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O que é?
O estudo do comportamento humano no contexto organizacional, considerando sempre a
interligação entre o comportamento humano e a organização. O CO também pode ser definido de
formas diversas em função do foco de análise – individual, grupo, organizacional.
Para que serve?
O CO não é uma função ou área da gestão, mas sim uma forma fundamentada de
pensar/conhecimento científico que permite à gestão conceber políticas, medidas, práticas que
todos @s gestores podem usar no seu trabalho.
Comportamento Organizacional ≠ Senso Comum
Está mais presente no estudo da gestão de recursos humanos, mas também é útil para todos
os gestores, desde chefias de departamentos, líderes de equipas e CEO´s. Pois a gestão implica que
haja:
Perspetiva interacionista
No processo de tomada de decisão é expectável que esta seja tomada de forma racional,
baseada em factos e informação fundamentada. Todavia acontecem com frequência erros neste
processo devido à perceção.
O que é a perceção?
A perceção é uma construção subjetiva. É a atribuição de um significado e valor a um dado
fenómeno. O lugar que ocupamos na estrutura/grupo social e as relações que estabelecemos
marcam o modo como (auto)percecionamos.
As perceções dos gestores sofrem enviesamentos percetivos – a história única – ver apenas
uma perspetiva e considerá-la universal através de estereótipos.
Estereótipos
Dispositivos psicossociais inscritos em sistemas de valores que fazem com que as pessoas
sejam agrupadas em determinadas categorias (absolutas e essencialistas). É uma ideia pré-
concebida, e que consiste em atribuir características a pessoas classificadas em determinados grupos
tipificados.
Implica uma relação de poder assimétrica: desvalorização, diminuição e especificidade
preconceito e discriminação.
Efeito de primazia: A informação/ avaliação inicial vai exercer um peso enorme na avaliação final.
Efeito de Halo: formar uma opinião global de um indivíduo, a partir de uma característica que
sobressaia, ou que consideramos mais importante.
Erro de severidade/ Leniência: tendência a ser muito exigentes e rigorosos nas avaliações ou a ser
mais benevolentes.
Personalidade
Personalidade
Não existe uma definição concreta para personalidade. Pode ser definida como os “traços
individuais e disposições relativamente permanentes que formam um determinado padrão e que
distinguem um indivíduo dos demais” (Vecchio, 2000).
Origem
Por um lado, pesquisas com gémeos idênticos sustentam a tese do património genéticos:
gémeos separados à nascença revelam gostos e vícios idênticos vs o contrário também ocorria. Por
outro lado, outros sustentam que as situações podem influenciar e alterar os traços de personalidade
dos indivíduos.
Traços de personalidade - características
Apresentam um índice elevado de hereditariedade e desenvolvem-se a partir da infância.
Atingem a maturidade na idade adulta e ganham estabilidade por volta dos 30 anos.
Cada indivíduo recebe uma dada pontuação num contínuo que vai desde um ponto mínimo a
um ponto máximo em cada traço ou dimensão da personalidade.
Perceção Julgamento
(S) Sensitivos: a informação chega pelos (T) Pensativo: prevê o resultado lógico de
sentidos, atenção ao detalhe das situações. alternativas de ação e toma decisões com base
na relação causa e efeito.
(N) Intuitivos: relações entre factos e (S) Sentimental: considera aquilo que é
possibilidades que ficam fora dos sentidos. importante para si e para os outros e decide
com base em valores pessoais.
Critérios:
3) Preferência pelo mundo interno vs externo
4) Atitude perante o mundo exterior
1. Locus de controlo
Grau em que o indivíduo atribui a si próprio a responsabilidade pelo seu comportamento e
respetivas consequências. Pode ser:
Interno ou elevado: pessoas que acreditam controlar o seu destino, os eventos e consequências
que afetam as suas vidas.
Pessoas com um locus de controlo elevado – maior satisfação na função, menos absentismo,
maior iniciativa, maior propensão para cargos de gestão, melhores salários.
Externo ou baixo: pessoas que veem as suas vidas controladas por forças externas, acreditam no
destino e sorte. O desempenho individual é o resultado de circunstâncias que estão além do seu
controlo imediato.
Pessoas com locus de controlo baixo - maior ansiedade, maior propensão para seguir ordens,
maior propensão para funções estruturadas e rotineiras.
2. Auto monitorização
Grau em que os indivíduos observam o seu próprio comportamento e tentam adaptá-lo às
exigências/convenções da situação.
Elevada Auto monitorização - camaleónicos: pessoas recetivas às dicas sociais e interpessoais
acerca do desempenho mais apropriado nas várias situações e adaptam-se às mesmas
Baixa Auto monitorização – insensíveis, rígidos: Pessoas que não têm capacidade nem
motivação para regular a forma como se apresentam aos outros. A expressão dos seus
comportamentos traduz, acima de tudo, os seus estados interiores.
Gestão de impressões - Processo em que o indivíduo gere o seu próprio comportamento de modo a
criar um determinado efeito no outro.
Esta atravessa toda a vida organizacional:
Subordinados que procuram criar uma imagem positiva junto das chefias (competentes,
produtivos, etc.).
Superiores hierárquicos desejam passar a ideia de justos e imparciais (nas avaliações de
desempenho, nas decisões sobre promoções, etc.).
Os líderes procuram criar impressões positivas junto dos seus seguidores.
Conclusão: As pesquisas sugerem uma relação positiva entre a Auto monitorização elevada e o
sucesso na carreira.
3. Autoestima
Grau em que as pessoas têm orgulho em si mesmas e confiam nas suas capacidades.
Elevada Autoestima: têm mais expectativas de sucesso, apresentam maior facilidade em lidar
com os insucessos, estão dispostos a assumir riscos e tendem a escolher funções e carreiras mais
desafiantes.
Baixa Autoestima: são mais suscetíveis a influências externas, são mais dependentes das
avaliações positivas dos outros, quando confrontados com insucessos, tendem a centrar-se nas suas
debilidades, preocupam-se em agradar os outros e revelam menor propensão para tomar decisões.
4. Autoeficácia
Dimensão específica da autoestima. A crença do indivíduo na capacidade de ser bem
sucedido no cumprimento de uma dada tarefa. Decorre do desenvolvimento de um conjunto
complexo de aptidões cognitivas, sociais, linguísticas e físicas, que se adquire pela vida da
experiência.
5. Maquiavelismo
Medida em que o indivíduo é pragmático, emocionalmente distante e acredita que os fins
justificam os meios. São as características de personalidade que deriva da obra maquiavel “O
príncipe”, sobre a obtenção e o uso de poder.
Indivíduos com elevada pontuação neste tributo tendem a manipular mais os outros, a
persuadir mais os outros e a apresentar comportamentos oportunistas.
Logo estes são particularmente bem sucedidos quando interagem diretamente com os
outros, e a situação tem um número mínimo de regras, regulamentações, permitindo liberdade e
improvisações.
Satisfação com o trabalho
O que é?
A satisfação com o trabalho refere-se à forma como as pessoas se sentem relativamente ao
seu trabalho. Pode ser definida como a atitude geral do indivíduo em relação ao seu trabalho ou
como um conjunto de atitudes sobre vários aspetos ou facetas do trabalho.
Componentes da atitude:
1. Cognitiva- pensamentos ou avaliação do objeto de acordo com o conhecimento.
2. Afetiva- sentimentos, emoções positivas ou negativas.
3. Comportamental- predisposições comportamentais e de intenção em relação ao objeto.
Satisfação como conceito unidimensional: A satisfação é vista como uma atitude em relação ao
trabalho em geral. Não resulta do somatório dos múltiplos aspetos que caracterizam o trabalho, mas
depende deles.
A satisfação pode ser vista como variável independente - a causa de um determinado efeito.
Bem como uma variável dependente - o efeito de uma determinada causa.
- Críticas às explicações baseadas nos fatores disposicionais: o facto de alguns indivíduos esperarem
vir a estar satisfeitos com o seu trabalho porque contam encontrar um trabalho capaz de os
satisfazer e esforçam-se para isso (conteúdos do trabalho).
2.1. Hackman & Oldham, 1980 - Abordagem centrada nas características do trabalho
Os indivíduos devem apresentar 3 estados psicológicos críticos:
Experiência de significado do trabalho.
Experiência de responsabilidade pelos resultados.
Conhecimento dos resultados.
Ideia principal: Quanto mais presentes estiverem estas cinco características, maior será a satisfação
com o trabalho, mais baixas serão as taxas de absentismo e de rotatividade
3. Modelos Interacionistas
Relação entre Estudos mostram que a correlação positiva entre satisfação e nível de
satisfação e desempenho é mais elevada quando o bom desempenho é recompensado.
produtividade Necessidade de ligar o sistema de recompensas ao nível de desempenho.
(nível de
desempenho) As correlações entre satisfação e nível de desempenho são mais significativas
no caso dos indivíduos que ocupam posições de chefia e entre os que possuem
mais qualificações do que nos restantes.
Relação entre Como ser pontual, ajudar voluntariamente, fazer sugestões inovadores para
satisfação e melhorar o desempenho da organização e não perder tempo deliberadamente.
comportamentos
de cidadania Os indivíduos mais satisfeitos e com maior afetividade positiva, tenderão a
organizacional exibir mais comportamentos de cidadania organizacional (por exemplo, são
mais prestáveis, preocupam-se mais com os outros…). A perceção de equidade,
conduz à satisfação com o trabalho, o que, por sua vez, afeta a decisão de ajudar
a organização.
Relação entre Como agressões, sabotagens e roubo de materiais ou informação.
satisfação e
comportamento Alguns estudos verificaram que a satisfação com o trabalho se correlacionava
contraprodutivos negativamente com comportamentos agressivos contra outros. Os indivíduos
que acreditam possuir controlo no trabalho detêm menos probabilidades de
cometer estes atos do que os indivíduos que acreditam não possuir qualquer
controlo – locus de controlo externo
Relação entre Existe uma relação inversa entre satisfação e absentismo (voluntário): as
satisfação e pessoas mais satisfeitas denotam menor índice de absentismo, porém esta
absentismo correlação é moderada.
Voz: apresenta sugestões e procura resolver os problemas. Tenta ativa e construtivamente melhorar
as condições, discutir problemas com os superiores. Os membros permanecem mas expressam o seu
descontentamento e sugerem a introdução de mudanças.
Saída: abandona a empresa. Comportamento direcionado para sair da organização, incluindo
procurar uma nova posição bem como pedir demissão. As pessoas abandonam a organização a título
definitivo.
Negligência: absentismo crónico, falta de pontualidade, redução de esforço, qualidade
negligenciada. A permanência é acompanhada de negligência face à organização e ao trabalho.
Lealdade: Passivamente esperam que as condições melhorem. Mantêm a confiança e o otimismo
na capacidade da administração em resolver os problemas. A permanência na organização não
implica a quebra de lealdade, mas o comportamento é fundamentalmente passivo.
Motivação
O que é?
É um mecanismo psicológico que afeta a nossa ação e a sua intensidade e persistência.
Inclui:
Estimulação: forças energéticas responsáveis pelo despoletar do comportamento.
Ação e esforço: comportamento observado.
Persistência: o prolongamento no tempo do comportamento motivado.
Recompensa: o reforço das ações anteriores.
Teorias da Motivação
Separam-se em dois tipos: as Teorias de Conteúdo e as Teorias de Processo.
Teorias de Conteúdo
Procuram explicar a motivação através da análise dos fatores motivadores: o que motiva as pessoas?
1. Teorias gerais de conteúdo
Dedicadas à análise dos motivos do comportamento humano em termos gerais, e não apenas
em situações de trabalho. Ex: Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow (1954) Teoria dos
motivos, de McClelland (1961)
2. Teorias de conteúdo (organizacionais)
Dedicadas a situações específicas de trabalho. Ex: Teoria da bifactorial, de Herzberg (1966)
Valorização
Afiliação
Estabilidade Profissional
Salário
Pressupostos:
Todos as pessoas têm necessidades hierarquizadas em 5 níveis.
A atuação das pessoas é dirigida à satisfação das necessidades não satisfeitas num dado
momento. Quando um nível inferior de necessidades está satisfeito, as necessidades do nível
imediatamente a seguir tornam-se ativas. Quando alguma necessidade mais baixa deixa de ser
satisfeita, volta a predominar no comportamento.
Críticas
Falta de confirmação empírica e o facto de ver o indivíduo como um ser uniforme.
Parte do princípio de que indivíduos diferentes têm necessidades com prioridades diferentes,
devendo ser motivados de forma diferente. Os estudos empíricos apoiam de certa forma esta
estrutura teórica, sendo que a necessidade de realização recebeu maior confirmação do que as
outras necessidades.
Alguns estudos em contexto português (Rego, 1995 e 2000, 2013) concluem que os portugueses
apresentam uma forte necessidade de afiliação. O perfil dos gestores com melhor impacto junto dos
colaboradores se caracteriza por elevadas motivações para o poder e a afiliação (Rego, 1995, 2006).
Deve ter-se em conta que em Portugal predominam pequenas e médias empresas (muitas com
características familiares e influenciadas pelas relações de vizinhança)
Teorias de Processos
Atentam na dinâmica do processo motivacional: como se desenrola o comportamento de motivação?
Ação sobre os A pessoa que experimenta A pessoa tenta convencer o seu chefe de
outros sentimentos de injustiça por que é necessário proceder a aumentos
receber o mesmo salário que um salariais. Ou tenta persuadir os seus
seu colega mais empenhado pode colegas de que devem esforçar-se mais.
tentar convencer este a baixar o
respetivo nível de inputs.
Mudança do A pessoa descobre que afinal O indivíduo descobre outros
padrão de existem indivíduos que para as trabalhadores (noutras organizações,
referência mesmas competências e funções por exemplo) que auferem salário
recebem maior salário do que o muito inferior ao seu.
seu.
Valência elevada: A pessoa tem que valorizar aquilo que a organização tem para lhe
oferecer.
Instrumentalidade elevada: o empregado percebe que tem que alcançar um nível
elevado de desempenho para obter os resultados que pretende.
Quando bem utilizadas as recompensas monetárias constituem uma poderosa influência sobre o
desempenho