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FACULDADE PITÁGORAS UBERLÂNDIA

ANA CLARA MORAES DA SILVEIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III - SÍNDROME DE BURNOUT

Uberlândia
2022-2
FACULDADE PITÁGORAS UBERLÂNDIA

ANA CLARA MORAES DA SILVEIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III - SÍNDROME DE BURNOUT

Relatório de Estágio apresentado ao Curso de


Faculdade Pitágoras, para a disciplina de Estágio
Básico III.

Orientadora: Juliana Marinho

Uberlândia
2022-2
Sumário

01 Introdução ............................................................................................................. 4

02 Síndrome de burnout ........................................................................................... 4

2.1 Ambiente Organizacional e o desenvolvimento da Síndrome de Burnout ...... 5

2.2 Sintomas ................................................................................................................ 6

2.3 Diagnóstico e tratamento ..................................................................................... 7

03 Método ................................................................................................................... 8

3.1 Instrumentos ......................................................................................................... 9

04 Análise de dados ................................................................................................... 9

4.1 Consequência de um diagnóstico e tratamento tardio: Colapso Mental ......... 9

4.2 Dificuldades do acesso a direitos trabalhistas e tratamento ........................... 11

05 Considerações finais ........................................................................................... 13

06 Referências .......................................................................................................... 15

07 Anexo ................................................................................................................... 17

7.1 Anexo A ............................................................................................................... 17


01 INTRODUÇÃO

A adesão da Síndrome de Burnout, como uma doença ocupacional, no CID 11 (Manual


de Classificação Internacional das Doenças) em 2019, é um grande avanço em relação à
intervenção e tratamento, uma vez que permite discutir, fazer levantamentos de dados e
elaborações de pesquisas no modo como as organizações abordam e lidam com a saúde mental.
Dessa forma, abre espaço para se pensar o papel dessas intuições na promoção de bem-estar
dos seus funcionários, sendo fundamental o desenvolvimento de políticas que visam a criação
de ambientes que não se tornem estímulos e deem condições para o desenvolvimento de tal
doença, visto que Burnout se caracteriza, principalmente, pelo estresse crônico ocasionado pelo
adoecimento no ambiente de trabalho.

Diante disso, o presente relatório irá analisar e relacionar, a literatura existente a respeito
da doença e relato de experiência, realidade de quem passou por esse sofrimento psíquico
ocasionado pela Síndrome, a partir dos dados coletos por meio uma entrevista com uma pessoa
que desenvolveu Burnout e uma revisão de literatura.

Por fim, tem como objetivo de criar pautas que contribuem e possibilitem trazer a
atenção em relação a um problema que sempre existiu na sociedade, porém com um mundo
globalizado, que possui uma visão acerca do trabalho, que remete a desempenho e produção
Byung-Chul Han (2015), acima do bem-estar, faz com que se depare com uma sociedade cada
vez mais adoecida e negligenciada.

02 SÍNDROME DE BURNOUT

Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é uma condição


médica que ocorre em decorrência da exposição a prolongados níveis de estresse no trabalho,
podendo envolver assédio moral no trabalho, sobrecarga de trabalho etc. Caracteriza-se pelo
estresse e cansaço, decorrência pelo excesso e condições precárias de trabalho

O trabalhador que antes era muito envolvido afetivamente com


os seus clientes, com os seus pacientes ou com o trabalho em si,
desgasta-se e, em um dado momento, desiste, perde a energia ou
se “queima” completamente. O trabalhador perde o sentido de
sua relação com o trabalho, desinteressa-se e qualquer esforço
lhe parece inútil. ( Ministério da Saúde, p.191, 2001)

. Ela está incluída na classificação internacional de doenças CID 11 (Classificação


Internacional das Doenças) sob o código QD85 (Associação de Brasileira de Medicina do
Trabalho,2022), por se tratar de respostas decorrente ao estresse crônico e as relações que se
estabelecem do indivíduo e seu trabalho, que podem nascer em um ambiente organizacional
que não disponibiliza condições para evitar esses estímulos estressores. A Síndrome foi citada
pela primeira vez, pelo psicanalista Herbert J. Freudenberg e atualmente a pesquisas e estudos
são baseados na perspectiva social-psicológica estudada pela psicóloga norte-americana
Christina Maslach, criadora da Escala Maslach Burnout Inventory (MBI), a ferramenta mais
utilizada de mensuração e investigação dos sintomas (Lima & Dolabela, 2021).
É comum a pessoa apresentar sintomas que se assemelham outros tipos de transtorno,
em muitos casos pode até gerar outras comorbidade, como depressão e ansiedade, o que pode
acarretar, muitas vezes, no seu não diagnóstico e tratamento necessário nesses casos em que
seus sintomas são confundidos e associados outras doenças, o que atrapalha e postergar a
elaboração da melhor intervenção em relação ao ambiente organizacional, até para as possíveis
prevenção que podem ser desenvolvida com mapeamentos das queixas dentro das instituições
(Lima & Dolabela, 2021).

2.1 Ambiente Organizacional e o desenvolvimento da Síndrome de Burnout

A síndrome de Burnout é desenvolvida por um processo lento, não ocorre de forma


súbita, mas em decorrência de um estresse e desgaste vividos por tempo prologado. Os impactos
são diversos, com várias perdas na organização, emocional, contexto pessoal e social. O assédio
moral é uma das principais causas para o desenvolvimento da síndrome, um ambiente de
trabalho abusivo, com perseguição, sobrecarga, comportamentos que ocasionam
constrangimento ou são agressivos, afetam emocional, fisíco e moral são favoráveis para
adoecimento (Pêgo & Pêgo, 2016). Em sua maioria, são organização com metas e serviços
incansáveis e com baixa remuneração, infringido ao trabalhador uma pressão muito grande, o
que pode ocasionar no esgotamento emocional (Pêgo & Pêgo, 2016).
A cultura da empresa toma um papel fundamental quando se diz respeito a saúde mental
nas ambiente organizacional, pois é a partir dela que se estabelece as relações, papéis e
atribuições simbólicas entres os colaboradores, o ambiente e seus superiores (Nascimento,
2021):
A coercitividade cultural nas empresas exerce uma relação de poder sobre os
empregados, pois os obriga estes a cumprirem padrões culturais sociais que nem
sempre os mesmos estão de acordo, mas devido à necessidade do trabalho,
convencionou o indivíduo a “aceitar ou concordar”, moldando seu comportamento
social. Nesse cenário, em longo prazo poderá ocorrer um “adoecimento”,
prejudicando-o nos comportamentos do cotidiano, nas rotinas e na educação, de modo
geral (NASCIMENTO, p.84, 2021)

O ambiente organizacional vem mudando cada vez mais, uma maior competividade, a
necessidade de sempre estar produzindo e lucrando, um caminho direito para o desgaste
emocional, físico e potenciando o adoecimento. Segundo Pêgo & Pêgo (2016), impulsiona a
discussão sobre a atenção e cuidado na atuação profissional e a qualidade do trabalho:

O desenvolvimento da SB gera nos profissionais respostas ao trabalho, como a perda


do sentido do trabalho, a ausência de simpatia e tolerância diante dos clientes e a
incapacidade para apreciar o trabalho como desenvolvimento pessoal (PEGÔ, PEGÔ,
p.173, 2016).

Assim, a construção de um espaço agradável, que proporciona recursos para


desenvolver o trabalho e demandas acessíveis para que a execução das atividades seja possível,
agregando sentidos e acessibilidade à qualidade e bem-estar são fundamentais como precauções
para que não chegue ao questões drásticas como a Síndrome de Burnout, esgotamento total do
profissional.

2.2 Sintomas

As principais características da síndrome estão na falta de energia, reflexo pela exaustão


emocional, quedas na produtividade e afastamento do indivíduo com o trabalho, sensação de
incompetência e perda de iniciativa. Além disso, os sintomas físicos serão: esgotamento, a
sensação de cansaço permanente mesmo que a pessoa esteja conseguindo descansar, um
desgaste maior, dor de cabeça, dor muscular, pressão alta, alergia e coceira crônica na pele,
dificuldade de respirar, alteração dos batimentos cardíacos, alteração de apetite, transpiração
constante, como também sintomas emocionais: distúrbio do sono, depressão, ansiedade, falta
de interesse e criatividade, sentimento de incapacidade, desânimo etc. (Pêgo & Pêgo, 2016).
A síndrome pode acontecer com a exaustão da pessoa, o desânimo e apresentação de
alguns dos sintomas listados á cima, algumas situações podem desencadear uma crise de pânico,
com variados sintomas (Pêgo & Pêgo, 2016).
O desenvolvimento da síndrome ocorrerá de forma progressiva, um estresse pela
sobrecarga do trabalho, com isso, a pessoa tentará dar conta do serviço e demandas, mesmo
apresentado um desgaste inicial, apresentado um cansaço, fadiga e ansiedade. Nesse momento,
esse esgotamento já começa a ser manifestado. Por fim, começa os comportamentos de
distanciamento emocional, falta de interesse e exaustão (Lima &Dolabela, 2021).

2.3 Diagnóstico e tratamento

O processo de diagnóstico é realizado por um psicólogo e/ou psiquiatra, que irão fazer
um levantamento da história pessoal e do ambiente organizacional, aplicação de entrevistas
semiestruturadas, como a anamnese, entre outros instrumentos psicológicos, tendo como
principal, a escala de Mslach Burnout Inventory (MBI), que é usada para verificar nível de
Exaustão Emocional (EE) e Despersonalização (DP) e Realização Pessoal (RP). É importante
também analisar e relacionar os sintomas apresentados pela pessoa com a profissão e trabalho
(Lima &Dolabela, 2021).
O tratamento e diagnósticos muitas vezes são difíceis, pois a procura de um especialista
não é realizada imediatamente, sem mesmo é feito a consulta, ou é tratado como depressão e
ansiedade, dificultando uma intervenção mais eficaz.
O profissional realiza o tratamento adequado com essa pessoa, que pode chegar ser o
afastamento dela trabalho ou do motivo estressor, conforme a necessidade de cada caso, sendo
fundamental analisar o contexto inserido. observou-se que o desemprego também pode ser um
motivo da síndrome de Burnout (Pêgo & Pêgo, 2016).
O psiquiatra pode entrar com medicação e realizar um trabalho em conjunto com o
psicólogo que auxiliará o paciente, no sentido de encontrar estratégias para enfrentar a
síndrome. Ademais, é importante ressaltar a intervenção no ambiente organizacional e
individual afim de precaver e evitar o desenvolvimento da síndrome. Políticas de incentivo e
promoção que visam qualidade e bem-estar dos funcionários, criando um ambiente menos
rígido e opressor, com objetivos não somente lucros e produções acima da saúde, mas sentido
no trabalho e acolhimento. Cabe também o cuidado individual da saúde emocional e física de
cada um, evitando o adoecimento (Ministério da Saúde, 2022)
De acordo com a lei, a pessoa pode ter um afastamento de 15 dias do serviço, como
também acesso a auxílio-doença solicitado pelo INSS. Ademais, terá estabilidade 12 meses no
trabalho, salvo em casos de demissão por justa causa. Na saúde pública, a pessoa tem o direito
ao tratamento ofertado pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que disponibilizará todo o
suporte necessário. (Ministério da Saúde, 2022).

03 MÉTODO

O Estágio Básico III - Indiv., Grupo e Instit. - Instrum. e Téc. de Coleta de Dados foi
desenvolvido com foco no tema da Psicologia, que possibilita uma discursão e insights no que
diz respeito da experiência vivida por pessoas com Síndrome de Burnout, realizou-se uma
pesquisa a partir de uma entrevista semiestruturada com uma pessoa que sofreu Síndrome
Burnout e outra pessoa que apresentou todos sintomas de pessoas com estresse crônico e
esgotamento profissional e teve o diagnóstico de transtornos Depressão e Ansiedade.

Foi realizado entrevista com pessoas que tiveram o diagnóstico de Burnout. A partir
dos dados levantados , realizou-se uma revisão bibliográfica, considerando possíveis fatores de
risco para o seu desenvolvimento e consequências, nas relações interpessoais e no ambiente de
trabalho, além de discutir os sintomas que podem confundir o quadro com outros transtornos
psiquiátricos e um diagnostico tardio e inadequado para acesso a um melhor tratamento, como
também garantia de direitos previsto na lei com a adesão da síndrome no CID-11. A entrevista
foi realizada por meio do programa de vídeo chamada Google Meet1, com duração de 30 a 40
minutos, para a coleta de dados e discursão sobre a vivencia da entrevista com o esgotamento
profissional e a criação de um grupo de acolhimento de pessoas que passaram ou estão passando
pelo mesmo situação.

A entrevista, uma servidora pública que foi diagnosticada com Burnout aos 21 anos,
depois de ter sofrido com o estresse crônico e se viu sofrendo com crises de ataque cardíaco,
que ocasionou em um colapso de ansiedade, depois de vários exames foi encaminhada para um
psiquiatra e teve que enfrentar também com a Depressão.

1
1 Google Meet é um site/aplicativo de disponibiliza o serviço de videoconferência e chat desenvolvido
pela empresa Google.
Por conseguinte, realizou uma revisão bibliográfica que auxiliasse construção do
discursão e principais questões levantadas pelo relato das entrevistadas. Assim, deu-se uma
análise e relacionou-se os conteúdos na literatura com a experiencia depoimentos da experiencia
adoecida pelo ambiente de trabalho, por meio de uma pesquisa qualitativa

3.1 Instrumentos

A entrevista semiestruturada (Anexo A) foi elabora a partir de uma revisão literatura


prévia sobre a Síndrome de Burnout, desenvolvendo perguntas que ajudariam na coleta de
dados para a discursos acercas das principais dificuldades e problemas enfrentados pelas as
pessoas com esgotamento profissional, e as consequências tratamento tardio e a falta de base
profissional para as pessoas que sofrem com o adoecimento no ambiente de trabalho.

04 ANÁLISE DE DADOS

4.1 Consequência de um diagnóstico e tratamento tardio: Colapso Mental

A partir dos dados levantados observou-se que há uma alta demanda de adoecimento
mental no ambiente organizacional, e como esse modelo competitivo, sobrecarga e pressão
contribui mais com o adoecimento. Muitas pessoas que apresentam os sintomas, em muitos
casos, encontram dificuldade no acesso ao tratamento e a direitos trabalhistas, uma vez que
tanto em âmbito pessoal, como também profissional, há um déficit de conhecimento e atuação
quanto se trata do adoecimento mental ligado ao ambiente organizacional.

A entrevistada aborda que teve uma maior facilidade de acesso a seus direitos, porém
as pessoas que procuram o grupo de apoio, não compreendem aquilo que estão passando possui
um nome e é possível procurar ajuda de especializada, contando com advogados, psicólogos e
médicos para ajudar no enfretamento da síndrome e melhor qualidade de vida.

Esse cenário é cada vez mais presente pela precarização do ambiente de trabalho. O
artigo publicado, segundo Mla et al. (2018), por meio de um levantamento em relação a
demanda de casos da incidência do afastamento de servidores públicos devido a transtornos
mentais, abordando sobre a importância do ambiente de trabalho e relação à saúde mental.
Dessa forma, observe-se, uma maior facilidade de acesso a direitos em alguns casos. A
entrevistada traz que, assim que teve o diagnóstico, pode se afastar para ter o tratamento
adequado, como servidores públicos que possuem órgão de fiscalização, como o SIASS, Gestão
que instituiu o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS), que
disponibiliza uma equipe preparada para intervir e atuar nessas situações Mila et al. (2018).

Em outros casos é algo mais burocrático, que pode também não ser acessível. O grupo
de apoio, disponibiliza justamente esse espaço de acolhimento e encaminhamento para
profissionais que podem ajudar quando há suspeitas do esgotamento profissionais, além de do
compartilhamento de informações e centros e meios gratuitos ou privados.

A literatura discute sobre a importância de uma intervenção preventiva, uma vez que
quando diagnosticados a pessoa com síndrome de burnout chegou ao extremo do estresse
crônico impossibilitando a sua atuação, como o caso da entrevistada, que mesmo apresentando
todos os sintomas, encontrou dificuldade de ter atendimento qualificado e que respeitasse o que
estava passando.

No livro “HunterMinds”, relata a experiencia com burnout vivida por John Douglas, o
especialistas comportamental, que atuava na Unidade de Apoio Investigativo do FBI (Federal
Bureau of Investigation), na década de 80, que como no relato da entrevistada, descreve em um
processo lento, o acumulo de tarefas, algumas sendo encargos de outros colegas ou setores, que
muitas vezes é informado aos superiores para uma atuação na melhoria e qualidade de trabalho,
mas são negligenciados pela noção capitalista contemporâneo e “pressão de desempenho” ,
com o foco na produção, narrado no livro : “Sociedade do Cansaço” do sul-coreano Byung-
Chul Han (2015), que se é construída sobre o que se entende de trabalho. Então,

O que causa a depressão do esgotamento não é o imperativo de obedecer apenas a si


mesmo, mas a pressão de desempenho. Visto a partir daqui a Síndrome de Burnout
não expressa o si mesmo esgotado, mas antes a alma consumida (HAN, p.14, 2015).

Diante desse cenário, é perceptível a fala de Douglas:

Além disso, estava chateado com o FBI pela situação à qual eles haviam me sujeitado.
Em fevereiro do ano anterior, eu havia conversado com um diretor adjunto, Jim
McKenzie. Disse a ele que não estava conseguindo acompanhar o ritmo de trabalho e
perguntei se podia arrumar outros funcionários para me ajudar. McKenzie
compreendeu o meu pedido, mas foi realista. “Você sabe como é esta organização”,
afirmou ele. “É preciso desabar de tanto trabalhar antes que alguém reconheça o seu
esforço.” (OLSHAKER & DOUGLAS, p.18, 2017).”

No início do livro, Douglas traz uma fala que se assemelhou muito a entrevistas e dos relatos
que muitas trazem no grupo de acolhimento desenvolvido por ela:

Além de achar que não estava recebendo o apoio de que precisava, sentia que meu
trabalho também não era reconhecido. Na verdade, sentia que não havia
reconhecimento algum (OLSHAKER & DOUGLAS, p.18, 2017).

Ambos relatos, do agente John Douglas e da entrevista responsável pela criação do


grupo de apoio e que teve a síndrome se assemelham, ambos tiveram colapso nervoso, Douglas
ficou em coma e ela teve além de passar muito mal desenvolveu depressão.

Dessa forma, como foi abordado durante a entrevista, sendo principal motivo da criação
do grupo de apoio, enfatizar e reafirmar a importância de se falar de saúde mental no ambiente
de trabalho. Nos relatos, a entrevistada informa que passou por vários profissionais que depois
de vários exames davam como retorno que poderia ser apenas estresse, mas em momento
algum, orientada ela ou cogitavam um diagnóstico adequado para ajudar em seu sofrimento
psíquico, que já estava se expressando em sua saúde física e em seu comportamento.

4.2 Dificuldades do acesso a direitos trabalhistas e tratamento

A Síndrome de Burnout é desencadeada de forma lenta, muitas vezes diagnosticada no seu


nível mais alto de estresse, como foi retratado no tópico anterior em muitos casos ao
negligenciar as manifestações dos sintomas, que se dão de forma gradual acarreta no
desenvolvimentos de transtornos, como depressão e de ansiedade, sendo necessário o uso de
medicamentos ou internações. Estima-se que o tratamento medicamentoso em predominância
nos homens ocorre justamente em homens que em sua maioria buscam ajuda média de forma
tardia (Lima& Dolabela, 2021). Assim,
Consequentemente, eles apontam para a necessidade de direcionar esforços
preventivos para a prevenção primária do desenvolvimento de burnout ao invés de
esforços direcionados para reduzir as consequências de esgotamento (MADSEN, et
al., 2015) .(LIMA& DOLABELA, 2021)

A adesão recente da Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional, possibilita a


individuo o acesso a vários direitos e ao tratamento, garantido pelos planos de saúde particulares
disponibilizados pela empresa, como também pelo sistema público. Segundo o Ministério da
Saúde:

No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial


(RAPS) está apta a oferecer, de forma integral e gratuita, todo tratamento, desde o
diagnóstico até o tratamento medicamentoso. (Ministério da Saúde, 2022)

O Brasil apresenta um significativo aumento de casos, tendo incidência maior na


população feminina (Conselho Federal de Administração, 2021). Em casos mais graves de
burnout é observado na população masculina, pelo histórico de baixa procura do atendimento
à saúde (Lima & Dolabela 2021),

A associação mais forte entre burnout e tratamento com antidepressivos em homens


pode estar relacionada ao fato da forma diferente que estes lidam dom a doença
(Galdas et al., 2005), que buscam ajuda em um estágio mais avançado do burnout do
que as mulheres e, portanto, tenham maior probabilidade de desenvolver primeiro um
tratamento que necessite de transtorno mental (LIMA& DOLABELA, p.05, 2021).

Um tópico trago pela entrevistada foi a falta de uma rede de apoio, mesmo sendo
servidora pública, onde existe um órgão de fiscalização A unidade SIASS e por ter passado por
uma perícia para poder acessar alguns direitos, como o de afastamento para se tratar, ela não
encontrou uma rede de apoio ou profissionais que pudesse ajuda-la no processo de reabilitação.
Dessa forma, com dificuldades na volta ao trabalho, pois ela se viu diante de um ambiente que
não estava disposto a implementar mudanças nessa cultura organizacional que promovia o seu
adoecimento, acarretou em sua aposentadoria precoce. O seu projeto volta-se, principalmente,
por disponibilizar esses profissionais ajudem as pessoas nesse momento difícil e de
vulnerabilidade. Em a mentora traz em sua fala a importância de passar esse conhecimento
adiante, as dificuldades que ela vivenciou nesse processo todo, sem aparo, ela procurar, com a
colaboração de uma equipe profissional, diminuir os impactos negativas e auxiliar as pessoas
nesse momento de sofrimento a garantirem seus direitos.

05 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conscientização e elaboração de intervenções do adoecimento mental no ambiente de


trabalho. A importância da saúde mental está cada vez ganhando mais evidencia atualmente,
porém ainda é tratado como tabu em várias áreas, como pode-se perceber no discursão
realizado.

A adesão recente da Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional abre espaço
para mudanças, mas ainda há muito caminho para ser percorrido e mais pesquisas e atuações
de especialista nesse cenário mostra-se necessária. Dessa forma, até a ajuda se torna de difícil
acesso para a maioria que enfrenta com o estresse crônico. Compreender a realidade e discutir
sobre a falta de assistência aos trabalhadores nessas condições, é garantir a segurança no
trabalho, pois o conceito não abarca somente a integridade física e risco explícitos no ambiente
de trabalho (Nascimento, 2021)

A saúde mental é essencial para a integridade do ser humano. A saúde e segurança do


trabalho envolve muito mais do que riscos ocupacionais físicos, químicos, biológicos,
mecânicos ou ergonômicos. Nesse escopo a saúde mental também deve ser
considerada devido ao alto impacto no bem-esta e também na qualidade de vida dos
colaboradores. Isso especialmente relevante se considerarmos que dedicamos no
mínimo oito horas, diárias, do tempo de nossas vidas ao nosso emprego e nem sempre
isso é prazeroso ou satisfatório. (NASCIMENTO, p.82-83, 2021)

O processo de tornar mais acessível a informação e garantia tratar a saúde mental um


tema valido de atenção e promoção de medidas que criem um ambiente saudável, possibilita
que novas questões sejam trabalhadas com maior visibilidade, isso acarretando intervenções
precoces, como um tratamento de qualidade para que os casos em que a síndrome de burnout
cause dados imprevisível as pessoas, abrindo espaços de acolhimento, sobretudo, de ajuda
profissional, bandeira levantada pela entrevista.
É fundamental, trazer a importância desse processo de conscientização e práticas de
intervenção do adoecimento, para que casos como os abordados no presente trabalho, como o
colapso e interferência na vida das pessoas que sofreram com burnout ao ponto de serem
incapacitadas de voltarem a exercer sua profissão e retomada do trabalho, pois para esse
processo de reabilitação da pessoa para organização é preciso de articulação entre todas os
envolvidos, para promover a retomada de autonomia da pessoa que desenvolveu Burnout.

A busca por um ambiente que promova qualidade de serviço e diminua o sofrimento


psíquico dos seus trabalhares se faz presente e necessário, voltar o olhar sobre essa cultura
organizacional proporcionar trazer relevância a pessoa que sofrem com o estresse crônico a fim
de buscar elaborações de intervenção eficazes. Segundo Nascimento (2021), a ênfase de
promover qualidades das relações de trabalho e compreender que elas impactam no
desempenho dos profissionais e no modo como eles estabelecem seu vínculo com o ambiente
de trabalho, um ambiente adoecido e que não favorece escuta e acolhimento cria munições para
a piora do quadro das pessoas esgotadas profissionalmente.

A SB tem sido considerada uma importante questão de saúde pública. É um dos


agravos ocupacionais de caráter psicossocial mais importantes na sociedade atual.
Burnout é considerado um sério processo de deterioração da qualidade de vida do
trabalhador, tendo em vista suas graves implicações para a saúde física e mental
(PEGÔ, PEGÔ, p.175, 2016).

Segundo Lima e Dolabela (2021), que apresentavam uma empática de compreensão


produziu expressivos melhoria terapêutica dos seus pacientes em casos de tratamento de
profissionais que estavam sofrendo com Burnout.

Por fim, salienta-se que além do papel fundamental das instituições organizacionais na
prevenção e promoção da saúde mental nos casos de Síndrome Burnout, a necessidade de
capacitação de profissionais como psicólogos, médicos, advogados etc. para atendimento da
demanda das doenças organizacionais que vem apresentado aumento significativo,
demostrando a importância de bons especialistas na atuação e acolhimentos dos pacientes em
sofrimento mental. Além disso, intervenções e mapeamentos que atuem em um âmbito de
planejamento estrutural e organizacional das instituições para esse processo de reabilitação e
prevenção em relação às doenças no ambiente de trabalho.
06 REFERÊNCIAS

PÊGO, Francinara Pereira Lopes e; PÊGO, Delcir Rodrigues. Síndrome de Burnout / Burnout
Syndrome, Rev. bras. med. trab ; 14(2): 171-176, maio.-ago. 2016.

PERNICIOTTI, Patrícia et al . Síndrome de Burnout nos profissionais de saúde: atualização


sobre definições, fatores de risco e estratégias de prevenção. Rev. SBPH, São Paulo , v. 23, n.
1, p. 35-52, jun. 2020.

Síndrome de Burnout. Portal do Governo Brasileiro, Ministério da Saúde, 2022. <


https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout Acesso :
04/10/2022; 13:43.

LIMA, Suani dos Santos Fialho,; DOALBELA, Maria Fani, Estratégias Usadas para a
prevenção e tratamento da Síndrome de Burnout. Rev. Research, Society and Development, v.
10, n. 5, e11110514500, 2021

CARLOTTO, Mary Sandra; PALAZZO, Lílian dos Santos. Síndrome de burnout e fatores
associados: um estudo epidemiológico com professores. Cadernos de Saúde Pública, v. 22, p.
1017-1026, 2016.

MIRANDA, Rodrigo. Aumento no número de casos de burnout preocupa empresas,2 022.


Acesso < https://cfa.org.br/aumento-no-numero-de-casos-de-burnout-preocupa-empresas/
17/10/2022 às 13:49 >

MLA, Bastos Silva; Junior; GB, Domingos ETC, Araújo RMO, Santos AL. Sick leaves by
mental disorders: case study with public servants at an educational institution in Ceará, Brazil.
Rev Bras Med Trab., p. 53-59, 2018;

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. t rad. Gênio Paulo Giachini. 2.ed. Petrópolis, RJ:
vozes, 2017.

OLSHAKER, Mark ;DOUGLAS, John. Mindhunter: O primeiro caçador de Serial Killer


americano. T tad. Lucas Pertenson. 1.ed. Rio de Janeiro : Intriseca, 2018.
NASCIMENTO, C.. Saúde Mental no ambiente do trabalho. RIBPSI - Revista Iberoamericana
De Psicologia, v. 2 n. 01: Psicologia: perspectivas e aplicações, 80-88, 2021.

Síndrome de burnout é reconhecida como doença ocupacional pela OMS, Associação de


Brasileira de Medicina do Trabalho, 2022. Acesso <
https://www.abmt.org.br/noticias/sindrome-de-burnout-e-reconhecida-como-doenca-
ocupacional-pela-oms/ 13/10/2022 às 15:46 >

Doenças relacionadas ao Trabalho, Ministério da Saúde do Brasil Organização Pan-Americana


da Saúde/Brasil; Série A. Normas e Manuais Técnicos; n. 114 Brasília/DF , 2001.
07 ANEXO
7.1 Anexo A

1. Qual era a rotina de trabalho e área que trabalho?


2. Os primeiros sintomas apresentados e sua percepção desses sintomas, como esses
sintomas se manifestaram?
3. Qual foi o processo até o diagnóstico, quais profissionais consultou, quando tempo
demorou até receber o diagnóstico de esgotamento profissional e tratamento adequado?
4. O tratamento foi feito de qual forma, uso de medicados, terapia e trabalho?
5. O trabalho ofereceu algum suporte ou teve acesso a algum benefício?
6. Como está sua vida agora, ainda está em tratamento, quais foram os prejuízos
acarretados pela síndrome?

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