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Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL DISPOSIÇÕES


O comportamento organizacional é uma disciplina As disposições, ou fatores disposicionais, podem ser
que visa a compreensão do comportamento dos entendidos como tendências para responder a situações
indivíduos e grupos em contexto organizacional, de de uma forma pré-determinada e particular. Para além
modo a promover a melhor gestão dos mesmos. disso, podem ser descritas como características
Esta corresponde a uma área científica que assenta psicológicas que incluem: as características da
numa multiplicidade de disciplinas, tais como: personalidade, as necessidades, as atitudes; as
a gestão, a psicologia, a sociologia e a antropologia. preferências, os valores, e os motivos. Por fim,
Esta disciplina tem em vista: podemos ainda referir que estes não são
• Contribuir para a melhoria das práticas de gestão; necessariamente estáveis, e podem variar com o tempo.
• Aumentar a eficiência organizacional; Personalidade
• Promover um maior bem-estar dos trabalhadores. A personalidade corresponde ao conjunto das
Dentro do comportamento organizacional temos três características e qualidades psicológicas que
níveis de análise: influenciam os padrões comportamentais típicos de um
• O nível micro que analisa o individuo; indivíduo de uma forma distintiva e consistente ao
• O nível meso que analisa o grupo; longo do tempo, em diversas situações.
• O nível macro que analisa os departamentos e os Os traços de personalidade podem ser herdados, e
processos organizacionais. desenvolvem-se a partir da infância, estabilizando-se
Determinantes por volta dos 30 anos.
O comportamento humano pode ser considerado Avaliação de Personalidade
decorrente de dois grandes determinantes: as Matriz de Personalidade de Myres-Briggs
disposições individuais e os fatores situacionais. A matriz de personalidade de Myers-Briggs baseia-
Quando analisamos a pergunta “Qual a causa do se na premissa de que modos consistentes de se pensar
comportamento organizacional?”, surgem três se desenvolvem com a formação e a experiência, e que
abordagens: estes modos se podem classificar em quatro dimensões:
• Os personalistas explicam o comportamento através • Perceção ou Recolha de Informação
da análise de variáveis e diferenças individuais; o Os sensitivos recolhem a informação através dos
sentidos;
As características individuais são hereditárias e dependem
do ambiente físico e social
o Os intuitivos apreendem os significados, as
Skills Talentos adquiridos
relações e as possibilidades que ficam para além do
Abilidades Talentos naturais
uso sentidos;
Características psicológicas que • Julgamento ou Avaliação da Informação
Personalidade o Os pensativos preveem o resultado lógico e tomam
tornam cada indivíduo único
As diferenças individuais resultam das disposições e das decisões de forma impessoal;
variáveis demográficas o Os sentimentais consideram aquilo que é mais
• Os situacionistas explicam o comportamento através importante para si e para os outros, tomando
da análise das características da situação. decisões com base em valores morais;
• Os interacionistas defendem que as pessoas fazem o • Preferência pelo Mundo Interno ou Externo
lugar, mas que o lugar, quando formado, influencia o o Os extrovertidos sentem-se mais confortáveis a
comportamento. Desta forma, estes explicam o trabalhar com pessoas;
comportamento, de uma forma mais sustentável, o Os introvertidos sentem-se mais confortáveis
através da análise da relação entre as variáveis quando o trabalho envolve ideias e exige que a sua
individuais e as características das situações. atividade seja feita mentalmente;
• Atitude Perante o Mundo Exterior
o Os julgadores usam uma atitude de crítica e
avaliação, vivendo de forma ordenada, planeada e
controlada;
o Os percetivos vivem de forma mais espontânea e
flexível, com vontade de compreender a vida e de
se adaptar a ela;
Apesar da sua fama, há quem discorde deste modelo,
por ser estático e pouco dinâmico, classificando as
pessoas de acordo com etiquetas estereotipadas.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Os Cinco Grandes Auto-monitorização


O modelo de avaliação da personalidade dos cinco A auto-monitorização refere-se ao grau em que as
grandes considera que a personalidade pode ser pessoas procuram controlar a forma como se
descrita em função de cinco dimensões. Os cinco apresentam aos outros.
grandes são universais e cada pessoa é classificada, em Pessoas com um elevado nível de auto-monitorização
todos os parâmetros, em níveis. Estas dimensões são: atribuem atenção ao contexto e tentam adaptar-se,
• A extroversão, ou afetividade positiva, é um traço sendo, por isso, “camaleónicas”.
de personalidade que predispõe as pessoas para As pessoas com um nível de auto-monitorização
experimentarem estados emocionais positivos e se reduzido têm então mais dificuldade em captar e
sentirem bem consigo mesmas e com o mundo. interpretar dicas situacionais.
o (Nível elevado) Pessoas afetuosas, sociáveis e Autoestima
amistosas. A autoestima refere-se ao grau em que as pessoas têm
• O neuroticísmo, ou afetividade negativa, orgulho em si mesmas e confiam nas suas capacidades.
corresponde à tendência para vivenciar estados Pessoas com autoestima elevada tendem a confiar mais
emocionais negativos e para se sentir sobre stress. nas suas capacidades e a enfrentar as situações de
Mesmo as pessoas mais sãs mentalmente têm um modo otimista e tendem a escolher funções e carreiras
determinado nível de neuroticísmo. mais desafiantes.
o (Nível elevado) Pessoas temperamentais, irritáveis Autoeficácia
e maldispostas. A autoeficácia refere-se à estimação feita pelo
• A amabilidade é o traço que permite distinguir entre indivíduo da probabilidade em que determinado
as pessoas que se conseguem relacionar bem com os comportamento conduzirá a determinado resultado.
outros e aquelas que não o conseguem fazer. Elevadas expectativas de sucesso podem conduzir ao
o (Nível elevado) Pessoas tolerantes, cooperativas, de sucesso, porque predispões as pessoas para serem mais
confiança; persistentes.
• A conscienciosidade representa o grau em que a Tipos de Personalidade
pessoa é escrupulosa, cuidadosa e perseverante, Pessoas com o tipo de personalidade A têm um
sendo uma predisposição de personalidade intenso desejo de realização, mostrando-se
demonstrativa de seriedade de propósitos. competitivas e impacientes.
o (Nível elevado) Pessoas autodisciplinadas, Pessoas com o tipo de personalidade B são calmas e
organizadas, responsáveis, orientadas e resistentes a tranquilas, e, por isso, conseguem relaxar mais
impulsos distrativos facilmente.
• A abertura a experiências refere-se ao grau em que Maquiavelismo
a pessoa tem um campo alargado de interesses ou O maquiavelismo é o termo usado para descrever
prefere dedicar-se a atividades limitadas em campos pessoas que manipulam outras e usam práticas pouco
restritos. éticas para ganho pessoal, pois acreditam que os fins
o (Nível elevado) Pessoas curiosas, criativas e abertas justificam os meios.
a novas ideias. Valores
Locus de Controlo Os valores pessoais encontram-se no centro do
O locus de controlo mede o grau em que as pessoas comportamento humano e tem um papel fulcral na
acreditam que os acontecimentos que vivenciam são construção da personalidade de um indivíduo.
por elas controláveis ou não. Estes são adquiridos cedo na vida, sendo
Deste modo, pessoas com um elevado nível de locus principalmente influenciados pela cultura. Em
de controlo interno acreditam que existe um nexo comparação com a personalidade estes são mais
entre o que fazem e o que lhes acontece, tendendo a voláteis.
atribuir os resultados a si próprios e não a fatores Segundo Schein, os valores podem afetar as escolhas
externos. carreiristas dos indivíduos:
Enquanto que pessoas com um elevado nível de locus O desejo de ser: o especialista, gestor de equipa,
de controlo externo acreditam que aquilo que lhes autónomo, equilibrado em termos financeiros,
acontece é fortemente marcado por acontecimentos que criativo, dedicado a uma causa, estimulado, e o
lhes são exteriores e que escapam ao seu controlo. desejo de poder equilibrar a vida profissional e
Assim, a nível organizacional ter um nível elevado de pessoal.
locus de controlo interno acaba por ser benéfico, pois Valores Instrumentais
estes indivíduos são mais motiváveis, responsáveis, o Os valores instrumentais consistem em condutas ou
que implica um menor nível de atrasos, absentismo, e métodos desejáveis para atingir um fim, como a
de necessidade de vigia, para além disso, têm um honestidade e o trabalho duro.
melhor desempenho em tarefas mais complexas e Valores Terminais
procuram a orientação em si mesmos. Os valores terminais consistem em estados desejados
ou objetivos finais, como a felicidade, a saúde e a
prosperidade.

João Pedro Freitas Silva


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Atitudes PERCEÇÃO
As atitudes correspondem a uma tendência apreendida A perceção é o processo através do qual recebemos e
em responder de forma positiva ou negativa e de forma interpretamos informações provindas dos nossos
consistente a pessoas ou eventos. arredores.
Processo Determinantes
As atitudes criam-se num processo de três fases: A perceção é influenciada:
1. Avaliação cognitiva que consiste numa avaliação • Pelo observador que, por sua vez, pode ser
que tem por base opiniões, conhecimento, crenças e a influenciado pela cultura, pelos seus valores e
informação disponível. experiências anteriores.
2. Avaliação afetiva que consiste numa avaliação que • Pelo ambiente e pelo contexto que podem afetar o
tem por base sentimentos, emoções e intuições. processo da perceção.
3. Intenção comportamental que consiste na tomada • Pelo objeto focal, pois o indivíduo, o objeto, ou o
de decisão acerca da atitude a tomar face a objetos, evento a interpretar podem afetar a nossa perceção.
pessoas e eventos. Processo
Após este processo, ocorre então o comportamento O processo da perceção é constituído por três fases:
efetivo. 1. A fase da atenção é a fase onde tomamos atenção
Dissonância Cognitiva aos sinais dados pelo ambiente, consciente ou
A dissonância cognitiva ocorre quando há uma inconscientemente. Contudo, não a todos os sinais,
inconsistência entre os nossos sentimentos e as nossas pois utilizamos um filtro percetual (influenciado
ações. pela atenção seletiva).
Para minimizar a probabilidade da sua ocorrência, 2. A fase da organização é a fase onde organizamos a
devemos alterar as nossas ações, ou os nossos informação através de esquemas, ou seja, modelos
sentimentos. mentais que as pessoas utilizam para perceber e
explicar certas situações e acontecimentos.
Estes esquemas podem ser bons por serem rápidos, por darem
informação e ajudarem a lembrarmo-nos de certa coisa. No entanto,
podem levar a uma interpretação errada e a ignorar informação,
apenas por esta não se encaixar no modelo.
3. A fase de interpretação e julgamento é a fase onde
clarificamos e traduzimos a informação
anteriormente organizada, de modo a tentarmos
compreender o seu significado.
Erros Perceptuais
Erro de Severidade/Leniência
O erro de severidade/leniência consiste no facto de
alguns indivíduos tendem a ser muito exigentes e
rigorosos nas avaliações que fazem enquanto outros
tendem a ser muito benevolentes (numa perspetiva
superior ou inferior a uma média teórica geral).
Estereótipos
O estereótipo é um julgamento que se faz sobre
alguém tendo por base o grupo a que este pertence,
sendo uma ideia não fundamentada e pré-concebida.
Perceção Seletiva
A perceção seletiva corresponde à tendência para
selecionar certos elementos de acordo com o interesse e
atitudes pessoais, por exemplo, devido à
impossibilidade de se atender a todos os estímulos
recebidos.
Efeito de Halo
O efeito de halo corresponde à tendência para
formarmos uma opinião global de um indivíduo, a
partir de uma característica que sobressai, ou
consideramos mais importante.
Efeito de Similaridade
O efeito de similaridade consiste no facto de os
indivíduos percecionarem aqueles similares a si de
forma mais positiva, do que os indivíduos
características diferentes.
Efeito da Primazia
O efeito da primazia ocorre quando a informação
inicial que o sujeito possui sobre o objeto exerce um
peso enorme na avaliação final do projeto.

João Pedro Freitas Silva


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Efeito de Contraste SATISFAÇÃO


O efeito de contraste corresponde à tendência para A satisfação traduz-se no estado emocional, baseado
avaliarmos um indivíduo por comparação com o outro. na avaliação cognitiva do trabalho ou das experiências
Profecia Autorrealizavél do trabalho. Por outras palavras, indica o grau em que
A profecia autorrealizável, ou efeito de Pigmalião, as pessoas gostam, ou não, do seu trabalho.
ocorre quando os indivíduos procuram confirmar as Temos a satisfação intrínseca quando a fonte de
suas perceções da realidade, determinando o seu satisfação é agradável (o gozo pessoal mediante a
comportamento para que tal aconteça. realização do seu trabalho), e a satisfação extrínseca
Erro Fundamental da Atribuição quando a satisfação provem do que determinada coisa
O erro fundamental da atribuição ocorre quando pode proporcionar (promoção ou aumentos salariais).
fazemos avaliações sobre o comportamento dos outros A satisfação pode ser tida em conta como uma variável
e temos a tendência para subestimar a influência dos unidimensional, quando considerada como uma
fatores externos e sobrestimar os fatores internos. atitude em relação ao trabalho em geral. Ou como uma
Ocorrendo o contrário quando nos avaliamos a nós variável multidimensional, quando consideramos que
próprios. esta provem de um conjunto de fatores associados ao
Para evitar estes erros devemos: trabalho (o individuo, o trabalho, e a sua interação),
• Reconhece-los e desenvolver consciência para as sendo possível medi-la em relação a cada um deles.
áreas em que estas possam ocorrem mais Dimensões
frequentemente; Os trabalhadores podem ver o seu nível de satisfação
• Lembrar-nos de agir corretamente; subir ou descer nas seguintes dimensões:
• Procurar ocasiões de perceção, para ganharmos • O interesse intrínseco do trabalho que depende das
experiência e não cometermos os mesmos erros. oportunidades de aprendizagem e a variedade do
trabalho;
• O salário que engloba a componente quantitativa e
equitativa da remuneração;
• (In)existência de promoções;
• Reconhecimento quer positivo, quer negativo;
• (In)existência de benefícios como pensões e férias;
• A relação sua relação com a chefia, assim como o
seu estilo de chefia e a sua qualificação técnica;
• A relação com os colegas de trabalho;
• As condições de trabalho, como o horário, o local
físico e a (in)existência do equilíbrio entre vida
pessoal e profissional.
Antecedentes
As causas antecedentes da satisfação podem ser
divididas em três categorias.
Características Individuais
As características individuais dividem-se
principalmente no locus de controlo e nas afetividades
positiva e negativa (mas, os outros fatores relacionados
com a personalidade estão também ligados).
Pessoas com um elevado nível de locus de controlo interno têm um
melhor desempenho, o que leva a mais recompensas e,
posteriormente, a um maior nível de satisfação.
A expressão de emoções negativas está negativamente relacionada
com o nível de satisfação.
Para além disso, podemos ainda falar das variáveis
demográficas, principalmente da idade e do sexo.
Os mais jovens tendem a demonstrar um menor nível de satisfação,
talvez por ocuparem lugares mais baixos na hierarquia, ou pelo
desfasamento entre as expectativas e a realidade do trabalho.
As mulheres tendem a ter um menor nível de satisfação dada a
desigualdade salarial e de oportunidade.
Políticas e Práticas Organizacionais
As políticas e práticas organizacionais estão
relacionadas com as dimensões referidas anteriormente.

João Pedro Freitas Silva


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Características da Função Consequências da Insatisfação


Dentro das características da função temos dois A insatisfação pode levar ao absentismo, à falta de
aspetos a considerar: pontualidade, ao aumento da rotatividade, ao
• A ambiguidade de papéis que se refere ao grau de vandalismo, à sabotagem, ao roubo, entre outros.
(in)certeza que o indivíduo possui sobre as suas Stress
funções; O stress no trabalho ocorre quando fatores
• O conflito de papéis que existe quando os indivíduos relacionados com o trabalho interagem com as
experimentam exigências incompatíveis acerca das características individuais do trabalhador, melhorando
suas funções e responsabilidade. ou atrapalhando o seu funcionamento físico e
o Conflito de papéis interno ocorre quando o psicológico.
indivíduo só tem tempo para realizar uma de duas Contudo, fatores pessoais podem também contribuir
tarefas; para o seu aparecimento.
o Conflito de papéis externo está relacionado com o Dentro dos fatores pessoais temos, p.e., pressão
conflito entre vida pessoal e profissional. financeira, problemas familiares e existência de vícios.
Consequências da Satisfação Dentro dos fatores organizacionais temos, p.e., as
Produtividade condições de trabalho, o conflito e a ambiguidade de
Alguns estudos revelam que os trabalhadores mais papéis, e o excesso de trabalho.
satisfeitos nem sempre são os mais produtivos, mas O stress pode revelar-se através de alguns sintomas,
que, geralmente, os mais produtivos são mais repartidos em três tipos:
satisfeitos devido ao bem-estar que isto gera no Reações comportamentais como o abandono do
indivíduo. trabalho;
Absentismo Reações físicas como, p.e., sofrer de hipertensão;
Normalmente, é aceite a existência de uma relação Reações psicológicas como o surgimento de
inversa entre satisfação e absentismo, ou seja, as depressão, e insatisfação.
pessoas menos (mais) satisfeitas apresentam maior Para prevenir que isto aconteça, as organizações devem
(menor) taxas de absentismo. tomar medidas preventivas.
Contudo, temos de ter em mente que existem outros
motivos que levam ao absentismo, p.e., família e
doenças.
Turn-Over
Geralmente, as pessoas menos satisfeitas tendem a
procurar empregos alternativos. Mas alguns fatores
como o mercado de trabalho e a idade têm efeitos
moderadores.
Esgotamento no trabalho
O esgotamento é um estado emocional e psicológico
de tensão relativamente ao trabalho. Este é composto
pela despersonalização (distanciamento emocional),
pela exaustão emocional (fadiga e falta de entusiasmo)
e pela reduzida realização pessoal. Deste modo,
indivíduos insatisfeitos detêm maior probabilidades de
possuir elevados níveis de esgotamento.
Comportamentos de Cidadania Organizacional
Os comportamentos de cidadania organizacional
correspondem a comportamentos de manifestação de
apoio aos colegas ou organização, desassociados das
funções, deveres e obrigações formais do indivíduo.
Estes comportamentos (altruísmo, entreajuda e
concordância) surgem por parte dos trabalhadores mais
satisfeitos.
Consequências Externas
Trabalhadores mais satisfeitos, viram trabalhadores
mais motivados. Esta motivação vem materializar-se
numa melhor qualidade do trabalho e
consequentemente dos produtos e dos serviços
fornecidos, o que leva ao aumento da satisfação dos
clientes, e, consequentemente, do volume de vendas.
Este aumento no volume de vendas vai levar à
existência de recompensas e de melhores condições de
trabalho, que por sua vez, vai levar a uma maior
satisfação.

João Pedro Freitas Silva


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MOTIVAÇÃO Teoria ERG de Alderfer


A motivação corresponde às forças psicológicas A teoria ERG pode ser descrita como uma variação
internas de um indivíduo que determinam a direção do sobre a hierarquia das necessidades, por via do
seu comportamento, o seu nível de esforço e a sua agrupamento de três categorias:
persistência face aos obstáculos. • Existência que se refere à preocupação com
A motivação não é uma característica da personalidade materiais básicos e com requisitos de existência
e resulta da interação entre o indivíduo e o meio. fisiológica.
Elementos chave • Relacionamento que se referem à necessidade em
Quando falamos de motivação devemos ter em mente desenvolvermos e mantermos relações interpessoais.
alguns elementos chave: • Crescimento que se refere à necessidade intrínseca
• Estimulação (estímulos, forças magnéticas, forças de sermos criativos e fazermos contribuições úteis e
psicológicas internas e mecanismos invisíveis). de termos desenvolvimentos pessoais.
• Ação e esforço adicional (comportamento Teoria dos Motivos de Mcclelland
observado). McClelland pressupõe que todos os indivíduos têm três
• Movimento e persistência (prolongamento no tipos de necessidades adquiridas que os motivam:
tempo, do comportamento observado). • Necessidades de realização que corresponde ao
• Recompensa (reforço de ações anteriores). desejo de se querer ser excelente e bem-sucedido em
Teorias do Conteúdo situações de competição.
As teorias do conteúdo procuram explicar a Aspira alcançar metas elevadas, mas realistas; Responde
positivamente à competição; Assume riscos moderados; Toma
motivação através da análise dos fatores motivadores e
iniciativa; prefere tarefas sobre cujos resultados possa ser
procuram responder à questão “O que motiva as responsável.
pessoas?”. • Necessidades de afiliação que dizem respeito ao
Teoria Da Hierarquia Das Necessidades De Maslow desejo de ter amizades e ser aceite pelos outros.
Segundo Maslow, as necessidades não satisfeitas são Procura relações interpessoais fortes; atribui mais importância às
os motivadores principais do comportamento humano, pessoas do que às tarefas; procura a aprovação dos outros.
havendo precedência das necessidades mais básicas • Necessidades de poder que dizem respeito ao forte
sobre as mais elevadas, ou seja, a atuação das pessoas é desejo de influenciar e controlar o comportamento
dirigida à satisfação das necessidades por satisfazer dos outros.
num determinado momento. Assim, se um nível Tenta assumir posições de liderança espontaneamente; Assume
riscos elevados; Preocupa-se com o prestígio e em provocar impacto.
inferior de necessidade está satisfeito, as necessidades
Teoria Bifatorial de Herzberg
do nível acima tornam-se ativas. Se uma necessidade
A teoria bifatorial sugere que as pessoas têm dois
inferior deixa de estar satisfeita, volta a predominar no
grandes tipos de necessidades. Esses dois grupos
comportamento.
devem ser considerados independentes e os seus efeitos
Assim, Maslow hierarquiza as necessidades humanas
distinguidos.
em cinco níveis:
1)Necessidades fisiológicas que se referem ao nível • Os fatores motivadores (intrínsecos) estão sob o
mais elementar da existência humana (sede, fome, …); controlo dos indivíduos e estão relacionados com o
Salário e condições de trabalho adequados. conteúdo do trabalho (sentimento de realização,
2)Necessidade de segurança quer segurança a nível reconhecimento, trabalho variado, diferenciado e
financeiro, quer segurança física; desafiante e desenvolvimento pessoal, p.e.).
Trabalho estável, planos de saúde e condições de trabalho seguras. • Os fatores higiénicos (extrínsecos) estão fora do
3)Necessidades sociais que se referem à busca de controlo das pessoas e estão relacionadas com o
relacionamentos interpessoais e sentimentos trabalho. (relação com o chefe e os colegas, salário, e
recíprocos; as condições de trabalho, p.e.).
Interação positiva com os colegas e os gestores. Herzberg defendia que se o indivíduo considerasse o
4)Necessidade e estima que se referem ao desejo de seu trabalho importante isto levaria à satisfação. Assim,
alcançar o respeito e a estima dos outros; os empregados estariam motivados se considerassem o
Reconhecimento, promoções, participação no processo de decisão.
seu trabalho importante.
5)Necessidades de autorrealização que corresponde à
possibilidade de sermos tudo aquilo que se pode ser.
Autonomia, liberdade para demonstrar criatividade e inovação e
realização
Para motivar os trabalhadores, os gestores devem
identificar o nível de necessidades, ajustando os
estímulos ao nível em que aqueles se encontram.
Esta teoria tende a ser criticada:
• Pela falta de confirmação empírica;
• Pelo facto de os indivíduos poderem experimentar
duas necessidades em simultâneo;
• Pelo facto de ver o indivíduo como um ser uniforme,
esquecendo os fatores culturais.

João Pedro Freitas Silva


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Modelo das Características da Função Teoria do Reforço de Luthans e Kreitner


de Hackman e Oldham A teoria do reforço defende que o comportamento é
As características do trabalho têm sido apontadas como função das suas consequências, sendo que o que
uma das principais causas de (des)motivação. Com controla o desempenho são os reforços, e não as
base em evidência empíricas, Hackman e Oldman necessidades ou impulsos. Deste modo, a motivação é
chegaram à conclusão que são 5 as características do consequência de encorajar os comportamentos
trabalho que contribuem para fazer da função uma positivos e desencorajar os comportamentos
fonte de motivação: negativos.
• A variedade corresponde ao grau em que a função Os reforços são qualquer consequência que resulta de
exige o recurso a competência, atividades e um comportamento e podem ser de quatro tipos:
conhecimentos diversificados. • O reforço positivo consiste em dar uma recompensa
• A identidade corresponde ao grau em que a função contingente ao desempenho do comportamento
requer a execução de um trabalho identificável, isto é, pretendido, de modo a aumentar a probabilidade que
com um princípio e fim, e que origina um resultado este ocorra novamente.
visível. • O reforço negativo incide no reforço do
• O significado corresponde ao impacto do trabalho na comportamento desejado, contudo consiste em
vida dos outros (dentro e fora da organização). suspender ou evitar uma consequência negativa.
• A autonomia corresponde ao nível de independência P.e. deixar de vigia um empregado, se o seu comportamento mudar
no planeamento e na execução do trabalho. • A extinção do reforço consiste na extinção do
• O feedback corresponde à quantidade e à qualidade reforço positivo, para reduzir a frequência do
de informação sobre o progresso do indivíduo na comportamento indesejado.
execução do trabalho e os níveis de desempenho • A punição reduz a frequência do comportamento
alcançados. indesejado por via de consequências negativas.
Teoria do Processo Teoria da Definição de Objetivos de Locke e Latham
As teorias do processo ajudam a explicar como o A teoria da definição de objetivos sugere que o
comportamento do indivíduo é energizado, desempenho humano é direcionado por objetivos e
direcionado, sustentado e interrompido e procuram intenções conscientes.
responder à questão “Como se desenrola o Ter ou estabelecer estes objetivos pode aumentar a
comportamento de motivação?”. motivação, pois quando cumpridos, trazem um senso
Teoria da Equidade de conquista que motiva ainda mais o indivíduo.
A teoria da equidade sugere que as pessoas elaboram Os bons objetivos devem seguir a mnemónica
um rácio baseado na comparação entre os seus inputs SMART, ou seja, devem ser específicos, mensuráveis,
(nível de escolaridade, de inteligência, de esforço, …) e realizáveis, razoáveis e agendados.
outputs (pagamento, benefícios, …) e os inputs e As condições de sucesso na definição de objetivos são:
outputs de outros indivíduos, fora e dentro da a aceitação e comprometimento; a participação e a
organização. E, percecionando iniquidade, agem de elaboração conjunta dos objetivos; a transmissão de
modo a repô-la. feedback; e a existência de recompensas.
Assim, a motivação é consequência da iniquidade Teoria das Expectativas de Vroom
percebida A teoria das expectativas sugere que, para uma dada
Do processo de comparação podem surgir três situação, o nível de motivação do indivíduo depende do
situações: seu desejo por um resultado.
• Perceção de equidade quando os rácios são iguais. Assim, a motivação pode ser vista como uma função
• Perceção de iniquidade por defeito quando o outro que depende:
obtém mais outputs, embora os inputs sejam iguais. • Da expectativa que corresponde à probabilidade de
• Perceção de iniquidade por excesso quando os uma ação conduzir a um nível de desempenho
nossos outputs são superiores, embora os inputs associado a um resultado desejado.
sejam iguais. • Da valência que corresponde ao grau de atratividade
As organizações devem ser capazes de discriminar os que o resultado representa para o indivíduo.
contributos de cada um e recompensa-los de forma • Da instrumentalidade que corresponde ao grau em
justa. que um resultado facilita o acesso a um outro
A pressão criada pela iniquidade pode ser resolvida: resultado.
pela troca de inputs; pela troca de outputs; pela escolha P.e. uma boa classificação na avaliação de
de um novo “outro”; e pelo abandono da posição. desempenho, pode ser instrumental para aceder a uma
promoção.
Design do Trabalho
O design do trabalho é um método que consiste em
estabelecer os deveres e as responsabilidades de um
trabalho, com a intenção de melhorar a produtividade e
o desempenho.
Ampliação Do Trabalho
A ampliação do trabalho é um método do design do
trabalho que aumenta a gama de tarefas e
responsabilidades de modo a torna-lo mais desafiante.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Rotação do Trabalho EMPENHAMENTO


A rotação do trabalho consiste no processo de O empenhamento organizacional traduz uma relação
mudança periódica dos trabalhadores de um trabalho de vinculação de um indivíduo para com a organização,
para outro, de modo a aumentar a sua flexibilidade. medindo a ligação psicológica do indivíduo à
Enriquecimento do Trabalho organização, bem como a sua lealdade, e o seu desejo
O enriquecimento do trabalho consiste no aumento em continuar como membro da organização.
da dimensão do trabalho, para torna-lo mais complexo, Dimensões
estimulante e satisfatório para os funcionários. Empenhamento Afetivo
Recompensas Extrínsecas O empenhamento afetivo diz respeito ao apego
As recompensas extrínsecas são prémios atribuídos emocional, à identificação e envolvimento na
aos funcionários. organização.
Salário Baseado Na Antiguidade Os trabalhadores com este tipo de empenhamento
O salário baseado na antiguidade inclui salários e ficam na empresa porque assim o desejam.
aumentos salariais com base na quantidade de tempo Este é influenciado pelas experiências individuais
que o funcionário se encontra na organização. anteriores (socialização familiar e cultural) e
Salário Baseado Na Natureza posteriores (socialização organizacional).
O salário baseado na natureza/conteúdo do trabalho Empenhamento Instrumental
consiste na avaliação do valor de determinado trabalho O empenhamento instrumental diz respeito aos
para a organização, assim como da sua relação com custos associados à saída da organização. Assim, o
outros trabalhos dentro da organização. indivíduo está na empresa porque precisa.
Salário Baseado Na Habilidade O emprenhamento instrumental decorre da perceção da
O salário baseado nas habilidades recompensa os falta de alternativas disponíveis no mercado de trabalho
funcionários com mais habilidades e conhecimentos e dos custos pessoais resultantes da sua saída.
que possam levar a um melhor desempenho. Empenhamento Normativo
Salário Baseado Na Performance O empenhamento normativo diz respeito ao
O salário baseado na performance inclui incentivos sentimento de obrigação e na crença na
financeiros concedidos aos funcionários pelo responsabilidade de lealdade que o indivíduo tem para
cumprimento de certas metas e objetivos. com a organização. Assim, este está na empresa uma
Estes incentivos podem ser: vez que se sente moralmente obrigado a permanecer.
• Individuais: Este depende de um processo de internalização dos
o Taxa por peça onde os trabalhadores recebem uma valores e das experiências sociais e organizacionais,
quantia fixa por cada unidade de produção assim como do contrato psicológico que se estabeleceu
concluída. entre os indivíduos e a organização.
o Pagamento por mérito onde o salário aumenta em Causas
proporção do desempenho. • Os indivíduos mais satisfeitos tendem a denotar
o Bónus que consiste num plano de remuneração que maiores níveis de empenhamento afetivo e
recompensa os funcionários por um bom normativo.
desempenho, sendo acrescido ao seu salário base. • A afetividade positiva parece explicar positivamente
• Coletivos: os laços afetivos e normativos, e negativamente o
o Partilha de ganhos que está relacionada com os vínculo de natureza instrumental.
ganhos provenientes da redução dos custos. • A perceção de justiça e de apoio dos superiores
o Partilha de lucros. fomenta o desenvolvimento de ligações afetivas e
o Dividendos. normativas.
• Funções desafiantes, clareza de papéis autonomia
e a receção de feedback induzem níveis elevados de
empenhamento afetivo e normativo.
Consequências
• As três dimensões do empenhamento estão
negativamente ligadas com a rotatividade.
• O empenhamento afetivo está negativamente
relacionado com o absentismo.
• Os laços afetivos e normativos estão positivamente
relacionados com o desempenho global, enquanto
que a dimensão instrumental aparece negativamente
correlacionada.
• Os empenhamentos afetivo e normativo estão
positivamente correlacionados com a adoção dos
comportamentos de cidadania organizacional.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

CONTRATO PSICOLÓGICO Conteúdo


O contrato psicológico é um acordo não escrito entre Deveres/Obrigações da Deveres/Obrigações do
um indivíduo e a organização, cujos termos incluem Organização Empregado
obrigações mútuas e que interferem no modo como o Formação e
empregado se relaciona com a organização. desenvolvimento
Este incorpora expectativas dos indivíduos acerca Equidade/Justiça de
destas mesmas obrigações mútuas. Cumprir com horários de
tratamento
Estas expectativas dependem da perceção dos empregados acerca trabalho
Apoio
dos deveres que a organização tem para consigo, e os deveres que Competência
Reconhecimento
este tem para com a organização. Estas perceções, contudo, podem Honestidade
Bom ambiente de
não ser partilhadas pela organização. Lealdade
trabalho
Desenvolvimento Compensação justa
Boa Apresentação
Tais crenças nas obrigações recíprocas podem surgir de Flexibilidade ...
Segurança de Emprego
diversas fontes: Oportunidades de
• Promessas explícitas da parte da organização; progressão na carreira ...
• Observação das ocorrências com outros membros
Tipos
organizacionais;
A taxomia completa dos tipos de contratos psicológicos
• Observação de eventos passados; resulta dos diferentes modos como se cruzam duas das
o Experiências profissionais em outras organizações e dimensões básicas: o grau em que são definidas
funções. recompensas contingentes do desempenho e a
É também plausível afirmar que estas crenças sejam influenciadas
pelos contextos culturais, pelos padrões educacionais e pelas duração do contrato.
experiências de vida observadas e vividas. Daí emergem quatro tipos de contratos:
Características Deveres do Empregado Deveres do Empregador
O contrato psicológico demonstra algumas
Desempenho por
características, entre elas: pagamento
Clara especificação de
• O facto de ser percetual e idiossincrático uma vez funções
Transacional

Acrescentar valor
Remuneração por
que resulta das perceções individuais e subjetivas e Autodesenvolvimento
desempenho
derivam de experiências passadas, diferindo assim de Autogestão de carreira
Aceitar a saída
Respeito da Cultura
indivíduo para indivíduo; Organizacionais
Sem obrigação de
• O facto de ser baseado em obrigações mútuas, nas Sem permanência e
segurança emprego
e de formação
quais ambas as partes investem num relacionamento lealdade
com a expectativa de obtenção de um resultado Permanência
Relacional

Remuneração estável
positivo; Desempenho acordado
Emprego longo prazo
• O facto de ser dinâmico visto estar submetido a Cidadania organizacional
Justiça Formação
Identificação valores
processos de “renegociação” continuamente organizacionais Lealdade
Apoio indivíduo
estimulados, mudando assim ao longo do temo, no
Desenvolver
decurso da relação entre empregado e empregador; competências valiosas Garantir empregabilidade
Equilibrado

• O facto de ser detido pelo indivíduo, mas se Desempenho de novas Dar oportunidades
encontrar ligado ao contexto da relação. funções desenvolvimento
A organização, sendo a outra parte no relacionamento, proporciona Ajudar na Apoiar aprendizagem
o contexto para a criação do contrato psicológico, mas não tem um competitividade da contínua
contrato psicológico com os seus membros. organização
Funções
Transicional

O contrato psicológico vem: Inconsistência-


desconfiança Desconfiança Mudanças
• Reduzir a insegurança, pois acaba por preencher as Incerteza das obrigações reduzem benefícios
lacunas ou as omissões existentes na relação com a Menos retornos esperados
organização;
• Moldar o comportamento do empregado, pois este Contrato Transacional
ajusta o seu comportamento na base dos resultados O contrato transacional caracteriza-se por termos
críticos e mais importantes; contratuais de curta duração e bem especificados.
• Fornecer ao empregado o sentimento de influência Espera-se que o empregado cumpra um leque limitado
sobre o seu futuro dentro da organização. e definido de obrigações, sem que lhe seja obrigada a
manutenção de lealdade o de um compromisso para o
futuro.
Da organização espera-se que cumpra as suas
obrigações de compensação, não sendo espectável que
exija ao trabalhador a adoção de comportamentos
extra-papel, nem que lhe proporcione formações e
oportunidades de desenvolvimento.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Contrato Relacional Génese da Violação


O contrato relacional caracteriza-se por termos São dois os fatores que estão na génese da quebra do
contratuais de longa duração, abertos e pouco CP: a negação e a incongruência, e é neles que se
especificados. pode iniciar um caminho conducente aos sentimentos
A relação baseia-se na confiança mútua e na lealdade. de violação do contrato.
As recompensas facultadas são fracamente Negação
contingentes do desempenho, antes derivado da A negação ocorre quando um agente da organização
pertença e da participação na organização do quebra uma promessa feita ao empregado.
empregado. Tal pode ocorrer da inabilidade, da incapacidade, da impossibilidade,
Espera-se que o empregado seja leal à organização, e ou da ausência de vontade.
que a organização lhe faculte segurança no emprego e Incongruência
bem-estar pessoal. A incongruência ocorre quando o empregado e os
Contrato Equilibrado agentes da organização perfilam diferentes
O contrato equilibrado é aquele em que os arranjos da entendimentos acerca da promessa.
Tal pode acontecer pelo facto de a comunicação das promessas não
relação de emprego são dinâmicos e abertos. ter sido clara, pelo facto de as promessas serem ambíguas ou
As recompensas conferidas são contingentes ao complexas e de as partes terem esquemas de referência socioculturais
desempenho e ao contributo para as vantagens diferentes.
competitivas da organização. Detenção do Incumprimento
O empregado deve desenvolver as suas competências Não basta haver incumprimento, é necessário que ele
com valia no mercado e procurar desenvolver a sua seja detetado. A detenção da discrepância entre o que
carreira no mercado laboral externo, trazendo à foi prometido e o que foi cumprido depende de dois
organização o valor daí decorrente. fatores: a saliência e a vigilância.
A organização deve facultar ao empregado Detetado o incumprimento, o indivíduo procede à
oportunidades de fomento da sua empregabilidade. comparação entre os benefícios prometidos e os
Contrato Transicional recebidos, e as contribuições por ele prometidas e
O contrato transicional é um estado cognitivo que fornecidas.
reflete as consequências da mudança e das transições A perceção de quebra ocorre apenas quando o resultado
que colidem com arranjos previamente definidos. A emergente desta comparação é desequilibrado.
relação decorre num quadro de incerteza acerca das
Saliência
obrigações mútuas, de alguma desconfiança e de
A saliência da promessa para o empregado é tanto
empobrecimento das expectativas acerca da relação
maior quanto maior for a sua importância, e quando
futura.
mais presente estiver na sua mente.
Violação
Vigilância
As perceções de violações do contrato psicológico têm
A vigilância é o grau em que o empregado monitoriza
implicações nos comportamentos dos indivíduos, e no
o modo como a organização cumpre as promessas.
modo como passam a relacionar-se com a organização.
Esta depende da natureza da relação, das perceções dos
Quebra custos associados ao incumprimento e da incerteza
Quebrar um contrato significa não honrar os seus inerente à promessa.
termos. Assim, a quebra do CP significa que, na
Consequências da Violação
perceção do empregado, a organização falhou na
A perceção de violação tem como consequências:
resposta às suas contribuições contratuais.
• A diminuição da satisfação;
A quebra percecionada não conduz necessariamente ao
sentimento de violação do contrato. • O aumento do sentimento de injustiça;
Na verdade, esta representa a cognição de que a organização não • A diminuição da lealdade;
cumpriu a sua parte. • O aumento da raiva e do ressentimento;
Violação • O aumento da rotatividade;
Para que o verdadeiro sentimento de violação ganhe • A diminuição da ocorrência de CCO;
vida é necessário que o empregado considere que a • O aumento da ocorrência de comportamento
responsabilidade pela quebra cabe à organização, e/ou contraproducentes;
não há atenuantes desculpabilizadoras, e/ou que a • A diminuição do empenhamento afetivo;
organização nada fez para mitigar os efeitos das • O aumento do empenhamento instrumental.
ocorrências. Esta violação vem acabar por danificar a
relação entre as partes.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

JUSTIÇA ORGANIZACIONAL Justiça Procedimental


As perceções de justiça influenciam um leque A justiça procedimental focaliza-se no processo, ou
significativo de atitudes e comportamentos seja, na justiça dos meios/procedimentos/regras usados
organizacionais. para alcançar os resultados ou fins.
Assim, o “sentido de justiça” desempenha um papel Este tipo de justiça pode ser avaliado nos:
central no funcionamento eficaz das organizações e na • Procedimentos para determinar promoções e
satisfação dos membros organizacionais. aumentos salariais;
Tipos • Sistemas de avaliação de desempenho;
Existem dois tipos de justiça: a justiça objetiva e a
• Processos disciplinares;
justiça subjetiva.
• Processos de recrutamento e seleção;
Justiça Objetiva
A justiça objetiva ocorre quando existe uma adesão a • Despedimentos.
um determinado critério normativo de justiça. A justiça procedimental é constituída por:
Justiça Subjetiva • Elementos estruturais que dão ênfase nos aspetos
A justiça subjetiva depende da perceção individual de formais e explícitos subjacentes às políticas
justiça, ou seja, do modo particular como cada organizacionais;
indivíduo interpreta as políticas, práticas, • Elementos interpessoais, que ênfase na vertente
procedimentos e decisões organizacionais em termos social (tratamento digno e respeitador,
de justiça. reconhecimento e respeito pelos direitos das pessoas
Dimensões e sensibilidade às necessidades individuais,
Quando falamos de justiça é pertinente distinguir as fornecimento de explicações para as decisões...).
suas três facetas: distributiva, procedimental e Para que haja justiça, é necessário que haja:
interacional. • Consistências… os procedimentos devem ser
Esta distinção é importante uma vez que:
Se tende a sobrevalorizar a justiça distributiva em detrimento da
consistentes ao longo do tempo e para as diferentes
procedimental e internacional; pessoas;
Não se pode compreender as atitudes das pessoas sem ter em conta • Supressão dos enviesamentos… o decisor deve ser
estas facetas. independente, isto é, não ter interesse na decisão,
Por exemplo, o indivíduo pode concordar com a sanção e o processo
disciplinar, mas reagir negativamente, pela forma como o superior lhos procedimentos não-enviesados;
apresenta. • Exatidão da informação… as decisões devem
Justiça Distributiva basear-se em informação exata e rigorosa;
A justiça distributiva focaliza-se no conteúdo, isto é, • Correção… os procedimentos devem garantir a
na justiça dos fins ou resultados alcançados. possibilidade de corrigir as más decisões;
Este tipo de justiça pode ser avaliado nos: • Representatividade… todas as fases do processo
• Salários; decisional devem refletir as opiniões e interesses das
• Classificações obtidas nas avaliações de desempenho; partes afetadas e dos diferentes subgrupos;
decisões sobre promoções; • Eticalidade… os procedimentos devem respeitar as
• Sanções disciplinares; aceitação/rejeição de normas éticas e de moralidade.
candidatos a emprego; Estas regras podem ser aplicadas:
• Lucros distribuídos pela gestão aos trabalhadores. • Sanções Disciplinares
Para que haja justiça, é necessário que haja: o O indivíduo deve ter voz no processo;
• Igualdade… todos os indivíduos recebem o mesmo, o Deve haver privacidade no processo;
independentemente das contribuições; o Devem observar-se regras de consistência (sanções
• Equidade… os indivíduos recebem de acordo com idênticas para infrações similares);
os seus investimentos/contributos; o A decisão deve basear-se em informação exata e
• Necessidade…os indivíduos recebem em função das rigorosa;
suas necessidades independentemente do mérito da o Deve haver possibilidade de correção de más
contribuição; decisões.
• Adesão às promessas… os indivíduos recebem o • Avaliações de Desempenho
que lhes foi prometido; o As avaliações devem basear-se na evidência e não
• Legalidade… os indivíduos recebem o que lhes é em dados especulativos;
devido por lei. o As pessoas devem ter a oportunidade de apresentar
o seu ponto de vista;
A perceção de injustiça distributiva pode resultar em:
o Os itens de avaliação devem ser pertinentes;
• Insatisfação;
o Deve haver mecanismos de autoavaliação;
• Comportamentos contraproducentes ou de retaliação; o Deve haver possibilidade de recurso.
• Pior desempenho individual e grupal;
• Aumento de turnover e absentismo;
• Aumento do nível de conflito;
• Menor índice de comportamentos de cidadania
organizacional.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

• Tomada de decisão estratégica em multinacionais COMPORTAMENTOS DE


o Deve haver comunicação bilateral entre os gestores CIDADANIA ORGANIZACIONAL
da sede e os das subsidiárias; Os comportamentos de cidadania organizacional
o Devem ser aplicados procedimentos consistentes caracterizam-se por ser comportamentos voluntários
nas diversas unidades organizacionais; não exigidos formalmente pelo papel ou descrição do
o Os decisores das filiais devem poder refutar as cargo, e que, agregadamente, promovem o
decisões da sede; funcionamento eficaz da organização.
o Os gestores centrais devem estar familiarizados Categorias
com a situação local das subsidiárias. Dentro dos CCOs emergem duas categorias principais:
• Despedimentos os CCOs dirigidos à organização e aos indivíduos.
o Deve haver aviso prévio atempado; CCOs Dirigidos à Organização
(designadamente para que as pessoas se possam preparar para Os CCOs dirigidos à organização não se dirigem a
fazer a busca de novo emprego) ninguém em particular, mas ajudam a organização
o Devem ser observados critérios justos e como um todo. E estão relacionados com a obediência
consistentes na escolha das pessoas despedidas; geral e com a conscienciosidade.
o As pessoas devem ter oportunidade de expressar a Exemplo destes comportamentos são:
‘sua voz’. • Assiduidade acima do normal;
Justiça Interacional • Informar com antecedência as faltas ao trabalho;
A justiça interacional reflete a qualidade da interação
• Adesão às regras informais destinadas a manter a
com os decisores.
ordem;
A justiça interacional é constituída por duas • Não se servir dos recursos da empresa para uso
categorias: pessoal.
• Justiça interpessoal, que diz respeito à sensibilidade CCOs Dirigidos aos Indivíduos
social (tratamento digno e respeitador); Os CCOs dirigidos aos indivíduos dirigem-se a
• Justiça informacional, que diz respeito à indivíduos específicos. E estão relacionados com o
justificação informacional, ou seja, ao facto de as altruísmo.
pessoas esperam que lhe sejam dadas explicações Exemplo destes comportamentos são:
lógicas e adequadas face a resultados que são • Ajudar os colegas que estiveram ausentes ou que têm
desfavoráveis. trabalhos difíceis a realizar;
Para que haja justiça, é necessário que haja: • Disponibilidade para ouvir os problemas dos colegas;
• Respeito… tratamento digno e respeitador; • Passar a informação aos colegas;
• Sensibilidade… demonstração de respeito e • Ajudar o supervisor.
sensibilidade pelas necessidades pessoais; Dimensões
• Justificação… são fornecidas explicações Conscienciosidade
adequadas, lógicas e sinceras, para as decisões A pessoa executa as suas atividades de um modo que
tomadas; ultrapassa os requisitos mínimos ou o esperado.
• Direitos… respeito pelos direitos das pessoas e Desportivismo
auscultação da sua opinião. O indivíduo evita queixas desnecessárias perante os
A justiça interacional ajuda a explicar um conjunto de problemas, não se lamenta excessivamente face a
atitudes e comportamentos organizacionais, entre eles: incómodos.
• A confiança nos gestores; Virtude Cívica
A pessoa revela envolvimento e participação na
• A aceitação ou rejeição de decisões;
organização.
• Reações a despedimentos; Participa em reuniões a que não está obrigado…
• Empenhamento organizacional; Altruísmo
• Taxas de rotatividade; O indivíduo ajuda pessoas específicas com problemas
• Comportamentos de cidadania organizacional; ou tarefas importantes.
• Comportamentos retaliatórios ou contraproducente. Cortesia
A pessoa comporta-se de modo a evitar problemas para
os outros.
Não abusa dos direitos dos outros, é cauteloso com atos que possam
afetar as funções ou o trabalho de outras pessoas…

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Nova Classificação Antecedentes


Mais recentemente, alguns autores acabaram por A existência de CCOs vem:
preconizar uma nova classificação dos comportamentos • A satisfação com o trabalho, com as chefias leva à
de cidadania organizacional agrupando-os em quatro reciprocidade com a adoção de comportamentos de
macro-dimensões: ajuda, sugestões construtivas…;
• Sociedade • A perceções de justiça aumenta a lealdade e os
o Promoção da reputação da empresa; índices elevados de confiança;
o Participação no bem-estar social. • A confiança na organização e nos decisores
• Organização predispõe a criação de contratos psicológicos
o Participação ativa nas atividades organizacionais; relacionais;
o Proteção dos recursos da empresa; • Os empenhamentos afetivo e normativo levam ao
o Ter voz. aumento dos sacrifícios pessoais em prol da
• Grupo organização;
o Ajuda aos colegas de trabalho; • A elevada conscienciosidade leva à ocorrência de
o Harmonia interpessoal. CCOs;
Espírito de camaradagem, partilha de conhecimentos, não falar • A elevada propensão para a confiança (pessoas menos
mal dos outros “nas costas,” não passar a vida a lamentar-se dos desconfiadas nas suas relações sociais no trabalho e mais dispostas
privilégios dos outros, ter espírito de equipa.
a cooperar) leva à ocorrência de CCOs;
• Indivíduo
• O elevado motivo afiliativo (desejo de estabelecer fortes
o Manter limpo o local de trabalho; relações interpessoais);
o Iniciativa; • A elevada autoestima (as pessoas têm mais iniciativa,
o Autoformação e autodesenvolvimento. adotam comportamentos pró-ativos orientados para a mudança)
Influência na Eficácia Organizacional leva à ocorrência de CCOs;
A existência de CCOs vem: • A elevada orientação para o coletivo (pessoas mais
• Aumentar a produtividade dos colegas de trabalho; preocupadas com os interesses do grupo e que subordinam os seus
Ex: Os mais antigos ajudam os recém-chegados interesses próprios ao coletivo) leva à ocorrência de CCOs;
• Incrementar a produtividade dos gestores; • Elevados níveis de afetividade positiva (pessoas mais
Ex: Trabalhadores conscienciosos requerem menos supervisão entusiastas, ativas e fortes, com um elevado sentido de bem-estar)
• Diminuir custos e libertar recursos para atividades levam à ocorrência de CCOs.
mais produtivas; • Elevados níveis de afetividade negativa (pessoais mais
Ex: As pessoas ausentam-se menos do trabalho por razões receosas e angustiadas, experienciam maior desconforto e
pessoais; faltam menos; fazem menos pausas desnecessárias…
insatisfação com o trabalho) levam à inexistência de
CCOs.
• Reduzir os conflitos e aumentar a coesão grupal; Práticas Promotoras
Ex: Os atos de ajuda e cortesia incrementam o espírito de grupo
O departamento de Gestão de Recursos Humanos pode
• Facilitar a coordenação entre membros de equipa;
Ex: A participação voluntária em reuniões e o interesse pelas
fomentar a existência de CCOs através de algumas
atividades da organização facilitam a coordenação do trabalho práticas, entre elas:
• Contribuir para reter os mais competentes; • O fornecimento de programas de apoio à formação ao
Ex. Promoção do espírito de grupo, de coesão, de lealdade longo da vida; oportunidades de carreira e de
• Facilitar a estabilidade do desempenho benefícios sociais extensivos à família;
organizacional; • Os processos de seleção e socialização devem
Ex.: Quando as pessoas se dispõem a ajudar quem esteve ausente, assegurar alguma estabilidade de emprego,
isso garante menor variabilidade de desempenho
perspetivas de carreira e formação;
• Facilitar a adaptação da organização a mudanças
• Ajustamento entre os valores do indivíduo e da
organizacionais;
Uma vez que há maior desportivismo e menor resistência à
organização;
mudança • Recrutar pessoas com capacidade de iniciativa;
• Contribuir para a melhoria da qualidade das • Sistemas de recompensa devem assentar mais no
decisões; desempenho da organização e menos no desempenho
Uma vez que existe partilha de informação, troca de opiniões… individual;
• Contribuir para a satisfação, fidelidade e aumento da • Não detalhar/formalizar excessivamente as ações
clientela. passíveis de recompensa extra, risco de perda de
Ex: Ajudar aos clientes para além das expetativas, aumenta a espontaneidade.
fidelidade, o ‘passa a palavra’ e as referências positivas sobre a
organização

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

GRUPOS NAS ORGANIZAÇÕES Variáveis que Influenciam a Eficácia


O grupo pode ser definido como um número de dos Grupos de Trabalho
indivíduos que interagem entre si, estão Dimensão
psicologicamente conscientes uns dos outros, e têm a Características dos membros
perceção de constituir um grupo. Papéis
Tipos Normas
Os grupos podem sem classificados consoante: a Inputs Estatuto
forma como se estabelecem as interações no seio do Estádios de desenvolvimento
grupo, e a qualidade das interações que se Coesão
estabelecem entre os membros de um grupo. Características da tarefa
Quanto à forma como se Variáveis ambientais
estabelecem as interações no seio do grupo
Quanto à forma como se estabelecem as interações no Comportamentos Requeridos
seio do grupo, temos: Estilo de liderança
• Os grupos primários, onde as interações que se Rede de Comunicações
estabelecem são face a face; Processo Influência
Ex: grupo de trabalho ou de amigos Clima do grupo
• E os grupos secundários, onde as relações entre os Funções da tarefa
membros se estabelecem de forma indireta. Funções de manutenção do grupo
Ex: um clube desportivo
Produtividade
Quanto à qualidade das interações que
Desempenho
se estabelecem entre os membros de um grupo:
Inovação
Quanto à qualidade das interações que se estabelecem Outputs
Bem-estar
entre os membros de um grupo, temos:
Satisfação dos membros
• Os grupos formais onde as interações entre os
Viabilidade
membros de um grupo se encontram definidas por
normas de conduta e regras de procedimento Elementos Estruturais dos Grupos
previamente estabelecidas; Dimensão do Grupo
Dentro destes grupos temos ainda: Os grupos têm que ser suficientemente grandes para
o Os grupos permanentes que são designados para realizarem as tarefas que lhe são atribuídas, por isso
levarem a cabo tarefas numa base contínua; devem ter entre 5 e 8 elementos.
Tipicamente aparecem nos organogramas como departamentos, Se forem demasiadamente grandes, os grupos podem ser
divisões… disfuncionais devido ao aumento das necessidades de coordenação
o E os grupos temporários, que são criados com um ou redução do envolvimento.
Com menos de 5 elementos há menos indivíduos para partilhar a
objetivo específico, cuja prossecução marca o fim responsabilidade, com mais de 8 elementos há menos oportunidades
do grupo. de participação individual, e os membros podem sentir-se inibidos
Ex: equipa para coordenação da mudança de instalações para para manifestar as suas opiniões. Para além disso, nos grupos grandes
outro edifício, equipa responsável pela fusão de duas aumenta a probabilidade de dominação por membros mais agressivos
empresas…). e a tendência de divisão em grupos menores; e aumenta também o
• E os grupos informais, onde o relacionamento entre social loafing, ou seja, quanto maior o grupo, menor a contribuição
os indivíduos é casual e não planeado. do esforço individual para a tarefa de grupo.
Os grupos informais emergem porque as pessoas procuram Composição do Grupo
satisfazer necessidades pessoais ou ainda porque podem ajudar à É necessário adequar o perfil de competências que o
execução prática dos objetivos organizacionais. grupo deverá possuir às características da tarefa que lhe
Funções é confiada.
Os grupos têm como função: Assim, deve ter-se presente os níveis de
• Organização e estruturação do trabalho; homogeneidade de interesses e valores por parte dos
Juntar um conjunto complexo de capacidades e competências
específicas, que dificilmente se poderão encontrar numa só pessoa
membros de um grupo.
e atribuir-lhe diferentes tarefas. Pessoas que são semelhantes ao nível das suas atitudes e convicções
tendem a formar grupos estáveis e duráveis. A homogeneidade tende
• Desempenhar tarefas de coordenação e ligação entre a promover a satisfação com a pertença ao grupo, e é mais eficaz em
unidades interdependentes duma organização; tarefas simples
• Gerar ideias e soluções novas, especialmente A heterogeneidade de aptidões e atitudes de um grupo
quando é importante estimular a criatividade dos seus pode originar bloqueios, e é uma fonte potencial de
membros; conflitos, contudo, pode ser adequada para a realização
• Resolução de problemas que pela sua de tarefas complexas.
complexidade, quantidade e dispersão da informação
necessária, bem como pela avaliação de alternativas,
dificilmente poderá ser bem-sucedida quando feita
individualmente;
• Aumentar o empenhamento e envolvimento dos
indivíduos em decisões complexas e facilitar a sua
implementação.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Papéis Estatuto
Os papéis referem-se ao conjunto de comportamentos Há uma hierarquia de status, segundo a qual os
bem definidos cujo desempenho é esperado por parte membros do grupo podem ser ordenados tendo em
de uma pessoa ou de um grupo num dado contexto. conta o seu prestígio, importância e utilidade para o
Belbin identificou 8 papéis importantes para a eficácia grupo.
do grupo: Os indivíduos de estatuto mais elevado tenderão a receber mais
informação que os de estatuto mais baixo.
• O Presidente é o coordenador dos esforços do grupo O líder do grupo deve ter atenção a este fenómeno e procurar que os elementos
e deve ser um indivíduo disciplinado e de estatuto inferior sejam ouvidos e as suas ideias consideradas pelo grupo.
emocionalmente estável, bom ouvinte, bom O estatuto pode ser influenciado pela posição formal
comunicador e diplomata; que o indivíduo ocupa na organização, mas também
• O Líder Funcional possui uma personalidade por fatores informais, como a idade, a educação, o
dominante e é o responsável pela tarefa do grupo. É número de anos na organização…
um indivíduo enérgico e impaciente, que mobiliza o Coesão do Grupo
grupo para os seus objetivos funcionais; A coesão do grupo corresponde ao grau em que os
• O Génio é o indivíduo dominante do ponto de vista membros de um grupo se identificam com o mesmo e
intelectual e a fonte de ideias criativas. Pode, partilham o seu empenhamento face ao grupo e aos
contudo, ser pouco cuidadoso com os pormenores; seus objetivos. Esta revela-se pela vontade dos seus
• O Captador de Recursos é o elemento mais popular, membros em permanecerem no grupo.
extrovertido e sociável, que arranja novos contactos e Esta pode ser intensificada pela:
ideias, e que estabelece a ligação do grupo com o • Maior consenso face aos objetivos e à sua
exterior. importância;
• O Avaliador é o elemento que possui grande • Pequena dimensão do grupo;
inteligência analítica, com capacidade para dissecar • Perceção de semelhança cultural entre os seus
cuidadosamente as ideias e argumentos. É o analista membros;
de confiança; Grupos compostos por pessoas semelhantes, que partilham os
mesmos interesses, gostos e preferências
• O Implementador é o organizador pragmático e
• Existência de ameaças externas.
metódico que transforma as ideias do grupo em
Fases de Desenvolvimento do Grupo
planos e calendários. É metódico, no que diz respeito
Fase de Constituição/Formação do Grupo
à qualidade do trabalho, e determinado;
Na fase de constituição do grupo ocorre a definição
• O Companheiro da Equipa é o elemento que de papéis, o estabelecimento dos objetivos formais do
mantém a harmonia no grupo, emocionalmente grupo e a definição de regras.
estável, sempre disponível para prestar apoio aos Fase de Conflito/Tempestuosidade
outros membros do grupo. É um elemento popular e Na fase do conflito as diferentes personalidades e
pouco competitivo; estilos individuais confrontam-se.
• O Aperfeiçoador é o indivíduo que mantém a É marcado por grande emocionalidade e tensão entre os membros do
atenção do grupo para o cumprimento dos prazos e grupo. Podem emergir subgrupos e desenvolver-se alguns conflitos
que verifica os detalhes, para que o trabalho saia Estes confrontos levam a disputas de poder, que são
pontualmente e sem erros. acomodadas e resolvidas pelo grupo que faz emergir
Normas um líder.
As normas constituem as convicções partilhadas por Fase de Coesão/Integração
um grupo acerca dos comportamentos admissíveis ou Na fase de coesão estabelecem-se as normas
desejáveis por parte dos membros desse grupo. necessárias ao funcionamento do grupo que, ao serem
As normas servem para definir os comportamentos dos membros do interiorizadas pelos membros do grupo, desenvolvem a
grupo relativamente à produtividade, relações com o líder, relações coesão grupal.
interpessoais com outros colegas de equipa, fatores de aparência
pessoal, distribuição de recursos… Este é o período em que o grupo começa a funcionar
Assim, estas têm essencialmente uma função como unidade coordenada.
reguladora dos comportamentos no grupo. Uma vez Fase de Execução/Integração Total
definida, uma norma define um critério de atuação que Na fase de execução o grupo está finalmente apto a
é objeto de vigilância e controlo por parte do grupo. focar a sua atenção na resolução dos problemas
A conformidade às normas do grupo pode ser obtida inerentes à sua atividade.
As questões relacionadas com o seu funcionamento e com o estatuto
quer por via de submissão, pela qual os membros do dos membros do grupo estão já ultrapassadas.
grupo pretendem evitar punições e obter recompensas, Representa um grupo maduro e organizado, apto para lidar com
quer por internalização, pela qual os membros tarefas complexas e gerir discordâncias de forma criativa.
acreditam que as normas correspondem a
comportamentos corretos, independentemente das
punições e recompensas associadas.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Vantagens dos Grupos Dinâmicas Intergrupos e Conflito


Dentro das vantagens dos grupos, temos: À medida que os membros aumentam a identificação
• A criação de um maior potencial criativo na busca com o seu grupo, há a probabilidade de desenvolver
de soluções ou na tomada de decisões; rivalidades com outros grupos na organização.
• A capacidade de os grupos influenciarem a O conflito intergrupo pode ser:
mudança de atitudes; • Disruptivo ou disfuncional, quando inibe o
• A criação de identidades grupais; indivíduo ou grupo de realizar os seus objetivos e
E, consequentemente, exercem influências positivas continuar a cooperar. Esta competição destrutiva
ao nível da produtividade individual; resulta de um conflito de objetivos;
• Os grupos são os meios onde se estabelecem as • Construtivo ou funcional, quando é produzido um
relações interpessoais informais facilitadoras da clima de frontalidade com vista à discussão e
comunicação e da circulação de informação. resolução do problema, numa perspetiva construtiva.
Desvantagens dos Grupos
Dentro das desvantagens dos grupos, temos: EQUIPAS NAS ORGANIZAÇÕES
• Inadequação da utilização de grupos nas Uma equipa é um conjunto de pessoas que se unem
organizações quando as tarefas são muito para aplicar as suas skills individuais, que, como um
estruturadas; todo, se complementam, num projeto ou objetivo
• Os grupos tendem a exercer sobre o indivíduo uma comum.
pressão à conformidade, levando a perdas no Tipos
desempenho individual e a uma conformidade de Equipa Virtual
comportamentos; Uma equipa virtual é constituída por membros que se
• Maior lentidão na tomada de decisões; encontram geograficamente distantes, e trabalham em
• Os elevados custos associados ao tempo necessário conjunto através de e-mails, conferências de vídeos,
para o funcionamento em grupo podem desincentivar mensagens e outros meios eletrónicos.
a sua utilização; Equipa Autogerida
• Emergência de grupos disfuncionais e formação de Uma equipa autogerida é constituída por membros
subgrupos conflituantes; que gerem os seus próprios objetivos diários, sob
• A ocorrência do PENSAMENTO GRUPAL: pouca, ou nenhuma supervisão.
o Ilusões de invulnerabilidade do grupo; Equipa Resolve-Problemas
O grupo sente que está acima de qualquer crítica ou ataque Uma equipa resolve-problemas consiste num pequeno
o Racionalização coletiva que desconsidera a grupo de trabalhadores que se juntam durante uma
informação dissonante, levando à recusa da sua pequena quantidade de tempo, para resolverem um
consideração; problema específico.
o Crença na moralidade irrepreensível do grupo e Equipa Multifuncional
dos seus objetivos; Uma equipa multifuncional corresponde a um grupo
o Estereotipagem negativa dos indivíduos exteriores de trabalhadores de departamentos diferentes, e com
ao grupo e de outros grupos; diferentes especialidades, que se juntam para trabalhar
o Rejeição dos membros que questionem ou em diferentes projetos.
ponham em dúvida as conclusões do grupo e Variáveis que Influenciam a
exercício de pressão direta para que se calem; Eficácia dos Grupos de Trabalho
o Autocensura pelos membros do grupo; Influências Contextuais
Daqui resulta que os membros não apresentam preocupações ou
pontos de vista alternativos; Recursos disponíveis
o Ilusão de unanimidade, que advém da imediata Características da tarefa
aceitação do consenso e da ausência de dissensão; Sistemas e estruturas
o Censura ao exterior através dos «guardiões Inputs organizacionais
espirituais» do grupo, que protegem os seus Influências Intra-Equipa
membros e o seu líder da exposição a outros pontos Dimensão
de vista. Skills, habilidades, personalidade
e diversidade dos membros
Desenvolvimento da equipa
Processo Normas e a coesão
Ganhos e perdas do processo
Bens ou serviços
Outputs Viabilidade da equipa
Satisfação dos membros

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Tomadas de Decisão em Equipa1 TOMADA DE DECISÃO


Quando é necessário tomar uma decisão, existem A tomada de decisão corresponde ao processo de
vários meios para o fazer, entre eles: identificação de uma estratégia para a resolução de
• O brainstorming que consiste em lançar ideias problemas.
criativas e espontâneas para o ar, sem nenhum Deste modo, esta ocorre quando as entidades
criticismo inicial ou julgamento; autoritárias identificam um problema relevante,
• A técnica do grupo nominal que corresponde a uma iniciando-se assim um processo de tomada de decisão,
maneira estruturada de os membros das equipas decisão esta que, por sua vez, traz consequências.
gerarem ideias e identificarem soluções; Tipos de Decisão
• A técnica de Delphi, um método de tomada de Existem dois tipos de decisão, as programadas, e as
decisão onde é recolhida informação, por cada um não programadas.
dos membros, na sua especialidade. Decisões Programadas
Vantagens de uma Equipa Efetiva As decisões programadas são aquelas que têm um
Equipas efetivas: carácter repetitivo e para as quais foram desenvolvidos
• Produzem um maior número de ideias e informação; procedimentos padronizados.
• Melhoram a compreensão e a aceitação entre os Decisões Não Programadas
indivíduos envolvidos na solução de problemas; As decisões não programadas estão envoltas em
• Têm um maior nível de motivação e de escassa informação prévia e dúvidas quanto à
performance, comparadamente a indivíduos que qualidade de cada uma das possíveis alternativas e
trabalham sozinhos; quanto aos cursos de ação potencialmente adequados.
• Eliminam a parcialidade pessoal e os pontos cegos Estas decisões envolvem níveis elevados de
ambiguidade, havendo uma maior probabilidade de
que inibem a análise efetiva de problemas;
conflitos de interesses entre as partes envolvidas.
• Tornam mais provável a adoção de soluções mais
Condicionantes da Tomada de Decisão
arriscadas e inovadoras.
Os principais condicionantes da tomada de decisão
são:
• A informação disponível;
• A importância da decisão;
• As atitudes da empresa;
• A capacidade do decisor;
• A existência de regulamentação;
• A criatividade e a inovação;
• E o tempo.
Obstáculos à Tomada de Decisão
Os principais obstáculos à tomada de decisão são:
• O enviesamento do julgamento;
Sendo este condicionado pelas preferências do decisor, pela
perceção seletiva e pela experiência pessoal do decisor
• Escalada de empenhamento;
• Pensamento de grupo.
Geralmente, os grupos altamente coesos podem ter perspetiva
distorcida face às situações, tentando procurar consenso, em vez de
explorar alternativas
Estilos de Tomada de Decisão
Estilo Diretivo
O estilo diretivo é usado por gestores que preferem
soluções claras e bem definidas, sendo estas baseadas
nas informações que este consegue reunir. As decisões
tomadas são rápidas e baseadas na racionalidade e na
eficiência, de modo a obter melhor resultados.
Neste estilo existe, portanto, uma fraca tolerância à
ambiguidade.
Estilo Analítico
O estilo analítico é usado por pessoas que procuram
soluções complexas, baseando-se nas informações que
lhes são providas. Os tomadores dessa decisão usam
dados objetivos e racionais para as tomadas de
decisões.
Para além disso, existe ainda uma alta tolerância à
ambiguidade.

1O groupthink é um fenómeno psicológico onde as pessoas, num


grupo coeso, entram em consenso com a opinião geral do grupo, em
vez de expressarem a sua própria opinião.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Estilo Conceptual Conclusões


O estilo conceptual é adotado por pessoas criativas, e M. Racional M. R. Limitada
socialmente orientadas e que gostam de conversar com Problema
Problema
outras pessoas sobre os problemas que têm que Formulação identificado
importante é
enfrentar e sobre as possíveis soluções. problema reflete interesse
identificado
Estilo Comportamental do gestor
O estilo comportamental é adotado por gestores que Um conjunto
Identificação Todos os
tem a preocupação com os outros, gostando, por isso, pequeno de
do critério de critérios são
de entender os sentimentos sobre os problemas e o critérios é
decisão identificados
efeito da decisão sobre as pessoas. identificado
Assim, os gestores com este estilo de decisão estão preocupados com Todos são
o desenvolvimento pessoal daqueles que os rodeiam Interesses do
avaliados e
Modelo Racional Alocação pesos gestor
hierarquizados
O modelo racional indica-nos que as pessoas podem dos critérios influenciam
face à
hierarquizações
aceder à informação de que necessitam para tomar organização
uma decisão, acabando por optar por escolher a Descrição das
melhor solução disponível para o seu caso concreto. Lista de todas Lista parcial
alternativas
Fases do Modelo Racional Todas avaliadas Analisa-se
1. Fase da Pré-Análise onde os problemas são Análise
e consequências primeiro a
identificados e definidos; alternativas
conhecidas solução favorita
2. Fase de Análise onde os problemas são analisados e Seleção Melhor Satisfatória
é recolhida informação sobre os mesmos;
3. Fase do Design de soluções para combater os Avaliação Objetiva Menos objetiva
diversos problemas; Tomada de Decisão na Realidade
4. Fase de Escolha onde todas as soluções são Decisões Satisfatórias
avaliadas, e a solução ideal é escolhida; As decisões satisfatórias, tal como o nome indica,
5. Fase da Implementação onde esta solução ótima é apontam para resultados aceitáveis, em vez de
implementada; apontarem para o resultado ótimo.
6. Fase da Avaliação e Controlo da solução Instinto
implementada. O instinto corresponde ao processo inconsciente de
Limitações do Modelo Racional tomada de decisão baseado na imaginação e nas
Alguns autores apontam limitações ao modelo possibilidades.
racional, dentro destas temos, por exemplo: Heurísticas
• A complexidade e a ambiguidade dos problemas; As heurísticas são processos cognitivos empregados
• A indisponibilidade de toda a informação; em decisões não racionais, sendo definidas como
• A limitação da capacidade de processamento de estratégias que ignoram parte da informação com o
informação, quer das pessoas quer da própria objetivo de tornar a escolha mais fácil e rápida.
organização, bem como o facto de os decisores não Heurísticas de Disponibilidade
serem pessoas desinteressadas dos resultados das As heurísticas de disponibilidade permitem-nos fazer
suas decisões; julgamentos com base em exemplos e eventos que nos
• A quantidade de tempo disponível para o processo vêm imediatamente à cabeça.
de tomada de decisão, particularmente saliente no Heurísticas de Ancoragem e Ajuste
caso das envolventes de alta velocidade; As heurísticas de ancoragem e ajuste permitem-nos
• O conflito de preferências dos decisores. fazer julgamentos com base na primeira informação
Todas estas limitações criaram o termo “racionalidade que obtemos, ajustando-a, posteriormente.
limitada”. Heurísticas Representativas
Modelo da Racionalidade Limitada de Herbert Simon As heurísticas de ancoragem e ajuste permitem-nos
A tomada de decisão é limitada por restrições de fazer julgamentos com base em estereótipos
tempo e pela capacidade cognitiva dos gestores representativos.
analisarem uma grande quantidade de informação. Abordagem Éticas na Tomada de Decisão
Posto isto, o modelo da racionalidade limitada vem- Abordagem Utilitarista
nos dizer que os gestores tendem a contentar-se com a A abordagem utilitarista foca-se em tomar decisões
primeira alternativa de solução considerada que resultem num bem maior para a maioria das
satisfatória, sem se preocuparem em fazer uma análise pessoas.
mais exaustiva, porque esta é uma forma de poderem Abordagem dos Direitos
responder mais rapidamente. A abordagem dos direitos foca-se em tomar decisões
com base em princípios morais que infringem o
mínimo possível os direitos de terceiros.
Abordagem Justa
A abordagem justa foca-se em tomar decisões
baseadas na justiça e equidade.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Tomada de Decisão em Grupo PODER E COMPORTAMENTO POLÍTICO


Tempestade de Ideias Poder
A tempestade de ideias, ou brainstorm, consiste na O poder pode ser descrito como a capacidade que um
formação de um grupo (6 a 12 pessoas), sendo que, nas indivíduo (A) tem de influenciar o comportamento de
sessões, o líder expõe problema, e cada elemento outro (B), levando-o a fazer algo que de outra forma
apresenta uma solução, totalmente livre de críticas não faria sem a sua intervenção. Ou seja, corresponde à
ou julgamentos, sendo estas, posteriormente, capacidade de influenciar situações, decisões e
analisadas. indivíduos que estão numa situação de dependência.
Grupos Nominais Características do Poder
Nesta técnica de tomada de decisão em grupo, os O poder:
membros estão presentes fisicamente, mas operam • Pressupõe alguma forma de interação entre os atores
independentemente. sociais;
Assim, os membros encontram-se como um grupo, mas • É relativo, ou seja, ninguém é, ou não é, poderoso
antes de qualquer discussão ser levada a cabo, cada em abstrato, mas sim em relação a outros atores;
membro independentemente escreve as suas ideias • É situacional, pois depende do contexto, sendo que
sobre o problema. ninguém tem poder em quaisquer circunstâncias;
Posteriormente, cada membro apresenta agora a sua • É uma capacidade, ou seja, não precisa de ser
ideia ao grupo. Sendo que, depois, o grupo discute exercido para se transformar em poder;
estas ideias para ganharem uma maior clareza e as • É exercido através da influência, isto é, da
avaliarem. capacidade para modificar ou condicionar as atitudes,
A decisão final é determinada pela ideia que possui a os valores ou comportamentos;
melhor posição na globalidade. • Pressupõe dependência;
Técnica Delphi A dependência aumenta quando o recurso que se possui é
A técnica de Delphi é uma técnica de tomada de importante, escasso/raro e insubstituível
decisão em grupo na qual os membros nunca se • Pressupõe resistência, ou seja, o exercício do poder,
encontram face-a-face. pela via da dependência, determina que B obedece a
Numa primeira instância, o problema é identificado, e A, não por vontade própria, mas porque não
aos membros é pedido que forneçam soluções consegue evitá-lo.
potenciais através de uma série de questionários A resistência de B é inversamente proporcional à dependência de
cuidadosamente elaborados; B em relação a A.
Depois, cada membro anonimamente e Fontes de Poder
independentemente completa o primeiro questionário. Poder Legítimo
Os resultados do primeiro questionário são compilados, O poder legítimo representa o poder que advém da
transcritos e reproduzidos, sendo que, no final, cada posição hierárquica ocupada na estrutura formal da
membro recebe uma cópia dos resultados. Após terem organização.
visto os resultados é pedido novamente aos membros Inclui, por isso, os poderes coercivo e de recompensa.
soluções. O poder legítimo é o mais amplo de todos, pois inclui
Os resultados ou fazem disparar novas soluções ou, então, provocam a aceitação, pelos membros da organização, da
mudanças na posição original autoridade de um cargo, correspondendo ao direito de
Estes últimos passos (“cada membro recebe uma cópia dos dar ordens e esperar ser obedecido.
resultados” e “após terem visto os resultados é pedido novamente aos Poder Coercivo
membros soluções”) são repetidos quantas vezes forem O poder coercivo assenta na exploração do medo.
necessárias até se chegar a um consenso. O indivíduo reage a este tipo de poder em virtude das
consequências negativas que poderão resultar no
caso de não acatar a influência exercida pelo outro.
Decorre da aplicação ou ameaça de aplicação de
sanções ou de um controlo de necessidades
fisiológicas ou de segurança.
Poder de Recompensa
O poder de recompensa assiste ao indivíduo que
está em condições de distribuir recompensas que
sejam valorizadas por outros.
Prémios materiais, incluindo salários, comissões, benefícios e
incentivos e também a possibilidade de participar num projeto
interessante ou frequentar uma ação de formação
Poder de Conhecimento
O poder de conhecimento resulta da habilidade
específica ou conhecimento único/valioso que se
possui ou que se aparenta possuir.
Tornou-se numa das bases mais poderosas de influência, devido à
maior dependência em relação à tecnologia e aos peritos e
especialistas

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Poder de Referência Aspetos Negativos do Poder


O poder de referência baseia-se na personalidade ou • O poder e a política nas organizações são, por
no estilo de comportamento de certos indivíduos. natureza, processos de autoatendimento;
Este tipo de poder explora a admiração, o respeito e o • O poder pode ser abusado nas organizações;
desejo de seguir/imitar as atitudes e comportamentos Esse abuso hierárquico e interpessoal de poder é um perigo para os
de um modelo. indivíduos afetados por ele e para a própria organização.
Está presente nos indivíduos dominadores, imponentes ou • O poder pode ser usado de uma maneira que afeta
carismáticos, que detêm as características necessárias para induzir os negativamente o senso de dignidade e respeito
outros a fazer o que eles querem
próprio dos outros;
Origem de Poder • O poder abusivo interfere no desempenho do
Os poderes legítimo, coercivo e de recompensa trabalho dos funcionários, interfere nas realizações
derivam da posição que o indivíduo ocupa na
dos objetivos e pode bloquear as recompensas
organização formal.
merecidas.
Os poderes de conhecimento e de referência derivam
Comportamento Político
essencialmente de características e capacidades
Os comportamentos políticos são comportamentos
pessoais, exercendo-se, na maior parte dos casos, no
não formalmente sancionados pela organização e
âmbito da organização informal.
focados em maximizar o interesse próprio,
Reações perante o Poder geralmente às custas da organização ou de outros
• O poder de conhecimento e de referência, de funcionários.
natureza mais informal e mais dependente das Assim, este excede os limites dos requisitos formais do cargo, pois
características pessoais, são mais propensos a gerar refere-se a atividades que não são requeridas como parte integrante
maior empenhamento do que as outras formas de do papel formal e traduz uma tentativa de influenciar os objetivos,
critérios ou processos usados na tomada de decisão.
poder, ou seja, maior identificação e aceitação dos
objetivos definidos pelo gestor. Assim, este distingue-se do poder, por ser o poder em
ação, ou seja, por se materializar no exercício da
• Os tipos de poder mais formais – legítimo, coercivo
influência.
e compensatório – têm um impacto mais imediato
Características do Comportamento Político
sobre o comportamento dos que se encontram em
As atividades políticas:
situações de dependência, levando ao
cumprimento/obediência, ainda que tal seja • Visam sobretudo exercer influência;
Modificar/condicionar as atitudes, valores ou comportamentos de
conseguido às custas de discordância, não quem é influenciado
produzindo empenhamento. • Pressupõem a perceção de interesses divergentes
Balancear o Poder Alguma forma de resistência ou oposição entre os atores
Pessoas com menos poder usam quatro táticas para envolvidos
equilibrar o poder: • São atividades extra-papel, que se desenvolvem
• Diminuir as suas necessidades; sobretudo no âmbito da organização informal;
Precisam de menos ou são menos dependentes • Têm uma natureza percetiva, sendo que os mesmos
• Aumentar as suas fontes alternativas de conseguir comportamentos podem ser interpretados como
o que querem, ganhando assim independência. políticos, ou não, consoante a perceção que o
• Aumentar as necessidades de outras pessoas por superior tenha dos motivos do trabalhador;
nós, tornando-as mais dependentes. • Para serem tidas como políticas, as atividades terão
• Diminuir as fontes alternativas de outras pessoas, que ser desenvolvidas em benefício do interesse
tornando-as mais dependentes. próprio
Aspetos Positivos do Poder O fim último da ação individual e que justifica a utilização de
todos os meios
• O poder não é apenas necessário para o
• Pressupõem a intencionalidade do exercício de
funcionamento organizacional positivo, mas
influência;
também uma força vital e crítica para garantir a O exercício de manobras calculadas com o intuito deliberado de
sobrevivência organizacional. influenciar alguém
• O poder e pode ajudar as organizações a se • Podem ser disfuncionais, no caso de afetarem a
adaptarem e interagirem com o ambiente eficácia organizacional.
organizacional adequadamente. Legitimidade do Comportamento Político
• O poder é uma força positiva, porque as O comportamento político legítimo corresponde a
subunidades organizacionais mais capazes de lidar uma política normal do dia-a-dia.
com os problemas críticos da organização e as Reclamar com o chefe, ultrapassar a cadeia de comando, formar
incertezas adquirem poder. coligações…

• O poder é um aspeto necessário e saudável do O comportamento político ilegítimo, por sua vez,
funcionamento organizacional, porque é um corresponde a um comportamento político exacerbado,
que viola as regras do jogo estabelecidas.
componente crítico da liderança. Sabotagens e denúncias de colegas...
Fatores Indutores
Algumas pesquisas identificaram alguns fatores que
parecem incentivar o comportamento político, sendo
estes os fatores individuais, organizacionais e
situacionais.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Fatores Individuais Gestão de Impressões


Os fatores individuais correspondem a características A gestão de impressões corresponde ao processo
que podem afetar a propensão do indivíduo para se através do qual as pessoas procuram controlar a
envolver em atividades políticas, entre estes temos: impressão que os outros formam a seu respeito. Esta
• Elevada motivação para o poder; traduz uma preocupação presente nos indivíduos com
• Locus de controlo interno; elevado nível de automonitorização, que se mostram
Maior tendência a serem pró-ativos e a tentar manipular as particularmente hábeis na leitura das situações e sabem
situações a seu favor moldar a sua aparência e comportamento para se
• Elevado nível de maquiavelismo; ajustarem a cada circunstância.
O desejo de manipulação e poder presentes na personalidade
maquiavélica leva à utilização da política como meio de atender
Esta pressupõe uma utilização cuidadosa para não ser
aos interesses próprios percebida como falsa ou manipuladora
As evidências são de que as técnicas de gestão de impressões
• Propensão para o autoritarismo. funcionam, pois quando usadas no âmbito das entrevistas de seleção,
Fatores Organizacionais aumentam a eficácia dos candidatos no acesso aos empregos
Os fatores organizacionais são o resultado da cultura Técnicas de Gestão de Impressões
organizacional ou o clima interno da empresa. Técnica Descrição
Assim, a atividade política é maior quando há:
Mostrar Mostrar acordo com vista a ganhar a
• Perceções de elevada atividade política na Conformidade aprovação e simpatia
organização;
A política alimenta-se a si própria Apresentar explicações tendentes a
• Baixo nível de formalização; Desculpar-se minimizar a severidade das
A incerteza e ambiguidade em termos de procedimentos é maior, consequências
intensificando a atividade política Apresentar Apresentar desculpas destinadas a
• Elevada diferenciação; desculpas obter perdão
Maiores diferenças de objetivos, de valores e linguagem entre as
várias unidades tende a favorecer a atividade política Enaltecer um resultado favorável de
Autopromoção
• Níveis elevados de conflito; que foi protagonista
Sobretudo quando acompanhado de escassez de recursos Enaltecer as virtudes de outrem com
• Elevada incerteza e ambiguidade nas decisões e Elogiar
vista a obter a sua simpatia
processos de gestão;
Fazer um favor a alguém, para ganhar
• Elevada dimensão organizacional; Voluntariar-se
a sua aprovação e simpatia
• Clima caracterizado por baixo nível de confiança
Mostrar Gerir informação sobre pessoas com
interpessoal;
familiaridade quem está associado
• Sistemas de avaliação de desempenho assentes em
critérios subjetivos. Gestão de Impressões e Carreirismo Extremo
Ou nos quais as pessoas não se revêm. Geralmente, as pessoas que demonstram carreirismo
Fatores Situacionais extremo apresentam as seguintes características:
Os fatores situacionais estão relacionados com • Maquiavelismo;
aspetos específicos da situação que aumentam os • Locus de controlo interno;
níveis de politização da organização, e estes são: • Automonitorização;
• Situações de sucessão; • Perceção de política organizacional;
• Processos de distribuição de recursos; • Ambições de progressão na carreira;
• Declínio organizacional; • Tendência para mudar de emprego;
• Situações de formulação/renovação de estratégias • Orientação de curto prazo na carreira;
e de políticas organizacionais; • Fraca satisfação;
• Situações de mudança e de inovação; • Baixa motivação;
• Processos de promoção ou de avaliação de • Baixo envolvimento na função;
desempenho; • Fraco empenhamento organizacional.
• Contratações. E alguns dos seus comportamentos típicos são:
Táticas Políticas Mais Comuns • Culpar os outros, não aceitando as
• Tornar-se uma peça indispensável para a responsabilidades pelos seus erros, atribuindo a culpa
organização; a outra pessoa para proteger a sua reputação;
Competências técnicas específicas ou relacionamentos externos
privilegiados • Tomar o crédito pelo trabalho de outros;
• Estabelecimento de uma rede pessoal de contactos; • Desacreditar os outros, tentando diminuir as
Maior acesso a informação privilegiada qualidades positivas de outras pessoas, especialmente
• Apoiar os indivíduos mais poderosos na quando se trata de competidores;
organização; • Intimidação, tentar aparentar uma situação de
De modo a obter apoio futuro perigo, levando os outros a acreditar que se não
• Controlar a agenda organizacional; concordarem podem sofrer consequências negativas.
• Coligações/alianças;
• Troca de apoios/favores.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Estes comportamentos trazem algumas consequências: CONFLITO


• Ao nível individual prejudicam a carreira de outras O conflito ocorre quando se dá uma interação entre
pessoas; pessoas interdependentes que percecionam a existência
• Ao nível grupal faz com que os cargos sejam de objetivos, desejos e valores opostos, e que encaram
ocupados por pessoas de menor competência; a outra parte como potencialmente capaz de interferir
• Ao nível organizacional cria um clima de cinismo. na sua realização.
Processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra
parte afeta, ou pode afetar negativamente, algo que a primeira
considera importante
Elementos Chaves
O conflito:
• Pressupõe alguma forma de interação entre os
atores;
Para que se dê a ocorrência de ações e reações que passam certos
limites
• Pressupõe interdependência, isto é, cada uma das
partes envolvidas no conflito está em condições de
interferir ou inviabilizar os objetivos da outra;
• Tem que ser percebido;
A (in)existência de conflito é uma questão de perceção das partes
envolvidas
• Envolve alguma forma de oposição ou
incompatibilidade relativamente aos objetivos de
ambas as partes
Assim, estes desacordos são baseados em expectativas de
comportamentos, diferenças nas interpretações dos factos, etc.
Papel dos Conflitos nos Grupos e nas Organizações
A visão sobre o papel dos conflitos nos grupos e nas
organizações tem vindo a variar ao longo dos anos.
Abordagem Tradicional
A abordagem tradicional é a abordagem mais antiga
sobre o conflito. Esta perspetiva os conflitos como
contraproducentes, como algo que deve ser evitado.
Para reforçar o seu aspeto negativo, vê-o como
sinónimo de violência, destruição e irracionalidade…
Abordagem das Relações Humanas
A abordagem das relações humanas argumenta que o
conflito é uma consequência natural nos grupos e
organizações.
Sendo inevitável, a escola humanista racionaliza a
ocorrência do conflito e propõe a sua aceitação.
Abordagem Interacionista
A abordagem interacionista considera a ocorrência
de conflito como absolutamente necessária para a
eficácia do desempenho dos grupos.
Um grupo harmonioso, pacífico e cooperativo corre o
risco de tornar-se estático, apático e incapaz de
responder à necessidade de mudança e inovação.
Por isso, os líderes dos grupos devem estimular um
nível mínimo constante de conflito, tornando-os
autocríticos e criativos.
Porém, nem todos os conflitos são funcionais
Tipos de Conflitos
Quanto ao Nível em que Ocorrem
Conflito Intrapessoal
O conflito intrapessoal ocorre dentro do indivíduo.
Devido, por exemplo, ao conflito de ideias, pensamentos, emoções,
valores, predisposições
Conflito Interpessoal
O conflito interpessoal ocorre entre indivíduos.
Por exemplo, entre colegas de trabalho, entre chefia e subordinado
Conflito Intragrupal
O conflito intragrupal ocorre dentro de um pequeno
grupo.
Os membros de uma equipa discordam quanto à forma de reorganizar
a respetiva célula de trabalho

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Conflito Intergrupal Fatores Estruturais


O conflito intergrupal ocorre entre grupos. Os fatores estruturais, que tendem a aumentar a
Equipa X versus equipa Y ocorrência de conflitos, estão relacionados com
Conflito Intraorganizacional variáveis como:
O conflito intraorganizacional abrange a generalidade • A dimensão;
das partes da organização. Um grupo de elevada dimensão leva a uma maior formalização,
Situação de conflito generalizado especialização, maior número de níveis hierárquicos, circuito de
Conflito Horizontal informação mais longo e sujeito a distorções
O conflito horizontal se ocorrer entre departamentos • A especialização/diferenciação funcional;
ou grupos do mesmo nível hierárquico, dentro da • A idade e rotatividade;
mesma organização. Quando os membros dos grupos são mais jovens e quando o
turnover é elevado
Conflito Vertical
O conflito vertical se ocorrer entre departamentos ou • A ambiguidade na definição das responsabilidades
Aumenta a luta interna no grupo pelo controlo de recursos
grupos de níveis hierárquicos diferentes, dentro da
• A diversidade de objetivos entre os grupos;
mesma organização.
• O estilo de liderança;
Conflito Interorganizacional Quando é rígido, isto é, assente no controlo do comportamento dos
O conflito interorganizacional ocorre entre indivíduos, tende a aumentar a ocorrência de conflitos
organizações. • Os processos democráticos;
Por exemplo, travado entre uma associação ambientalista e uma A participação nestes processos pode igualmente contribuir para
empresa perceber e promover as diferenças
Quanto ao Nível da Matéria em que são Feitos • Os sistemas de recompensa;
Conflito de Interesses Quando assentes numa lógica de soma-nula, ou seja, quando o
O conflito de objetivos/interesses resulta do facto de ganho de um se dá com a perda de outro
pelo menos uma das partes envolvidas percecionar • A dependência de um grupo em relação a outro, ao
incompatibilidade entre os seus fins, interesses, invés de interdependência.
objetivos ou satisfação de necessidades e os da outra Processo
parte. O processo do conflito divide-se em quatro fases:
Conflito Cognitivo 1. A fase dos antecedentes, onde os fatores referidos
O conflito cognitivo resulta da controvérsia gerada em anteriormente criam o ambiente para potenciais
torno da avaliação de dados empíricos ou factuais. disputas;
As partes possuem diferentes informações, perspetivas e raciocínios, 2. A fase da perceção, onde as diferenças emocionais
que podem tentar conciliar ou não são sentidas;
Conflito Normativo 3. A fase da manifestação, onde as pessoas se
O conflito normativo resulta da divergência em comportam de modo a obterem uma resposta;
matérias relacionadas com os modos de 4. A fase do resultado, onde passam a ser conhecidos
comportamento mais adequados. os efeitos do conflito
Divergência quanto à definição das normas a aplicar, grau em que os
comportamentos devem aderir às normas, e sanções a aplicar no caso Estratégias de Gestão de Conflito
de violação das normas As estratégias de gestão de conflito referem-se às
Antecedentes intenções/predisposições de agir de uma determinada
As fontes de conflitos podem ser condensadas em três maneira na gestão dos conflitos.
categorias gerais: os fatores de comunicação, os A tipologia penta-dimensional, de Thomas, é definida
fatores individuais e os fatores estruturais. pelos eixos cooperação e assertividade.
Fatores de Comunicação Onde a cooperação corresponde ao grau em que uma
Os fatores de comunicação derivam: das partes tenta satisfazer os interesses da outra e a
• Das diferentes interpretações; assertividade corresponde ao grau em que uma das
• Dos mal-entendidos resultantes das distorções no partes tenta satisfazer os seus próprios interesse.
processo de comunicação. Esta tipologia identifica então cinco intenções para a
As pesquisas revelam que o potencial de conflito gestão de conflitos.
aumenta também com a escassez ou excesso de
informação.
Fatores Individuais
Assertividade

Os fatores individuais derivam:


• Dos diferentes sistemas de valores que explicam os
preconceitos e desacordos relativamente ao
contributo de cada um e respetivas recompensas;
• Dos traços de personalidade que são também
responsáveis pelas diferenças entre indivíduos,
podendo originar conflitos.
Indivíduos muito autoritários ou dogmáticos ou com baixa
autoestima são mais propensos a causar conflitos Cooperação

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Sendo estes: Aspetos Positivos


• A competição. • Permite clarificar os assuntos;
o Tentativa de alcançar os objetivos individuais em • É um antídoto contra o groupthink;
detrimento dos objetivos dos outros, de convencer o • Permite reconhecer problemas ignorados;
outro de que eu estou certo e ele errado, ou de lhe • Conduz a novas abordagens ao problema e gera
atribuir a culpa de um problema. diversidade de pontos de vista;
o Assertivo e não cooperativo. • Faculta a partilha de pontos de vista;
• A colaboração. • Induz a motivação e energia necessárias à melhor
o As partes em conflito procuram solucionar o execução das tarefas;
problema procurando uma solução ganho-ganho, • Facilita a inovação, a mudança e a adaptação;
que permita a ambas alcançar as suas metas pela via • Aumenta a lealdade e a coesão no seio de cada grupo
de uma solução que, incorporando as duas rival;
perspetivas, beneficie as partes envolvidas. • Desafia o statu quo;
o Assertivo e cooperativo Ou seja, desafia o estado das coisas
• O evitamento. • Permite libertar tensões;
o O indivíduo reconhece o conflito, mas tenta ignorá- • Fortalece as relações interpessoais;
lo, evitando o contacto com os indivíduos com • Reduz a preguiça social;
quem não concorda ou esperando que o tempo Principalmente em grupos de maior dimensão, quando certos
resolva o diferendo. elementos se “encostam à sobra da bananeira”
o Não assertivo e não cooperativo. • Melhora a qualidade das decisões.
• A acomodação. Aspetos Negativos
o Tentativa de resolver a situação de conflito • Destrói o moral dos grupos e organizações;
deixando os interesses próprios de lado. • Provoca decréscimos nos níveis de satisfação;
Para manter o relacionamento, uma das partes está disposta a • Aumenta os níveis de tensão e de stress;
sacrificar os seus objetivos, apoia a opinião de alguém sem
concordar totalmente com ela, ou desculpa alguém por uma • Polariza grupos e indivíduos, aprofundando as
infração. diferenças;
o Não assertivo e cooperativo. • Obstrui a cooperação;
• O compromisso. • Cria suspeições, desconfianças e estereótipos;
o Procura encontrar uma saída aceitável para todas as • Desvia as energias das tarefas mais importantes;
partes, sem vencedores nem vencidos. Cada uma • Torna a organização uma ‘arena política’;
das partes faz algumas cedências, para se chegar a • Gera um clima paranoico;
uma situação de compromisso, isto é, uma situação • Suscita distorções nos fluxos comunicacionais;
capaz de satisfazer parcialmente os interesses de • Aumenta os níveis de absentismo e de turnover;
ambas as partes.
• Reduz o empenhamento organizacional;
o Entre as duas dimensões.
• Provoca atrasos nos processos de decisão.
Grau de Conflitualidade
• O baixo nível de conflitualidade pode criar apatia,
estagnação, perda do sentido de urgência, preguiça
social, ausência de empenhamento na procura de
mais e melhores decisões, incapacidade para
enfrentar os desafios da mudança, pensamento
grupal…
• O ótimo nível de conflitualidade estimula a
inovação e criatividade, introduz melhorias na
qualidade das decisões, promove o desempenho…
• O elevado nível de conflitualidade induz níveis
mais elevados de stresse, cria dificuldades de
coordenação e cooperação, gera climas de
desconfiança e ameaças, ambientes paranoicos,
polarização dos grupos, leva a comportamentos de
retaliação, cria o caos e uma arena política
completa…
Funcionalidade do Conflito
A funcionalidade do conflito é medida através dos
outputs/desempenho do grupo. Sendo uma realidade
objetiva, não percetiva.
Assim, o conflito pode ser:
• Funcional se apoiar os objetivos de grupo,
contribuindo para um melhor desempenho, sendo por
isso conflitos construtivos;
• Disfuncional se constrangir o desempenho do grupo,
assumindo, portanto, características destrutivas.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

ESTILOS DE LIDERANÇA Liderança Estratégica


A liderança corresponde à capacidade de um indivíduo A liderança estratégica resulta da combinação da
para influenciar, motivar e capacitar outros a liderança e da gestão, sendo que esta:
contribuírem para a eficácia e sucesso das organizações • Enfatiza o comportamento ético e as decisões
de que são membros. baseadas em valores;
Elementos Chave • Concilia a gestão operacional, do dia-a-dia, com uma
A liderança pressupõe: visão e responsabilidades de longo prazo;
• O envolvimento de mais do que um indivíduo; • Formula estratégias com impacto imediato;
Onde há um líder, há seguidores Mas que preservam a estabilidade organizacional
• Uma distribuição desigual de poder entre eles; • Tem elevadas expectativas sobre desempenho dos
• O exercício de influência (persuasão, inspiração) de colaboradores, subordinados e dele próprio;
um indivíduo sobre outros, tendo em vista a • Acredita nas escolhas que fazem a diferença para a
consecução dos objetivos da organização. organização;
Formalidade da Liderança • Usa metáforas e analogias para explicar decisões
Líderes Formais aparentemente contraditórias.
Os líderes formais são oficialmente designados como Liderança e Resultados Organizacionais:
tal pela organização. O Círculo Virtuoso
Líderes Informais
Os líderes informais não são oficialmente designados O líder
como tal pela organização, mas são tidos como um desenvolve uma
visão inspiradora
pelos seus colegas.
Liderança vs Gestão
Para alguns autores, a liderança é algo mais As vendas e os Os colaboradores
emocional, inovador, criativo, inspirador, visionário, lucros ficam mais
aumentam empenhados
relacional, pessoal, original, proativo, e assente em
valores.
Os líderes tentam criar uma visão, introduzir mudanças e influenciar
os outros para que estes atinjam certos objetivos
A qualidade, quantidade Os colaboradores
Ao passo que a gestão é algo mais racional, “frio”, incrementam o esforço
e produtividade
calculista, eficiente, procedimental, imitador e reativo. aumentam e competências
Os gestores tentam manter o status quo, promover a estabilidade e
assegurar que as operações ocorrem da melhor forma
Assim, nem todos os gestores são líderes.
Competências de Maior Relevância
Gestores Líderes para a Eficácia do Líder
Mais conservadores Mais criativos Competências Técnicas
Analíticos Mais imprevisíveis As competências técnicas consistem:
Reagem e adaptam-se aos Mais intuitivos • Nos conhecimentos e capacidade para usar as
factos Tentam mudar o estado das técnicas e equipamentos para realizar as atividades
Atitudes mais impessoais coisas especializadas da unidade organizacional.
Usam recompensas e Usam imagens que
Competências Interpessoais
punições entusiasmam as pessoas
As competências interpessoais consistem:
Procuram manter um baixo Detetam sinais emocionais,
nível de envolvimento atribuindo-lhes um lugar • Nos conhecimentos sobre o comportamento
emocional nas relações central nas relações individual e processos de grupo;
com os subordinados Atraem sentimentos de • Na sensibilidade para compreender as atitudes,
Frios e racionais identidade ou sentimentos e motivos de outros indivíduos;
Tendem a revelar-se inacessíveis diferenciação • Na capacidade de comunicação.
Reativos Pró-ativos Competências Conceptuais
Adotam atitudes passivas face Mudam a forma como as pessoas
aos objetivos pensam
As competências conceptuais consistem:
• Na capacidade analítica;
• Na capacidade para conceptualizar relações
complexas e ambíguas, intuição, raciocínio indutivo e
dedutivo.
Inteligência Emocional
A inteligência emocional representa a capacidade para
conciliar eficazmente as emoções e a razão,
raciocinando inteligentemente acerca das emoções.
A inteligência emocional está conectada a 4 grandes
capacidades:
• Avaliar e expressar emoções;
• Usar as emoções na melhoria da tomada de decisão;
• Conhecer as causas das emoções e o modo como se
desenvolvem e evoluem;
• Gerir as emoções, tanto as suas como a dos outros.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Componentes da Inteligência Emocional Traços de Maior Relevância para a Eficácia do Líder


• Auto-consciência emocional Assim, os traços de maior relevância para a eficácia de
Reconhecer estados de espírito e um líder são:
Autoconsciência
emoções • Energia e tolerância ao stresse;
• Autoavaliação das forças e Robustez física, resiliência emocional e tenacidade
fraquezas • Autoconfiança;
• Autoconfiança • Locus de controlo interno;
• Autocontrolo de emoções • Maturidade emocional;
disruptivas • Honestidade/integridade;
• Ser inspirador de confiança
• Motivação para o êxito;
• Conscienciosidade
Capacidade de organização e • Motivação para o poder social.
Autogestão planeamento Tão ou mais importantes que os traços, pode ser o
• Adaptabilidade modo como eles se articulam entre si.
Abertura a novas ideias Conclusões
• Orientação para o êxito Os traços:
• Iniciativa e pró-atividade • Desempenham um papel facilitador, mas são pouco
• Social preditivos no exercício da liderança;
• Empatia • Não são suficientes para distinguir líderes de não
Consciência • Consciência organizacional, líderes, e menos ainda eficácia/ineficácia da
Social conhecimentos das redes políticas liderança;
• Orientação para o serviço • Embora alguns traços (relacionamento interpessoal,
Realizar as necessidades do cliente sociabilidade, motivação para o sucesso) sejam
• Liderança visionária necessários na maior parte das situações de liderança
• Influência não são, por si só, suficientes para explicar a
• Desenvolver os outros variabilidade dos desempenhos dos líderes em
Competências • Comunicação diferentes situações.
Sociais • Catalisador da mudança Estas críticas à teoria dos traços levaram a que, nos
• Gestão de conflitos anos 40, surgisse um importante movimento
• Criação de laços divergente, com ênfase no estilo comportamental
• Espírito de equipa e cooperação preferencialmente demonstrado pelos líderes.
Liderança e a Inteligência Emocional Teorias Comportamentais
A inteligência emocional cria líderes: O objetivo dos investigadores passava por
• Capazes de desenvolver uma visão coletiva da caracterizar o líder universal, partindo da
organização e dos seus objetivos, e de como os observação dos comportamentos de indivíduos no
alcançar; exercício de funções de chefia normal, ou de
• Que instilam nos seguidores o reconhecimento da indivíduos que emergissem espontaneamente como
importância do trabalho; líderes em contexto de laboratório.
• Que mantêm o entusiasmo, confiança, otimismo e Surgindo três programas de pesquisa:
cooperação dos colaboradores; • Universidade de Ohio;
• Que encorajam a flexibilidade na tomada de decisão e • Universidade de Michigan;
na mudança; • A grelha gerencial de Blake e Mouton.
• Que estabelecem uma forte identidade Abordagem Comportamental das Pesquisas da
organizacional. Universidade de Ohio
Teoria de Liderança A abordagem da Universidade de Ohio dividiu a sua
Teoria dos Traços abordagem em duas dimensões:
A teoria dos traços está voltada para a identificação • Estruturação
dos traços (sociais, físicos, intelectuais ou de o Que analisa a medida em que o líder:
personalidade) e competências específicos dos líderes, ▪ Impõe regras, define objetivos e critérios;
e a forma como estas se distinguem dos não-líderes. ▪ Se preocupa com a direção das atividades do
Visto estar assente na ideia de que a liderança é inata, grupo.
esta teoria atribui-lhe certas características de Através do planeamento, controlo dos prazos, no sentido do
personalidade. cumprimento da tarefa
• Consideração
o Que analisa o grau em que o líder:
▪ Estabelece com os seguidores uma relação
baseada, não na autoridade, mas na confiança
mútua, no respeito pelas ideias e sentimentos dos
seguidores e preocupação com o bem-estar e
satisfação destes.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Abordagem Comportamental das Pesquisas da Abordagens Contingenciais


Universidade de Michigan A abordagem de contingência à liderança pressupõe
A abordagem da Universidade de Michigan separou os que o seu entendimento requer a consideração de
comportamentos de liderança em duas categorias: ambas as características da liderança (características
• Comportamentos orientados para as tarefas do líder e/ou os seus comportamentos ou uma
o Que são praticados por líderes cuja preocupação combinação) e a situação da liderança.
principal é a obtenção de resultados, centrada nos Deste modo, não há um estilo de liderança eficaz.
aspetos técnicos do trabalho. Sendo que a sua eficácia depende do ajustamento estilo
o A liderança assenta numa visão instrumental dos de liderança/condições ambientais.
seguidores, encarados como um meio para atingir Concluindo, a liderança depende do líder, dos seus
determinadas metas. seguidores e do contexto.
• Comportamentos orientados para as pessoas Modelo Contingencial de Fiedler
o Que são praticados por líderes preocupados em O modelo contingencial de Fiedler define três
obter um bom clima de trabalho, uma boa relação variáveis contingenciais, sendo cada uma destas
com os seguidores. avaliada numa escala de oito pontos:
o Estes líderes aceitam a individualidade dos seus • Relação líder-liderados: traduz a atmosfera da
seguidores, estabelecendo com eles uma relação de relação entre o líder e os seus seguidores.
respeito. Ou seja, o grau de aceitação e respeito que os
Modelo de Blake e Mouton seguidores nutrem pelo líder.
O modelo de Blake e Mounton pode ser O líder que é aceite e respeitado, inspira confiança nos seguidores,
não precisa de apelar à sua autoridade para conseguir o
representando através de uma matriz bidimensional empenhamento dos seus seguidores.
resultante do cruzamento das dimensões o Pode ser bom ou pobre.
comportamentais: a preocupação com a • Grau de estruturação da tarefa: representa a
produção/resultados e a preocupação com as medida em que a tarefa é rotineira, padronizada.
pessoas. Uma tarefa altamente estruturada tende a apresentar objetivos bem
definidos. Tarefas pouco estruturadas têm metas pouco definidas e
múltiplas formas de as alcançar.
o Pode ser elevado ou baixo.
• Poder de posição do líder: mede o grau em que o
líder tem poder legítimo, de recompensa e punição.
Ou seja, autoridade formal para contratar, disciplinar e despedir os
seus colaboradores.
o Pode ser elevado ou reduzido.
RLL Bom Pobre
GET Elevado Baixo Elevado Baixo
PPL E R E R E R E R
1 2 3 4 5 6 7 8

Escala LPC (Least Preffered Coworker)


Fiedler pediu aos respondentes que descrevessem o colega de
trabalho com quem tiveram mais dificuldade em trabalhar.
Assim, surgem 5 tipos de líderes: • Os indivíduos com LPC elevado possuem forte
• O anémico (Gestão 1.1 (empobrecida)) necessidade de manter um bom relacionamento
o Comportamento de liderança que se caracteriza interpessoal e descrevem o seu colega menos
pelo mínimo esforço para realizar a tarefa e motivar preferido de forma relativamente favorável.
o grupo. Estes indivíduos caracterizar-se-iam por um estilo
• O simpático (Gestão 1.9 (permissiva)) de liderança orientado para os relacionamentos.
o Traduz grande preocupação e atenção às pessoas, • Os indivíduos com LPC baixo possuem a
procurando conseguir boas relações e um clima de necessidade de ter êxito na tarefa e descrevem o seu
trabalho agradável, secundarizando as colega menos preferido de forma desfavorável.
preocupações com o trabalho. Estes indivíduos caracterizar-se-iam por um estilo
• O intermédio (Gestão 5.5 (intermédia)) de liderança orientado para a tarefa.
o Traduz um comportamento equilibrado entre a
necessidade de obtenção dos resultados e a • Os líderes com elevado LPC (orientados para os
relacionamentos) eram mais eficazes em situações onde
manutenção a um nível aceitável do moral das
pessoas. o líder possuía poder e influência moderada,
• O autocrático (Gestão 9.1 (de tarefas)) situações intermédias;
o Traduz uma preocupação com comportamentos • Os líderes com baixo LPC (orientados para a tarefa)
voltados para o alcance dos resultados, mesmo que eram mais eficazes em situações extremas: ou
isso seja conseguido através de um tratamento muito favoráveis ou muito desfavoráveis.
menos adequado das pessoas.
• O integrador (Gestão 9.9 (de equipa))
o Sendo elevado o comportamento nas duas
dimensões, é considerado o estilo ideal.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Críticas ao Modelo Teoria dos Caminhos para os Objetivos House & Mitchell
Como é de se esperar, este modelo não é perfeito, Essencialmente, a teoria dos caminhos para os
levantando por isso algumas críticas, entre elas: objetivos argumenta que é função do líder ajudar os
• A escala LPC poderá não ser a melhor forma de seus subordinados a atingir as suas metas,
aferir os comportamentos de liderança, sendo fornecendo orientações e/ou apoio necessário para
preciso encontrar outras medidas; assegurar a compatibilidade com as metas
• O modelo assenta numa medida estática, pois organizacionais.
Fiedler assume que o valor obtido na Escala LPC é Os autores identificam então 4 comportamentos de
constante e não se altera com o tempo. liderança:
Modelo Contingencial de Hersey e Blanchard • Liderança diretiva faz com que se saiba o que se
O modelo contingencial de Hersey e Blanchard vem espera deles, organiza, dá instruções precisas, planeia
dizer-nos que os líderes devem ajustar o seu e coordena o trabalho, sugere regras e procedimentos
estilo/comportamento de liderança ao nível de e estabelece padrões de desempenho.
maturidade dos liderados. • Liderança Apoiante: amigável, demonstra
Quer a maturidade profissional (no cargo), ou seja, os sensibilidade para as necessidades dos seguidores,
seus conhecimentos, a sua experiência, e a sua atua com cortesia e justiça nas relações interpessoais.
competência para executar a função, quer a • Liderança Participativa: consulta os liderados e
maturidade psicológica que diz respeito à sua utiliza as suas ideias antes de tomar decisões.
autoconfiança, ao seu empenhamento e à sua • Liderança Orientada para o Êxito: estabelece
motivação para executar a função. metas desafiantes e espera que os liderados tenham o
Deste modo, os líderes devem atender ao nível de maturidade dos melhor desempenho possível. Transmite aos
seus seguidores e só depois escolherem a combinação
comportamento de tarefa/comportamento de relacionamento mais colaboradores a expectativa de que eles alcançarão
adequado à especificidade da situação. elevados desempenhos.
Assim, este modelo sugere 4 tipos de comportamento a House considera ainda que os líderes são flexíveis,
adotar: podendo adotar qualquer um destes comportamentos,
• Comandar: que relevada uma elevada orientação ou todos, dependendo da situação.
para as tarefas, e uma reduzida orientação para as Para além disso, esta teoria defende que o
pessoas; comportamento do líder depende de duas classes de
• Orientar/Persuadir: que revela uma elevada variáveis contingenciais: as características da tarefa
orientação quer para as tarefas, quer para as pessoas; fora do controlo do trabalhador (estrutura da tarefa, sistema
• Participar: que revela uma elevada orientação para formal de autoridade e grupo de trabalho) e as características
as pessoas, e uma reduzida orientação para as tarefas. dos subordinados (experiência, locus de controlo, capacidade
• Delegar: que revela uma reduzida orientação quer percebida).
para as tarefas, quer para as pessoas. Algumas Previsões do Modelo
Críticas ao Modelo • A liderança diretiva leva a uma maior satisfação
Tal como o modelo anterior, este também é criticado, quando as tarefas são ambíguas ou geradoras de
desta vez, pelo facto de: stress do que quando são estruturadas;
• Assentar apenas numa variável contingencial, a • A liderança apoiante leva a um melhor
maturidade dos seguidores; desempenho e maior satisfação quando as tarefas
Pois, na maior parte das situações, há outras variáveis que são estruturadas;
influenciam o líder na escolha do estilo de liderança mais • A liderança diretiva pode ser percebida como
adequado: o tempo, o trabalho e outro tipo de pressões.
redundante no caso de os seguidores terem larga
• Ter uma reduzida fundamentação teórica e experiência na função e capacidades;
conceptualização ambígua. • Os indivíduos com um locus de controlo interno
ficam mais satisfeitos com um estilo participativo
de liderança.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Líder Transacional vs Líder Transformacional CULTURA ORGANIZACIONAL


• O líder transacional está centrado no A cultura organizacional pode ser descrita como um
desenvolvimento de inter-relacionamentos com os sistema de valores e convicções partilhado por todos
seus seguidores. O líder dirige e motiva os seus os membros de uma organização, que nos pode
liderados na direção dos objetivos estabelecidos, ajudar a interpretar quais são os comportamentos
clarificando os papéis e exigências da tarefa. apropriados e não apropriados.
• O líder transformacional caracteriza-se pela criação Por outras palavras, pode ser considerada como a personalidade da
organização (rígida ou flexível, hostil ou apoiante, inovadora ou
de uma mais-valia resultante das sinergias do grupo. conservadora)
Compete ao líder modelar e elevar os motivos e Níveis da Cultura Organizacional
valores do grupo e a sua transformação como um O primeiro desafio que o estudo da cultura coloca é de natureza
todo em termos de novos objetivos, ambição mais conceptual, devido à diversidade de abordagens e níveis de análise
elevada e novas formas de atuação conjunta. da cultura.
Apesar da multiplicidade de perspetivas, níveis e metodologias de
o O líder obtém dos seguidores confiança, admiração, análise da cultura organizacional, ela pode ser considerada como um
lealdade e respeito; fenómeno organizacional emoldurado pelo contexto nacional.
o O líder consegue que os seguidores se tornem mais A cultura tem uma natureza multidimensional, podendo ser
orgulhosos da importância e do valor do trabalho analisada em múltiplos níveis: individual, grupal, organizacional e
nacional.
realizado;
o O líder consegue que os seguidores ultrapassem os Nível de Análise Objeto de Estudo
seus interesses particulares em favor dos interesses Transcultural Valores e normas nacionais
do grupo ou da organização; Valores e normas
Organizacional
o O líder consegue ativar as necessidades de organizacionais
autorrealização dos seguidores; Grupal ou Subcultural Valores e normas grupais
Liderança Transcendental/Espiritual Perceção individual da cultura
Individual
A liderança espiritual corresponde a uma forma de organizacional
liderança transformacional autêntica. Nível Transcultural
Assim, há uma transcendência dos interesses O nível transcultural estuda o impacto das variáveis
pessoais, seja em prol da organização, dos colegas ou da cultura nacional (valores nacionais) nas
da sociedade em geral. características das organizações que nelas atuam.
Líder pode ser caracterizado como sendo servidor e Os estudos sugerem que a cultura nacional tem um impacto maior
altruísta, com uma elevada integridade moral e um sobre os funcionários do que a cultura organizacional. Ou seja, a
elevado locus de controlo interno. cultura do país tende a ser mais influente do que a cultura
organizacional…
O líder transcendental consegue dos seguidores:
• Empenhamento na organização; • Os líderes heterogeneizadores defendem as
especificidades locais (corrente localista).
• Lealdade bem vincada;
• Os líderes homogeneizadores defendem a validade
• Comportamentos de cidadania organizacional;
universal das práticas de gestão (corrente globalista).
• Construção construtiva dos conflitos;
A glocalização corresponde à tentativa de articulação
• Defesa da organização. entre as duas correntes, no sentido da adaptação do
Mesmo que isso implique colidir com outras pessoas que se
considera prejudicarem o bem da organização global às características locais.
Em suma, os gestores precisam de reconhecer o peso da cultura
nacional nas características dos membros organizacionais,
respeitando-as e transformando-as em fontes de vantagem
competitiva

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Estudos Transculturais de Geert Hofstede Características da Cultura Organizacional


Hofstede sugeriu que as diversas culturas nacionais se Apesar das inúmeras definições, há aspetos partilhados
dividem de acordo com um conjunto de cinco pelos autores, nomeadamente:
dimensões: • A cultura organizacional existe;
• Individualismo versus coletivismo; • Cada cultura organizacional é única;
o Caracteriza o grau em que a identidade individual é Logo, diferente de todas as outras
definida com base nos objetivos e realizações • A cultura organizacional é um conceito socialmente
pessoais ou em função dos interesses coletivos dos construído;
grupos aos quais o indivíduo está ligado. • A cultura organizacional permite aos membros da
Nos países fortemente individualistas espera-se que as pessoas organização compreender e dar um sentido a
atuem em prol do seu próprio interesse e da sua família mais eventos e símbolos;
próxima.
Nas culturas fortemente coletivistas, as pessoas tendem a colocar • A cultura funciona como um mecanismo informal
os interesses do grupo e da comunidade num lugar primordial, de controlo que (des)aprova certos padrões de
esperando em troca receber lealdade. comportamento.
• Distância hierárquica/de poder; Características da Cultura Organizacional
o Reflete o grau de deferência que os indivíduos • Regularidade nacional
projetam sobre os seus superiores hierárquicos, assim Os estudos transculturais mostram que as culturas organizacionais
como a necessidade de manter e respeitar um certo de um dado país tendem a apresentar algumas semelhanças e
regularidades que as diferenciam das organizações de outros países
afastamento social entre um líder e os seus
subordinados. • Influência histórica;
A vivência histórica comum confere a regularidade nacional às
Portugal caracteriza-se por uma elevada distância hierárquica (os
culturas organizacionais
líderes e os subordinados não se consideram iguais)
• Alcance coletivo;
• Masculinidade versus feminilidade; A criação e o desenvolvimento da cultura são produto de uma ação
o No polo masculino, temos o alcance de objetivos e coletiva, que elabora uma moldura dentro da qual os membros
a ambição e, no polo feminino, temos a ênfase na organizacionais desenvolvem a sua atividade
harmonia interpessoal. • Carácter dinâmico;
Nas sociedades mais masculinas, homens e mulheres têm papéis A cultura é recetiva e aberta à mudança decorrente de condições
bem distintos. Nestas sociedades prevalece a orientação para os internas (orientações estratégicas) e externas (alterações na
resultados, o sucesso e a competição envolvente)
Nas sociedades mais femininas, espera-se que homens e mulheres • Aprendida:
desempenhem os mesmos papéis. Nestas sociedades valorizam-se As características da cultura são assimiladas pelos membros
características como o bem-estar e a qualidade do relacionamento organizacionais por via do processo de socialização a que são
interpessoal expostos
• Evitamento da incerteza; • Partilhada;
o Reflete o grau de desconforto que as pessoas O processo de aprendizagem leva à partilha, pelo coletivo, de
sentem perante o risco e a incerteza, o nível de valores, pressupostos, normas, práticas, etc.
rejeição/aceitação da novidade e da diferença, assim • Visível e invisível.
como o grau de importância conferida à A cultura contém elementos objetivos e visíveis (mobiliário,
código de vestuário), bem como elementos invisíveis e algo
estabilidade e ao planeamento. subjetivos (crenças, valores e pressupostos básicos).
Nos países com elevado índice, esse sentimento exprime-se em
stress, necessidade de previsibilidade, busca de regras e de Pertinência da Cultura Organizacional
segurança, havendo preferência por situações mais estruturadas A cultura organizacional é importante porque:
Nos países com baixo índice de evitamento, só se estabelecem • Permite a articulação das práticas da organização
normas em caso de absoluta necessidade, e toleram-se mais
facilmente comportamentos ‘desviantes’ ou fora do ‘normal’
com os valores da população;
A gestão não pode ficar indiferente às particularidades das culturas
• Orientação para o longo prazo. nacionais envolventes, já que estas se repercutem sobre as práticas
o Mede a orientação de longo prazo; a aceitação da de gestão.
mudança; o pragmatismo na orientação para o • Facilita a gestão e controlo dos comportamentos;
futuro; adaptação ao tempo e às circunstâncias; A cultura, ao instituir um conjunto de valores e normas, pode
constituir-se num mecanismo de controlo social subtil e poderoso
perseverança. dos comportamentos de trabalho, fornecendo indicações sobre as
Críticas ao Modelo de Geert Hofstede regras de conduta na organização
Foram apresentadas algumas críticas ao modelo de • Dá garantia de continuidade;
Hofstede, entre elas: A cultura permite estabilizar padrões de comportamentos e
• O facto de o modelo ocorrer na falácia ecológica, atitudes, assegurando a manutenção da identidade organizacional
ao longo do tempo
pois nem todos os cidadãos de um país com
determinado perfil se ajustam às características • Promove a identificação do indivíduo com a
desse perfil; organização.
Por exemplo, pelo facto de Portugal apresentar uma cultura de A cultura pode ser usada para reforçar o sentimento de
evitamento da incerteza nem todos os portugueses podem ser identificação e de pertença ao coletivo
caracterizados como receosos das mudanças
• A excessiva parcimónia (simplicidade) do modelo,
uma vez que uma variável tão multidimensional
como a cultura não pode ser resumida ao estudo de
4 variáveis.
Por exemplo, existem diversos tipos de individualismo e
coletivismo

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Elementos da Cultura EXPATRIAÇÃO E O AJUSTAMENTO


• Cerimónias: eventos especiais em que os membros de uma SOCIOCULTURAL DOS EXPARTIDOS
organização celebram os mitos, os heróis e os símbolos da sua
cultura e que exemplificam e reforçam as normas e os valores. Os expatriados são empregados de organizações
• Ritos: cerimonial destinado a comunicar uma mensagem empresariais ou governamentais que são enviados para
particular: ritos de passagem, de degradação, de integração. uma unidade organizacional situada num país
• Rituais: cerimonial que ocorre frequentemente destinado a reforçar distante do país de origem, para prosseguir objetivos
normas e valores: coffee-break, reforço de relações inter-pessoais.
• Histórias: narração, descrição de eventos passados com que todos
relacionados com a tarefa ou com a organização, por
estão familiarizados, destinada a relembrar os valores. um período de tempo pré-determinado, variando entre
• Mitos: história que inclui uma explicação fictícia, mas plausível seis meses e cinco anos.
para um evento intrigante ou incompreensível. Estes acabam então por:
• Heróis: indivíduos que encerram os valores de uma organização e • Ser profissionais que desempenham funções de
servem de modelos.
• Símbolos: objetos, ações, acontecimentos a que os indivíduos grande relevo estratégico;
atribuem significados especiais e lhes permitem trocar ideias • Implicam custos elevados para a organização;
complexas e emoções; bandeiras, marcas, títulos. • Implicar cuidados específicos que não são
• Linguagem: conjunto de símbolos partilhados que os membros de
uma organização usam para comunicar ideias e significados.
extensíveis a outro tipo de empregados;
Modelo de Três Níveis • Ser perspetivados como agentes de transferência de
O modelo de três níveis é um dos contributos teóricos aprendizagens e como difusores de práticas e de
mais conhecidos nesta matéria e sugere que a cultura conhecimentos.
se estrutura em níveis diferentes de análise. Ciclo da Expatriação
• Nível 1: Artefactos e padrões de comportamento; Avaliação da necessidade
Padrões de comportamento e os seus resultados tangíveis, de expatriação na
observáveis e audíveis, embora nem sempre decifráveis empresa de origem
Nem sempre os membros organizacionais têm consciência deles
• Nível 1A: Artefactos; Recrutamento e
Organização do espaço físico, objetos, estrutura, tecnologia, Repatriação. seleção do candidato à
padrões de comunicação, linguagem escrita e oral, calão, mitos, expatriação
lendas, heróis, tradições, celebrações, cerimónias, modos de
vestir…
• Nível 1B: Padrões de comportamento.
Atitudes, hábitos, modos de fazer as coisas, expectativas
partilhadas, práticas de gestão, modos de relacionamento,
normas, regras informais, tradições, ritos e rituais
• Nível 2: Valores organizacionais; Avaliação da missão
Orientação e
Crenças, códigos éticos e morais, ideologias, conhecimento, preparação
internacional
justificações, significados, modos de pensar, sentimentos, visões transcultural
Influenciam o comportamento e permitem prever elementos
relativos ao Nível 1
o Os valores utilizados explicam e justificam o que a organização Desenvolvimento da
faz; missão internacional
o Os valores assumidos explicam e justificam o que a
organização diz.
• Nível 3: Pressupostos básicos Características do Gestor Expatriado
Pressupostos implícitos e crenças fundamentais que guiam o
comportamento e determinam como cada indivíduo percebe, pensa O gestor expatriado pode ser caracterizado por ter
e sente a realidade: o ambiente, a natureza humana, o tempo, o uma elevada:
espaço, as relações interpessoais • Competência técnica;
São do domínio do inconsciente, dados por adquiridos,
inquestionáveis e constituem o cerne da cultura organizacional • Tolerância ao stress;
• Flexibilidade;
• Capacidade de comunicação;
• Empatia cultural.
Ajustamento Sociocultural do Expatriado
Para uma missão de expatriação ser bem-sucedida é
fundamental existir um adequado ajustamento
sociocultural, sendo este ajustamento medido em três
outros ajustamentos:
• O ajustamento no trabalho, que mede o grau em
que o expatriado se ajusta ao papel empresarial
(função) de que está incumbido;
• O ajustamento interacional, que mede o grau em
que o expatriado é capaz de estabelecer relações
interpessoais satisfatórias com os autóctones
• O ajustamento cultural, que mede o grau em que o
expatriado se ajusta às condições gerais do país, à sua
cultura, aos seus hábitos, usos e costumes.

João Pedro Freitas Silva


Licenciatura em Gestão – Comportamento Organizacional

Fatores que Favorecem o Ajustamento O Ciclo do Choque Cultural e do Ajustamento


Sociocultural do Expatriado Sociocultural do Expatriado
Os fatores que favorecem o ajustamento sociocultural
do expatriado estão relacionados com:
• Os países de acolhimento e de origem;
o Similaridade cultural entre os dois países;
o Atitudes positivas do país de acolhimento relativamente às
empresas multinacionais;
o Menor grau de nacionalismo do país de acolhimento, ausência
de xenofobia;
o Legislação favorável relativamente à quantidade de expatriados
permitidos e ao número de posições que os locais devem ocupar;
o Semelhança das condições de vida no país de origem
relativamente às do país de acolhimento…
• A cultura e o funcionamento organizacional;
o Se as práticas da organização relacionadas com a seleção, a
formação, a mentoria, o desenvolvimento de carreiras e o apoio
ao expatriado são, ou não, apropriadas. 1. Na fase alta, há todo um entusiasmo gerado pelo
o Apoio prestado pela empresa ao cônjuge e à sua família; contacto com culturas e realidades desconhecidas,
o Apoio dos colegas e do superior; havendo o desejo de conhecer os hábitos e as
o Boa formação intercultural que a empresa faculta ao expatriado
antes e durante a missão;
idiossincrasias locais.
o Recompensas pela missão; 2. Na fase depressiva, onde se dá o choque cultural, a
o Elevada clareza do papel de que o expatriado está incumbido distância da família e dos amigos, a eventual rejeição
durante a missão;
pelos autóctones, o isolamento, as dificuldades de
o Semelhança entre as organizações.
compreensão da cultura local e a confusão sobre
• As características individuais e familiares.
o Elevado nível de motivação para a missão; quais os comportamentos adequados a estabelecer,
o Boa competência técnica para executar as novas funções; começam a fazer-se sentir, e o expatriado pondera
o Experiência anterior na função expatriada; abandonar a missão.
o Sensibilidade e competências de comunicação intercultural;
o Competências de empatia; 3. Caso não o faça, segue-se a fase de recuperação,
o Tolerância ao stresse; pois, com o passar do tempo, o expatriado passa a
o Estabilidade emocional; conhecer melhor o contexto local, consegue
o Extroversão, amabilidade e abertura à experiência;
o Fluência na língua do país de acolhimento;
estabelecer relações interpessoais.
o Flexibilidade cultural; 4. Por fim, dá-se a fase do ajustamento, onde o
o Apoio e bom ajustamento do cônjuge e da família. expatriado consegue levar uma vida de relações
sociais normais, encontra-se completamente
integrado nas novas aprendizagens e demonstra uma
plena autonomia para levar a cabo a vida de trabalho
e social.
Competências e Aptidões Importantes no
Expatriado
O expatriado deve demostrar uma sensibilidade
intercultural, assim como inteligência cultural, ou
seja, demonstrar uma tendência para modificar o
comportamento de acordo com a cultura em que se
atua. Dentro destas tendências temos:
• A tendência empática que consiste na empatia com
pessoas de outras culturas, e na capacidade de se
colocar na “pele” do outro;
• A complexidade atribucional, ou seja, a capacidade
de reconhecer as idiossincrasias das outras culturas,
sem as julgar;
• O espírito aberto/cosmopolita, isto é, a capacidade
de valorizar as outras culturas do mesmo modo que
valoriza a sua, sendo um “cidadão do mundo”;
• E o etno-relativismo, ou seja, deve ter respeito pelas
outras culturas, rejeitando o etnocentrismo.

João Pedro Freitas Silva

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