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Psicopatologia biológica
Psicopatologia existencialista
Procura ver o paciente tal como é realmente, descobri-lo enquanto ser humano, enquanto ser
no mundo e não como uma simples projeção de nossas teorias sobre ele. Interessados pela
decisão e vontade humana, os existencialistas insistem sobre o fato de que o ser humano pode
influir na sua relação com o próprio destino. Coloca em questão a fronteira entre
anormalidade e a patologia, fazendonos descobrir uma psicopatologia da média.
Psicopatologia fenomenológica
Apresenta origens da filosofia alemã nas obras de Husserl e de Heidegger. Temos dois
métodos: o primeiro que se pode qualificar de descritivo (Biswanger) e o de Karl Jaspers. Nesse
caso, a psicopatologia ocupa-se, sobretudo, do que os doentes vivem, estuda seus estados de
espíritos, visa a desvelar significações. 5
Psicopatologia psicanalítica
Estudo do papel dos fatores sociais na etiologia das manifestações psicopatológicas (ou a
sociogênese destas) e as repercussões da doença mental sobre as relações do paciente com
seu meio ambiente.esse fenômeno psíquico primário os seus pensamentos, seus desejos, sua
vontade e suas ações”. “As alucinações não são nem falsas sensações, nem ilusões dos
sentidos, nem percepções errôneas, nem erros da sensibilidade orgânica”. Afirmava que não
se devem confundir as alucinações com as ilusões, “essas últimas supõem a presença de
objetos exteriores, enquanto nas alucinações não existem objetos externos agindo atualmente
sobre os sentidos”. “Na alucinação tudo ocorre no cérebro: [ela] dá corpo e atualidade às
imagens, às ideias que a memória reproduz sem a intervenção dos sentidos. Nas ilusões ao
contrário, a sensibilidade das extremidades nervosas está alterada, debilitada ou pervertida; os
sentidos estão ativos, as impressões atuais solicitam uma reação do cérebro. Os efeitos desta
reação estão submetidos à influência das ideias e paixões que dominam a razão dos alienados,
estes enfermos se equivocam sobre a natureza e as causas de suas sensações atuais” 6 Para
Esquirol, os órgãos do sentido e as vias sensoriais não estariam implicados no fenômeno
alucinatório, pensando que tudo ocorre no interior, no cérebro, na alma. Diz: “nas alucinações
não há nem sensação, nem percepção”. É um fenômeno essencialmente psíquico e a sua
sensorialidade resulta secundariamente de uma anomalia da atividade psíquica. Baillarger em
trabalho publicado em 1846, interrogando-se sobre a natureza mesma da alucinação, introduz
uma distinção que lhe é original, qual seja, a oposição entre alucinações psicosensoriais e as
alucinações psíquicas. Para ele: “... devemos admitir dois tipos de alucinações, umas
completas, compostas de dois elementos que são o resultado da dupla ação da imaginação e
dos órgãos dos sentidos – são as alucinações psicosensoriais; as outras, devidas somente ao
exercício involuntário da memória e da imaginação, são completamente alheias aos órgãos dos
sentidos, lhes falta o elemento sensorial e são por isso mesmo incompletas: são as alucinações
psíquicas também chamadas de pseudo-alucinações” Com Baillarger, a alucinação que Esquirol
havia definido por seu caráter psíquico se define agora por seu caráter sensorial. As
verdadeiras alucinações deveriam sempre comportar a sensorialidade. A transformação
sensorial da imagem ou da ideia será explicada pela estimulação interna dos centros das
imagens, conforme a neurofisiologia dos centros cerebrais da época. Por outro lado, as
alucinações psíquicas seriam fenômenos que concernem unicamente à esfera do pensamento.
A partir das ideias de Baillarger observamos uma concepção sensorial da alucinação que será
sustentada por diversos autores. A essência do fenômeno consiste na criação psíquica de um
falso objeto tendo os atributos de um objeto verdadeiro – com característica de objetivação,
ou seja, com qualidades espaciais e 7 sensoriais – e sem relação com um objeto do mundo
externo. Tal concepção permitiu a Ballelaborar a sua clássica definição da alucinação: “a
alucinação é uma percepção sem objeto”. Tal definição é a mais conhecida e clássica na
psicopatologia. Entretanto, incorre em duas questões: 1. É incorreta e contraditória porque, se
falamos em percepção, supomos sempre a presença de um objeto no mundo externo capaz de
afetar os sentidos. 2. É incompleta por não se referir a qual alteração da consciência seria
capaz de alterar o juízo de realidade fazendo com que o alucinado descarte a irrealidade do
fenômeno, aceitando-a como real. Séglas publica um livro em 1892 denominado Dês Troubles
du langage chez les aliene), onde enumera as teorias sobre as alucinações dos diversos autores
no século XIX. São elas: a) teoria periférica ou sensorial – alucinação como decorrente de
alteração dos órgãos do sentido; b) teoria psíquica – alucinação como um fenômeno
puramente intelectual, um fato idéico; c) teoria mista ou psico-sensorial; d) teoria que atribui a
alucinação aos centros perceptivos corticais. É a partir da quarta teoria que Séglas buscará
Podemos então definir a alucinação como: trata-se de um fenômeno novo, estranho ao ser,
proveniente de fora de sua personalidade, equivalendo a uma falsa percepção pela ausência
do objeto, apesar de sua inequívoca realidade para o sujeito e, por isso mesmo, possuindo
uma irresistível força de convencimento. Além disso, é ininfluenciável pela vontade de quem a
experimenta, tendo o sujeito, no entanto, a capacidade de discriminar as verdadeiras
percepções das falsas percepções. a) falsa percepção, entremeada com percepções reais, e
cuja falsidade se deve ao fato de não corresponder a nenhum objeto real; b) fenômeno novo
para o paciente, com caráter de percepção, que se apresenta como um fato estranho para a
personalidade do enfermo; c) possui irresistível força de convencimento para o paciente que a
sofre; d) sua natureza é estésico-espacial e sensorial; Instituto de Psicologia – PUC Minas e)
tem seu conteúdo caráter de corporeidade e de poder ser deslocado ao espaço externo, ou
seja, é extrajetado; f) é a expressão de uma experiência psicológica interna como manifestação
de uma alteração psico-sensorial; g) presença de um transtorno da atividade psíquica que se
expressa, fundamentalmente, por uma perda do juízo de realidade, para que tal fenômeno
possa ser aceito pelo enfermo como uma senso percepção normal. 15
Alucinação visual: falsas percepções visuais que podem ser elementares como a fotopsia e
complexas como a visão de figuras, cenas de forma estática ou em movimento. A alucinação
visual pode ocorrer com alteração no tamanho dos objetos – tamanho diminuído (alucinações
liliputientes), tamanho aumentado (alucinações guliverianas). Temos ainda neste grupo as
alucinações denominadas extracampinas, que têm lugar fora do campo visual, e a alucinação
Por vezes trata-se de alucinações gerais que dão lugar a uma síndrome de despersonalização
(transformações corporais) ou percepções de possessão diabólica; outras vezes são parciais
como alucinações da sensibilidade visceral e segmentária. Temos aqui as alucinações genitais
com sensação de orgasmo, de manuseio, violações diretas ou à distância. Temos alucinações
mais sistematizadas ou localizadas que fazem parte da patologia do esquema corporal, como
as distorções dos membros, metamorfose, membro fantasma e deslocamento dos membros.
Estão presentes na esquizofrenia e, com frequência, estão associadas a delírios de influência e
à síndrome de Cotard.
Linguagem
Podemos considerar a linguagem como o elo final da cadeia de processos psíquicos, que se
iniciam com a percepção e terminam com a palavra falada ou escrita. Desta forma, é
impossível admitir a separação entre a linguagem e o pensamento. Pode-se afirmar que a todo
pensamento corresponde uma expressão verbal. Alterações da linguagem secundárias a
processos orgânicos cerebrais: ocorrem associadas a acidentes vasculares cerebrais, tumores
cerebrais, malformações arteriovenosas e quadros degenerativos do SNC. a) afasia: perda da
linguagem falada e escrita por incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais.
Perda da habilidade linguística que foi previamente adquirida pelo sujeito, decorrente de uma
lesão neuronal do SNC. Temos dentro das afasias: 1. Afasia sensorial de Wernicke: o transtorno
se centraliza na recepção dos sinais verbais. Neste tipo de afasia, observam-se cegueira verbal,
surdez verbal, perturbação da palavra espontânea, da leitura e da escrita. O afásico de
Wernicke consegue falar, mas geralmente fala numa linguagem destituída de sentido lógico e
pronuncia as palavras de maneira defeituosa ou emite uma série de palavras sem ordem
gramatical, o que torna a linguagem inteiramente incompreensível. 2. Afasia motora: o
paciente conserva a linguagem, porém não pode falar, embora não apresente alterações da
musculatura que intervém na articulação das 22 palavras. A perturbação tem origem central. O
sintoma observado nesse tipo de afasia é a impossibilidade do paciente de pronunciar
Memória
O indivíduo que sofre uma lesão cerebral tende a perder os conteúdos da memória na ordem e
no sentido inverso que os adquiriu. 1. Alterações quantitativas da memória 1. Hipermnésia de
fixação: aumento da capacidade de fixação. Ocorre em pacientes autistas para dados seletivos.
2. Hipermnésia de evocação: os elementos mnêmicos afluem rapidamente, em tropel,
ganhando em número, mas perdendo em clareza e precisão. Ocorre em quadros maníacos, em
indivíduos sob efeito de drogas excitantes do SNC e em pacientes autistas. 3. Amnésias ou
hipomnésias: perda ou redução da memória, seja na capacidade de fixação ou de evocação. A
amnésia anterógrada ocorre na síndrome de Korsakoff e 26 nos quadros demenciais, como
também no delirium, estados crepusculares, nos estados de ansiedade e agitação e em
pacientes deprimidos.Temos quadros de amnésia (hipomnésia) generalizada que afetam todas
as recordações de grande parte do passado, compreendendo os últimos meses, como temos a
amnésia denominada de lacunar ou localizada, onde a falha da memória abrange
especificamente um determinado espaço de tempo, de limites relativamente precisos, durante
o qual houve um prejuízo na capacidade de fixação. Entre as amnésias lacunares temos: a)
Amnésia psicogênica: há perda de elementos mnêmicos focais, que têm um valor psicológico
específico, o indivíduo se esquece de um evento de sua vida, mas consegue lembrar-se de tudo
que ocorreu ao seu redor. Ex.: amnésia retrógrada em quadros dissociativos psicogênicos
como a amnésia dissociativa e fuga dissociativa. b) Amnésia orgânica: bem menos seletiva em
conteúdo, perde-se a capacidade de fixação e em estados avançados da doença o indivíduo
começa a perder conteúdos antigos como nos quadros de demência. Ex.: amnésia de fixação
nos traumatismos craniencefálicos, e na síndrome de Korsakoff (secundária ao alcoolismo
crônico, associado ao déficit de tiamina – vitamina B1-tiamina). 27
1. Afetividade
A vida afetiva dá cor, brilho a todas as vivências humanas. A afetividade é um termo genérico
que engloba várias modalidades de vivências afetivas como o humor ou estado de ânimo, as
emoções, os sentimentos, os afetos e as paixões. Jean Delay, citado por Paim em 1993, define
o estado de ânimo ou humor como “a disposição afetiva fundamental, rica em todas as
instâncias emocionais e vitais, que dá a cada um de nossos estados de ânimo uma tonalidade
entre dois pólos, um patético e outro apático. NA esfera tímica, que engloba todos os afetos, o
humor representa um papel similar ao que a consciência tem na esfera noética, que engloba
todas as representações; é, portanto, a mais elementar e ao mesmo tempo a mais geral”. Para
Bleuler, o humor consiste na “soma total dos sentimentos presentes na consciência em dado
momento” . Podemos dizer que o humor é o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional
basal e difuso no qual se encontra a pessoa num determinado momento. O humor é vivido
corporalmente. A emoção é um estado afetivo intenso e complexo, proveniente de uma
reação, ao mesmo tempo psíquica e orgânica, do indivíduo inteiro contra certas excitações
internas ou externas. A emoção está na dependência dos centros diencefálicos 29 e
acompanha-se normalmente de reações neurovegetativas (motoras, secretoras, viscerais,
vasomotoras) e psíquicas, que se manifestam objetivamente pela expressão da emoção. É um
estado afetivo intenso, de curta duração, acompanhado de reações somáticas. Desta forma,
podemos dizer que o humor e a emoção são experiências psíquicas e somáticas ao mesmo
tempo; revelam sempre a unidade psicossomática básica do ser humano. O sentimento é um
estado afetivo atenuado, estável,duradouro e organizado com maior riqueza e complexidade
do que os elementos representativos. Estão geralmente associados a conteúdos intelectuais,
valores, representações, não implicam concomitantes somáticos. Scheler classificou os
sentimentos em: a) sentimentos sensoriais: localizados em determina das partes do corpo, tais
como a dor e o prazer; b) sentimentos vitais, como o bem-estar e o mal-estar, o sentimento de
saúde e de enfermidade, a calma, a tensão, a alegria, a tristeza e a angústia; c) sentimentos
psíquicos ou anímicos, considerados como sentimentos do Eu; d) sentimentos espirituais ou da
personalidade, como, por exemplo, a beatitude, o desespero, o remorso, a paz e a serenidade
espiritual. O afeto é a qualidade e o tônus emocional que acompanham uma ideia ou
representação mental. Acoplam-se às ideias anexando a elas um colorido afetivo. Por último,
Alterações do Humor:
Vontade
Distúrbios da vontade
Abulia = ausência de vontade, seja quanto à decisão, seja quanto à execução. Ocorre em
quadros depressivos, em intoxicações e esquizofrênicos, principalmente em catatônicos. 2.
Hipobulia = diminuição da vontade com queda da livre determinação e predomínio do
automatismo das ações. Ocorre em neuróticos deprimidos. 3. Negativismo = resistência
gratuita às solicitações externas e internas. Será considerado ativo quando o paciente
contraria as solicitações; e passivo quando nada diz, permanece imóvel, mudo. Ocorre na
catatonia. A sitiofobia é a recusa sistemática de alimentos revelando um negativismo
profundo. Encontrado em depressivos graves, delírios de envenenamento. 4. Obediência
automática = o indivíduo obedece como um robô às solicitações de pessoas que entrem em
contato com ele. Ocorre na catatonia. 5. Fenômenos em eco (ecolalia, ecopraxia, ecomimia e
ecografia) = o indivíduo repete de forma automática. Comum na catatonia e nos quadros
psicoorgânicos. 34
Consciência
Orientação
A orientação é uma função psíquica que permite ao indivíduo situar-se quanto a si mesmo e ao
ambiente. A orientação autopsíquica é aorientação do indivíduo em relação a si mesmo.
Revela se o paciente sabe quem é, como se chama, que idade tem, qual sua nacionalidade,
profissão, religião, etc. A orientação alopsíquica diz respeito à capacidade de orientar-se em
relação ao mundo, isto é, quanto ao tempo e quanto ao espaço. Temos vários tipos de
desorientação, de acordo com a alteração de base que a condiciona. Nos quadros orgânicos a
desorientação ocorre primeiramente quanto ao tempo, depois quanto ao espaço e só com o
agravamento do quadro é que o indivíduo desorienta-se quanto a sua própria pessoa (Lei de
Ribot). Alterações da orientação: 1. Desorientação confusional ou amencial: consequente à
redução do nível de consciência. O rebaixamento da consciência produz uma alteração da
atenção e da capacidade de integração de estímulos ambientais, impedindo que o indivíduo
apreenda a realidade de forma clara e precisa. 2. Desorientação amnéstica: por déficit de
memória de fixação o indivíduo não consegue fixar as informações, perde a noção do fluir do
tempo, do deslocamento no espaço. Ocorre nos diversos quadros demenciais e na síndrome
de Korsakoff. 3. Desorientação apática ou abúlica: ocorre por apatia e/ou desinteresse em
função de uma alteração do humor e da vontade. Por falta de motivação e interesse em
função de um quadro depressivo, o indivíduo não se atém aos estímulos ambientais e torna-se
desorientado. 36 4. Dupla orientação delirante: ocorre em pacientes esquizofrênicos e
paranoicos nos quais a orientação falsa, delirante, coexiste com a orientação correta.
Os sistemas diagnósticos