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Augusto Nery Rocha2, Alessandra Maluf Novais2, Mail Morais de Souza2, Maria Odete
Caetano Leite2, Leopoldo Penteado Nucci da Silva3, Milena Sales Costa4
RESUMO
O profissional de enfermagem enfrenta diversos fatores que podem prejudicar sua saúde física
e mental em seu cotidiano de trabalho, interferindo também na qualidade de vida do mesmo.
No início do século XX apareceram estudos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT),
uma articulação equilibrada de várias realizações, que se aproximam ao conceito das práticas
integrativas e complementares (PIC), como saúde integrada ao bem estar físico, mental, social
e espiritual. Neste trabalho, através de uma revisão bibliográfica integrativa, levantaram-se
pontos convergentes entre os temas QVT e PIC, relacionando-se estes conceitos, a fim de se
descobrir como e se as PIC podem auxiliar na QVT. Observou-se a proximidade dos
conceitos, melhoria da QVT através do relaxamento e redução da ansiedade e também a
necessidade de se intensificar e oficializar discussões, a fim de aumentar qualidade de vida
desses profissionais.
ABSTRACT
The nursing professional facing many factors that can affect their physical and mental health
in their daily work, also interfering in the quality of life of the same. In the early twentieth
century studies appeared on the Quality of Work Life (QWL), a balanced relationship of
various accomplishments, which are close to the concept of complementary and integrative
practices, integrated health and wellbeing physical, mental, social and spiritual. In this work,
through an integrative literature review , rose converging points between the CIP and QWL
issues, relating these concepts in order to find out how and if the CIP can help QWL. It was
observed the proximity of the concepts, improved QLW through relaxation and decreased
anxiety, and also the need to intensify and official thread in order to improve quality of life of
these professionals.
Keywords: Nursing, Complementary Therapies, Quality of Life, Burnout, Professional,
Psychological Stress, Occupational Stress, Quality of Life at Work and spirituality in nursing.
Segundo Schmidt, Dantas e Marziale (2008), a QVT pode ser entendida como a gestão
dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sócio-psicológicos que podem
afetar a cultura e renovar o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e
na produtividade da empresa. Neto e Garbaccio (2008) conceituam ainda qualidade de vida
como uma articulação equilibrada de várias realizações, compreendendo os campos da saúde,
trabalho, lazer, sexo, família, posição social, cultura e religião; sendo o trabalho um ponto de
fundamental importância na vida do indivíduo.
As práticas dentro das MAC diferenciam-se entre si. Quando essas práticas são usadas
juntas com práticas da biomedicina, são chamadas complementares; quando no lugar de uma
prática biomédica, elas são consideradas alternativas; e quando usadas conjuntamente,
baseadas em avaliações cientificas de segurança e eficácia de boa qualidade, chamadas
integrativas (TESSER; BARROS, 2008).
2- METODOLOGIA
Como mostra Galvão, Mendes e Silveira apud Harber (2008) “Os enfermeiros são
constantemente desafiados na busca de conhecimento científico a fim de promoverem a
melhoria do cuidado ao paciente”.
Após a leitura analítica para a seleção dos artigos, iniciou-se a leitura interpretativa
considerando o problema da pesquisa e os dados mais importantes, seguido dos fichamentos.
Por fim, foi realizado o levantamento dos pontos convergentes e divergentes entre os temas
QVT e PIC construindo assim, a partir da relação entre eles este artigo.
3- RESULTADO E DISCUSSÃO
Tabela I
Autor Ano Objetivo Metodologia Nível
FLECK, M. P. A. 2000 Apresentar características e perspectivas do Caso Controle. 4
instrumento de avaliação de qualidade de vida da
Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100).
STACCIARINI, Jeanne Marie R.; 2001 Analisar o que é estresse para o enfermeiro, Caso Controle. 4
TRÓCCOLI, Bartholomeu T.. identificar os elementos estressores em diferentes
atividades ocupacionais deste profissional e
averiguar se a atividade ocupacional exercida pelo
enfermeiro é percebida como estressante.
SAVIETO, Roberta Maria; SILVA, 2004 Verificar a ação do Toque sobre o processo de Caso Controle. 4
Maria Julia Paes. cicatrização de lesões provocadas na pele de
cobaias.
SANTOS, Aline Carrara dos 2005 Relatar o desenvolvimento do cuidado em Caso Controle. 4
enfermagem às pessoas usuárias da unidade,
fundamentado na Teoria do Cuidado
Transdimensional.
BARROS, Nelson Filice; SIEGEL, 2007 Resenha do livro publicado pelo Ministério da Revisão Bibliográfica. 5
Pâmela ; SIMONI, Carmen de. Saúde sobre a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC-
SUS,
PASCHOA, Simone; ZANEI, Suely 2007 Avaliar a qualidade de vida (QV) dos técnicos e Caso Controle. 4
Sueko Viski; WHITAKER, Iveth auxiliares de enfermagem que trabalham em
Yamaguchi. . Unidade de terapia intensiva e identificar os fatores
sociodemográficos e relacionados ao trabalho que
podem influenciar a QV
FONTANELLA, Fabrício et. al. 2007 avaliar o conhecimento, acesso e aceitação Revisão Bibliográfica. 5
referente às práticas integrativas e complementares
em saúde de uma comunidade usuária do Sistema
Único de Saúde da região Sul Brasileira.
TESSER, Charles Dalcanale ; 2008 Analisar potencialidades e dificuldades de práticas Revisão Bibliográfica. 5
BARROS, Nelson Filice. e medicinas alternativas e complementares a partir
de experiências clínico-institucionais e da literatura
especializada.
SCHMIDT, Denise Rodrigues 2008 Analisar como tem sido estudada a Qualidade de Revisão Bibliográfica. 5
Costa; DANTAS, Rosana Vida no Trabalho (QVT) e a satisfação profissional
Aparecida Spadoti; MARZIALE, na enfermagem brasileira.
Maria Helena Palucci.
TROVÓ, Monica Martins; SILVA, 2008 verificar se os graduandos de Enfermagem Caso Controle. 4
Maria Júlia Paes da. conhecem Terapias Alternativas/Complementares,
se esse conhecimento é adquirido, durante a
graduação, e se utilizam ou recomendam seu uso.
NETO, Nathanael Machado 2008 realizar uma revisão de literatura referente ao tema Revisão Bibliográfica. 5
Coelho; GARBACCIO, Juliana estresse e agentes estressores que atuam nos
Ladeira. profissionais da Enfermagem e descrever alguns
caminhos para gerenciamento do estresse
patológico.
MANETTI, Marcela Luísa; 2008 identificar os fatores psicossociais presentes no Revisão Bibliográfica. 5
MARZIALE, Maria Helena trabalho da enfermagem e verificar as
Palucci; ROBAZZI, Maria Lúcia do conseqüências acarretadas aos trabalhadores e aos
Carmo Cruz. serviços.
SALLES, Léia Fortes; SILVA, 2008 Identificar o número da produção científica Revisão Bibliográfica. 5
Maria Júlia Paes da. mundial sobre a prática alternativa Iridologia/
Irisdiagnose e as opiniões sobre o método.
SILVA, Larissa Gutierrez da; 2008 Identificar os níveis de estresse dos profissionais de Ensaio Clínico sem 3
YAMADA, Kiyomi Nakanishi. uma unidade de internação de adultos de um randomização
hospital-escola..
DEZORZI, L.W.; CROSSETTI, M. 2009 Compreender como a espiritualidade permeia o Caso Controle. 4
G. O. processo de cuidar de si e do outro no mundo da
terapia intensiva sob olhar dos cuidadores de
enfermagem
GOMES, A. Rui; CRUZ, José 2009 Analisar o estresse ocupacional em 286 Caso Controle. 4
Fernando; CABANELAS, Susana. enfermeiros de hospitais e centros de saúde
portugueses; Avaliando-se as fontes de estresse, o
burnout, os problemas de saúde física, a satisfação
e a realização profissional.
SALOME, Geraldo Magela. 2009 Identificar os sentimentos vivenciados pelos Caso Controle. 4
profissionais de enfermagem após aplicação do
Reiki.
GOBBI, Cláudia; DURMAN, 2010 Verificar se no cotidiano de trabalho, o enfermeiro Caso Controle. 4
Solânia, desenvolve algum tipo de sofrimento psíquico, e ao
mesmo tempo, se este percebe a existência do
sofrimento.
OLIVEIRA, Evanilde Amaral et. 2011 Mostrar com base nas teorias de Qualidade de Vida Revisão Bibliográfica. 5
al. no trabalho as condições de trabalho oferecidas aos
Profissionais de Enfermagem da Clínica Pediátrica
do Hospital das Clínicas em Goiânia.
Legenda:
Nível 1 - as evidências são provenientes de revisão sistemática ou metanálise de todos relevantes ensaios clínicos randomizados
controlados ou oriundos de diretrizes clinicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados;
Nível 2 - evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado;
Nível 3 - evidências obtidas de ensaios clínicos bem delineados sem randomização;
Nível 4 - evidências provenientes de estudos de coorte e de caso controle bem delineados;
Nível 5 - evidências originárias de revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos;
Nível 6 - evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo;
Nível 7 - evidências oriundas de opinião de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas.
Pode-se ainda observar uma ligação importante na atenção e no cuidado do outro, com
pouca ênfase para o cuidado com o cuidador. A própria Escola e legado de Florence
Nightingale são caracterizados pela abnegação do eu, sublimação dos sentimentos e da
vontade própria (SILVA; YAMADA, 2008).
Em 2001, manual da OMS, apresenta uma lista de doenças relacionadas ao trabalho,
disponibilizando as patologias e suas possíveis associações a agentes etiológicos ou fatores de
risco de natureza ocupacional. No capítulo referente aos transtornos mentais e
comportamentais relacionados ao trabalho, são observados diversos aspectos psicossociais
ocupacionais. Entre as patologias relacionadas apresentadas estavam o alcoolismo crônico, o
estado de estresse pós-traumático, a neurastenia, a neurose profissional, o transtorno do ciclo
vigília-sono devido a fatores não orgânicos e a síndrome de burnout ou síndrome do
esgotamento profissional (MANETTI; MARZIALE; ROBAZZI, 2008).
Segundo, Salles e Silva (2008), a procura das PIC, se dá porque as pessoas procuram
alternativas que aliviem as suas dores, que sejam mais baratas e com menos efeitos colaterais,
pela promoção da saúde e prevenção da doença, por ser benéfica também para o emocional e
espiritual, pelo fato de a efetividade da medicina convencional ser indeterminada ou porque
os recursos tradicionais esgotaram para determinada condição patológica. Outro fator
determinante é a procura pelo olhar holístico, que a medicina tradicional já não tem mais, uma
vez que se tornou fragmentada pelas especializações. Isso pode ser constatado pela crescente
busca por profissionais com formação em terapias complementares.
No século XX, com a concepção de matéria, trazida por Einstein, como manifestação
de energia, o ser humano, também matéria, passa a ser visto como um ser multidimensional,
constituído de sistemas energéticos que interagem entre si, formando um todo que deve ser
equilibrado e harmonioso. Dessa forma, o homem é um complexo formado por mente, corpo e
espírito, que se mantem em equilíbrio dinâmico contínuo com as dimensões energéticas
superiores (TROVÓ; SILVA, 2008).
As PIC, segundo Tesser e Barros (2008), “podem ser definidas como um grupo de
sistemas médicos e de cuidado à saúde, práticas e produtos que não são presentemente
considerados parte da biomedicina”.
Complementando, Trovó e Silva (2008), agrupam as PIC em: Terapias físicas como,
acupuntura, moxabustão, shiatsu (e outras massagens), do-in, argiloterapia, cristais;
Hidroterapia: hidroterapia, banhos, vaporização e sauna; Fitoterapia: fitoterapia ervas
medicinais, florais; Nutrição: nutrição alternativa, terapêutica nutricional ortomolecular;
Ondas, radiações e vibrações: radiestesia e radiônica; Terapias mentais e espirituais:
meditação, relaxamento psicomuscular, cromoterapia, toque terapêutico, visualização, reiki; e
Terapia de exercícios individuais: biodança e vitalização.
Tavares (2002) apud Santos (2005) apresenta o Reiki como um sistema de cura que se
utiliza da canalização de energia, o chamado “CHI”, ou energia divina através da imposição
de mãos, proporcionando harmonização ao ser, retornos ao estado primordial de equilíbrio,
felicidade, cura e saúde.
Já em estudo realizado por Salome (2009), pode-se observar que através e tratamento
realizado com reiki, os participantes sentiram a ativação da sua energia, que acalmaram suas
dores, relaxamento corporal e diminuição da ansiedade.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devido à natureza dos serviços prestados pela enfermagem, a sua qualidade e eficácia
tem um impacto decisivo na saúde, melhora e conforto dos pacientes. A literatura sugere que
as organizações cobram maior produtividade, mas não possibilitam as condições de trabalho
sem prejuízo à saúde dos enfermeiros causando assim, a redução da QVT, sofrimento
psíquico, além sentimento de impotência e vazio. Nesse contexto a QVT e a humanização
vêm resgatar a autoestima do trabalhador através dos seus princípios, que são partilhados
também pelas Práticas Integrativas e Complementares: saúde integrada ao bem estar físico,
mental, social e espiritual.
Podemos então, de acordo com os textos apresentados, perceber que as PIC podem
auxiliar numa melhora do quadro da QVT de enfermeiros por conta da sua ação com a
redução da tensão, da ansiedade, do estresse, das cargas negativas e o proporcionar do bem
estar, o relaxamento e o reequilíbrio energético do corpo como um todo. Podendo ainda,
servir de instrumento para a gestão dos fatores de risco sócio-psicológicos que podem afetar o
trabalhador refletindo-se no bem-estar. Deve-se então, incentivar a implementação dessas
práticas voltadas à melhoria da QVT dos profissionais de enfermagem.
REFERÊNCIAS
11- PASCHOA, S.; ZANEI, S. V.; WHITAKER, I. Y.. Qualidade de Vida dos Trabalhadores
de Enfermagem de Unidades de Terapia Intensiva. Acta Paulista de Enfermagem, São
Paulo, v.20, n.3, p.305-10, 2007. Disponível em: <http://tinyurl.com/3ezhptx> Acesso em: 25
abril 2011.
12- SALLES, L. F.; SILVA, M. J. P.. Iridologia: Revisão Sistemática. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, São Paulo, v.42, n.3, set. 2008. Disponível em:
<http://tinyurl.com/3pgv86h> Acesso em: 25 abril 2011.
13- SALOME, G. M.. Sentimentos vivenciados pelos profissionais de enfermagem que atuam
em Unidade Terapia Intensiva após aplicação do Reiki. Saúde Coletiva, v. 28, n. 6, março.
2009, p. 54-58 Disponível em: <http://tinyurl.com/68ey9pw>. Acesso em: 28 outubro 2011.
15- SAVIETO, R. M.; SILVA, M. J. P.. Efeitos do toque terapêutico na cicatrização de lesões
da pele de cobaias. Acta paul. Enf., São Paulo, v.17, n.4, 2004, p.377-82. Disponível em:
<http://tinyurl.com/7s3q6vy>. Acesso em: 28 Outubro 2011.