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O que é?

É uma doença neurológica, crônica e progressiva, que atinge o


sistema nervoso central e compromete os movimentos do indivíduo.
James Parkinson, médico inglês pioneiro da neurologia clínica, foi
quem primeiramente descreveu os sintomas da doença em seu
trabalho ‘‘Um ensaio sobre a paralisia agitante’’, décadas depois, ao
avançar os estudos sobre a doença, o médico francês Jean Martin
Charcot sugeriu então o nome de Doença de Parkinson.

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A doença afeta a capacidade do cérebro de
controlar os movimentos do corpo e isso acontece
por causa da degeneração dos neurônios situados
numa região do cérebro chamada substância negra
(ou nigra). Essas células são responsáveis pela
produção da substância chamada dopamina, um
neurotransmissor que conduz as correntes
nervosas ao corpo. A falta ou diminuição da
dopamina afeta os movimentos provocando
lentidão, tremores e desequilíbrio.

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Epidemiologia
A Doença de Parkinson é a segunda doença
neurodegenerativa mais comum no mundo, ficando
atrás apenas da doença de Alzheimer, tem
prevalência em países industrializados varia entre
0-3% de toda a população e entre pessoas acima
de 60 anos é de aproximadamente 1%. A
prevalência variou entre 167-5.703 casos por
100.000 em relação a grupos de pessoas acima de
60 anos. Em relação à população em geral a
prevalência variou entre 31-970 casos por 100.000,
as taxas de incidência notificadas da doença são de
16-19 casos por 100.000 pessoas/ano.
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Causas

Mesmo com os avanços da medicina e os inúmeros estudos aprofundados da


neurociência, ainda não há determinada uma causa específica para a Doença
de
Parkinson. Os especialistas acreditam que ela pode ser desencadeada por uma
série de fatores combinados e que também pode variar de pessoa para pessoa.
O grupo mais afetado por esse mal são os idosos. De acordo com as
estatísticas,
na grande maioria dos pacientes, a doença surge a partir dos 55, 60 anos, com
um aumento da prevalência a partir dos 70, 75 anos. Mas existem também
alguns fatores de risco, como o histórico familiar positivo, ser do sexo masculino,
traumas no crânio e exposição a certos produtos químicos (agrotóxicos).

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Fisiopatologia
Os núcleos da base são responsáveis pela contração muscular, a
força e controle muscular, os movimentos de múltiplas articulações e
as sequências de movimentos, principalmente de caráter automáticos.
As informações são de origem principalmente do córtex cerebral. A
estimulação dos núcleos da base pelos neurônios motores superiores
são direcionados pelas áreas motoras do córtex cerebral e núcleo
Pedúnculo potino (localizado no tronco encefálico).
A estimulação do núcleo pedúnculo pontino evoca comportamentos
rítmicos, tais como padrões locomotores. Os sinas e sintomas
apresentados na DP existem alterações nas transmissões sinápticas
do circuito complexo córtico-basal-tálamo-cortical, principalmente na
sua via indireta, determinando o caráter hipocinético da desordem
patológica.

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Nos núcelos da base, mais
especificamente na substância negra,
especificamente a porção compacta do
mesencéfalo se encontra neurônios
dopaminérgicos inativos precocemente e
progressivamente o que acarreta redução
da dopamina no cérebro comprometendo
as informações sinápticas. Quando a uma
diminuição deste neurotransmissor em
função da morte destas células os
portadores começam a apresentar sinais e
sintomas relacionados a restrição da
produção deste neurotransmissor.

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Sinais e sintomas
No início da doença os sintomas podem ser muito leves, de tal forma que o
paciente
pode ter dificuldade no futuro de dizer precisamente quando apareceram pela
primeira vez.
O aumento gradual de tremores nas extremidades e lentidão de movimentos são os
primeiros sinais da doença, geralmente notados por familiares e amigos mais
próximos. Outros sintomas também podem estar associados ao início da doença,
como a redução da quantidade de movimentos, a rigidez muscular, dores,
diminuição do olfato, constipação, distúrbios do sono, tontura, depressão, distúrbio
da fala
e dificuldade para engolir.
Em geral, para fechar o diagnóstico é preciso identificar 2 dos 3 principais sintomas
motores (tremor em repouso, bradicinesia ou rigidez), associado a uma melhora
destes com o uso de medicamentos específicos para Doença de Parkinson

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Manifestações motoras

São os sinais mais relevantes da doença e possuem 4


componentes básicos, bradicinesia/acinesia, rigidez, tremor de
repouso e instabilidade postural.
Bradicinesia
sinal que está sempre presente, sendo caracterizado por lentidão
e redução de amplitude dos movimentos.
O indivíduo possui consequentemente incapacidade de sustentar
movimentos repetitivos ou movimentos simultâneos e fatiga
anormal.
Outros efeitos decorrentes da bradicinesia são hipomimia
(redução da expressão facial), sialorréia, disfagia tardia, disartria
tardia e micrografia.
A marcha parksoniana ou “em bloco” também se dá em
decorrência à bradicinesia e é definida por uma redução da
amplitude dos passos, perda dos movimentos associados aos
membros superiores (ficam semifletidos e rígidos) e inclinação
para frente.
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Rigidez
É a hipertonia plástica, que configura o fenômeno do Sinal da
Roda Denteada, com exacerbação dos reflexos posturais.

Tremor de Repouso
Ocorre principalmente nos dedos das mãos. O tremor aparece
em momentos de repouso, acentuando-se durante a marcha,
no esforço mental e em situações de tensão emocional,
diminuindo durante a movimentação voluntária.

Instabilidade Postural
Ela é decorrente da perda de equilíbrio postural, evidenciado
em mudanças bruscas de direção durante a marcha. Mais
comum em fases mais tardias.

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Manifestações não motoras

Decorrem de morte neuronal pelo acúmulo de corpúsculos de Lewy, mas em


áreas fora dos núcleos da base.

As manifestações podem ser neurológicas, psiquiátricas, gastrointestinais e


autonômicas, como veremos a seguir.

Sintomas neuropsiquiátricos
Depressão: mais comum, resultante de anormalidades bioquímicas, não só à
reação à essa enfermidade crônica; e
Demência: ocorre em até 40% dos casos.
Constipação Intestinal
É o sintoma mais precoce de todos.

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Transtorno Comportamental do Sono REM
É um sinal também precoce, presente em 40% dos casos, que é
caracterizado por reações físicas durante os sonhos da fase REM.

Importante perguntar na anamnese ao parceiro do paciente se há esses


incômodos durante a noite.

Hiposmia
Presente em 90% dos pacientes com DP, ela ajuda a distinguir outras
formas de parkinsonismo.

Outras alterações: hipotensão postural, disfunção vesical, disfunção erétil,


seborreia e problemas com a termorregulação.

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Diagnóstico

• Feito pelo médico


• Não existem testes ou exames de imagem que possam confirmar o diagnóstico de forma direta.
• A tomografia computadorizada (TC) e a imagem por ressonância magnética (RM) podem ser
realizadas para detectar outras afecções estruturais.
• Se o diagnóstico não for claro, pode-se receitar levodopa→ mostrar uma melhora clara → a
doença de Parkinson é provável.
• O diagnóstico da DP requer a identificação de alguma combinação dos sinais motores cardinais.
• Atualmente, os critérios do Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido são os
mais utilizados para o diagnóstico.
• Com base nestes critérios, o paciente terá diagnóstico de DP se apresentar lentidão dos
movimentos (bradicinesia), 1 critério necessário e pelo menos 3 critérios de suporte positivo.

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Diagnóstico
• Critérios necessários para diagnóstico de DP:
− bradicinesia (e pelo menos um dos seguintes sintomas abaixo)
− rigidez muscular
− tremor de repouso (4-6 Hz) avaliado clinicamente
− instabilidade postural não causada por distúrbios visuais, vestibulares, cerebelares ou
proprioceptivos.

• Critérios de suporte positivo para o


diagnóstico de DP (3 ou mais são necessários):
− início unilateral
− presença de tremor de repouso
− doença progressiva
− persistência da assimetria dos sintomas
− boa resposta a levodopa
− presença de discinesias induzidas por levodopa
− resposta a levodopa por 5 anos ou mais
− evolução clínica de 10 anos ou mais 15
Diagnóstico
Critérios negativos (excludentes) para DP
− história de AVC de repetição
− história de trauma craniano grave
− história definida de encefalite
− crises oculogíricas
- tratamento prévio com neurolépticos
− remissão espontânea dos sintomas
− quadro clínico estritamente unilateral após 3 anos
− paralisia supranuclear do olhar
− sinais cerebelares
− sinais autonômicos precoces
− demência precoce
− liberação piramidal com sinal de Babinski
− presença de tumor cerebral ou hidrocefalia
comunicante
− resposta negativa a altas doses de levodopa
− exposição a metilfeniltetraperidínio

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Classificação
Escala de Hoehn e Yahr
•Amplamente utilizada desde a década de 60, a Escala de Hoehn & Yahr é uma ferramenta de
classificação que oferece alguns pontos de referência para ajudar a determinar o estágio da doença
do paciente.
•Indica o estado geral do paciente, sendo cinco estágios de doença. Na versão atualizada utilizada
atualmente, os estágios 1.5 e 2.5 foram adicionados para dar conta do curso intermediário da
doença.

Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson


A Escala Unificada de Classificação da Doença de Parkinson (UPDRS) é utilizada no mundo todo
por capturar diferentes aspectos da DP, tornando-se uma referência para avaliação da mesma.
A UPDRS contém quatro partes. A primeira parte avalia a função intelectual, humor e
comportamento. O segundo avalia as atividades de vida diária. A terceira parte avalia uma função
motora e a quarta avalia as complicações motoras.
Cada parte inclui pontuações que avaliam a gravidade da doença. A pontuação máxima é 199,
refletindo a deficiência total, enquanto uma pontuação de zero significa nenhuma deficiência.

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Classificação

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Estágios
Estágio Características
Estágio 1 • Neste início, os sintomas não interferem nas atividades do
cotidiano.
• Os tremores e as dificuldades motoras atingem apenas
um lado do corpo, por isso passam despercebidos para os
outros.

Estágio 2 • Os tremores, a rigidez muscular e as dificuldades motoras


atingem os dois lados do corpo.
• O paciente anda mais devagar, com passos curtos.
• A fala já não é tão clara e o tom de voz diminui.
• Ainda é possível ser independente e ter autonomia para se
cuidar sozinha, mas as tarefas demandam mais tempo para
ser finalizadas.

Estágio 3 • Os sintomas ficam mais evidentes e a doença, mais


comprometedora.
• Os movimentos são cada vez mais lentos.
• Falta equilíbrio para ficar de pé e para andar.
• As quedas ocorrem com mais frequência.
• Comer e se vestir sem ajuda de outra pessoa é um grande
desafio.
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Estágios

Estágio Características
Estágio 4 • Os sintomas se agravam e se tornam incapacitantes.
• Muitos pacientes já precisam de ajuda para andar e
realizar pequenas tarefas do cotidiano.
• É do estágio 3 para o 4 que a maioria dos pacientes perde
a autonomia.

Estágio 5 • Estágio mais avançado, no qual a rigidez nas pernas


impede o paciente de andar.
• Muitos passam a usar cadeiras de rodas ou ficam a maior
parte do tempo na cama.
• Muitos parkinsonianos neste estágio apresentam delírios e
alucinações.
• Os efeitos colaterais provocados pelas medicações
superam seus benefícios.

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Tratamento
• O tratamento principal para a doença de Parkinson é Levodopa + Carbidopa
• Medidas gerais para controlar os sintomas
• Outros medicamentos costumam ser menos eficazes do que a levodopa, podem ter
efeitos positivos em algumas pessoas, sobretudo se a levodopa não for tolerada ou
for inadequada.
• Nenhum medicamento pode curar a doença.
• Pode ser necessário utilizar dois ou mais medicamentos.
• Para pessoas mais velhas, as doses geralmente são reduzidas.
• São evitados os medicamentos que causem ou piorem os sintomas, particularmente
os medicamentos antipsicóticos.

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Cuidados Gerais
• Continuar fazendo o máximo de atividades diárias possível;
• Seguir um programa de exercício regular;
• Simplificar as tarefas diárias – por exemplo, substituindo os botões da roupa por velcro ou
comprando sapatos com fechos de velcro;
• Usar dispositivos de assistência, como puxadores de zíper e ganchos para botões;
• Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais podem ajudar as pessoas a incorporarem essas
medidas em suas atividades diárias e também recomendar exercícios .
• Podem recomendar auxílio, como andadores: manter a independência.
• Mudanças na casa para deixá-la mais segura : retirar os tapetes, instalar barras de apoio
nos banheiros e corrimão nos corredores e outros locais, etc.
• A dificuldade em engolir pode limitar a ingestão de alimentos e propiciar broncoaspiração:
fonoaudiologia

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Fisioterapia

Cinesioterapia
Exercício físico pode ajudar na melhora funcional dos pacientes por meio da melhora de
diferentes aspectos relacionados ao funcionamento motor, como força muscular, postura, agilidade,
flexibilidade, condicionamento e controle motor. Além disso, estudos mostram que o exercício físico pode
aumentar a liberação endógena de dopamina (Sutoo e Akiyama, 2003; Muller e Muhlack, 2010) e
melhorar a oxigenação cerebral, o que pode favorecer a sobrevivência de neurônios (Dishman et al.,
2006). Diferentes modalidades de exercícios levaram a melhoras significativas na função motora em
pacientes com doença de Parkinson, como treino de marcha (van Eijkeren et al., 2008; Filippin et al.,
2010; Yang et al., 2010), tratamento com dança (Hackney e Earhart, 2009), exercícios excêntricos
(Dibble et al., 2009) e treinos específicos para prevenção de quedas (Allen et al., 2010).
Tipos: Técnicas de Relaxamento, Alongamentos, Exercícios ativos, Treino de Equilíbrio e
Coordenação, Exercícios Posturais, Respiratórios, PNF, Bobath, Mímica Facial, Treino de Marcha,
Hidroterapia, Treinos de Transferência, Exercícios em Grupo.

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Neuromodulação
Invasiva: possibilidade de estimulação direta de estruturas relacionadas às disfunções motoras
associadas à doença de Parkinson, como núcleos subtalâmicos e gânglios da base. É feita através de
cirurgia.
Não invasiva: pode gerar uma ativação secundária de estruturas profundas apresentando resultados
positivos e, em alguns casos, semelhantes às técnicas invasivas com menores efeitos adversos e
maior segurança.
Essas técnicas buscam o reequilíbrio da atividade cortical dos indivíduos e tentam aumentar a
efetividade do controle motor e da lentificação da evolução dos sintomas. A estimulação pode agir,
então, através da modulação da plasticidade sináptica ou pela perturbação do ritmo cerebral
(Lefaucheur, 2009). A estimulação dos pacientes acontece no córtex motor, na área motora
suplementar e na área pré-motora. Em razão das projeções corticostriatais, as estruturas relacionadas
à doença de Parkinson podem ser moduladas secundariamente, influenciando seu funcionamento e o
metabolismo dopaminérgico. Associar à Cinesioterapia.

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