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Doença de Parkinson

Aspectos clínicos e fisiopatológicos

Patricia de Carvalho Aguiar


Hospital Israelita Albert Einstein

patriciamc@einstein.br
Doença de Parkinson

•Definição

•Epidemiologia

•Etiologia

•Fisiopatologia

•Aspectos clínicos/ neuropsicológicos

•Diagnóstico diferencial

•Avaliação
Parkinson’s disease
1817- James Parkinson
Doença de Parkinson

Definição

Doença neurodegenerativa de caráter progressivo, caracterizada por


uma combinação de sintomas motores (tremor, rigidez,
bradicinesia, alteração do equilíbrio postural) e não- motores
(hiposmia, disautonomia, depressão, alterações cognitivas).
Doença de Parkinson

Epidemiologia

É a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente na


população mundial.

Acomete ~ 2% da população acima de 60 anos. Pico de


incidência na 5ª década de vida (mas acomete qualquer faixa
etária).
Incidência: 20/100 mil.
Prevalência na América no norte e Europa: 100 a 250/ 100
mil
(estima-se que sua prevalência irá triplicar nos próximos 50
anos).

Ligeiramente mais prevalente entre homens (1,5:1).


Doença de Parkinson

Epidemiologia

Fatores de risco
• Envelhecimento

• História familiar positiva para DP.

• Zona rural.

• Uso de água de poço/ mina.

• Exposição a pesticidas, herbicidas, solventes orgânicos, metais


pesados.

Fatores possivelmente protetores


• Tabagismo
• Cafeína
ETIOLOGIA

Multifatorial: fatores genéticos


fatores ambientais (MPTP, pesticidas, herbicidas, etc)

Genética

Monogênicas Padrão complexo

Minoria Maioria
(10- 15%) (>80%)
ETIOLOGIA

Meio ambiente

Monogênicas Padrão complexo

Vias em
comum

Alterações do sistema de degradação protéica


Estresse oxidativo

Morte neuronal
Doença de Parkinson

Fisiopatologia
Perda neuronal progressiva:
Principal local acometido: neurônios dopaminérgicos da
substância negra pars compacta.

Outros locais: grupos neuronais não dopaminérgicos,


como o lócus ceruleus, núcleo motor dorsal do vago,
núcleo basal de Meynert.

Presença de corpúsculos de Lewy: inclusões


citoplasmáticas neuronais; um dos principais componentes
é a alfa sinucleína sinucleinopatia.
Núcleos da base

https://journeywithparkinsons.com
Doença de Parkinson
Corpúsculo de Lewy

Fisiopatologia

Perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra


DP Normal

Normal DP DP

Agamanolis D; Neuropathologyweb.org
Doença de Parkinson

Fisiopatologia

Principais núcleos envolvidos: Gânglios da base

Prejuízo da programação motora automática.

Síndrome extrapiramidal.
SNc
Doença de Parkinson

Desbalanço da modulação dopaminérgica.


D2 D1
Estriado
Predomínio do tônus inibitório do GPi
sobre o tálamo.
GPe GPi

NST

Tálamo

Inibição (GABA)

Córtex Estimulação (GLU)


Doença de Parkinson

Aspectos clínicos

Motores (síndrome parkinsoniana)


•Início assimétrico

•Tremor predominantemente em repouso de baixa frequência (4 a 6Hz) e


grande amplitude.

•Rigidez em roda denteada.

•Bradicinesia (diminuição da velocidade e amplitude dos movimentos).

• Hipomimia facial; disartria, micrografia, congelamento de marcha,


hipofonia.
Doença de Parkinson
Aspectos clínicos
Não motores
•Hiposmia

•Disautonomia
Hipotensão postural
Obstipação intestinal
Disfunção erétil
Incontinência/ retenção urinária

•Depressão

•Distúrbios do sono (dist. De comportamento do sono REM)

•Distúrbios cognitivos (atenção, funções executivas e visuoespaciais).


Doença de Parkinson Idiopática
Critérios diagnósticos
Bradicinesia e pelo menos um dos sintomas abaixo:

- Tremor em repouso (4 a 6 Hz)


- Rigidez em roda denteada
- Alteração do equilíbrio (descartadas outras causas, como
alterações vestibulares, cerebelares, etc).

Critérios que reforçam o diagnóstico:

- Início unilateral.
- Tremor em repouso.
- Quadro progressivo.
- Assimetria persistente.
- Excelente resposta à levodopa.
- Presença de discinesias induzidas por levodopa .
- Resposta à levodopa por mais de 5 anos.
- Duração maior que 10 anos.
Doença de Parkinson

Diagnóstico diferencial

Sinais de alerta que levam a pensar em outras formas de parkinsonismo,


que não o idiopático:

- Início simétrico.
- Alterações psiquiátricas e/ou disfunções cognitivas precoces.
- Alteração da motricidade ocular.
- Quadro bulbar precoce (disfagia).
- Acentuada alteração do equilíbrio muito precocemente.
- Disautonomia
- Mão alienígena
- Resposta pobre ou ausência de resposta à levodopa.
- Progressão rápida.
Doença de Parkinson

Diagnóstico diferencial

• Parkinsonismo induzido por drogas (bloqueadores de canal de cálcio,


neurolépticos).

• Outras doenças com síndromes parkinsonianas


Parkinsonismo vascular (infartos múltiplos)
Paralisia supranuclear progressiva
Atrofia de múltiplos sistemas
Degeneração gangliônica corticobasal
Demência com corpos de Lewy
Demência frontotemporal
Doença de Alzheimer
Doença de Parkinson

Tratamento
Medicamentoso

Terapia para potencialização dopaminérgica (levodopa, agonista


dopaminérgicos, inibidores da MAOB e d comt)

Levodopa

-Padrão ouro no tratamento da DP.

-Complicações a longo prazo:

-Flutuações motoras (“wearing off”)

- Discinesias
Avaliação neuropsicológica é fundamental

para a indicação de DBS


Doença de Parkinson

Alterações cognitivas

Podem estar presentes desde o início , ou mesmo antes do


diagnóstico clínico

É importante levar uma série de fatores em consideração:

Depressão (pode ser um dos primeiros sintomas da DP)

Distúrbios hormonais/ metabólicos (tireóide; vit. B12)

Diminuição da acuidade visual/ auditiva

Limitações motoras intrínsecas à DP

Uso de medicamentos
Uso de medicamentos
Mediante distúrbios psiquiátricos/ cognitivos, o médico sempre deve
verificar a medicação

Todas as medicações utilizadas na terapia antiparkinsoniana podem


causar distúrbios cognitivos

Pesar risco x benefício

Sensação de presença, ilusões, alucinações visuais, comportamento


compulsivo (principalmente agonistas dopaminérgicos)

Quadro confusional (principalmente anticolinérgicos)


Doença de Parkinson

Alterações cognitivas

Comprometimento de funções executivas

Sugere envolvimento precoce da região frontal subcortical e


deficiência da sinalização dopaminérgica pré-frontal.

Não necessariamente é proporcional ao déficit motor

Memória de trabalho, planejamento, controle inibitório,


atenção, diminuição da velocidade de processamento
Doença de Parkinson

Alterações cognitivas

Comprometimento das habilidades visuoespaciais

Falha na integração de circuitos córtico (frontal, parietal, occipital)/


subcorticais (núcleos da base)

Não têm déficit de reconhecimento

Habilidade visual discriminatória comprometida (localização


espacial; desenhos complexos)
Outros diagnósticos diferenciais

Parkinsonismo atípico

Paralisia supranuclear progressiva

Atrofia de múltiplos sistemas

Degeneração corticobasal

Demência com corpos de Lewy

Demência frontotemporal
Demência com corpos de Lewy

Alterações comportamentais podem começar antes dos


sintomas motores

Alucinações visuais bem estruturadas

Parkinsonismo

Demência (na fase mais avançada, porém, mais rápido do


que no Parkinson); pode confundir com Alzheimer

Não toleram neurolépticos


Demência com corpos de Lewy X Doença de Alzheimer

Flutuações da cognição conforme ou dia ou horário (alerta/atenção)

Hipersonolência diurna, mesmo com sono noturno adequado

Alucinações visuais precocemente

Episódios de fala desconexa/ olhar parado

Disfunção executiva e visuoespacial (pior do que no Alzheimer)

Inicialmente, as perda da memória anterógrada é menos proeminente


do que no Alzheimer

Sinais de parkinsonismo no começo

Distúrbio de comportamento do sono REM


Paralisia supranuclear progressiva

Lembra muito a doença de Parkinson no início

Rápido declínio cognitivo

Oftalmoplegia, quedas frequentes desde o início

Resposta ruim à terapia dopaminérgica


Demência frontotemporal

início por volta dos 60 anos

~50 % tem história familiar positiva (mutação no gene MAPT/Tau)

Distúrbio de linguagem
Diminuição da fala, até mutismo (afasia progressiva primária)
OU
Perseveração, respostas estereotipadas, ecolalia

Dificuldade de nomeação; não fluente

Desinibição, hiperfagia, hipersexualidade

Sinais de frontalização, alguns podem ter parkinsonismo

Na fase inicial, fluência verbal, memória de trabalho e atenção são


mais comprometidas do que no Alzheimer
Avaliação inicial

Anamnese (paciente/ familiar)

Principais queixas, quais as dificuldades no dia a dia


Grau de autonomia/ dependência
Outras doenças (incluindo acuidade visual/auditiva)
Checar se fez check up geral, incluindo hormonal,
metabólico
Medicações um uso
Uso de substâncias psicoativas
Nutrição
Antecedentes familiares
TESTES NEUROPSICOLÓGICOS

ORIENTAR SOBRE CUIDADOS E


ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO

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