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Esquizofrenia

Alexandre de Aguiar Ferreira


Doutor em Neurociências UFMG
Professor Núcleo Saúde Mental FCMMG
Caracterização Clínica
- Sintomas positivos (delírios, alucinações,
desorganização do pensamento e do
comportamento);
- Sintomas negativos (afeto embotado,
hipopraxia, hipobulia, menor interação social);
- Sintomas cognitivos (perda cognitiva com a
evolução do quadro, Dementia praecox –
Kraepelin)
- Sintomas de humor.

-
Evolução

» 6 meses de duração, incluindo período prodrômico;

» Há uma variação individual em relação à predominância


dos grupos sintomáticos (positivo, negativo e cognitivo);

» O abuso de substâncias é um fator de complicação.


Há associação entre uso crônico de cannabis e
esquizofrenia.
Pacientes com esquizofrenia são mais susceptíveis ao
abuso de SPA.

» As doenças clínicas são mais comuns e as taxas de


expectativa de vida são menores na Esquizofrenia
Evolução

» É caracteristica a evolução para quadros de significativo


deterioro cognitivo, chegando a um quadro chamado
Esquizofrenia residual (sintomas cognitivos e negativos
proeminentes e delírios pouco elaborados);

» Quanto mais tempo em “crise” (sintomas positivos


não tratados), maior tende a ser o
comprometimento cognitivo;

» DD: Intoxicação por cocaína/crack, TAB fase


maníaca, transtornos orgânicos (tumor cerebral,
epilepsia, …), Transtorno delirante persistente;
Vias dopaminérgicas na esquizofrenia

- Mesolímbica: ATV ------ SL (sintomas +)


(hiperfuncional na esquizofrenia)

- Mesocortical ou mesofrontal: ATV ------ CF (sintomas -


)
(hipofuncional na esquizofrenia)

- Nigro-estriatal: SN ------------ CE
(pode ser afetada pelos AP típicos de alta potência e
causar parkinsonismo secundário)
Tratamento
- Antipsicóticos típicos (bloqueio D2)
- Alta potência: haloperidol, trifluoperazina, periciazina
(bloqueio D2 mais intenso e maior SEP; não causam
aumento de apetite)
- Baixa potência ; clorpromazina, levomepromazina
(bloqueio D2 fraco e menos SEP; muita sonolência e
hipotensão postural)

- Antipsicóticos atípicos (bloqueio D2 e 5HT2A)


- Risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona,
paliperidona
(Ganho de apetite e peso; síndrome metabólica; menos SEP
e não agravam sintomas negativos)
Tratamento
Novos antipsicóticos:
- Aripiprazol: agonismo parcial de D2
- Lurasidona: atípico mais recente;

Medicação de depósito: Haloperidol decanoato;


Risperidona (Risperdal); Paliperidona (Invega
Sustenna);

Casos refratários: Clozapina (necessidade de hemograma


a cada semana por 18 sem. e depois mensalmente,
pelo risco de agranulocitose)
Efeitos extrapiramidais

- Parkinsonismo secundário;
- Distonia Aguda;
- Acatisia;
- Discinesia tardia (uso crônico, em especial dos AP
típicos)
- Sindrome neuroléptica maligna (hipertermia,
rebaixamento de nível de CS, contração muscular)

Geralmente, usa-se o anti-colinérgico Biperideno para


atenuação dos SEP agudos, muitas vezes senso necessária
a prescrição de manutenção.
Terapêutica psicossocial

- Reinserção social
- Terapia ocupacional
- Psicoterapia em grupo
- Psicoterapia individual
- Hábitos de vida (incentivo à melhor alimentação,
etc)
- Centros de convivência
- Abordagem da família
Caso clínico
Pcte de 45 anos, solteiro, é levado por colegas de trabalho para
atendimento em uma UBS.
Esses informam que o paciente está agitado, tem adotado
comportamentos estranhos, deixando pequenos bilhetes nas
mesas dos colegas com “recados de conteúdo místico,
voltados para ideia de fundar uma espécie de seita” e quem
não seguir seria castigado. Hoje, brigou com seu chefe.
O pcte alega que não quer conversar e quem precisa de
tratamento são seus colegas. Em um primeiro contato, adota
atitude suspicaz, diz que mora sozinho, às vezes tem contato
com seu irmão mais velho. Nega tratamento psiquiátrico
prévio. Pede para ir embora.

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