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Aula 2: Introdução a psiquiatria

Diagnostico psicopatológico: antecede o diagnóstico psiquiátrico. Baseado em sinais e sintomas


Psicopatologia:
• Consciência: contato com realidade, percepção, reconhecimento
o Capacidade de entender o que está acontecendo dentro e fora de si
o Alterações normais: sono/sonho
o Alterações patológicas
QUALITATIVAS QUANTITATIVAS: rebaixamento nível conscien.
• Estados crepusculares • Alerta: vígil pressupõe atenção
• Dissociação da consciência: recebeu • Obnubilação: sonolento, acorda com
notícia de Ca terminal – passa a não estímulo
focar consciente da doença • Estupor: acorda só com estímulo
• Estado hipnótico: atenção fixada para doloroso e fala incompreensível
coisa única e a forma de reagir a • Coma: não se comunica
realidade fica prejudicada
• Experiencia de quase morte

• Atenção:
o Voluntaria: direcionada (estudo)
o Espontânea: mudança de foco
o Tenacidade: capacidade de fixar atenção
o Vigilância: capacidade de mudar de foco
o Hipervigilante: psicótico
o Hipoprosexia: diminuição global da atenção
o Hiperprosexia: concentra muito
o Distração: olha para TV e não responde aos estímulos, facilidade de perder foco
o Distrabilidade: qualquer coisa chama atenção da pessoa
• Orientação: situar-se quanto a si mesmo e ao ambiente
o Alopsiquica: tempo/espaço
o Autopsiquica: mais difícil de ser alterada
• Memoria: função psíquica responsável pela fixação, armazenamento e evocação dos estímulos e vivências
o Remota: semanas/meses/anos
o Recente: minutos/horas/dias
o Imediata (atenção): segundos
• Pensamento:
o Curso: velocidade do pensamento. Lentificado, acelerado ou normal
o Forma: forma como as ideias se encadeiam umas nas outras. Agregada ou desagregada
o Conteúdo: ideias expressas pelo paciente – suicidas, planos para o futuro, delírios (pensamento)
• Linguagem: velocidade do discurso. Lentificado, acelerado
• Sensopercepção:
o Sensações: resultam dos efeitos produzidos por estímulos externos sobre os órgãos dos sentidos
o Percepções: correspondem a fenômenos psíquicos relacionados ao reconhecimento e ao
significado subjetivo das sensações
o Alterações:
▪ Ilusão: paciente vivencia uma representação mental distorcida de um objeto externo
presente. Basicamente restritas a esfera visual
▪ Alucinação: representação mental, que é erroneamente aceita pelo juízo de realidade
como proveniente do meio externo.
• “Percepção sem objeto”
• Visual, auditiva, olfativa, táctil ou gustativa
▪ Alucionose: paciente reconhece aquela experiencia perceptiva como algo estranho a si
mesmo, como um acontecimento patológico.
▪ Pseudoalucinação: carecem de espacialidade e corporeidade, ou seja, não existem
objetivamente no espaço para o indivíduo, mais representativas do que perceptivas.
• Afeto e humor:
o Humor: hipertimia, hipotimia, eutimia, ansioso
o Afeto: congruente, incongruente
• Volição, impulso e prospecção
o Volição: vontade
▪ Normobulia, hipobulia
o Impulso: satisfação imediata
▪ Comida, sexo, suicida
o Prospecção: projetar desejos para o futuro
• Psicomotricidade:
o Aumentada, diminuída (catatonia), inquieto, acelerado, lentificado, apático, movimentos
repetitivos (estereotipias, maneirismos e tiques)
• Inteligência
• Juízo e critica
o Critica: consciência de seu estado patológico
o Alteração do juízo: delírios e alucinações

Aula 3: Transtornos mentais orgânicos

Delirium: transtorno psiquiátrico mais comum em ambiente hospitalar. Pode ser primeiro sinal de várias
patologias. É bastante frequente em pacientes internados (cerca de 30% dos pacientes em UTI) sendo que 70%
dos casos não são reconhecidos pelos médicos. Possui alta mortalidade.
• Início agudo e curso flutuante
• Diminuição da consciência, desatenção e alterações da cognição
• Duração limitada
• Associados a uma causa fisiopatológica
• Quadro clínico:
o Déficits cognitivos (distorções perceptuais, comprometimento da memória, compreensão e
pensamentos abstratos, disfunção executiva e desorientação)
o Déficits de atenção (distúrbios da consciência e habilidade reduzida para focar, sustentar e mudar
a atenção
o Interrupção do ciclo circadiano (fragmentação do ciclo sono-vigília)
o Descontrole emocional (perplexidade, medo, ansiedade, irritabilidade e/ou raiva)
o Desregulação psicomotora (responsável pelas variadas apresentações fenotípicas)
• Características clínicas:
o Fase podromica: inquietação, ansiedade, irritabilidade e distúrbios do sono
o Desenvolve durante um período de horas ou dias
o Tipos:
▪ Delirium subsindromico
▪ Delirium hipoativo: pcte mais sedado
▪ Delirium hiperativo: agitação psicomotora
▪ Delirium misto
▪ Delirium prolongado: quadro subido que não recupera após semanas
• Fatores predisponente:
o Déficit cognitivo pré-existente, demência
o Episódio prévio de delirium
o Múltiplas comorbidades
o Status funcional ruim
o Idade avançada ( >65 anos)
o IRC
o Desidratação, desnutrição
o Sexo masculino
o Doenças crônicas, hepatopatias, doença terminal
o Polifarmácia
o Depressão
o Déficits sensoriais
• Fatores precipitantes:
o Medicações
▪ Anticolinérgicos: anti-histaminicos, atropina, hioscina, defenidramina, triciclos
▪ Antimicrobianos: quinolonas, aminoglicosídeos, anfotericina
▪ Analgésicos: opioides, AINEs
▪ Corticoides
▪ Agonistas dopaminérgicos: levodopa, pramipexol, bromocriptina, amantadina
▪ Anticonvulsivantes: ácido valproico, fenitoína, carbamazepina
▪ Antidepressivos: mirtazapina, ISRS, tricíclicos
▪ Sedativos: benzodiazepínicos, barbitúricos
▪ Relaxantes musculares
▪ Cardiovasculares: arrítmicos, barbitúricos, antiarrítmicos, BB, metildopa, clonidina,
diuréticos, digitálicos
▪ Gastrointestinas: bloqueadores H2, metoclopramida, loperamida, antiespasmódicos
▪ Fitoterápicos: lítio donepezil, fenotiazinas
▪ Droga dopaminérgica: precipita delirium
• Antagonista dopaminérgico (haloperidol): controle dos sintomas
o Procedimentos médicos/cirurgias
o Doenças agudas: infecção, IAM, AVC, trauma etc
o Imobilização prolongada
o Uso de equipamentos invasivos: sonda vesical, sonda nasoenteral
o Restrição física
o Desidratação, desnutrição
o Iatrogenia
o Distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos
o Mudanças de ambiente
o Abuso dou abstinência de substâncias (álcool, drogas ilícitas)
o Provação de sono prolongado
• Confusion assessment method (CAM): presença dos itens A e B + C e/ou D
o A: estado confusional agudo com flutuação marcante
o B: Déficit de atenção marcante
o C: Pensamento e discurso desorganizados
o D: Alteração do nível de consciência (hipoativo ou hiperativo)
• Diagnóstico: é CLÍNICO!
o História clínica, exame físico, neurológico, revisão dos medicamentos e substâncias psicoativas
o Exames complementares: raramente imagem, EEG ou liquor
▪ HMG completo com diferencial de leucócitos
▪ Eletrólitos, índices renais e hepáticos, glicemia
▪ TSH, T4L
▪ Sorologias sífilis e HIV
▪ Urina 1, urocultura
▪ ECG
▪ Raio X tórax
• Tratamento:
o Não farmacológico:
▪ Presença de familiares
▪ Transferência para quarto privado se possível
▪ Estimular mobilidade, autocuidado e independência
▪ Evitar restrição física como contenção
▪ Evitar mudança no ambiente e mesmo da equipe de atendimento
▪ Permitir sono tranquilo com redução de ruído e ajuste de horários das medicações
o Farmacológico:
▪ Antipsicótico típico: haloperidol VO ou IM
▪ Antipsicóticos atípicos: risperidona, quetiapina, olanzapina (2ª linha, não usar em idosos)
▪ Benzodiazepínicos: lorazepam (casos de abstinência alcoolica, síndrome neuroléptica e
doença de Parkinson)
Demência: declínio cognitivo progressivo com interferência nas atividades diárias
• Distúrbio de memória + 1 de:
o Praxia
o Linguagem
o Raciocínio
o Função executiva
• Causas reversíveis:
o Endócrino-metabólicas: tireoidopatias, hipovitaminoses (B12 e acido fólico) e hipercalemia
o Infecciosas: neurosífilis, infecções fúngicas, meningites e infecções oportunistas
o Acometimento SNC: hematoma subdural, doença cerebrovascular, tumores, abcesso e
hidrocefalia de pressão normal
o Alcoolismo
o Medicações
• Principais causas:
o Alzheimer (55%)
o Vascular (20%)
o Renal
• Avaliação diagnóstica:
o História clínica
o História medicamentosa
o Exame físico
o Exame neurológico
o Neuropsicológico → mini-mental
▪ Grave: ≤ 9
▪ Moderada: 10-20
▪ Leve: 21-24
• Atençao!
o Afastar delirium
o Afastar causas psiquiátricas
o Afastar causas sistêmicas ou cerebrais
o Afastar causas reversíveis
• Doença de Alzheimer: primeira causa de demência. Mais comum em idoso. Doença neurodegenerativa
com causa desconhecida.
o QC:
▪ Estágio 1: esquecimento
▪ Estágio 2: desorientação, agitação psicomotora
▪ Estágio 3: incapacidade de reconhecer a si próprio e os demais, comprometimento da fala
▪ Estágio 4: dificuldade de alimentação, confinamento ao leito, incontinência urinária e
fecal
o Tratamento:
▪ Inibidores da acetilcolinesterase
• Rivastigmina
• Galantamina
• Donepezila
▪ Agonistas glutamaérgicos (memantina): fase avançada, controle comportamental
• Quetiapina
• Risperidona
• Demencia vascular: segunda causa
o Fatores de risco:
▪ HAS
▪ Doenças cardíacas
▪ DM
▪ Hipercolesterolemia
▪ Tabagismo
▪ Alcoolismo
o Tratamento: controle dos fatores de risco e inibidores da acetilcolinesterase

Aula 4: Transtornos mentais decorrentes de substâncias psicoativas

Epidemio:
• Homens são mais dependentes
• Álcool depois evolui para drogas mais pesadas
• Relacionado com o aumento de comorbidades, suicídio, violência e criminalidade
Padrões de uso:
• Recreativo: somente em situações especificas
• Abuso
• Dependência
Conceitos:
• Tolerância: necessidade de aumentar sempre a dose da substância para obter o mesmo efeito no
organismo
• Abstinência: sinais e sintomas da falta da substância no organismo
• Intoxicação: sinais e sintomas clínicos
Critérios para diagnostico de dependência:
• A: pelo menos três dos seguintes critérios
o Utilização da substância por um período de tempo ou em quantidades maiores que as
pretendidas pelo individuo
o Desejo persistente ou, pelo menos, uma tentativa de interromper ou controlar o uso
o Muito tempo é desprendido em atividades necessárias para obter, utilizar a substância ou para se
recuperar de seus efeitos
o Intoxicações frequentes ou sintomas de abstinência, quando se espera que o individuo esteja
desempenhando suas obrigações de trabalho, escola, em casa ets
o Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são reduzidas ou abandonadas pelo
uso da substância
o Manutenção do uso a despeito de saber ter problemas sociais, psicológicos ou físicos persistentes
ou recorrentes que são causados ou exacerbados pelo uso da substância
o Tolerância pronunciada
o Sintomas de abstinência (NÃO SE APLICA A ALUCINÓGENOS)
o A substância é frequentemente utilizada para aliviar os sintomas de abstinência (NÃO SE APLICA A
ALUCINÓGENOS)
• B: alguns desses sintomas persistem por pelo menos um mês ou ocorrem repetidamente através de um
longo período de tempo – 12 meses
• ATENÇÃO!! Uso diário não é critério!
Critério para diagnóstico de abuso:
• A: prejuízo social e na saúde
• B: alguns desses sintomas persistem por pelo menos um mês ou ocorrem repetidamente através de um
longo período de tempo – 12 meses
• C: nunca recebeu o diagnóstico de dependente pelo uso da substancia
• ATENÇÃO!!! Não ocorre tolerância nem abstinência
Álcool:
• Dependência
• Máscara patologias mentais
• Fatores comportamentais e genéticos
• Não é digerido/absorvido pela mucosa e passa para o sangue em estado puro
• Degradado pelo fígado
• Danos ao córtex pré-frontal e cerebelo
• Tratamento:
o Naltrexona: antagonista opioide
o Acamprosato: redução de atividade do glutamato (reduz compulsões)
o Dissulfiram: inibe acetaldeído desidrogenase (deve estar abstinente) – 2ª linha
• Intoxicação aguda
o Sintomas:
▪ Euforia
▪ Agressividade
▪ Depressão
▪ Rebaixamento do nível de consciência
▪ Prejuízo das funções cognitivas
▪ Diminuição dos reflexos
o Conduta:
▪ ABCDE primário e secundário
▪ TCE?
▪ Se agitação: haloperidol
o Não fazer:
▪ Hidratar indiscriminadamente
▪ Diazepam EV
▪ Glicose sem antes dar tiamina (B1)
• Síndrome de abstinência:
o Classificação:
▪ Grau I: tremores (6-8 horas após abstinência), ansiedade, irritabilidade, inquietação,
insônia
▪ Grau II: grau I + alucinações (geralmente são bichos)
▪ Grau III: grau II + convulsões
▪ Grau IV: delirium tremens (quadro confusional agudo e flutuante, desorientação
temporoespacial, prejuízo da memória de fixação, desagregação do pensamento,
alucinações)
o Tratamento:
▪ Benzodiazepínicos (Diazepam ou lorazepam) e tiamina (reduzir benzo gradualmente)
• Complicações do uso crônico:
o Wernicke-Korsakoff (síndrome amnésica): incoordenação motora, nistagmo, confusão mental,
fabulações
Cocaina: estimula o SNC por bloqueio da recaptação de dopamina, serotonina e noradrenalina causando bem-
estar, euforia, hiperatividade, abolição da fome e do cansaço e na abstinência ocorre o contrário de tudo isso.
Está associada a arritimia, AVC e hipertensão, principalmente em jovens.
• Formas de uso
o Aspirada
o Injetada “baque”
o Fumada “crack”
Cannabis: muito utilizada para melhora de insônia e ansiedade, leva a uma lentificação. Efeitos medicinais em
estudo: analgésico, anticonvulsivante, melhora de náuseas, estimulo de apetite
Opióides (morfina, heroína, ópio, codeína, metadona): causa tolerância pronunciada e abstinência
• Tríade da intoxicação: coma, pupilas em ponta de alfinete, depressão respiratória
• Tratamento: naloxona
Nicotina: maior causa idolada e estável de doença e morte. Trata-se de uma substancia agonista nicotínico de
receptores de acetilcolina e a abstinência causam disforia e ansiedade
• Teste de Fagerstrom: grau de dependencia
o 0-2 pontos: muito baixo
o 3-4 pontos: baixo
o 5 pontos: médio
o 6-7 pontos: elevado
o 8-10 pontos: muito elevado
• Tratamento:
o Adesivos de nicotina: usar de 6 a 14 semanas
o Goma de nicotina ou pastilhas: usar no máximo 15 dias
o Contra indicação: primeiros 15 dias após IAM
o Antidepressivo: bupropiona (inibidor, relativamente seletivo, da recaptação de catecolaminas –
nora e dopa): usar por 12 semanas (para de fumar no oitavo dia). Cessar tabagismo no 8ª dia.
▪ Contra-indicação: diminui o limiar convulsivo
• Risco de convulsão
• Alcoolistas em fase de retirada de álcool
• Uso de benzo ou outro sedativo
• Doença cerebrovascular
• Tumor de SNC
• Bulimia, anorexia nervosa
• Gestação
• amamentação
Aula 5: esquizofrenia e outros transtornos psicóticos

Psicose: estado alterado do psiquismo. Sensações que não correspondem à realidade. Pensamentos que fogem
ao seu controle.
• Alucinações: alterações dos sentidos. Vozes de fora da cabeça, ver vultos, sentir gostos estranhos, cheiros
desagradáveis, sensação de sentir alguém mexendo na pessoa
• Delírios: alteração do pensamento. Não corresponde a realidade.
• Sensação de que o ambiente está estranho
• Agitação, confusão, agressividade
• Não falar coisa com coisa
• Insônia e inapetência
• Sensação de que os mais diversos fatos não são coincidências
• Atribuição de significado diferentes a coisas
• Isolamento
• Comportamento estranho
• Pensamento bloqueado, interrompido
• Desleixo com a aparência e com a higiene
Causas mais comuns:
• Esquizofrenia
• Distúrbio afetivo bipolar
• Parto (psicose puerperal)
• Reação a alguns medicamentos (anfetaminas, cortisona)
• TCE
• Álcool e drogas
• Doenças físicas (lúpus, hipertireoidismo)
• Doenças neurológicas (avc, tumores cerebrais)
• Alzheimer
Esquizofrenia: doença psiquiátrica endógena que cursa com perda do contato com a realidade, indiferença afetiva
e alucinações/delírios.
• DSM V: 2 ou mais por pelo menos 1 mês
o Delírios
o Alucinações
o Discurso desorganizado
o Comportamento desorganizado ou catatônico
o Sintomas negativos
• Excluir outras patologias mentais e uso de drogas
• Componente genético importante
• Risco sobe para 13%, se um parente de primeiro grau é portador da doença
• 1 a 1,5% da população geral
• Igual entre sexos
o Inicio mais precoce nos homens: maior prejuízo global na vida
• Sintomas positivos:
o Alucinação
o Delírios
o Discurso desorganizado
o Comportamento bizarro
• Sintomas negativos:
o Alogia (diminuição da fluência do pensamento)
o Embotamento afetivo
o Abulia (diminuição da vontade e do impulso)
o Anedonia (diminuição da capacidade de sentir prazer)
• Tipos
o Paranoide:
▪ Maior preservação cognitiva
▪ Delírio primário, de cunho persecutório, autorreferente
▪ Pobreza de alucinações
o Hebefrênica:
▪ Presença marcante de desorganização do pensamento: francamente desagregada com
grande prejuízo cognitivo
▪ Puerilidade
▪ Alucinações auditivos/visuais
▪ Delírio desestruturado
o Catatônica:
▪ Privilegia sintomas motores: desde agitação até flexibilidade cérea
• Transtorno delirante: 1 ou mais delírios não bizarros (traição, envenenamento, infecção) por pelo menos
1 mês, com bom funcionamento psicossocial
• Transtorno psicótico breve: inicio súbito de sintomas positivos com duração de 1 dia até no máximo 1
mês, podendo ser reativa (após um trauma/acontecimento)
Tratamento transtornos psicóticos:
• Antipsicóticos: risperidona, quetiapina, haloperidol
• Psicoterapia
• psicoeducacional

Aula 6: Transtornos de Humor

Definições:
• Humor: disposição afetiva de fundo, que vai penetrar em toda experiencia psíquica do individuo
• Afeto: qualidade do tônus emocional em resposta a um estímulo
Modulação do humor e afeto: o humor normal oscila em torno de um eixo central ao longo do tempo. E o afeto
vai acompanhando o humor. Essas oscilações ocorrem dentro de uma “faixa de normalidade”.
Episódio Depressivo maior:
• Critério A:
o Humor deprimido
o Anedonia: diminuição do prazer ao fazer coisas que gostavam antes
• Critério B:
o Alteração do padrão de sono
o Alteração do apetite
o Alterações psicomotoras
o Redução da energia
o Culpa
o Baixo autoestima
o Ideação suicida
• Diagnóstico: 1 sintoma do critério A e 4 ou mais sintomas do critério B por pelo menos 2 semanas com
evidencia de prejuízo significativo além de ausência de doenças clinicas ou uso de substancias.
• Gravidade:
o Critério pouco preciso
o Grau de prejuízo funcional
o Classificado:
▪ Leve
▪ Moderado: parou com coisas do dia a dia
▪ Grave: sintomas psicóticos (geralmente vozes – alucinações), ideação e planejamento
suicida e catatonia
Tipos:
• Depressão psicótica
• Depressão atípica: agitação psíquica
• Distimia: estado depressivo leve e prolongado, por, no mínimo, 2 anos. Sintomas como na depressão.
• Depressão pós-parto: até 42 dias após o parto.
o Blues post partum: disforia. Ocorre em 50% das mulheres. Não precisa tratar
o Depressão pós-parto
o Psicose puerperal: acomete menos de 1% dos casos, tendo início até 2 a 3 semanas após o parto.
O bebê deve ser separado da mãe até tratamento ter efeito.
• Depressão secundaria a patologias clínicas: hipotireoidismo, LES, Parkinson, AVC próximos ao lobo frontal,
dependência de álcool, abstinência de cocaína
• Depressão secundária a medicamentos: levodopa (Parkinson), fenobarbital, benzodiazepínicos,
metoprolol, diltiazem, morfina, sinvastatina, aciclovir, corticoides
Tratamento:
• Antidepressivos
• Psicoterapia
• Exercício físico
• Manejo da insônia
• Tempo de tratamento:
o Primeiro episodio depressivo: pelo menos 12 meses
o Segundo episódio: 2 a 5 anos
o Três ou mais episódios: permanente
Transtorno afetivo bipolar – TAB
Tipos:
• Tipo I: mania alternada com depressão
o Humor exaltado por uma semana + 3 critérios de mania
o Pode ser diagnosticado só com a mania
• Tipo II: hipomania (sintomas de mania menos grave) alternada com depressão
o Humor exaltado por 4 dias + 3 critérios de mania
o Diagnosticado com um episódio de depressão e um de hipomania
• TAB estado misto: hipomania, mania e episódios depressivos em um curto espaço de tempo.
• Ciclotimia: flutuação de humor, perdura por 2 ou mais anos.
Fase maníaca:
• Diminuição do sono
• Hiperatividade
• Aceleração do pensamento
• Ideias de grandiosidade
• Sintomas psicóticos
• Pressão de discurso
• Aumento da autoestima
Tratamento:
• Estabilizadores de humor: lítio, valproato de sódio, lamotrigina, antipsicóticos atípicos
• Não usar antidepressivos na fase depressiva pois pode causar fase de mania

Aula 7: Transtornos de ansiedade

Transtorno do pânico:
• Crise súbita e imprevisível: duram poucos minutos e melhoram espontaneamente, ocorrendo várias crises
(pelo menos 3) em pelo menos um mês.
• Palpitações
• Sudorese
• Tremores
• Faltar de ar ou sufocamento
• Dor no peito
• Náusea ou desconforto abdominal
• Tontura, instabilidade ou desmaio
• Desrealização ou despersonalização
• Medo de enlouquecer/morrer
Transtorno de ansiedade generalizada:
• Ansiedade excessiva: pelo menos 6 meses
• Dificuldade para relaxar
• Cansar-se com facilidade
• Dificuldade de concentração
• Irritabilidade
• Tensão muscular
• Dificuldade para dormir/ sono não reparador
Transtorno obsessivo-compulsivo
• Obsessões: pensamentos
• Compulsões: ações
Fobia social: mais comum em homens
• Intensa ansiedade acompanhada de sintomas físicos
• Situações sociais
Transtorno de estresse pós-traumático
• Após um evento ameaçador
• Recordação de revivescência
• Pesadelos baseados no tema
• Comportamento evitativo
Tratamento:
• Antidepressivos: ISRS (1ª linha), duais ou tricíclico (mais no TOC)
• Benzodiazepínicos: nas crises para efeito imediato. Risco de dependência, usar no max 2 meses.
• Betabloqueadores: fobia social
• Terapia: cognitivo-comportamental preferencialmente

Aula 8: transtornos alimentares

Epidemiologia:
• Mais frequente em mulher, sendo que a diferença diminui em mais novos
• Bailarinas, atletas, modelos
• 50-75% depressão maior e distimia
• Ansiedade: 65% anorexia e 36% bulimia
• Fobia social e TOC
• Abuso de substancias: 30-37% bulimia e 12-18% anorexia
Anorexia nervosa:
• Introdução:
o Mais frequente entre mulheres jovens
o Adolescência e inicio da idade adulta
o Mudanças: idade mais precoce e aumento de caso em homens
• Etiologia:
o Fatores genéticos
o Familiares
o Biológicos
o Formação da personalidade
o Psicossociais
o Socioculturais
• Diagnóstico – DSM V
o Restrição de ingestão calórica em relação as necessidades, levando a um peso corporal
significamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física.
Peso significamente baixo é definido como um peso inferior ao peso mínimo normal ou, no caso
de crianças e adolescentes, menor que o minimamente esperado.
o Medo intenso de ganhar peso, de engordar ou comportamento persistente que interfere no
ganho mesmo estando com peso significamente baixo
o Perturbação no modo como o próprio peso ou forma corporal são vivenciados, influência
indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de
reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual
• Subtipos:
o Restritivo: durante os últimos 3 meses, o individuo não se envolveu em episódios recorrentes de
compulsão alimentar ou comportamento purgativo (vômitos autoinduzidos, uso indevido de
laxantes, diuréticos ou enemas). Esse subtipo descreve apresentações nas quais a perda de peso
seja conseguida essencialmente por meio de dieta, jejum e/ou exercício excessivo.
o Compulsão alimentar purgativa: nos últimos 3 meses, o individuo se envolveu em episódios
recorrentes de compulsão alimentar purgativa
• Especificadores: gravidade
o Leve: IMC ≥ 17
o Moderado: IMC 16-16,99
o Grave: IMC 15-15,99
o Extrema: IMC < 15
• Curso da doença:
o Variável
o Remissão completa dos sintomas após o primeiro episódio
o Padrão flutuante de ganho de peso intercalado por períodos de restrição alimentar
o Curso crônico, deteriorante, ao longo da vida
o Após 5 anos de evolução, uma parte significativa dos indivíduos que iniciaram com um quadro
restritivo desenvolve quadros de comer compulsivo, mudando de subtipo
• Comorbidades:
o Transtornos de humor
o Transtorno de ansiedade: TOC, fobia social
o Abuso de substancias, geralmente associados a quadros de bulimia e anorexia, do tipo purgativo
o Transtorno de personalidade: esquiva – forte ansiedade no convívio social, com baixa autoestima
e hipersensibilidade a critica ou rejeição
• Achados comuns:
o Comentários autodepreciativos sobre estar gordo
o Preocupação constante com comida, calorias e gordura
o Hábitos alimentares restritivos, como recusa a ingerir tipos específicos de alimentos
o Desenvolvimento de rituais alimentares
o Hábito de negar sentir fome, apesar da perda de peso progressiva
o Preferência para roupas largas que disfarcem a perda de peso
o Esquiva a refeições em grupo
o Necessidade de seguir uma intensa rotina de exercícios, tendencia ao isolamento social e esquiva
de amigos e familiares
o Irritabilidade, intolerância, hostilidade
• Exame físico:
o Bradicardia (entre 30 e 40 bpm), hipotensão e desidratação
o Perda de massa muscular, face encovada, ossos protusos, pele pálida, seca e amarelada
o Temperatura corporal baixa e extremidades frias e cianóticas
o Lanugo nos braços, tronco e face
o Cabelo seco, languido, quebradiço
o Distensão abdominal com flatulência e constipação
• Exames laboratoriais:
o Hiponatremia
o Hipocalemia e hipocloremia com alcalose metabólica/acidose metabólica
o ECG: avaliação do intervalo QT
o Leucopenia e trombocitopenia
o Elevação colesterol
o Baixo níveis de hormônios sexuais → amenorreia
• Complicações clínicas:
o Inanição
o Amenorreia, desinteresse sexual
o Anemia
o Lesões no sistema gástrico, erosão no esmalte dentário
o Osteoporose
o Alterações hidroeletrolíticas
o Hipotermia
o Pielonefrite decorrente da baixa imunidade
o Bradicardia
• Tratamento
o Multidisciplinar: psiquiatra, nutricionista, psicoterapia, antidepressivos
o Medicamentoso: não tem nenhuma medicação indicada até o momento para o tratamento das
doenças, o que se faz é tratar as comorbidades associadas.
▪ ISRS: sintomas depressivos, ansiosos, obsessivos-compulsivos
▪ Imipramina: melhor que placebo no ganho de peso
• Internação:
o Se rápido ou persistente declínio da ingesta de alimentos
o Manutenção da perda de peso, apesar das intervenções ambulatoriais
o Recusa do paciente em aderir ao tratamento
o Ideação/planejamento suicida
o Alterações das funções vitais
Bulimia nervosa:
• Introdução:
o Prevalência entre mulheres adolescentes e adultas jovens
o Pode estar associados a transtornos ansiosos (fobia social, TOC)
o Abuso de substancias
o Evolução mais favorável
o Recaída: 30 a 50%
o Pior evolução: sintomalogia mais severa, frequencia aumentada de vômitos no incio do quadro,
flutuações extremas de peso, impulsividade, baixa, autoestima, conduta suicida e transtornos
comórbidos, como uso de substancias no inicio da doença
• DSM V: Episodio recorrentes de compulsão alimentar, seguidos de comportamentos compensatórios
inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de peso (vômitos autoinduzidos, uso indevido de
laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, jejum ou exercício físico em excesso)
o Compulsão alimentar e comportamentos compensatórios inapropriados: uma vez por semana
durante 3 meses, em média. Autoavaliação influenciada pela sua forma e peso corporal
o Compulsão alimentar: ingesta, em um período de tempo determinado (por exemplo, dentro de
cada período de 2 horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a
maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstancias semelhantes associada a
sensação de falta de controle sobre ingestão durante o episódio e sentimento de culpa após o
ocorrido
• História clínica:
o Peso próximo ao normal ou excesso de peso
o Restrição rígida de ingesta de alimentos entre os episódios compulsivos
o Comportamento purgativo
o Consumo excessivo de alimentos em curto período de tempo
o Exercícios em excesso, mesmo quando o paciente está machucado, doente ou em dias com
tempo ruim
• Exame físico:
o Perda do esmalte dentário, dentes serrilhados
o Parótidas hipertróficas
o Calos e cicatrizes na superfície dorsal da mão
o Irregularidades menstruais ou amenorreia: flutuação de peso, deficiências nutricionais ou
estresse emocional
o Dependência de laxantes
o Complicações: ruptura do esôfago, ruptura gástrica e arritmias cardíacas
• Tratamento:
o Multidisciplinar
o Ambulatorial
o Comorbidades
o Antidepressivos: ISRS (fluoxetina)
Compulsão alimentar periódica (binge eating disorder):
• Introdução:
o 15 a 22% dos pacientes procuram tratamento para emagrecer, bariátrica (27-40%)
• DSM V: compulsão alimentar e 3 ou mais critérios
o Comer muito e mais rapidamento do que o normal
o Comer até sentir-se incomodamente repleto
o Comer grandes quantidades de alimento, quando não está fisicamente faminto
o Comer sozinho por embaraço, devido à quantidade de alimentos consumidos
o Sentir repulsa pelo ato, apresentar depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente
o Não tem purgação
o Não tem compensação do peso
• Tratamento:
o Redução dos episódios de compulsão alimentar
o Diminuição do peso corporal para os pacientes obesos
o Melhora dos sintomas psicopatológicos associados (depressivos e ansiosos)
o Medicações: fluvoxamina, sertralina, fluoxetina e citalopram.
▪ Quando associado à obesidade: sibutramina
▪ Outros: topiramato
Transtorno alimentar restritivo/evitativo
• Restrição da ingesta alimentar mais 1 critério:
o Perda de peso significativa
o Deficiência nutricional significativa
o Dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais
o Interferência marcante no funcionamento psicossocial
• OBS: é mais comum em crianças e não há preocupação com peso corporal

Aula 9: transtornos de personalidade

Definição: padrão persistente de experiencia interna e comportamento que se desvia acentuadamente das
expectativas da cultura do indivíduo. Padrão difuso e inflexível e começa na adolescência ou no início da fase
adulta, sendo estável ao longo do tempo. Leva a sofrimento ou a prejuízo para próprias pessoas ou pessoas ao
entorno da paciente.
• Traços de personalidade:
o Não são inflexíveis / mal-adaptativos
o Não causam prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo significativos
Diagnóstico:
• Avaliação dos padrões de funcionamento de longo prazo do individuo
• Características particulares da personalidade devem estar evidentes no começo da fase adulta
• Diferenciar das características que surgem em reposta a estressores situacionais específicos ou estados
mentais mais transitórios (depressão, ansiedade, intoxicação por substâncias)
• Avaliar a estabilidade dos traços de personalidade ao longo do tempo e em diversas situações
• Entrevistas espaçadas
• Entrevistas com a família
• Excluir outras causas possíveis dos sintomas
• Paciente < 18 anos de idade deve ter padrão presente durante ≥ 1 anos
• Antissocial NÃO pode ser diagnosticado em pacientes < 18 anos
Distribuição por sexo:
• Masculino: antissocial
• Feminino: borderline, histriônica e dependente
DSM V:
• Grupo A – estranho ou excêntrico
o Paranoide: desconfiança, preocupação e interpretações erradas
▪ Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou
enganado por outros
▪ Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da confiabilidade de amigos
e sócios
▪ Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as informações serão
usadas maldosamente contra si
▪ Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos
benignos
▪ Guarda rancores de forma persistente (isto é, não perdoa insultos, injurias ou desprezo)
▪ Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos outros e reage
com raiva ou contra-ataca rapidamente
▪ Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do cônjuge ou parceiro
sexual
o Esquizoide: distancia emocional, indiferença e solitário
▪ Não deseja nem desfruta de relações intimas, inclusive ser parte de uma família
▪ Quase sempre opta por atividades solitárias
▪ Manifesta-se pouco ou nenhum interesse em ter experiencias sexuais com outra pessoa
▪ Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma
▪ Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau
▪ Mostra-se indiferente ao elogio ou a crítica de outros
▪ Demostra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo
o Esquizotípico: ideias e comportamentos excêntricos
▪ Ideais de referência (excluindo delírios de referência)
▪ Crenças estranhas ou pensamento magico, que influenciam o comportamento e são
inconsistentes com as normas subculturais (por exemplo: superstições, crença em
clarividência, telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou
preocupações bizarras)
▪ Experiencias perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais
▪ Pensamento e discurso estranho (por exemplo: vago, circunstancial, metafórico,
excessivamente elaborado ou estereotipado)
▪ Desconfiança ou ideação paranoide
▪ Afeto inadequado ou contrito
▪ Comportamento ou aparência estranha, excêntrico ou peculiar
▪ Ausência de amigos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau
▪ Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associado
mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo
o Atenção! Critério de exclusão: padrão comportamental não deve ter ocorrido exclusivamente
durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos ou
outro transtorno psicótico. Quando um individuo tem um transtorno mental persistente (por
exemplo, esquizofrenia), que foi precedido por um transtorno da personalidade preexistente, o
transtorno da personalidade deve ser também registrado, seguido de pré-mórbido” entre
parênteses
• Grupo B – dramático, emotivos ou errático
o Antissocial: desrespeito a regras, não aprende com punição e sedutores
▪ Fracasso em ajustar-se as normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme
indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção
▪ Tendencia a falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou
de trapaça para ganho e prazer pessoal
▪ Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro
▪ Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou
agressões físicas
▪ Descaso pela segurança de si ou de outros
▪ Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma
conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras
▪ Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em ter ferido,
maltratado ou roubado outras pessoas
▪ Diagnóstico: pode ser feito a partir dos 15 anos se houver evidência de conduta anterior
(agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, fraude, roubo ou grave
violação de regras). Costuma melhorar com idade
o Borderline: sensação de vazio, instável, automutilação/suicídio, uso de substancias
▪ Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado
▪ Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela
alternância entre extremos de idealização e desvalorização
▪ Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da
percepção de si mesmo
▪ Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (gastos, sexo,
abuso de substâncias, direção irresponsável, compulsão alimentar)
▪ Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento
automutilante
▪ Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (disforia episódica,
irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas
raramente de alguns dias)
▪ Sentimento crônico de vazio
▪ Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (mostras frequentes de
irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes)
▪ Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos
o Histriônico: teatralidade, busca por atenção, histórias fantásticas
▪ Desconforto em situações em que não é o centro das atenções
▪ A interação com outros é frequentemente caracterizada por comportamento
sexualmente sedutor inadequado ou provocativo
▪ Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções
▪ Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si
▪ Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes
▪ Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções
▪ É sugestionável (isto é, facilmente influenciado pelo outros ou pelas circunstâncias)
▪ Considera as relações pessoas mais intimas do que na realidade são
o Narcisista: autoestima desregulada, frágil subjacente e grandiosidade aparente
▪ Tem uma sensação grandiosa da própria importância (exagera conquistas e talentos,
espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondente)
▪ É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal
▪ Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por (ou associado
a) outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada
▪ Demanda admiração excessiva
▪ Apresenta um sentimento de possuir direitos (isto é, expectativas irracionais de
tratamento especialmente favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as
próprias expectativas)
▪ É explorador em relações interpessoais (isto é, tira vantagem de outros para atingir os
próprios fins)
▪ Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e com as
necessidades dos outros
▪ É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam
▪ Comportamento e atitudes arrogantes e insolentes
• Grupo C – ansioso ou apreensivo/medroso
o Esquivo/evitativo: se ofende fácil, criterioso nos relacionamentos, tensão social e insegurança
▪ Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo
de crítica, desaprovação ou rejeição
▪ Não se dispõe a se envolver com pessoas, a menos que tenha certeza de que será
recebido de forma positiva
▪ Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido ao medo de passar vergonha ou
de ser ridicularizado
▪ Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais
▪ Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimento de inadequação
▪ Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros
▪ Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoas ou se envolver em quaisquer novas
atividades, pois essas podem ser constrangedoras
o Dependente: não toma decisões sem conselho, submisso, ofende-se fácil, medo do abandono
▪ Tem dificuldade em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de
conselhos e reasseguramento de outros
▪ Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de
sua vida
▪ Tem dificuldade em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou
aprovação (nota: não incluir os medos reais de retaliação)
▪ Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais a
falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de
motivação ou energia)
▪ Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de se voluntariar para fazer
coisas desagradáveis
▪ Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados
de ser incapaz de cuidar de si mesmo
▪ Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o
término de um relacionamento intimo
▪ Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado a própria sorte
o Obsessivo/anancástico: perfeccionismo, rigidez, devoção ao trabalho, seu jeito é o melhor
▪ É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto de
o objetivo principal da atividade ser perdido
▪ Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (por exemplo, não
consegue completar um projeto porque seus padrões próprios demasiadamente rígidos
não são atingidos)
▪ É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades
de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira)
▪ É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de
moralidade, ética ou valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa)
▪ É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não tem valor
sentimental
▪ Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se
submetam a sua forma exata de fazer as coisas
▪ Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como
algo a ser acumulado para futuras catástrofes
▪ Exibe rigidez e teimosia
Tratamento:
• Objetivo:
o Diminuir estigma
o Engajar o paciente
• Psicoterapia: primeira linha
• Medicamentoso em casos de comorbidades (ansiedade, impulsividade etc)

Aula 10: transtornos somatoformes, dissociativos e factícios

Transtorno Somatoformes:
• Presença de sintomas físicos
• Ansiedade e pensamentos desproporcionais a gravidade
• Pelo menos 6 meses
• Não produzidos intencionalmente
• Busca por assistência medica
• Sofrimento ou prejuízo funcional
• Diferenciar de psicossomática
• Alta prevalência
Transtorno de somatização: principalmente em mulheres. Duração de pelo menos 2 anos.
• Múltiplas queixas recorrentes
• Dor
• Muitos exames
• Hospitalização
Transtornos dissociativos: não são produzidos intencionalmente
• Perda parcial ou completa das funções normais de integração da memória, da consciência, da identidade
e das sensações imediatas, e do controle dos movimentos corpóreos
• Pode acontecer após traumas
• Exame neurológico sem alterações
• Tipos:
o Identidade
o Amnésia dissociativa
o Transtorno de despersonalização/desrealização
Transtornos factícios:
• Síndrome de Munchhausen
• Sintomas físicos ou psiquiátricos intencionalmente produzidos
• Assumir papel de doente
• Sem intenção de ganhos secundários (o que diferencia de simulação)

Aula 11: Psiquiatria infantil

Retardo mental: funcionamento intelectual + limitação em pelo menos 2 áreas (comunicação, autocuidado, vida
doméstica, habilidades sociais)
• Deve ter manifestação antes dos 18 anos de idade
• Pode ser leve, moderado, grave ou profundo
TDAH: inicia antes dos 12 anos. Necessário pelo menos 6 dos sintomas de desatenção e ou hiperatividade por
pelo menos 6 meses em pelo menos 2 contextos (escola e casa). Excluir TR psicótico
• Sintomas de desatenção
o Deixar de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido
o Dificuldade ppara manter a atenção em tarefas
o Não escuta quando lhe dirigem a palavra
o Não segue instruções e não termina tarefas
o Dificuldade para organizar tarefas e atividades
o Evita tarefas que exigem esforço mental constante
o Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades
o Distraído por estímulos alheios a tarefa
o Esquecimento em atividades diárias
• Hiperatividade
o Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
o Abandona sua cadeira em sala de aula
o Corre ou escala em demasia em situações nas quais isso é inapropriado
o Dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer
o Está sempre “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”
o Fala em demasia
• Impulsividade
o Dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas
o Dificuldade para aguardar sua vez
o Interrompe ou se mete em assuntos de outros
• Tratamento:
o Terapia
o Medicamentos
▪ Metilfenidato: ritalina
▪ AD tricíclicos
▪ bupropiona
Transtorno do espectro autista: grupo de transtornos que envolvem alterações qualitativas das interações sociais
recíprocas, dificuldade de comunicação e repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo.
• Diagnóstico:
o desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes de três anos de idade
o presença de perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios
▪ interações sociais
▪ comunicação
▪ comportamento focalizado e repetitivo
• Tratamento:
o psicoterapia, psicopedagogia, fonoaudiologia
o medicamentos: antipsicóticos atípicos para melhora da impulsividade

Aula 12: Emergências psiquiátricas

Agitação psicomotora:
• Introdução: é uma atividade motora intensa com sentimento de tensão interna podendo causar
comportamento violento. Observar alteração do nível de consciência e tentar identificar etiologia do
quadro de agitação, risco de violência.
• Causas:
o Transtorno orgânico agudo (delirium): alteração aguda do nível de consciência secundária a uma
condição clínica instalada podendo ter sintomas emocionais associados
▪ Conduta:
• Tratar causa base
• Antipsicótico
o Haloperidol 5mg IM ou VO
o Risperidona 1 mg VO
o Psicoses ou síndrome maníaca: estado alterado do psiquismo. Sensações que não correspondem
à realidade. Pode vir acompanhado de alucinações auditivas, visuais ou alfativas e delírios, além
de sensação de que o ambiente está estranho, confusão, agitação, agressividade, não fala coisa
com coisa, insônia e inapetência
▪ Causas mais comum:
• Esquizofrenia
• TAB
• Parto (psicose puerperal)
• Reações a alguns medicamentos (anfetaminas e cortisona)
• TCE
• Álcool e drogas
• Doenças físicas (LES, hipertireoidismo)
• Doenças neurológicas (AVC, tumores cerebrais)
• Alzheimer
▪ Conduta:
• Haloperidol
o Intoxicação ou abstinência:
▪ Síndrome de abstinência
• Grau 1: sintomas leves (tremores, ansiedade, irritabilidade, inquietação e
sinsonia)
• Grau2: grau 1 + alucinações
• Grau 3: grau 2 + convulsões
• Grau 4: delirium tremens (quadro confusional agudo e flutuante, desorientação
temporoespacial, prejuízo da memoria de fixação, desagregação do pensamento,
alucinações)
• Conduta:
o Observação clínica
o Benzodiazepínicos: Diazepam 10 mg VO de hora em hora
o Tiamina (B1): 100 mg IM
o Hidratação
▪ Conduta na intoxicação por álcool ou cocaína
• Haloperidol
• Encaminhar psiquiatria
• Contenção física: deve ser feito somente em último caso quando há risco de auto ou heteroagressão
devido agitação intensa ou risco de ferimentos em pacientes com rebaixamento do nível de consciência.
SEMPRE TENTAR PRIMEIRO ABORDAGEM VERBAL
o Deve envolver 5 pessoas
o Informar o paciente
o Deixar medicação já pronta
o Usar faixas resistentes
o Posição lateral com cabeça elevada
o Observar sinais vitais e nível de consciência de meia em meia hora
o Cuidado ao retirar a contenção
Tentativa de suicídio
• Risco de suicídio:
o Depressão grave
o Histórico familiar ou pessoal prévio de transtorno mental
o Psicose
o Agitação
o Ansiedade grave
o Insônia
o Perda recente
o Crise pessoal ou causa para vergonha
o Falta de um tratamento psiquiátrico ativo e mantido
o Sexo masculino
o Idade avançada e adolescente
o Doença crônica/grave
o Falta ou perda de apoio social
o Encarceramento
• Conduta:
o Perguntar ativamente sobre ideação suicida e planejamento
o Internação psiquiátrica se houver planejamento

Aula 13: Psicofarmacologia e outros tratamentos em Psiquiatria

Antidepressivos:
• Tricíclicos: 1ª geração de antidepressivos e são efetivos. Usados em casos graves
o Limitações: cardiotoxicidade e tolerabilidade (precisa de grandes doses)
o Mecanismo de ação: inibe recaptação de serotonina e noradranalina

• Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) sucessores dos ADTs. São efetivos
o Vantagem: segurança cardiovascular e maior tolerabilidade
o Mecanismo de ação: inibe recaptação da serotonina da fenda sináptica

• Inibidores da recaptação da Serotonina e da Noradrenalina (IRSN): drogas mais recentes. São efetivos e
seguros
o Mecanismo de ação: inibição dual
o Desvantagem: são mais caros
• Inibidores da recaptação da dopabina: bupropiona
• Inibidores da monoaminoxidase (IMAO: tranilcipromina)
• Outros: trazadona, mirtazapina, agomelatina
• Multimodal: vortioxetina

Antipsicóticos:
• Classes:
o Antipsicóticos sedativos: clorpromazida
o Antipsicóticos incisivos: haloperidol
o Antipsicóticos atípicos e de 2ª geração: olanzapina, risperidona, quetiapina, ariprazol
• Neurolépticos típicos (sedativos e incisivos): bloqueia as 4 vias dopaminérgicas
o Via nigroestrial: sistema extrapiramidal
o Via mesolimbica: sintomas positivos
o Via mesocortical: sintomas negativos e cognitivos
o Via tuberoinfundibular: prolactina
• Manifestações extrapiramidas:
o Distonia aguda: espasmos da musculatura da língua, face, pescoço e região dorsal nos primeiros 5
dias de tratamento
▪ Tratamento: trocar medicação ou entrar com anticolinérgico
o Acatisia: inquietação mental e motora até 60 dias após inicio da terapia
▪ Tratamento: redução da tose, troca ou entrar com anticolinérgico, benzo ou BB
o Discinesia tardia: discinesia orofacial, movimentos coreoatetoicos generalizados e distonia
▪ Não há tratamento
o Parkinsonismo: bradicinesia, rigidez, tremores, ausência de mímica facial até 30 dias do início da
terapia
▪ Tratamento: anticolinérgicos
o Síndrome neuroléptica maligna: parkinsonismo grave, estupor, catatonia, desautonomia
(oscilações da PA com picos hipertensivos, taquicardia, podendo ocorrer taquiarritmias), febre,
rabdomiólise, elevação de enzimas musculares (creatinofosfoquinase/CPK)
▪ Pode evoluir pra IRA
▪ Tratamento: UTI, suspenção do neuroléptico e uso de bromocriptina (agonista
dopaminérgico) + relaxante muscular
• Eventos adversos:
o Típicos
▪ Sedação
▪ Hipotensão ortostática
▪ Efeitos anticolinérgicos
▪ Cardiotoxicidade (aumento do intervalo QT)
▪ Visão borrada
▪ Boca seca
▪ Retenção urinária
▪ Disfunção sexual
▪ Hiperprolactinemia
▪ Discinesia tardia
▪ Acatasia
▪ Distonia
▪ Ganho de peso
o Atipicos: não apresentam sintomas extrapiramidais
Estabilizadores de humor:
• Lítio: faixa terapêutica é muito próxima da tóxica.
o Litemia
▪ > 1,5 já causa sintomas de intoxicação (náuseas, vômitos, diarreia, tremores, grosseiros,
moleza)
▪ > 4: GRAVE! Tem que fazer hemodiálise ou diálise peritoneal
o Gravidez: pode causar problema cardíaco no feto
• Anticonvulsivantes: 1ª linha para o TAB
o Fase aguda: pode associar com lítio
▪ Mania: divalproato
▪ Depressão: lamotrigina
• Antipsicóticos: atípicos. 2ª linha
o Fase aguda:
▪ Mania: olanzapina, quetiapina, risperidona, aripiprazol, ziprasidona
▪ Depressão: quetiapina
Eletroconvulsoterapia (ECT):
• Indicações:
o Depressão grave
o Idosos
o Catatonia
o Gestação (depressão, psicose)

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