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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM

FACULDADE DE PSICOLOGIA - FAPSI

Discente: Larissa Gomes de Souza Matrícula: 21953611

Docente: Salonice Fontes Belfort

Disciplina: Psicologia das Organizações II

O ESTRESSE COMO FATOR DO ADOECIMENTO DO PROFISSIONAL

Atualmente o mundo do trabalho encontra-se imerso em uma constante


competição entre os trabalhadores, isso acaba gerando diversas preocupações nos
mesmos em busca da estabilidade financeira e crescimento profissional. Além disso,
dependendo das condições do ambiente de trabalho em que o indivíduo se encontra
pode acarretar no seu desgaste psicológico e físico, como por exemplo gerando
estresse.

Segundo Seligmann-Silva (2003) “a organização do trabalho é fator


preponderante nos agravos psicopatológicos nos trabalhadores e que a percepção
ou detecção dos sofrimentos psíquicos no ambiente de trabalho necessita de uma
leitura específica e atenta” (apud SILVA e SILVA, 2014, p. 202). Portanto, por meio
de uma revisão bibliográfica pretende-se abordar sobre o estresse especificamente
no campo do trabalho e como esse fenômeno contribui para o adoecimento do
profissional.

O termo ambiente de trabalho é tido como as condições em que se


encontram os indivíduos em seu local de trabalho, considerando diversas
conjunturas nas quais este espaço se desenvolve como físicas, culturais, sociais e
econômicas. As relações sociais existentes neste local geram o clima
organizacional, que refere-se a “qualidade do ambiente que é percebida ou
experimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu
comportamento” (SILVA, 2013, p. 10).
Ou seja, o clima organizacional está ligado com o sentimento de satisfação
ou insatisfação do trabalhador em contato com seu ambiente de trabalho, e é
constituído de um ciclo de influências onde ao mesmo tempo que um indivíduo
influencia esse clima é influenciado por ele, sendo compreendido a partir das
percepções dos trabalhadores.

É aquela "atmosfera psicológica" que todos nós percebemos


quando entramos num determinado ambiente e que nos faz sentir mais ou
menos à vontade para ali permanecer, interagir e realizar, também
podemos dizer que são as relações existentes neste ambiente que constrói
o clima organizacional, sendo este dependente das ações humanas e suas
relações. (SILVA, 2013, p. 10).

Assim entendemos que a partir desse clima podem ser compreendidas


diversas variáveis permitindo uma visão geral sobre a organização, além disso tem
um total impacto em cada indivíduo que está presente nela, por isso é importante
que se faça uma boa gestão do clima organizacional, evitando problemas tanto para
as instituições quanto para os trabalhadores que fazem parte dela.

O clima organizacional pode ser tanto bom quanto ruim, e isso reflete
diretamente no comportamento dos funcionários. É possível ver que é bom quando
existe alegria, dedicação, satisfação, entusiasmo, promove em seus trabalhadores
uma sensação de bem estar por trabalhar na organização, podendo gerar para a
empresa em questão uma boa produtividade e de qualidade.

Já quando o clima que prevalece é ruim acaba tendo um impacto prejudicial


nos indivíduos, podendo gerar conflitos, rivalidades, desinteresse, exagero de
competições, discórdias, agressividade, o que pode acarretar baixa qualidade e
produtividade da organização, acaba gerando diversos problemas que podem afetar
o psicológico de seus colaboradores.

Portanto, para que se tenha uma boa qualidade de vida no ambiente de


trabalho, é necessário que a organização tenha um planejamento visando
compreender quais as demandas de seus funcionários, seus pontos de vista sobre o
ambiente, o que poderia ser melhorado, a satisfação referente às relações com seus
pares, entre outros fatores, para assim manter uma boa manutenção desse clima
motivando seus funcionários, pois “no fundo, o clima organizacional influencia o
estado motivacional das pessoas e é por ele influenciado, havendo uma relação
recíproca entre o estado motivacional das pessoas e o clima organizacional” (SILVA,
2013).

A partir desse conhecimento, entendemos a importância de pensar em


fenômenos que podem afetar o psicológico do trabalhador, como o estresse. A
palavra estresse foi utilizada por Hans Selye após a realização de experimentos
com animais, onde foram submetidos a diversas condições aversivas sendo viável
afirmar que o estresse pode ser causado por múltiplas variáveis.

O estresse se concebe como uma reação psicofisiológica complexa que


tem em sua gênese a necessidade do organismo fazer em face de algo que
ameace sua homeostase interna, isto é, seu equilíbrio. Isto poderá ocorrer
quando a pessoa confrontar-se-á com uma situação que a irrite, amedronte,
excite ou confunda, ou a que a faça imensamente feliz. (SILVA, 2013).

O termo tem ganhado bastante destaque no mundo organizacional, podendo


ser resultado de diversos fatores como conflitos interpessoais, sobrecarga de
afazeres, excesso de horas extras, salário desproporcional, pressão que o indivíduo
é submetido diariamente, estrutura do ambiente de trabalho, entre diversos outros.

Portanto, não podemos dizer com certeza qual a causa que desencadeia o
estresse, ademais os indivíduos podem reagir a situação aversiva vivenciada de
maneiras distintas, sendo necessário que cada empresa busque conhecer as
demandas de seus funcionários para encontrar as possíveis causas e assim,
planejar estratégias para tentar resolvê-las ou ao menos minimizá-las.

Diante de uma vivência de estresse, um funcionário pode não conseguir


vislumbrar uma forma de solucionar o problema, podendo desencadear sentimentos
de incapacidade e pressão, onde irá sentir desconforto gerando consequências
diversificadas. Enquanto que outro indivíduo venha a experimentar como um desafio
a ser superado, enxergando que ultrapassar o obstáculo será uma experiência de
evolução dentro da organização, onde será possível obter melhorias tanto para sua
vida profissional, quanto para aprimoramento pessoal.

Perante o que foi apresentado, entende-se o estresse ocupacional como uma


reação que o indivíduo apresenta em resposta à uma situação que lhe faça se sentir
ameaçado, ou sobrecarregado, e as mesmas podem apresentar-se de forma
comportamental, física e psíquica.

Os principais sintomas do estresse são tristeza, cansaço excessivo, falta de


memórias, esgotamento, aparecimento de dores musculares, aceleração do
batimento cardíaco, irritação, gastrite, dores de cabeça frequente, agitação,
isolamento, mudança de humor diariamente, evolução de síndromes como,
síndrome do pânico, aparecimento de manchas pelo corpo, medo, entre
outros sintomas que pode aparecer com a evolução do estresse
(CARVALHO; SERAFIM, 2004, p.129 apud LIMA, 2018).

Ademais, é importante ressaltar, que esse fenômeno pode gerar problemas


que impactam a vida do indivíduo como um todo, afetando não somente a sua
saúde física e mental, mas também seu relacionamento com as outras pessoas,
como sua convivência com os colegas de trabalho, ou sua família, e até mesmo a
empresa, no momento em que esse estresse passa afetar a qualidade do serviço
prestado por ele.

Ainda seguindo o âmbito comportamental, o alto índice de estresse propicia o


surgimento de vícios como o alcoolismo e tabagismo, além do uso de outras drogas
e medicamentos, muitas vezes como tentativa de diminuir os sentimentos
ocasionados pelo estresse, o que acaba por agravar mais a situação do indivíduo. O
que também pode ocorrer é o consumo exagerado de alimentos, ou a total falta de
apetite, influenciando no ganho ou perda de peso, acarretando complicações ao
corpo.

No caso de incidência dos fatores estressores, e por um longo período, os


danos causados ao organismo do trabalhador podem aparecer de forma mais
intensa, caso nada seja feito, as circunstâncias no qual está inserido acabam
causando o desgaste e esgotamento do profissional, nisso surgem sérias doenças
como problemas cardiovasculares, gastrointestinais, diabetes, pressão alta e
problemas nos ossos e articulações, além do mais se o estresse se torna crônico
acaba por desencadear a síndrome de Burnout.

A Síndrome é um processo de enfraquecimento decorrente de um período


prolongado de estresse profissional. É uma resposta à tensão crônica no
trabalho, gerada a partir do contato direto e excessivo com outras pessoas,
devido à tensão emocional constante, atenção concentrada e grande
responsabilidade profissional. (AREIAS E COMANDULE, 2006)

Compreendemos então, a partir desse estudo, que o estresse pode acarretar


várias consequências maléficas ao trabalhador, e faz-se necessário que
providências sejam tomadas para o enfrentamento deste fenômeno, evitando que o
indivíduo chegue a um estado crônico e desenvolva doenças graves.

Atualmente, com o surgimento de inovações tecnológicas, o mercado de


trabalho torna-se cada vez mais competitivo, e as organizações buscam apenas
atingir suas metas, e ultrapassá-las, dando maior destaque para a lucratividade, e
muitas vezes gerando uma pressão nos trabalhadores, sem pensar na qualidade de
vida dentro do ambiente.

Carecendo então, que medidas sejam tomadas na prevenção de fatores que


causam estresse dentro das organizações, isso além de ser favorável ao
funcionário, também favorece a empresa pois os trabalhadores sentem-se mais
motivados e com vontade de realizar seus afazeres.

Para realizar esse planejamento de prevenção a empresa pode utilizar


questionários, entrevistas, rodas de conversas e avaliações, referentes tanto ao
ambiente laboral, quanto à saúde física e mental do funcionário relacionada ao
trabalho, pois nesse processo é de suma importância conhecer as demandas dos
funcionários, uma vez que as situações são vivenciadas por eles.

As organizações devem buscar o melhoramento na capacitação com


treinamentos de todos os funcionários, organização no ambiente de
trabalho, incentivos através de palestras motivacionais, dar espaços às
ideias produtivas do trabalhador e mostrar a importância do mesmo, além
de recompensas ao esforço doado para o aumento da produção, ou seja,
gratificação. (LIMA, 2018).

Porém, não depende apenas da empresa realizar esse processo de


prevenção, os trabalhadores também precisam refletir sobre suas ações no
ambiente, e até mesmo sobre seus hábitos de vida, no intuito de reconhecer o que
pode estar prejudicando cada vez mais a saúde, tendo atitudes que visam manter a
homeostase, evitando eventuais problemas que afetam o organismo.
Sendo assim, o indivíduo precisa manter o equilíbrio entre a vida profissional
e pessoal, isso pode ser efetivado mantendo um limite entre os dois, respeitando
cada espaço, além de destinar horas aos seus afazeres profissionais, também
precisa dedicar um tempo para cuidar de si, com repouso onde irá descansar a
mente e o corpo, e momentos de lazer onde pode realizar atividades sozinho, ou na
companhia de amigos e familiares, assim torna-se possível prevenir
progressivamente os sentimentos ocasionados pelo estresse.

Por fim, é importante ressaltar a participação dos trabalhadores nas


estratégias de prevenção dentro da empresa, somada às ideias da organização e ao
trabalhador realizando o cuidado de si mesmo, obtendo-se grandes resultados,
entendemos então que a dinâmica da prevenção ocorre em união e só assim será
possível desviar-se do adoecimento do profissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, Débora de Paula da; SILVA, Maria de Nazareth Rodrigues Malcher de


Oliveira. O trabalhador com estresse e intervenções para o cuidado em saúde.
Trabalho, Educação e Saúde, v. 13, p. 201-214, 2015.

SILVA, Karina Ramos. Estresse no ambiente de trabalho: causas, consequências


e prevenções. Fundação Educacional do Município de Assis - Fema: Assis, 2013.

LIMA, Tatiane Souza. Estresse Ocupacional no Ambiente de Trabalho. 2017. 43.


Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança do trabalho) -
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2017.

AREIAS, Maria Elenice; COMANDULE, Alexandre Quelho. Qualidade de vida,


estresse no trabalho e síndrome de burnout. Qualidade de vida e fadiga
institucional. Campinas: IPES Editorial, 2006.

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