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FISIOTERAPIA NA

DOENÇA DE PARKINSON

Candidata:
Allen Suzane de França
ROTEIRO DA AULA

 Definição
 Epidemiologia
 Etiologia
 Fisiopatologia
 Manifestações Clínicas
 Avaliação Fisioterapêutica
 Objetivos
 Tratamento Fisioterapêutico

Fisioterapia na Doença de Parkinson 2


CONCEITO

O que é a Doença de
Parkinson?

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DEFINIÇÃO

 Doença degenerativa progressiva do SNC


caracterizada por uma desordem do sistema
motor

 Morte de neurônios dopaminérgicos da


substância negra.

 Resulta em alteração do tônus, posturas


anormais e movimentos involuntários

(CARR;SHEPHERD, 2008)
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DEFINIÇÃO

 Foi descrita pela primeira vez por James Parkinson em 1817


como “paralisia agitante”.

 Membro do Colégio Real de Cirurgiões, publicou sua principal


obra: “Um ensaio sobre a Paralisia Agitante”.

 Descreveu os principais sintomas da doença que posteriormente


recebeu seu nome.

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EPIDEMIOLOGIA
 Segunda maior causa de doença neurodegenerativa;
 Tem distribuição universal
 Todos os grupos étnicos e classes sociais;
 Prevalência 100 a 200: 100.000;
 Afeta 1% dos maiores de 60 anos;
 No Brasil, a prevalência é de 3,3% em maiores de 65 anos.

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FISIOPATOLOGIA

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FISIOPATOLOGIA

 Dopamina: neurotransmissor
inibitório do corpo estriado

 Quando reduzida, ocorre predomínio


da atividade inibitória do córtex
motor.

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ETIOLOGIA

 Idiopática – Multifatorial:

- Fatores tóxicos ambientais – derivados de petróleo, pesticidas


- Fatores genéticos
- Isquemia cerebral
- Trauma craniano repetitivo – lutadores

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PARKINSONISMO ≠ DOENÇA DE PARKINSON

 Várias doenças com causas  É o tipo de parkinsonismo


diferentes que mais frequente
compartilham a mesma
síndrome clínica
caracterizada por
desordens do movimento

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CLASSIFICAÇÃO

 Parkinsonismo primário ou idiopático:

É a Doença de Parkinson verdadeira, corresponde a 75% de


todas as formas de parkinsonismo.

 Parkinsonismo secundário:

É quando o parkinsonismo tem uma causa definida – pós-


encefalítico, medicamentoso, arteriosclerótico e tóxico.
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CLASSIFICAÇÃO

 Parkinsonismo-plus:
Forma mais incapacitante de parkinsonismo, pois o processo
degenerativo não acomete apenas a substância negra, afetando
outras áreas cerebrais. A progressão costuma ser mais rápida, e as
medicações antiparkinsonianas não são tão eficazes como na DP.

 Parkinsonismo associado a outras doenças degenerativas:


Algumas doenças degenerativas podem evoluir com sinais de
parkinsonismo, como Doença de Huntington, Doença de
Hallervorden-Spatz, Distonia e Doença de Wilson
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FATORES DE RISCO

 Idade
 Gênero masculino
 Residir em zona rural ou ambientes tóxicos
 Hereditariedade

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DIAGNÓSTICO

Critérios
Bradicinesia

 Não existe teste diagnóstico


+
Rigidez
Ou
 É essencialmente clínico Tremor de repouso
Ou
Instabilidade postural não causada
por distúrbios visuais, vestibulares,
cerebelares ou proprioceptivos

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

História
Demência
definida de
precoce
encefalite

Resposta
História de Tto prévio negativa ao
trauma com Sinais Levodopa
craniano neurolépti Quadro cerebelares
cos clínico
unilateral
após 3
anos

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Sintomas Iniciais – Pré-motores

 Constipação

 Déficit olfativo

 Depressão/ansiedade

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Sinais Cardinais – Sintomas motores

 Tremor em repouso (assimétrico)

 Rigidez – roda denteada

 Bradicinesia/acinesia

 Instabilidade postural
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Sintomas motores

 Hipomimia - Face em máscara


 Disartria e disfagia
 Micrografia
 Alterações no aparelho respiratório

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Sintomas motores

 Alteração do equilíbrio e da postura

 Alteração da marcha

 Incapacidade funcional

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Sintomas não -motores

 Distúrbios autonômicos:
- Sudorese excessiva/pele oleosa
- Incontinência urinária  Distúrbios neuropsiquiátricos:
- Disfunção sexual
- Hipotensão ortostática
- Anedonia
- Ansiedade e Apatia
 Distúrbios do sono: - Disfunção executiva
- Movimentos periódicos - Disfunção visuoespacial
- Insônia - Comportamentos compulsivos
- Despertar frequente
- Sonolência diurna excessiva
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COMPLICAÇÕES

 Demência

 Broncopneumonia

 Alto risco de quedas

 Dor

 Úlcera de decúbito

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ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
NEUROLOGISTA

ASSISTENTE FISIOTERAPEUTA
SOCIAL

PACIENTE
FAMÍLIA
CUIDADOR TERAPEUTA
ENFERMEIRO
OCUPACIONAL

PSICÓLOGO FONOAUDIÓLOGO

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ANAMNESE

 QP: O que o(a) levou a procurar ajuda?

 HDA: Como surgiu? Quando? Quais os sintomas?

 História Pregressa: TC? Encefalite? Intoxicações?


AVALIAÇÃO
 História familiar: DP? Doenças neurodegenerativas?

 Comorbidades: diabetes, HAS, demência.

 Hábitos de vida: alimentação, atividade física,


ocupação.

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EXAME FÍSICO

 Inspeção global

Estado Padrão
AVALIAÇÃO Mental Postural
(MEEM – 1994)

Forma de
Locomoção

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EXAME FÍSICO

 Inspeção local

Coloração da pele Edema


AVALIAÇÃO
Deformidades Trofismo

Úlcera de decúbito

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EXAME FÍSICO

 Palpação
Tônus muscular – Escala de Ashworth

AVALIAÇÃO
Hipertonia
Distonia
Hipotonia

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EXAME FÍSICO

Dor

ADM ativa e passiva


AVALIAÇÃO
Força muscular

Manobras deficitárias

Sensibilidade: superficial, profunda e cortical


combinada
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EXAME FÍSICO

Atividade reflexa

Coordenação e equilíbrio
- Romberg
AVALIAÇÃO Funcionalidade

Marcha

Fala

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EXAME FÍSICO

 Instrumentos :

Escala de Hoehn e Yahr Modificada – Estágios de


Incapacidade da DP
AVALIAÇÃO Escala de atividade de Parkinson – Problemas
funcionais nos estágios moderado e grave da DP

Escala de Equilíbrio de Berg – Avaliação do equilíbrio


de idosos
Time Up and Go test – Preditor de quedas

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Qualidade de vida

Escala para qualidade de vida na DP – PDQ39

AVALIAÇÃO
FISIOTERAPÊUTICA
Escala de Depressão Geriátrica

Questionário de Qualidade de vida na DP - PDQL

Fisioterapia no AVC 30
PROGNÓSTICO

 Início do Tto
 Medicação
 Hábitos de vida
 Idade
 Comorbidades
 Participação da família

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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

 Inicialmente: Levodopa – redução da rigidez e tremor

Uso prolongado por mais de 10 anos:


- Pode acelerar degeneração
- Pode causar discinesia

 Agonistas de dopamina – estimulam os receptores dopaminérgicos


do corpo estriado.

 Anticolinérgicos – inibem a produção de acetilcolina e reduzem


tremores

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
OBJETIVOS
 Prevenir contraturas, deformidades, úlceras de decúbito e complicações
respiratórias

 Inibir rigidez

 Fortalecer musculatura

 Ganhar ADM

 Melhorar o equilíbrio postural e a coordenação

 Melhorar a marcha

 Facilitar AVD’s
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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Alongamentos - grupos flexores

 Fortalecimento – musculatura extensora

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 Intervenção: exercício resistido
progressivo
https://doi.org/10.1016/S1836-9553(13)70141-3
 Avaliação: Força muscular e medidas
de desempenho físico: TC6, Timed UP
and Go, etc.

 Resultado: Aumento da força


muscular e melhora da marcha

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treino de transferências:

- Rolar (mudanças de decúbito)


- Sentar
- Transferência de peso
- Ficar em pé

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Método Bobath: inibir padrões anormais e estimular


padrões normais

 Exercício de Ponte

 Tapping

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Kabat:

- Cintura escapular (póstero-depressão/póstero-elevação)


- MS – primitiva - D2 (flexão-abdução-rotação externa)

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Kabat:

- MI – funcional – D1 (flexão-adução-rotação externa)


- MI – primitiva – D2 (flexão-abdução-rotação interna)

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treino de equilíbrio e controle postural:

- Transferência de peso
- Reação de equilíbrio
- Pequenos deslocamentos – grandes deslocamentos
- Circuitos

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treinamento funcional:

- Sentar – ficar de gato – engatinhar – ficar de joelhos – ficar de pé


- Deslocar-se, agarrar, manusear, mover, soltar

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Condutas respiratórias:

- Manobras de reexpansão pulmonar


- Cinesioterapia respiratória

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treinamento de AVD’s:  Fazer adaptações

- Alcance  Orientar paciente e familiares


- Preensão
 Dispositivos auxiliares
- Manipulação
- Coordenação bimanual

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treino de marcha:

- Barra paralela
- Escada de canto
- Obstáculos
- Suporte parcial de peso

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Topics in Geriatric Rehabilitation 30(4):290 · January 2014

 Resultado:

Em relação à fadiga, a cadência, velocidade da


marcha mostrou uma diferença estatisticamente
significante entre o grupo controle e o grupo
BWSTT.
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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Realidade Virtual:

- Equilíbrio
- Coordenação
- Força muscular

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Arq Neuropsiquiatr 2018;76(2):78-84

 Resultado:

Melhora significativa do equilíbrio e da capacidade


funcional

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Hidroterapia

- Bad ragaz
- Halliwick
- Hidrocinesioterapia

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 Resultado: Depois da FA, houve uma redução
significativa (p<0,0001) do escore total do PDQ-39,
e em todos os três estágios da DP avaliados. Essa
redução foi maior nos pacientes do estágio 3.

A FA proporcionou uma melhora na qualidade de vida


dos pacientes com doença de Parkinson

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REFERÊNCIAS
 CARR, J. H; SHEPHERD, R. B. Reabilitação neurológica: otimizando o
desempenho motor. São Paulo: Manole, 2008.

 UMPHRED, D. A. Reabilitação neurológica. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

 BARBOSA, M. T.; et. al. Parkinsonism and Parkinson's disease in the elderly: A
community‐based survey in Brazil (the Bambuí study). Movement Disorders. 21(6):
800-808, 2006.

 LINDQUIST, A. R. R.; et al. Progressive resistance exercise improves strength and


physical performance in people with mild to moderate Parkinson’s disease: a
systematic review Journal of Physiotherapy, 59: 7-13, 2013.

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REFERÊNCIAS
 LIMONGI, J. C. P. Principais sintomas, causas e formas clínicas. In: LIMONGI, J. C. P.
Conhecendo melhor a Doença de Parkinson: Uma abordagem multidisciplinar
com orientações práticas para o dia-a-dia. São Paulo, SP: Plexus, 2001. p. 13-35.

 TAKANO, L. L.; et al. Effect of the Body Weight Support Associated to Treadmill
Approach in Parkinson Disease. Topics in Geriatric Rehabilitation, 30(4): 290-
295, 2014.

 SEVERIANO, M. I. R.; et al. Effect of virtual reality in Parkinson’s disease: a prospective


observational study. Arq Neuropsiquiatr 76(2):78-84, 2018.

 SILVA, D. M.; et al. Efeitos da fisioterapia aquática na qualidade de vida de


sujeitos com doença de Parkinson. Fisioter Pesq. 20(1):17-23, 2013.
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Estudo de caso

 Paciente P. A. F., sexo masculino, 68 anos, casado, aposentado, hipertenso, com


antecedentes familiares de Doença de Parkinson (primo de 2º grau e um tio),
possui diagnóstico de Parkinson há 5 anos, fazendo tratamento com levodopa e
anticolinérgicos, chega a Clínica de Fisioterapia na UEPB apresentando
apresentando tônus rígido, tremor de repouso bilateral, força muscular reduzida,
déficit de equilíbrio estático e dinâmico, instabilidade na transferência de peso,
marcha festinante e ADM reduzida. Diante deste caso, qual o diagnóstico
cinético-funcional e o tratamento fisioterapêutico adequado para esta paciente?

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