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MANAUS- AM
2017
KARINA MACHADO BEZERRA
MANAUS- AM
2017
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Resumo
A cinomose canina é uma das doenças infecciosas mais importantes do mundo. É endêmica e
altamente contagiosa, normalmente levando a um quadro neurológico e ao óbito. O
tratamento convencional para a cinomose não é muito eficaz, pois as seqüelas são
constantes, sendo indicação a eutanásia. A acupuntura (AP) é uma alternativa ao tratamento
dessas afecções por seus efeitos com estimulações sensoriais, provocando liberação de
neuropeptídio local e a distância, devido ao envolvimento do sistema nervoso central e
periférico. A finalidade terapêutica compreende analgesia, recuperação motora, regulação
das funções orgânicas,imunológicas, endócrinas e ativação de processos regenerativos
neuroesqueleticos. Objetivo principal desse artigo foi adicionar a técnica de
eletroacupuntura (EA) como tratamento alternativo visto que os estímulos elétricos
conectados as agulhas de acupuntura potencializa o efeito terapêuticos consistente em
pacientes com seqüelas neurológicas, podendo conduzir a eficácia clinica ao estado geral do
animal. A metodologia consistiu em revisão de literatura, os resultados conduzem ao fato de
que a eletroacupuntura é um tratamento que pode auxiliar no quadro clínico do animal
comparando os sintomas antes e após o tratamento. Conclui-se que a utilização da técnica de
eletroacupuntura em cães com distúrbios neurológicos mostrou-se eficaz clinicamente nos
sintoma de dor, claudicação, paresia, mioclonais e vocalização.
Palavras-chaves: Cinomose . Acupuntura. Eletroacupuntura.Tratamento.
1. Introdução
A acupuntura (AP) é uma das bases da Medicina Tradicional Oriental (MTC),
sendo que de acordo com a World Health Organization há.; muitos anos tem sido indicada
para tratar diversas enfermidades é um recuo terapêutico milenar da Medicina Tradicional
Chinesa ( MTC) e consiste na inserção de agulhas e /ou transferência de calor em áreas
definidas da pele, chamadas de acupuntos .Tem como objetivos restabelecer o equilíbrio de
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2. Fundamentação Teórica
2.1 Cinomose canina
É uma doença altamente contagiosa provocada pelo vírus (Canine Distemper)
Vírus da família Paramyxoviridae, que atinge animais da família Canidae, Mustelidae,
Mephitidae e Procyonidae (entre eles cães, furões/ferrets e alguns outros animais silvestres). 7
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É uma doença endêmica, que acomete animais de qualquer idade sexo ou raça,
porém acomete animais de idade que varia entre 60 e 90 dias, devido a diminuição nos
anticorpo recebidos da mãe. Animais com até dois anos de idade podem também ser
contaminados devido a uma vacinação incorreta ou insuficiente.8
2.5 Prevenção
Vacinas produzidas com as amostras do vírus da cinomose, isoladas de cães
naturalmente. E variação individual no nível de proteção, dependendo da imunidade materna
(título de anticorpos) e da quantidade de colostro ingerido pelo filhote.2
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caracterizado por fraqueza dos quatro membros, gerando atrofia progressiva estado flácido
dos músculos e tendões, incapacidade de andar corretamente e eventualmente paralisia. 15
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Para Wen , a cinomose possui três quadros sintomáticos distintos: intestinal,
respiratório e neurológico. Para estabelecer a estratégia de tratamento em um animal com
cinomose, devemos observar os sintomas clínicos e correlacioná-los de acordo com a
metodologia da M.T.C. sob o ponto de vista da acupuntura.
Segundo Maciocia15, a cinomose é sugestiva em estabelecer analogia
primordialmente as síndromes referentes ao vento e calor. Na visão da M.T.C. a estação
relacionada a energia vento é a primavera, que corresponde ao elementos madeira, cujo órgão
(Zang) é o fígado (Gan) e a víscera (Fu) é a vesícula biliar (Dan).
Yamamura16 diz que fígado (Gan) tem a função de assegurar o fluxo suave de Qi
por todo o organismo. Em equilíbrio com os outros Zang Fu, o fígado regula o equilíbrio da
circulação de Qi, enquanto o baço/pâncreas (Pi) regula a formação e a quantidade de Qi e o
pulmão (Fei) e coração (Xin) governam a circulação de Qi pelo corpo. Outra função
importante do fígado (Gan) é armazenar o sangue (Xue) e regular seu volume no organismo.
Se a circulação de Qi é prejudicada ou obstruída, ocorre a patologia. O Sangue
(Xue) também pode tornar-se estagnado devido a estagnação de Qi do Fígado. O aumento
descontrolado do movimento do Qi do fígado (Gan) pode levar a um aumento do Yang do
fígado ou do fogo do fígado gerando uma patologia. 17
Schwartz18 o calor é um fator patogênico de característica Yang e relaciona-se
como movimento fogo, podendo ser de origem interior ou exterior. É dividido em dois tipos
de acordo com a intensidade dos sintomas. O calor moderado invade pequenas regiões da
pele, sem causar sintomas sistêmicos. O calor intenso acomete o corpo de forma mais grave
gerando sintomas sistêmicos.
Sendo uma patologia causada por um agente patológico virulento, a cinomose está
relacionada ao calor externo que invade o organismo. O calor consome o Yin gerando um
predomínio de Yang, por ser Yang tende a ascender fazendo com que os sintomas
concentrem-se geralmente na parte superior do corpo, no aquecedor superior. O calor pode
afetar o coração (Xin). O coração é a morada do Shen (mente), por isto as doenças de calor
podem evoluir com sintomas relativos. 18
O vento é um fator patogênico de característica Yang, danificam o Sangue (Xue) e
o Yin, podendo ser de origem interior ou exterior. O conceito "Vento", segundo a M.T.C.,
indica movimento rápido e inconstante. Por ser leve, o vento tem característica de ascender,
sendo um movimento Yang. Os sintomas têm manifestações de início agudo e costumam
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Fonte: Schoen. 20
Fig. 1 – Características da superfície do pescoço, tronco e cauda: vista dorsal. Os “marcos divisórios”
ósseos palpáveis da coluna vertebral e ossos adjacentes são mostrados.
Fonte: Schoen. 20
Fig. 2 – Características da superfície do membro posterior: vista lateral esquerda. As proeminências
ósseas palpáveis do membro posterior são mostradas.
6. Metodologia
Para o desenvolvimento deste artigo, foram coletadas referências bibliográficas.
Foram utilizados livros, artigos científicos, incluindo revisões de literatura, Monografias e
dissertações. Os assuntos estão relacionados a Eletroacupuntura, acupuntura e enfatizando a
técnica alternativa como tratamento em cães sequelados pelo vírus da cinomose .
Os artigos de pesquisas são de produção científica e foram utilizados artigos
publicados no período de 2003 a 2016 em língua portuguesa e língua inglesa, disponíveis
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gratuitamente na internet, e livros técnicos entre os anos de 2004 a 2016. Período de pesquisa
compreende outubro de 2015 a dezembro de 2016.
Foram utilizados como base de dados Lilacs, Scielo e Google acadêmico, e
utilizaram-se os seguintes tópicos “Eletroacupuntura”, MTC, Acupuntura, “Benefícios da
eletroacupuntura” e “Prevenção e tratamento em cães com cinomose.”
7. Resultados e Discussão
A cinomose é classificada pela MTC como uma invasão de vento-calor que
compromete os meridianos do fígado, rins e vesícula biliar. 21
Conforme Joaquim et al.4, obteve êxito ao se usar eletroacupuntura para tratar
distúrbios neurológicos decorrentes de cinomose em cães.
Tratamento com técnica de eletroacupuntura ocorre melhora individual de cada
paciente, como por exemplo a redução de espasmos musculares (mioclonia) em alguns dos
animais, o retorno do reflexo de propriocepção, mudança de decúbito, maior disposição para
movimentar-se, bem como melhoria na qualidade de sono, concordando com os achados
disponíveis na literatura e com retorno a deambulação .22
Hayashi5 diz os aparelhos de eletroestimulação são utilizados nos acupontos com
o objetivo de proporcionar estímulos mais intensos do que a manipulação manual das agulhas
de acupuntura. Este método é bastante utilizado para fins analgésicos.
Barbosa1 afirma que a corrente contínua ou galvânica em sua forma contìnua
aumenta a excitabilidade neuromuscular, conseqüentemente melhorando a contratilidade dos
músculos paralisados durante e após a passagem da corrente elétrica.
Schoen20 desenvolveu um estudo com 52 cães acometidos por paralisia dos
membros posteriores, decorrente de cinomose. Os animais foram divididos aleatoriamente em
três grupos, após a realização de uma avaliação neurológica completa. Dezessete cães foram
tratados convencionalmente, de acordo com a Medicina Ocidental, com uso de antibióticos,
corticosteróides, complexo vitamínico e outros medicamentos conforme necessário. Dezoito
cães foram tratados com EA por dez minutos cada sessão, nos pontos B10, B12, B23, VB20,
VB30, VB34 e E36 e dezessete cães não receberam nenhum tratamento. O tratamento foi
realizado semanalmente durante quatro semanas. Ao final do último tratamento os cães foram
classificados novamente. Sendo considerado um sucesso, cães conseguiram andar novamente
sem a permanência de outras complicações, como incontinência urinária ou fecal. A cura foi
observada em nove cães tratados com EA, em apenas um dos cães tratados
convencionalmente e em nenhum dos cães não tratados. Todos os cães tratados com EA
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sobreviveram, enquanto que três cães tratados convencionalmente e cinco não tratados
apresentaram óbito, demonstrando êxito ao tratamento e com bons resultados para tratar
distúrbios neurológicos em cães infectados.
Lobo Junior21 por se tratar de uma enfermidade neurológica de alto grau de
mortalidade, tanto na fase aguda como crônica, as seqüelas são consideradas irreversíveis e
incapacitantes e de tratamento limitado na medicina convencional. Desta forma a técnica da
acupuntura surge como uma robusta opção terapêutica nestas circunstâncias.
Maciocia15 o tratamento da MTC para trauma local com perda de função motora
consiste em melhorar a circulação de QI (energia vital) e sangue para nutrir os músculos e as
articulações . A doença que envolve sangue (Xue) deve ser diferenciada entre os padrões de
deficiência observados nas síndromes lombossacral, toracolombar e cervicotorácica (déficit
em neurônios motores superiores e inferiores) e estagnação (dor neurogênica como
radiculoneurite) observados em doenças de disco.
Os sinais neurológicos multifocais como paresias, ataxia, sinais vestibulares e
cerebelares, alteração de nervos cranianos e mioclonia descrito pela literatura, exceto quando
não há sinais de convulsões. Desta forma salienta-se que os resultados positivos de melhora
do quadro neurológico , se limitam a animais desprovidos do sinal clínico de convulsão e que,
portanto, futuros estudos seriam indicados para se avaliar o efeito da eletroacupintura em
animais com cinomose e portadores de quadro convulsivo.23
Massone13 diz a mioclonia é um dos sinais mais limitante da doença e considerado
irreversível O tratamento farmacológico, como por exemplo, o uso de clonazepam não
apresentou sucesso.Por outro lado, no estudo em pauta, animais que apresentavam mioclonia,
houve melhora do sinal em 100% dos casos e cura em 25%, o que altera o paradigma da
irreversibilidade e demonstra que a técnica da EA é uma ferramenta importante para tratar
mioclonia causada pela cinomose.
Para Sherma23, do ponto de vista neurofisiológico, os pontos foram aqui
selecionados de acordo com sua relação com o SN, tanto pela inervação cutânea, quanto pela
origem da raiz nervosa medular. Quando um ponto do meridiano é estimulado ocorre o
reflexo somatovisceral, devido a excitação de todo o meridiano e nervos correlacionados, os
quais transmitem o impulso elétrico causado pela inserção da agulha de AP. A partir daí pode-
se observar uma ação local, regional e sistêmica como descrito.
Conforme Joaquim et al.4 a inclusão da técnica de EA em nosso protocolo de
tratamento pode ter aprimorado os resultados em relação ao estudo Esta técnica é amplamente
utilizada em diversas afecções neurológicas, por possivelmente promover neuroplasticidade,
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8. Conclusão
Conclui-se que a eletroacupuntura é uma técnica eficaz e, até o momento a melhor
opção terapêutica segundo pesquisa para tratar essa doença, se não a única, para tratar as
seqüelas neurológicas de cães portadores de cinomose, com solução para ou tetraparesia ou
plegia na maioria dos animais, cura da retenção urinária e das alterações de nervos cranianos e
do estado mental e melhora ou cura da mioclonia em todos os animais e assim evitando a
eutanásia que é indicação para casos com paralisias.
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9. REFERÊNCIAS
10. TAYLOR, S.M. Encefalite, mielite e meningite. In: PELLEGRINO, F.C.; SURANITI, A.;
GARIBALDI, L. Síndromes neurológicas em cães e gatos. 1.ed. São Caetano do Sul:
Interbook, 2003. 376p.
12. WEN, T. S.A cupuntura Clássica Chinesa.8 ed. São Paulo: PensamentoCultrix,
2011.p.226
16. YAMAMURA, Y. Acupuntura tradicional: a arte de inserir. 2a ed. São Paulo: Ed.
Roca, 2010, p.91.
19. POMERANZ, B., Analgesia por acupuntura: pesquisas basicas. In: Stux, G. &
Hammerschlag, R. (Eds.),Acupuntura clínica. São Paulo, SP: Manole, 2005.
20. SCHOEN, A. Acupuntura Veterinária: da arte antiga à medicina moderna. 2. ed. São
Paulo: Roca, 2006. p.91-108.