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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA – A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Humanidades Ciências e Tecnologias - ISHCT

Psicologia Clínica e de Aconselhamento

Grupo 3

Estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental

Firosa Emília Candrinho

Quelimane

2024
Firosa Emília Candrinho

Estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental

Trabalho de pesquisa académica


apresentado ao Instituto Superior de
Humanidades, Ciencias e Tecnologias a ser
avaliado na disciplina de Psicoerapia
Cognitivo Comportamental, como requisito
parcial para a obtenção do Grau de
Licenciatura em Psicologia Clinica.

Docente: Licenciada Elisa Abibo Abacar Uaeica

Quelimane

2024

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Resumo

O presente trabalho de pesquisa com o tema “Estratégias da Terapia Cognitivo-


Comportamental” adentra as estratégias fundamentais da Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC), destacando sua eficácia comprovada no tratamento de uma
variedade de transtornos de saúde mental. A base da Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC) está na pesquisa de Aaron Beck, que buscou elucidar os
processos psicológicos subjacentes à depressão. Distanciando-se da abordagem
psicanalítica, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) concentra-se em questões
presentes e experiências psicológicas acessíveis. A incorporação das ciências cognitivas
e da psicologia enriquece ainda mais a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),
moldando práticas terapêuticas como estruturar sessões, atribuir tarefas de casa e
analisar crenças centrais.

O arcabouço teórico e a evolução terapêutica apresentados por Beck destacam


uma ruptura com os conceitos freudianos, concentrando-se no presente e em
experiências conscientes. Este trabalho elucida os elementos estratégicos da Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC), enfatizando seu objetivo de reestruturar
pensamentos distorcidos de forma colaborativa para gerar soluções pragmáticas e
promover mudanças transformadoras nos transtornos emocionais. Os três níveis
cognitivos - pensamentos automáticos, crenças intermediárias e crenças centrais - são
identificados como fundamentais no processo terapêutico, destacando a natureza breve e
focada em problemas da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). A popularidade da
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) nos tempos recentes advém de seu respaldo
empírico, comprovado por pesquisas científicas que atestam sua eficácia em diversas
condições psiquiátricas e médicas.

Palavras-chave: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Estratégias


Terapêuticas, Fundamentos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Psicologia
Cognitiva, Tratamento Psicológico.

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Abstract

This research paper delves into the fundamental strategies of Cognitive-


Behavioral Therapy (CBT), highlighting its proven efficacy in treating a variety of
mental health disorders. Rooted in Aaron Beck's research on the psychological
processes in depression, CBT deviates from the psychoanalytic approach, focusing on
present issues and accessible psychological experiences. The incorporation of cognitive
sciences and psychology further enriches CBT, shaping therapeutic practices such as
structuring sessions, assigning homework tasks, and analyzing core beliefs.

Beck's theoretical framework and therapeutic evolution underscore a departure


from Freudian concepts, concentrating on the present and conscious experiences. This
paper elucidates the strategic elements of Cognitive-Behavioral Therapy (CBT),
emphasizing its goal to collaboratively restructure distorted thoughts, generate
pragmatic solutions, and foster transformative changes in emotional disorders. The three
cognitive levels - automatic thoughts, intermediate beliefs, and core beliefs - are
identified as fundamental in the therapeutic process, highlighting the brief and problem-
focused nature of CBT. The recent popularity of Cognitive-Behavioral Therapy (CBT)
stems from its empirical backing, supported by scientific research confirming its
effectiveness in various psychiatric and medical conditions.

Keywords: Cognitive-Behavioral Therapy (CBT), Therapeutic Strategies,


Fundamentals of Cognitive-Behavioral Therapy (CBT), Cognitive Psychology,
Psychological Treatment.

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Sumário
Capítulo I

1. Introdução..................................................................................................................6

Capítulo II

2. Revisão de literatura...................................................................................................8

2.1. Marco Conceptual...............................................................................................8

2.1.1. Estratégias....................................................................................................8

2.1.2. Terapia Cognitivo-Comportamental............................................................9

2.2. Fundamentos Cognitivos da Terapia Cognitivo-Comportamental...................11

2.2.1. Pensamentos automáticos..........................................................................11

2.2.2. Crenças intermediárias e crenças centrais (nucleares)..............................12

2.2.3. Conceituação cognitiva.............................................................................13

2.3. Estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental..........................................14

2.3.1. Psicoeducação:..........................................................................................15

2.3.2. Reestruturação Cognitiva..........................................................................16

2.3.3. Entrevista Motivacional.............................................................................16

2.3.4. Auto Monitoramento.................................................................................17

2.3.5. Resolução de Problemas............................................................................18

2.3.6. Estratégias Experienciais...........................................................................19

2.3.7. Mindfulness...............................................................................................20

Capítulo III

3. Metodologia.............................................................................................................22

3.1. Tipo de Investigação.........................................................................................22

Capítulo IV

4. Conclusão.................................................................................................................23

5. Referências Bibliográficas...........................................................................................24

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Capítulo I

1. Introdução
No presente trabalho de pesquisa acadêmica, mergulharei de maneira
aprofundada na análise e contextualização das Estratégias da Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC) no âmbito da psicologia clínica e do aconselhamento. Este
tema reveste-se de uma relevância crescente, à medida que a TCC se consolida
como uma abordagem terapêutica de destaque, moldando significativamente a
prática clínica e as intervenções no aconselhamento.

A Terapia Cognitivo-Comportamental, desenvolvida a partir das contribuições


visionárias de Aaron Beck e Albert Ellis, representa uma síntese dinâmica de
elementos cognitivos e comportamentais. O cerne dessa abordagem reside na
compreensão da interrelação entre pensamentos, emoções e comportamentos,
proporcionando um arcabouço teórico robusto para a compreensão e intervenção em
diversas condições psicológicas. No campo da psicologia clínica, as estratégias da
TCC se destacam como ferramentas fundamentais na compreensão e tratamento de
transtornos mentais. Neste contexto, o presente trabalho busca não apenas explorar
essas estratégias de maneira abstrata, mas desvelar sua aplicação prática e impacto
real na experiência do paciente.

E visa explorar como as estratégias da TCC são aplicadas e influenciam a


psicologia clínica. A análise aprofundada dessas estratégias busca compreender a
sua eficácia, mas também o papel relevante e transformador que desempenham no
fornecimento de suporte psicológico e emocional.

Assim sendo, o problema que norteia esta pesquisa reside na necessidade de


compreender como as estratégias da TCC podem otimizar intervenções terapêuticas,
promover a saúde mental e influenciar positivamente as práticas profissionais na
psicologia clínica e no aconselhamento?

Entretanto, por detras dese problema, para esta pesquisa fundamenta-se na


necessidade de preencher lacunas no conhecimento sobre a aplicação prática das

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estratégias da TCC. Contextualizando sua relevância na psicologia clínica e no
aconselhamento, visamos fornecer insights valiosos para aprimorar as práticas
terapêuticas e contribuir para a eficácia das intervenções terapêuticas

E com isso, o objetivo geral desta pesquisa consiste em investigar e analisar as


estratégias da TCC, visando compreender sua aplicação prática e impacto nos
campos da psicologia clínica e do aconselhamento. Buscando proporcionar uma
visão abrangente dessas estratégias, destacando sua relevância na prática
terapêutica.

No que diz respeito a estrutura do trabalho, apresentar-se-á dividido em IV


capitulos nomeadamente: Capítulo I, onde encontram-se os elementos de pesquisa
especificamente a Introdução em que é feito o enquadramento do tema, a questão
situada do tema, o problema da investigacão, a justificativa e por fim o obejtivo da
pesquisa em termos gerais. No capitulo II, encontra-se a revisão da literatura em que
são apresentados os pressupostos téoricos que contem princípios da TCC,
fundamentos da TCC, análise detalhada das estratégias da TCC com exemplos
práticos; onde os autores trazem as suas ideias e contribuições que ajudam no
desenvolvimento do tema. da TCC. No Capítulo III está presente a Metodologia
usada na elaboração do trabalho incluindo abordagem, procedimentos e explicação
do tipo de investigação adotado. E por fim Capítulo IV encontra-se a Conclusão
com Síntese dos principais resultados, considerações finais, implicações práticas e
recomendações para pesquisas futuras nesta capitulo há também a inclusão de
referências bibliográficas utilizadas ao longo do trabalho.

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Capítulo II

2. Revisão de literatura

2.1. Marco Conceptual

2.1.1. Estratégias

O termo "estratégias" permeia diversos campos, sendo intrínseco ao


funcionamento eficaz em várias esferas da vida. No âmbito geral, estratégias são
definidas como métodos deliberados para atingir objetivos específicos. Como observa
Mintzberg (1994), "uma estratégia é um padrão ou plano que integra as principais
metas, políticas e ações sequenciais de uma organização".

Na psicologia, o conceito de estratégias assume uma riqueza de significados.


Refere-se às abordagens intencionais para entender e intervir nos processos mentais e
comportamentais. Dentro da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), por exemplo,
as estratégias desempenham um papel central. Beck (1976) destaca a "reestruturação
cognitiva" como uma estratégia que visa modificar padrões de pensamento
disfuncionais, evidenciando como as estratégias são essenciais na promoção da saúde
mental.

No contexto psicológico, as estratégias são ferramentas valiosas para lidar com


desafios emocionais. Como Bandura (1986) destaca, "estratégias cognitivas e
comportamentais são essenciais para regular as atividades humanas", ressaltando a
interconexão entre pensamentos e ações. Essas estratégias são, portanto, fundamentais
para a compreensão e intervenção em uma variedade de questões psicológicas,
proporcionando direcionamento e recursos práticos.

As estratégias, tanto no sentido geral quanto na psicologia, representam planos e


métodos fundamentais para alcançar metas e promover mudanças. Na psicologia, essas
estratégias são ferramentas dinâmicas que capacitam a compreensão e transformação de
processos mentais e comportamentais, tornando-se elementos centrais na promoção do
bem-estar e na gestão dos desafios emocionais

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2.1.2. Terapia Cognitivo-Comportamental

Aaron Beck, fundador e teórico da terapia cognitiva comportamental, formulou uma


base teórica consistente antes do desenvolvimento de estratégias terapêuticas. Sua
técnica era pautada em uma terapia de curta duração e estruturada em objetivos. Era
voltada para o presente, direcionada para os problemas atuais do sujeito e para a
modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais (Beck, 2013). A Terapia
Cognitivo-Comportamental tem como princípio básico à proposição de que não é uma
situação que determina as emoções e comportamentos de um indivíduo, mas sim suas
cognições ou interpretações a respeito dessa situação, as quais refletem formas
idiossincráticas de processar informação.

O tratamento é baseado em uma conceituação ou compreensão de cada paciente


(sobre suas crenças e padrões comportamentais). O terapeuta procura produzir de várias
formas a reestruturação cognitiva (modificação do pensamento e das crenças
disfuncionais) para provocar uma mudança emocional e comportamental duradoura
(Beck, 2013). Este é um dos momentos cruciais da Terapia Cognitivo-Comportamental,
na qual o sujeito compreende seus pensamentos negativos e os reavalia, visando sua
resignificação.

Como afirma Wainer et. al (2004), a Terapia Cognitivo-Comportamental não busca


necessariamente o pensamento mais racional e positivo, mas sim ajudar aqueles que
sofrem de problemas emocionais a saírem de um círculo vicioso de pensamentos que os
levam a interpretar a citacão sempre de uma mesma forma (distorção cognitiva).

Um paciente com Síndrome do Pânico, por exemplo, pode chegar ao consultório


com queixas de que não consegue sair de casa por medo da sensação causada e que não
consegue de forma alguma se livrar disso. As emoções e respostas psicológicas aqui são
previsíveis: ansiedade severa e tensão física. A evitação da situação reforça um
pensamento negativo e acaba tornando-se parte de seus pensamentos, emoções e
comportamentos.

O terapeuta, dessa forma, deve estruturar seu tratamento para auxiliar no processo
de mudança das três áreas do funcionamento patológico: a cognição, a emoção e o
comportamento.

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A Terapia Cognitivo-comportamental é usada atualmente em cuidados primários e
outras especializações da saúde, escolas, programas vocacionais, prisões, dentre outros
contextos (Beck, 2013). Pode ser utilizada nos formatos de grupo, individual, conjugal e
familiar.

Em suma, o modelo cognitivo propõe que quando as pessoas aprendem a avaliar


seus pensamentos de forma mais realista e adaptativa, elas obtém uma melhora
significativa em seu estado emocional e no comportamento (Beck, 2013). Por exemplo,
um paciente não consegue manter um relacionamento por muito tempo e isso aconteceu
outras vezes em sua vida. Ele reclama de pensamentos negativos em relação a si
mesmo, como: "eu sou um fracassado e nunca conseguirei amar ninguém".

Este pensamento o conduziu a uma reação específica: tristeza (emoção) e compulsão


(comportamento). Ao constatar que seu comportamento prejudicial foi uma tentativa de
lidar com o sofrimento causado por distorções cognitivas (catastrofização, previsão de
futuro, generalização, filtro do negativo), passou a reformular seu entendimento: "meu
relacionamento não deu certo, mas posso aprender novas habilidades e ter melhores
chances no próximo.".

Para que exista uma melhora duradoura no humor e no comportamento do paciente,


os terapeutas trabalham em um nível mais profundo de cognição: as crenças básicas do
paciente sobre si mesmo, sobre o mundo a sua volta e sobre as pessoas (Beck, 2013).

Esta mudança afeta como você se enxerga inserido no contexto vivencial. Por
exemplo, se você acha que não consegue realizar nada, pode ser que exista uma crença
subjacente de incompetência. O terapeuta deve ajudar o sujeito a se atentar para o
presente e assim modificar sua percepção de situações que se defronta diariamente. Ao
invés de ser um pensamento para o geral, será voltado para situações mais específicas.

A Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser aplicada para tratamentos


individuais, de casal, de família e de grupo, para crianças, adolescentes, adultos e
idosos, em todo caso, com algumas ressalvas sobre os tipos de transtorno, tem sido
eficiente. Existem alguns pré-requisitos ao bom andamento do modelo cognitivo, como
por exemplo, a necessidade de se usar acognição, pois é preciso compreender o modelo
cognitivo e fazer elaborações a partir dele. Não significa, necessariamente, que isso seja

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considerado um impedimento, mas os estudos indicam em quais tratamentos foram
verificados os melhores resultados (Beck, 2013).

2.2. Fundamentos Cognitivos da Terapia Cognitivo-

Comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental Terapia Cognitivo-Comportamental é uma


abordagem terapêutica amplamente reconhecida e eficaz, fundamentada em sólidos
princípios cognitivos. Seus fundamentos cognitivos são a espinha dorsal que sustenta
todo o processo terapêutico, proporcionando uma compreensão profunda da interação
entre pensamentos, emoções e comportamentos. Essa abordagem é enraizada na ideia de
que nossos padrões de pensamento influenciam diretamente nossas reações emocionais
e ações, (Knapp, 2008).

2.2.1. Pensamentos automáticos

Os pensamentos automáticos parecem surgir espontaneamente. Geralmente são


muito rápidos e breves. Pode ser que nem os percebamos, e é muito provável que esteja
consciente da emoção ou do comportamento que se segue. É provável ainda que os
aceite sem nenhuma crítica, como verdades absolutas (Beck, 2013).

Segundo Abreu et al. (2004) é possível identificar seus pensamentos automáticos


por meio da monitoração de eventuais oscilações de humor ou de comportamento,
situando-as quanto à ocasião em que ocorreram.

Ao identificar e substituir seu pensamento automático por outros mais realistas e


adaptativos o seu humor provavelmente mudará para melhor, seu comportamento e suas
funções fisiológicas também seguirão o mesmo caminho. Quando pensamentos
disfuncionais são sujeitos à reflexão objetiva, as emoções, o comportamento e a reação
fisiológica do sujeito se modificam. Os pensamentos automáticos podem ocorrer antes
da situação em questão, se manifestando por meio das expectativas do paciente, durante
ou após a situação; (Abreu et al. 2004)

Sudak (2012), nós temos pensamentos automáticos o tempo todo, negativos e


positivos. A princípio, não temos consciência deles. Agora, neste momento, enquanto

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você escuta este conteudo, é possível que esteja tendo pensamentos automáticos.
Alguns alunos podem estar tendo pensamentos automáticos negativos do tipo: "Isso é
muito difícil, muito complicado. Não vou conseguir". Porém, outros estudantes podem
ter os seguintes pensamentos: "Isso é muito interessante. Quero entender mais."

Como os pensamentos positivos geralmente não nos atrapalham, o objetivo da


abordagem costuma ser o foco nos pensamentos automáticos negativos, pois essas
cognições podem estar distorcidas da realidade e trazer prejuízos ao indivíduo.

O problema ocorre quando os pensamentos automáticos negativos são exagerados,


distorcidos, fora da realidade, passando a influenciar as emoções e comportamentos do
sujeito, podendo até mesmo repercutir no desenvolvimento de transtornos psicológicos.
A Terapia Cognitivo-Comportamental objetiva trabalhar os pensamentos automáticos
para melhorar o humor e tratar os esquemas, oferecendo mais autonomia para o
paciente, pois entenderá as razões de suas oscilações de humor (Knapp, 2004).

2.2.2. Crenças intermediárias e crenças centrais (nucleares)

Na infância, as crianças desenvolvem determinadas ideias sobre si mesmas, sobre


outras pessoas e sobre o mundo. As crenças centrais são compreensões duradouras tão
fundamentais e profundas que frequentemente não são articuladas nem para si mesmo.
O sujeito não costuma refletir sobre as suas crenças, apenas as considera verdadeiras,
sem questionamento (Pereira, 2006).

Nas raízes das interpretações distorcidas estão os pensamentos disfuncionais mais


profundos, chamados de esquemas ou crenças nucleares. Uma parte importante da
psicoterapia cognitiva é ajudar o paciente a encarar os dados negativos de modo mais
realista e adaptativo. Outra parte importante é ajudá-lo a identificar e processar dados
positivos de forma clara e direta.

As crenças nucleares são o nível mais fundamental da crença: são globais, rígidas e
generalizadas. Os pensamentos automáticos são as palavras ou imagens que passam pela
mente da pessoa. São específicos para as situações e podem ser considerados como um
nível mais superficial da cognição (Beck, 2013).

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Durante o setting terapêutico, as crenças disfuncionais podem ser analisadas e novas
crenças, mais realistas e funcionais, podem ser desenvolvidas. É preciso ter cuidado ao
questionar algumas crenças, pois os pacientes podem nunca ter entrado em contato com
conteúdos muito íntimos e isso tornar o processo terapêutico mais longo e delicado,
afinal as crenças são as verdades das pessoas, é possível passar a vida inteira sem
questionar suas crenças, acreditando nessas ideias (Beck, 2013).

Entre os pensamentos automáticos e as crenças nucleares existe outra crença


importante a ser falada: a crença intermediária.

Crenças intermediárias podem ser entendidas por meio das manifestações de


regras, suposições e atitudes. Regras do tipo "Eu devo ser forte", "Não devo demonstrar
fraqueza", por meio de atitudes como "É necessário que eu seja dê conta de tudo", "Não
é permitido falhar", e suposições do tipo "se..., então..." quando o sujeito se coloca em
situações em que não há outra saída, como em "Se eu me expressar, não vão gostar de
mim", "Se cometo erros, sou incompetente". Tais regras são verificáveis por meio das
ações do sujeito, onde a interação se dá por meio de um entendimento ou aprendizagem
modulado por crenças disfuncionais (BECK, 2013).

As crenças nucleares influenciam o desenvolvimento de uma classe


intermediária de crenças, que são as atitudes, as regras e os pressupostos. Essas crenças
influenciam a sua visão da situação, que, por sua vez, influencia como você pensa, sente
e se comporta (BECK, 2013). Desde os primeiros estágios do desenvolvimento, as
pessoas tentam entender seu ambiente. Precisam organizar sua experiência de forma
coerente para que possam funcionar adaptativamente. A interação com o mundo te
conduz a determinados entendimentos: as crenças!

2.2.3. Conceituação cognitiva

Beck (2013) define a conceituação cognitiva como o coração da Terapia Cognitivo-


comporta mental. Ela abrange uma minuciosa coleta de dados das queixas do paciente.
A partir da conceituação pode ser desenvolvido um plano de trabalho, delineando as
intervenções que serão feitas ao longo da terapia (Knapp, 2004). Forma-se uma aliança
entre o terapeuta e o paciente neste momento.

Durante a coleta de dados, é feita uma lista de problemas do cliente que serão
organizados de acordo com a prioridade. É importante ressaltar que a conceituação

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inclui um conjunto de problemas apresentados pelo cliente, mas não o problema como
um todo (Dobson; Dobson, 2009). A conceituação auxiliará na escolha de metas que
serão trabalhadas e das intervenções a serem realizadas (Knapp; Beck, 2008).

Quando é elaborada de forma colaborativa, os pacientes tendem a refletir de maneira


crítica sobre aquilo que o terapeuta está lhes dizendo. Ela também auxilia no
planejamento de possibilidades para o tratamento e caminhos para a resolução de
desafios que poderão ser encontrados (Neufeld; Cavenage, 2010).

Cada sujeito e cada psicopatologia exige uma conceituação cognitiva específica e


individual, pois se relacionam a um conjunto determinado de pensamentos automáticos,
há duas abordagens principais para a realização da conceituação cognitiva:

 Baseado em modelos para transtornos específicos: busca explicar o


funcionamento do paciente de acordo com os sintomas e dificuldades que se
repetem em pessoas com a mesma psicopatologia.
 Baseado em modelos gerais: refere-se ao entendimento geral do modelo
cognitivo do paciente.

É importante frisar que cada sujeito tem seu próprio funcionamento e que a
conceituação será desenhada de forma diferente para todos. Entretanto, os modelos
servem como um norte para o terapeuta cognitivo, (Neufeld; Cavenage, 2010).

2.3. Estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) emerge como uma abordagem


terapêutica dinâmica e eficaz, destacando-se por suas estratégias específicas para
abordar uma ampla gama de desafios psicológicos. Este método inovador baseia-se na
premissa de que as interações entre pensamentos, emoções e comportamentos
desempenham um papel fundamental na saúde mental (Beck, 1976). A centralidade das
estratégias na TCC destaca-se como uma ferramenta crucial para promover mudanças
positivas e duradouras.

Ao explorar as estratégias da TCC, mergulhamos em um campo terapêutico que vai


além da análise e compreensão dos problemas psicológicos. A Terapia Cognitivo-
Comportamental enfatiza a aplicação prática de técnicas cuidadosamente desenvolvidas
para desafiar padrões cognitivos disfuncionais e modificar comportamentos associados

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(Clark et al., 1999). Essa abordagem orientada para objetivos busca capacitar os
indivíduos a identificar e modificar pensamentos automáticos negativos, crenças
limitadoras e estratégias comportamentais mal-adaptativas.

As estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental não apenas fornecem um


arcabouço teórico sólido, mas também incorporam intervenções práticas, como a
reestruturação cognitiva e a exposição gradual, que visam interromper o ciclo de
pensamentos negativos e comportamentos prejudiciais (Butler et al., 2006).

2.3.1. Psicoeducação:

Sudak (2008) refere que a Psicoeducação, fundamentada nos princípios da Terapia


Cognitivo-Comportamental (TCC), é uma estratégia terapêutica que visa fornecer
informações detalhadas ao paciente sobre sua condição, sintomas associados e
estratégias de manejo. No contexto da Terapia Cognitivo-Comportamental, essa
abordagem busca aumentar a compreensão do paciente sobre os processos cognitivos e
comportamentais relacionados ao seu transtorno.

Segundo Caminha et al. (2003), durante a Psicoeducação, o terapeuta oferece uma


visão clara e acessível dos conceitos psicológicos relevantes, utilizando uma linguagem
adaptada ao nível de compreensão do paciente. Isso inclui explicar as bases teóricas da
TCC, destacando a interação entre pensamentos, emoções e comportamentos. Por
exemplo, em um caso de depressão, o terapeuta pode abordar como pensamentos
negativos automáticos podem influenciar o humor e o comportamento. Além disso, a
Psicoeducação abrange informações sobre estratégias específicas de enfrentamento,
como identificação de pensamentos disfuncionais, técnicas de relaxamento e prática de
habilidades sociais. A promoção da adesão ao tratamento e a redução do estigma
associado às condições de saúde mental são objetivos importantes dessa estratégia.

Beck (2007) refere que ao fornecer Psicoeducação, o terapeuta visa capacitar o


paciente a se tornar um participante ativo em seu processo terapêutico, facilitando a
autogestão e prevenindo recaídas. O paciente é incentivado a aplicar os conhecimentos
adquiridos em situações do dia a dia, consolidando assim os princípios da Terapia
Cognitivo-Comportamental e promovendo a adaptação a longo prazo. Essa estratégia é
flexível e adaptável a várias condições clínicas, destacando-se como uma base sólida

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para o desenvolvimento de habilidades cruciais para a eficácia da Terapia Cognitivo-
Comportamental.

2.3.2. Reestruturação Cognitiva

A Reestruturação Cognitiva é uma técnica fundamental da Terapia Cognitivo-


Comportamental (TCC) que visa identificar, desafiar e modificar padrões de
pensamento disfuncionais que contribuem para estados emocionais negativos e
comportamentos problemáticos, (Knnap & Isolan, 2005)

No contexto da Terapia Cognitivo-Comportamental, a Reestruturação Cognitiva


parte do pressuposto de que nossos pensamentos influenciam diretamente nossas
emoções e comportamentos. Essa estratégia busca explorar e questionar padrões de
pensamento automáticos, distorcidos ou prejudiciais, frequentemente associados a
condições como depressão, ansiedade e transtornos do humor, (Butler & Hope, 2007).

O terapeuta, em colaboração com o paciente, trabalha para identificar pensamentos


automáticos negativos ou distorcidos em situações específicas. Utilizando técnicas
como o questionamento socrático, o terapeuta desafia a validade desses pensamentos e
explora alternativas mais realistas e equilibradas, (Knapp, 2004).

Um exemplo prático pode ser observado em um paciente com transtorno de


ansiedade social que automaticamente pensa "todos estão me julgando negativamente".
O terapeuta, por meio da Reestruturação Cognitiva, incentivaria o paciente a questionar
a evidência para essa crença, considerar interpretações alternativas e desenvolver
pensamentos mais equilibrados. A Reestruturação Cognitiva não apenas busca
modificar pensamentos negativos, mas também promove a internalização de padrões de
pensamento mais adaptativos. O paciente é encorajado a praticar a identificação de
pensamentos disfuncionais entre as sessões, promovendo a generalização das
habilidades aprendidas para situações do cotidiano.

Butler & Hope (2007) referem que essa estratégia, ao longo do tratamento, contribui
para a construção de um repertório cognitivo mais saudável e resiliente, sendo essencial
na prevenção de recaídas ao proporcionar ao paciente ferramentas para lidar com
desafios cognitivos de maneira mais eficaz. A Reestruturação Cognitiva representa,
assim, um pilar central na abordagem terapêutica da Terapia Cognitivo-Comportamental

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2.3.3. Entrevista Motivacional

A Entrevista Motivacional (EM) é uma abordagem colaborativa centrada no


paciente, destinada a explorar e fortalecer a motivação intrínseca para a mudança.
Desenvolvida por Miller e Rollnick (2002), inicialmente para problemas relacionados
ao consumo de substâncias, a Entrevista Motivacional tem sido amplamente aplicada
em diversos contextos, incluindo transtornos psicológicos e de saúde comportamental.
O cerne da Entrevista Motivacional reside na criação de um ambiente terapêutico
empático e não confrontacional, onde o terapeuta busca compreender as ambivalências
do paciente em relação à mudança. Em vez de impor a mudança, a Entrevista
Motivacional visa evocar as razões internas do paciente para se engajar em
comportamentos saudáveis.

Aviram e Westra (2011) explicam que durante uma sessão de Entrevista


Motivacional, o terapeuta emprega estratégias como escuta reflexiva, afirmações
positivas, questionamentos abertos e o desenvolvimento de discrepâncias entre os
objetivos do paciente e seu comportamento atual. Por exemplo, ao abordar alguém com
transtorno de ansiedade que reluta em participar de situações sociais, o terapeuta pode
refletir sobre os benefícios percebidos da mudança, alinhando-se com as metas do
paciente,

Beck (2013); a Entrevista Motivacional é particularmente útil na fase inicial do


tratamento, quando o paciente pode apresentar resistência à mudança. O terapeuta
colabora na exploração das razões pelas quais o paciente busca a mudança, reforçando a
autopercepção positiva e a autonomia na tomada de decisões.

Ao longo do processo terapêutico, a Entrevista Motivacional pode ser integrada a


outras estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental, potencializando a adesão do
paciente ao tratamento e fortalecendo a sua motivação intrínseca para a mudança
contínua. Essa abordagem não apenas contribui para a eficácia do tratamento, mas
também promove uma parceria terapêutica que valoriza a autonomia e a
autodeterminação do paciente, fundamentais para a prevenção de recaídas ao longo do
tempo, (Westra, 2004)

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2.3.4. Auto Monitoramento

O Auto Monitoramento é uma estratégia fundamental na Terapia Cognitivo-


Comportamental (TCC), permitindo que os pacientes registrem e analisem
sistematicamente pensamentos, emoções e comportamentos. Essa técnica proporciona
uma visão mais clara das interações complexas entre cognições, afetos e ações,
facilitando a identificação de padrões disfuncionais e a promoção de mudanças
significativas, (Wells, 2000)

Os registros diários geralmente incluem informações detalhadas sobre eventos


específicos, pensamentos automáticos associados, emoções experimentadas e
comportamentos correspondentes. Por exemplo, um paciente com transtorno de pânico
pode registrar um episódio em que experimentou uma súbita sensação de medo intenso
(emoção), pensamentos catastrofizantes sobre um possível ataque de pânico
(pensamento automático) e a subsequente evitação de situações semelhantes
(comportamento), (Grendene & Melo, 2008).

Ao longo do tempo, o auto monitoramento permite aos pacientes identificar padrões


recorrentes, desafiar crenças disfuncionais e testar a validade de seus pensamentos
automáticos. Além disso, proporciona aos terapeutas uma compreensão aprofundada do
mundo interno dos pacientes, facilitando intervenções precisas. O uso de diários e
registros pode variar de acordo com o transtorno ou a problemática específica do
paciente. Em casos de depressão, por exemplo, os registros podem focar em atividades
diárias, humor e pensamentos automáticos negativos. Para transtornos de ansiedade, o
auto monitoramento pode incluir eventos desencadeantes, níveis de ansiedade e
estratégias de enfrentamento.

Beck & Alford, (2000) apontam que a integração do auto monitoramento na prática
clínica promove a autoconsciência, a autorregulação e a responsabilidade do paciente
em relação ao seu processo terapêutico. Essa estratégia, muitas vezes, serve como base
para outras intervenções da Terapia Cognitivo-Comportamental, possibilitando uma
compreensão mais profunda das dinâmicas psicológicas individuais e contribuindo
significativamente para a prevenção de recaídas.

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2.3.5. Resolução de Problemas

Padesky (1988), citado por Friedberg (2008/2004) define que a Resolução de


Problemas é uma estratégia essencial na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),
focada em capacitar os pacientes a abordar e solucionar eficazmente os desafios que
enfrentam na vida cotidiana. Essa técnica fundamenta-se na premissa de que o
enfrentamento ativo de problemas contribui para a redução do estresse, melhoria do
bem-estar emocional e prevenção de sintomas psicológicos,

O processo de resolução de problemas, conforme aplicado na Terapia Cognitivo-


Comportamental, envolve várias etapas. Inicialmente, o paciente é orientado a
identificar claramente o problema específico que deseja abordar. Em seguida, são
delineadas alternativas possíveis para lidar com a situação. Essas alternativas são
avaliadas considerando seus prós e contras, além de sua viabilidade e adequação ao
contexto, (Lazaras, 1984).

A Terapia Cognitivo-Comportamental enfatiza a importância de considerar as


consequências a longo prazo de cada opção, bem como a identificação de possíveis
obstáculos à implementação das soluções propostas. O paciente é encorajado a
desenvolver um plano de ação detalhado, estabelecendo metas específicas e passos
concretos para implementar a solução escolhida, (Beck & Alford, 2000).

Um exemplo prático pode ser ilustrado por um paciente com transtorno de ansiedade
social que enfrenta dificuldades ao participar de eventos sociais. A resolução de
problemas pode envolver a identificação do evento específico, a geração de estratégias
para melhorar a interação social, a avaliação de possíveis obstáculos e a implementação
gradual das estratégias em situações reais.

Além de capacitar os pacientes a lidar com problemas atuais, a Terapia Cognitivo-


Comportamental utiliza a resolução de problemas como uma ferramenta preventiva,
preparando-os para enfrentar desafios futuros de maneira mais adaptativa. Ao integrar
essa estratégia, os terapeutas promovem a autonomia e a habilidade de enfrentamento
dos pacientes, contribuindo para o sucesso a longo prazo do tratamento cognitivo-
comportamental, (Beck & Alford, 2000).

19
2.3.6. Estratégias Experienciais

No contexto da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), as Estratégias


Experienciais constituem uma abordagem inovadora e eficaz para lidar com padrões
disfuncionais, especialmente quando pacientes apresentam resistência à modificação
cognitiva tradicional. Essa estratégia reconhece que alguns indivíduos compreendem
intelectualmente suas crenças irracionais, mas lutam para internalizar essa compreensão
emocionalmente. Assim, as Estratégias Experienciais buscam engajar os pacientes em
vivências emocionais corretivas, visando uma mudança mais profunda, (Campbeil &
Ehlert, 2012)

Ao contrário da abordagem tradicional da Terapia Cognitivo-Comportamental, que


enfatiza a modificação de pensamentos automáticos e crenças disfuncionais por meio de
argumentação lógica, as Estratégias Experienciais exploram o sistema de memória
implícita, onde esquemas são formados no início do desenvolvimento. Esses esquemas
muitas vezes envolvem sensações, percepções e reações emocionais intensas, (Coutinho
et al., 2010).

Woody & Szechtman (2011) deixam um exemplo de Estratégia Experiencial pode


ser encontrado no trabalho com imagens mentais, adaptando procedimentos de
abordagens como Gestalt, Psicodrama e Análise Transacional. Durante a fase de
avaliação, essas técnicas auxiliam na identificação de esquemas, estímulos ativadores e
situações relacionadas à ativação desses esquemas na vida do paciente.

Na fase de mudança, o foco se volta para promover o distanciamento emocional dos


esquemas por meio da mobilização emocional, enfatizando a relação terapêutica e
promovendo uma "reparação parental". Essa mudança visa transformar a característica
dos esquemas de egossintônicos para egodistônicos, tornando o paciente mais propenso
a quebrar padrões comportamentais disfuncionais, (Cheniaux, 2002).

As Estratégias Experienciais na Terapia Cognitivo-Comportamental, ao incorporar


abordagens mais vivenciais e emocionais, buscam ir além da compreensão intelectual,
facilitando uma ativação emocional que potencializa os benefícios para os processos de
mudança. Essa abordagem reflete a evolução da Terapia Cognitivo-Comportamental,
integrando descobertas recentes nas ciências cognitivas e neurociência para oferecer
intervenções mais adaptadas e eficazes, (Cheniaux, 2002).

20
2.3.7. Mindfulness

Embora o uso de mindfulness em psicoterapia seja decorrente dos trabalhos de


Langer (2005) e Kabat-Zin (2009) o conceito de mindfulness, é originalmente derivado
da filosofia oriental budista, tem sido integrado de maneira significativa na Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC), representando uma abordagem que transcende
fronteiras culturais e religiosas. Essa prática envolve o cultivo da atenção plena e da
consciência clara do momento presente, promovendo uma compreensão mais profunda
e uma relação menos condicionada com as experiências.

Na literatura psicológica, mindfulness é frequentemente descrito como uma


qualidade mental que pode ser desenvolvida através da meditação, caracterizada por
uma atenção focada e consciente no que está ocorrendo no momento presente. Essa
prática busca transcender o automatismo das reações e proporcionar uma compreensão
mais clara da natureza transitória e não reflexiva dos processos mentais. (Gunaratana,
2005)

O treino sistemático de mindfulness, muitas vezes realizado através da meditação, é


crucial para desenvolver a qualidade da atenção plena. Existem diversas técnicas que
visam cultivar essa atenção, envolvendo o monitoramento consciente da experiência,
momento a momento, sem reatividade ou julgamento. A prática busca criar um estado
mental que facilite o descentramento e a desidentificação com processos mentais
disfuncionais, (Grabovac, Lau, & Willett, 2011).

É importante referir que o mindfulness busca observar, perceber e reconhecer esses


pensamentos e sentimentos sem se apegar a eles. A prática não busca modificar
intencionalmente o conteúdo das representações, mas permite uma mudança natural que
pode surgir como consequência do processo.

21
Capítulo III

3. Metodologia

Este capítulo retrata de forma detalhada, todo processo de elaboração do presente


trabalho, desde o princípio até a fase final, indicando os caminhos percorridos com vista
a obter dados que auxiliariam na obtenção dos objectivos elaborados assim como
respostas as questões levantadas. Para a escolha da metodologia do presente trabalho,
foi necessário compreender o termo metodologia bem como a expressão metodológica
da pesquisa.

Segundo o Site Significados (2011) metodologia é uma palavra derivada de


"método", do Latim "methodus" cujo significado é "caminho ou a via para a realização
de algo". Método é o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao
conhecimento. Metodologia é o campo em que se estuda os melhores métodos
praticados em determinada área para a produção do conhecimento. A metodologia
consiste em uma meditação em relação aos métodos lógicos e científicos.

A metodologia é uma das partes mais importantes de toda a pesquisa e sua escolha
está intrinsecamente ligada ao seu problema e objectivo. A forma de apreensão e
aquisição do conhecimento escolhida para a pesquisa, foi a busca científica, usando
obras didácticas físicas e online e alguns artigos e trabalhos em PDF.

3.1. Tipo de Investigação

A metodologia adotada neste trabalho é predominantemente de natureza descritiva. A


análise e exposição das Estrategias da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
focaram na descrição detalhada desses conceitos, fornecendo uma compreensão clara e
aprofundada. O objetivo principal foi descrever e explicar estratégias da Terapia
Cognitivo-Comportamental de maneira elucidativa, sem a realização de experimentos
ou coleta de dados empíricos. Assim, pode-se caracterizar a metodologia como
descritiva, concentrando-se na explicação e interpretação de conceitos relacionados à
Terapia Cognitivo-Comportamental.

22
Capítulo IV

4. Conclusão

Chegado à conclusão do trabalho, pude perceber que A Terapia Cognitivo-


Comportamental (TCC) emerge como uma abordagem terapêutica robusta e eficaz,
enraizada em princípios fundamentais que têm demonstrado impacto positivo em uma
variedade de condições psicológicas. As principais estratégias discutidas, constituem
ferramentas valiosas na promoção da mudança cognitiva e comportamental.

Ao recapitular, a Terapia Cognitivo-Comportamental proporciona uma


compreensão integrada dos processos mentais e comportamentais, destacando a
interação dinâmica entre pensamentos, emoções e ações. A identificação de
pensamentos automáticos disfuncionais e sua posterior reestruturação cognitiva
representam pilares cruciais para alterar padrões de pensamento negativos. A exposição
gradual e a ativação comportamental abordam diretamente comportamentos
disfuncionais, enquanto o treino de habilidades sociais e a resolução de problemas
capacitam os clientes a enfrentar desafios interpessoais e práticos.

A importância contínua da Terapia Cognitivo-Comportamental na psicologia


clínica e de aconselhamento é inegável. Seu papel vital é respaldado pela vasta literatura
que comprova sua eficácia em uma variedade de condições, desde transtornos de
ansiedade e depressão até distúrbios alimentares e traumas. A Terapia Cognitivo-
Comportamental não apenas trata sintomas, mas capacita os clientes a desenvolverem
habilidades práticas para enfrentar desafios persistentes, promovendo uma abordagem
de capacitação e autossuficiência. A flexibilidade da Terapia Cognitivo-
Comportamental em se adaptar às necessidades individuais dos clientes, incorporando
elementos culturais e contextuais, respeita a autonomia do cliente e sustenta sua
aplicabilidade contínua em diversas situações clínicas. Enquanto outras abordagens
terapêuticas surgem, a Terapia Cognitivo-Comportamental permanece como uma pedra
angular, continuamente evoluindo para atender às demandas da psicologia clínica
contemporânea e proporcionar mudanças significativas na vida dos clientes. Neste

23
contexto, a Terapia Cognitivo-Comportamental continua a desempenhar um papel vital
e influente na promoção da saúde mental e no bem-estar psicológico.

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