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1. ORIGEM DA PALAVRA
É proveniente do grego "panikon" que tem como significado susto ou pavor repetitivo. Na
mitologia grega o Deus Pã, que possuía chifres e pés de bode, provocava com seu
aparecimento, horror nos pastores e camponeses. Desta forma a palavra tem em nossa língua o
significado de medo ou pavor violento e repetitivo. Em Atenas, teria sido erguido na Acrópole
um templo ao Deus Pã, ao lado da Ágora, praça do mercado onde se reunia a assembléia
popular para discutir os problemas da cidade, sendo daí derivado o termo agorafobia, usado
em psiquiatria e que possui como significado o medo de lugares abertos.
2. INTRODUÇÃO
O Transtorno do Pânico (TP) é uma entidade clínica recente e era antigamente chamada de
neurastenia cardiocirculatória ou doença do coração do soldado ("coração irritável",
denominação dada por Da Costa em 1860 durante a guerra civil americana), embora a primeira
descrição sintomatológica tenha sido feita por Freud, que a classificou como neurose ansiosa.
Até 1980, o quadro foi agrupado sob o título de "neurose de ansiedade" e atualmente este
mesmo grupo foi subdividido em Doença do Pânico e Transtorno de Ansiedade Aguda ou
Generalizada.
As diferenças clínicas, razão pela qual derivou a subdivisão do grupo em Reações de Ansiedade
Aguda e TP, residem no fato de que os fatores geradores da primeira são motivados por
agentes externos que ameaçam de forma clara e consistente a vida do indivíduo tais como
catástrofes, panes em aviões, trens, veículos, incêndios em teatros e cinemas entre outros.
Este fato é devido em grande parte ao desconhecimento do TP por médicos não especialistas
(não psiquiatras) o que determina a demora no diagnóstico do caso com o conseqüente e
indesejável desenvolvimento das complicações.
A grande maioria dos pacientes, devido a predominância dos sintomas ligados ao aparelho
cardiovascular, são atendidos em pronto-socorros cardiológicos por clínicos e/ou cardiologistas
e medicados com fármacos que não são capazes de bloquear as "crises ou ataques de pânico".
A medida as crises se sucedem, sem que os pacientes observem melhora, os leva a insegurança
e ao desespero. São realizados inúmeros exames sem se chegar a uma conclusão diagnóstica
sendo os sintomas atribuídos a situações genéricas como estafa, nervosismo, fraqueza ou com
frases do tipo: "o Sr.(a) não tem nada".
3. ETIOLOGIA
• fatores genéticos
4. EPIDEMIOLOGIA
Pesquisas realizadas nos EUA demonstram que para cada 1000 indivíduos cerca de 1 a 3 são
afetados pelo TP. No Brasil, infelizmente, as estatísticas são inconclusivas.
Ocorre, sobretudo, em adultos jovens na faixa etária entre 20 e 45 anos de ambos os sexos,
com predileção pelo feminino na proporção de 3:1. Nesta faixa etária os pacientes estão na
plenitude de seu potencial de trabalho e ao apresentarem a doença são geradas conseqüências
desastrosas voltadas tanto para o desenvolvimento profissional quanto social.
5. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO TP
• sudorese
• tremores ou abalos
• sensação de asfixia
• medo de morrer
Pelo menos um dos ataques ter sido seguido por 1 mês ou mais de uma ou mais das seguintes
condições:
O Ataque de Pânico não ser devido a efeitos fisiológicos diretos de substâncias (drogas ou
medicamentos) como: álcool, ioimbina, cocaína, crack, cafeína, ecstasy ou de outra condição
médica geral (hipertireoidismo, feocromocitoma, etc...)
Os ataques não devem ser conseqüência de outra doença mental, como Fobia Social (exposição
a situações sociais que geram medo), Fobia Específica (medo de avião, de elevador, etc...),
Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Pós-traumático ou de Separação.
6. O ATAQUE E O TP
Devemos observar que existem critérios diagnósticos para considerar um paciente como
portador de TP e eles devem ser bem estabelecidos. Um episódio de ataque de pânico isolado
não preenche as condições necessárias para o diagnóstico de TP. Os sintomas que caracterizam
o ataque devem ser recorrentes e não precipitados por uma situação ou acontecimento
externo.
7. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
hipertireoidismo e hipotireoidismo
hiperpatireoidismo
prolapso da válvula mitral
arritmias cardíacas
insuficiência coronária
crises epilépticas ( principalmente as do lobo temporal )
feocromocitoma
hipoglicemia
labirintite, lesões neurológicas
abstinência de álcool e/ou outras drogas
Para que sejam avaliadas estas doenças é extremamente importante uma boa anamnese e
avaliação clínica, como também tornam-se necessários exames laboratoriais (dosagem da
glicemia, de hormônios, de ácidovanil-mandélico, etc...), gráficos (eletrocardiograma, teste
ergométrico, Holter, eletroencefalograma basal com foto estimulação, hiperpnéia, privação de
sono e sono induzido, etc...) e de imagem (tomografia computadorizada, ressonância nuclear
magnética, ecocardiograma, etc...).
Outro fato que merece destaque é que cerca de 36 a 40% dos pacientes portadores de TP
apresentam prolapso valvular mitral associado, revelado na ecocardiografia.
• de ansiedade generalizada
• de depressão
• de despersonalização
• somatiforme
• esquizofrenia
• de caráter
As complicações decorrentes dos repetidos ataques de pânico induzem a gastos excessivos por
parte dos pacientes com médicos e exames complementares, muitas vezes dispensáveis.
Afastamento do trabalho, faltas, impossibilidade de aceitar promoções (por medo de assumir
maiores responsabilidades) e até pedidos de demissão, são situações corriqueiras na vida
destes pacientes, sobretudo se o TP não é diagnosticado precocemente e vem acompanhada de
agorafobia (medo de freqüentar lugares públicos e abertos). Somando-se a estes fatos há uma
deterioração econômica progressiva.
Socialmente, as sucessivas recusas a convites recebidos geram afastamento e perda dos
contatos sociais.
Deve também ser lembrada a "ansiedade antecipatória" (vou ter a crise novamente?)
apresentada pelos pacientes no desempenho de tarefas complexa sou mesmo simples como
pegar seu carro e dirigir até o trabalho.
Se o diagnóstico e o tratamento eficaz não são estabelecidos precocemente, maior será seu
isolamento, assim como a tendência a não sair de casa. A perda de peso é freqüentemente
observada.
9. TRATAMENTO DO TP
O fator primordial no início do tratamento é o efetivo bloqueio dos ataques ou redução na sua
freqüência e intensidade, através do uso de medicamentos e desta forma (sem o sofrimento
com os ataques) permitir outras abordagens terapêuticas.
Embora ainda pouco conhecido, mas sabidamente eficaz, o mecanismo de ação destas drogas
parece exercer seus efeitos através de ações as vezes aparentemente antagônicas, a nível dos
sistemas de neurotransmissão cerebral, principalmente a noradrenérgica e serotoninérgica
(neurotransmissores ). As drogas aumentam a transmissão destas substâncias a nível cerebral
assim como a diminuição de sua captação.
Todos os medicamentos devem ser prescritos por médicos, pois possuem efeitos colaterais.
O paciente deve ser informado de que o início da melhora da sintomatologia pode levar
algumas semanas e depende do ajuste das doses necessárias para o bloqueio dos ataques,
assim como de sua fiel adesão a terapêutica instituída. Este fato deve ser bem esclarecido ao
paciente para que o portador de TP não fique ansioso ou deprimido com a expectativa de
melhora imediata.