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INTRODUÇÃO À PSIQUIATRIA CLÍNICA

● O tratamento é a grande diferença entre a psiquiatria clínica e a psiquiatria


psicodinâmica e o marco diferencial é o emprego de psicofármacos (década de 70).
○ Clorpromazina: antipsicótico típico.
○ A eletroconvulsoterapia modifica o circuito neuronal.
○ Lobotomia ganhou o Nobel em 1949.
○ Freud passa a criar a primeira separação entre quadros orgânicos e adquiridos.
● Tradicionalmente, o diagnóstico em psiquiatria é observacional e essencialmente
clínico, portanto meses são necessários para observação e consolidação do
diagnóstico, embora o tratamento possa ser conduzido a despeito de se ter firmado ou
não o diagnóstico.
● Escolas em psicopatologia
○ Psicopatologia Descritiva (forma): principal maneira de registro e detecção de
sintomas por parte do psiquiatra clínico; a apresentação dos sintomas, forma
que o paciente se sente, fatores de piora e de melhora, relação com estressores
– comunica o sintoma propriamente dito (geralmente não há sinal, mas quando
há este é um sintoma). Aperto no peito, falta de ar, sudorese, dor epigástrica,
tristeza, perda de prazer, hipersonia ou insônia, pensamento de morte, etc.
○ Psicopatologia Dinâmica (conteúdo): o porquê dos sintomas, manifestações
relacionados com outras crises, conteúdo subjetivo e simbólico – propósito das
psicoterapias; o paciente atribui os acontecimentos a uma etiologia.
■ Psicopatologia categorial: transtornos individualizáveis, com fronteiras
bem delimitadas.
■ Psicopatologia dimensional: como pertencente a um espectro,
hipoteticamente mais adequado à realidade clínica.
● Entrevista clínica
○ Semi estruturada: o entrevistador tem questões ou dúvidas a serem elucidadas
para condução do caso; a entrevista pode levar para outros caminhos, tornando
a entrevista menos rígida.
○ Estruturada: pesquisa ou avaliação diagnóstica específica (como
psicodiagnóstico).
○ A queixa principal é essencial, norteadora.
○ É necessário sempre encontrar a forma e conteúdo.

Lucas Maciel Dal Prá


Acadêmico do curso de medicina da URI Erechim - turma 2020.
● Avaliação e entrevista
○ Anamnese: identificação (estado marital, com quem mora, religião são
importantes), aparência geral do paciente (gordo ou magro, vestimenta
adequada para clima e local, higiene pessoal), queixa principal, HDA (limitada
ao episódio atual e, quando não é possível definir exatamente, o parâmetro são
os últimos 6 meses), história psiquiátrica pregressa (primeiro episódio ou
episódios prévios existentes; relatar tudo aquilo que não seja o episódio atual),
HF (casos parecidos na família – depressão, ansiedade, suicídio, internação
psiquiátrica, abuso de drogas [transtornos de humor e esquizofrenia têm alta
taxa de recorrência familiar]), RS.
○ Exame do estado mental (exame psíquico) – funções psíquicas elementares e
suas alterações.
■ Doenças ou transtornos psicorgânicos aparecem com alterações nas
seguintes funções psíquicas (geralmente com componente
neurológico): consciência, atenção, orientação/vivência do T e E,
memória, inteligência, linguagem.
■ Transtornos afetivos, neuróticos e de personalidade (principais
mudanças encontradas no ambulatório): atenção, humor, vontade,
conduta/comportamento, afetividade, pensamento.
■ Transtornos psicóticos: orientação/vivência do T e E, sensopercepção,
juízo da realidade, vivência de eu, pensamento.
● Elaboração da hipótese diagnóstica
○ Infância: investigar diagnósticos mais comuns na infância e adolescência, bem
como estressores familiares, conflitos e histórico de abuso e/ou negligência –
idade de distribuição de transtorno é essencial; hipotetizar o que é mais
frequente.
○ Idosos: é rara a primeira manifestação de transtorno psiquiátrico na velhice
(depressão unipolar pode ocorrer), devendo ser conduzida anamnese normal;
alta correlação com quadros clínicos e neurológicos – Delirium.
○ Sempre avaliar a data de início do transtorno psiquiátrico: tempo de início dos
sintomas até busca do tratamento, tolerância aos sintomas, episódios
pregressos e grau de resposta com tratamentos anteriores, episódios novos ou
diferentes do anterior.
○ Funcionamento geral do paciente
Lucas Maciel Dal Prá
Acadêmico do curso de medicina da URI Erechim - turma 2020.
■ Neurose: avaliar transtornos de ansiedade e humor, reação frente a
estressores.
■ Psicose: avaliar transtornos psicóticos e transtornos de humor (quadros
graves).
■ Limítrofe: avaliar transtornos de personalidade, dependência química,
doenças clínicas e neurológicas, transtornos alimentares.
● O diagnóstico inicial deve ser mais abrangente, buscando refinamento quando
possível – permite iniciar tratamento, mesmo sem diagnóstico específico.
○ F00-F09: Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos.
○ F10-F19: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de
substância psicoativa.
○ F20-F29: Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes.
○ F30-F39: Transtornos do humor (afetivos).
○ F40-F48: Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e
transtornos somatoformes.
○ F50-F59: Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a
fatores físicos.
○ F60-F69: Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto.
○ F70-F79: Retardo mental.
○ F80-F89: Transtornos do desenvolvimento psicológico.
○ F90-F99: Transtornos orgânicos de diagnóstico na infância.
● Etiologia dos transtornos psiquiátricos
○ Genética complexa: um indivíduo portador de determinado gene
■ Não basta apenas a presença do gene para a manifestação do
transtorno, mas ainda interação com outros fatores.
■ O gene não é um determinante, interage com o meio.
■ Gêmeos, um com esquizofrenia faz com que o outro tenha 50% de
chance de desenvolver a doença também. Bipolaridade 80%.
■ Vulnerabilidade, predisposição herdada.
■ Estressores, traumas precoces, contexto de crescimento.
○ Relevância do componente genético: quanto mais associadas estão as doenças
em gêmeos monozigóticos, maior o componente genético envolvido.
■ Esquizofrenia: 50% em monozigóticos; 15% em dizigóticos – alta
produção dopaminérgica familiar.
Lucas Maciel Dal Prá
Acadêmico do curso de medicina da URI Erechim - turma 2020.
■ THB: 80% em monozigóticos; 10% dizigóticos.
● Objetivo da atuação da psiquiatria clínica.
○ Modulação da neurotransmissão.
○ Aparecimento de sintomas segue a equação etiológica de Freud.
● Principais sistemas
○ Noradrenalina: regula o humor, a ativação e a cognição; terminais próximos
aos terminais serotoninérgicos.
○ Dopamina: regulam o movimento, motivação, recompensa, cognição e
psicoses.
○ Serotonina: regula o humor.
○ GABAérgico e glutamatérgico:

Lucas Maciel Dal Prá


Acadêmico do curso de medicina da URI Erechim - turma 2020.

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