhecimento
de possíveis obstruções na infraestrutura e processo de trabalho da rede de saúde, que
comprometem o cuidado e o trabalho existe para aquele usuário.
Espera-se que este trabalho, contribua para o aprimoramento das ações nos CAPS II
de Viçosa/MG e a rede de atenção psicossocial, avançando com a prática em saúde mental
baseada nos preceitos da reforma psiquiátrica, expandindo as técnicas e atividades
laboratoriais e clinica, ampliando o atendimento ao usuário para o modelo biopsicossocial,
de modo a contribuir para a realocação o individuo na sociedade, estimular estes a exercer
novamente sua autonomia, suscitando o trabalho em equipe para que o usuário se sinta parte
do meio social.

Recomendações para trabalhos futuros

Com base nos resultados colhidos na pesquisa e embasado no aporte literário neste texto
monográfico, recomenda-se para futuros trabalhos que possam envolver os temas abordados,
bem como uma análise das limitações da pesquisa realizada.
- estudos que possa se aprofundar mais a revisão teórica.
-Levantamento dos dados de todos os prontuários da CAPS Despertar.
- trazer dados e a historia da contrarreforma do Estado, o desmonte da seguridade,
Privatização dos serviços de saúde e o conservadorismo nos serviços de saúde.
- incluir dados sóciodemográficos nos objetivos do estudo.
3

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3

APÊNDICE

Banco de dados – identificação das variáveis:

Nº PRONTUÁRIO

NOME
D.T
SEXO
D.G1
D.G2
T. ACOMP
R.RESD
N.RESD
B.RESD
M. RESD
R.CAPS
D.AD. CAPS
I.AC. APS
IDADE

Nº do prontuário - este contará com o número real dado a cada prontuário;

Nome - Será identificada somente a primeira letra inicial de cada nome e sobre nome;

D.T – Data de nascimento do paciente;

Sexo – sexo do paciente ou sua opção sexual;

D.G1 – Diagnostico ou Hipótese diagnostica do paciente.

D.G2 – Diagnostico ou Hipótese diagnostica do paciente se houver dois diagnósticos de


duas doenças diferentes;

T. ACOMP – Tempo de acompanhamento;


3

R.RESD – Rua da residência do paciente;

N.RESD – Numero da residência do paciente;

B.RESD – Bairro que o paciente reside;

M. RESD – Município que o paciente reside;

R.CAPS – Região coberta por Atenção primaria à saúde (sim ou não);

D.AD. CAPS – Data de admissão no CAPS pelos pacientes;

I.AC. APS – Informação do acompanhamento da atenção primaria ( se o paciente foi


referenciado da atenção primaria para a secundaria);

IDADE – Idade do usuário no momento da coleta dos dados.


4

Comitê de Ética em Pesquisa – Aprovação


4
4

Lei 10.206/2001
4

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