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ARTRALGIAS

Semiologia Médica

Caroline Nemitz
Carlos Miguel Munaretto
ARTICULAÇÃO OU JUNTA
Região anatômica que estabelece a contiguidade entre ossos ou cartilagens,
possibilitando a execução de movimentos amplos, restritos ou nenhum movimento.
ESTRUTURAS ARTICULARES
• Cápsula articular e a cartilagem articular (Matriz de colágeno contendo íons com carga elétrica
e água, que possibilita a mudança de formato da cartilagem em resposta à pressão ou carga
mecânica)

• Sinóvia e o líquido sinovial (nutre a cartilagem articular adjacente que é relativamente


avascular)

• Ligamentos intra-articulares e o osso justa-articular;


Articulação sinovial

Com o envelhecimento, a produção desse líquido diminui, ocasionando dores nas articulações.
ESTRUTURAS EXTRA-
ARTICULARES:
• Ligamentos periarticulares: (são feixes de fibrilas de colágeno semelhantes a cordas, que ligam
um osso a outro).

• Tendões: (fibras de colágeno que conectam os músculos aos ossos).

• Bolsas: (coleções de líquido sinovial que amortecem o movimento de tendões e músculos


sobre ossos ou outras estruturas articulares).

• Músculos, fáscia, ossos, nervos e a pele sobrejacente.


CLASSIFICAÇÃO DAS
ARTICULAÇÕES
Artralgia Artrite

Indica que estão presentes


sinais flogísticos (dor,
Significa apenas dor na
edema, calor e rubor), aos
articulação,
quais se soma quase sempre
a limitação dos movimentos
TIPOS DE ARTRITE:
• Infecciosas: Pode ocorrer por ação direta ou indireta.

• Inflamatórias: Autoimunes = etiologia desconhecida.

• Neoplásicas: Manifestações articulares podem preceder, surgir ao mesmo tempo ou


posteriormente.

• Mecânicas: Surgem geralmente após traumatismo. Se nenhuma estrutura foi rompida, o


quadro regride. A presença de lesão permanente (meniscal ou ligamentar) impede que o
derrame seja reabsorvido.
CLASSIFICAÇÃO DAS
ARTICULAÇÕES:
• Axiais: Pertencentes à coluna (cervical, dorsal, lombar e sacroilíacas).

• Periféricas: São as articulações dos membros, dependendo do número de articulações


acometidas podem ser classificadas em:
◦ Monoarticular: 1 articulação;
◦ Oligoarticular: 2-4 articulações;
◦ Poliarticular: 5 ou mais;
◦ Extra-articular: envolve ossos, músculos e tecidos em torno da articulação (tendões, bolsas
ou a pele sobrejacente)
TIPOS DE DOR ARTICULAR
• AGUDA: Surge subitamente em um paciente sem queixa prévia. Os sinais flogisticos. Gota ou
pseudogota, artrites sépticas. Esses quadros agudos são observados infrequentemente na forma
poliarticular.

• CRÔNICA: Persiste por tempo superior a três meses. O paciente pode parar de exercer suas
atividades normalmente, assim, associam-se um componente emocional depressivo, que piora
ainda mais as condições gerais do paciente. Artrite reumatoide.
Artrite Reumatoide
• Doença auto imune;

• Atinge primeiro as pequenas articulações;

• Inflamação da membrana sinovial;

• Destruição cartilagem / tecido conjuntivo fibroso;


COMO A ARTRITE REUMATOIDE AGE NO CORPO:

Fonte: MD SAÚDE
Dedo em “botadeira” Dedo em pescoço de cisne
Flexao da interfalangiana proximal e Hiperextensão da interfalangeana proximal
hiperextensão da interfalangiana distal e flexão interfalangiana distal). Polegar em Z

Sinuvite Mãos em dorso de camelo Halux valgo


Tumefacao das articulações metacarpofalangianas. Aumento de volume do punho e das Desvio lateral da 1ª articulação
Desvio ulnar dos dedos. metacarpofalangeanas e hipotrofia dos ineosseos metatarsofalangeana.
dorsais.
Osteoartrose
• Doença articular degenerativa;

• Resultante idade, irritação articular, uso e abrasão;

• Relacionada principalmente com as articulações sinoviais de suporte


de peso (joelhos e quadril);

• Costuma surgir mais cedo em homens e nas mulheres após a


menopausa. Nos jovens as causas mais comuns são inflamações,
acidentes e predisposição genética;
Diminuição do espaço articular do tornozelo, com cistos
subcondrais e esclerose óssea (esbranquiçamento) no raio-
x à direita.
Artrite Gotosa (Gota)
A gota é uma alteração metabólica das purinas. O aumento na concentração de ácido úrico
(sangue acima de 7,0 mg/dl ) pode provocar a formação de minúsculos cristais de urato que se
depositam nos tecidos, principalmente nas articulações.

Pode ser:

• Primária- Hiperprodutores ou hipoexcretores de ácido úrico. Genética.

• Secundária, quando há superprodução de ácido úrico. Principais causas: IRC, uso de diuréticos,
leucemia, policitemia, mieloma múltiplo.
• Depósito de cristais gera nódulos inflamatórios e dolorosos, inflamações nas articulações.
Nos rins pode formar cálculos de ácido úrico.

• Maior frequência no sexo masculino, em torno da quinta década da vida.

• Após a primeira crise (monoartrite aguda), poliarticulares com intervalos assintomáticos


cada vez mais curtos. Artrite crônica com crises de agudização e aparecem os tofos em tecidos
moles, principalmente nos pavilhões auriculares e primeiro dedo do pé.
Localizando-se preferencialmente na articulação metatarsofalangeana do primeiro dedo (podagra).
Pode ser nos joelhos (gonagra) e mais raramente nos punhos (quiragra). Nas mãos , a articulação mais afetada é a
interfalangeana do dedo mínimo.
DOENÇA REUMÁTICA
Poliartrite migratória, não deixa sequelas e, em boa parte dos casos, evidencia-se
comprometimento do coração. Pode apresentar síndrome coreica (coreia aguda de Sydenham).

“lambe as articulações e morde o coração”

• Principais sintomas:
Febre, lesões cutâneas, representadas por nódulos no nível do olécrano (nódulos de Meynet) e
eritema marginado (frequentes na face anterior do tórax e braços), inflamação do coração,
palpitações ou sopro.
LOMBALGIA:
• Dores lombares;

• Diagnóstico sindrômico com múltiplas possibilidades etiológicas; apenas 5% delas são


secundárias às hérnias de disco;

• A maioria dos processos é degenerativa, secundária à postura e/ou microtraumatismos


repetitivos (lesão por esforço repetitivo - LER), sendo que a minoria apresenta doenças
inflamatórias ou traumáticas;
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
• Mulheres em idade fértil;
• Caracterizado por lesões na pele e artrite migratória;

No exame clínico:
 “Asa de borboleta”;
 Alopecia;
 Artrite;
 Edema;
 Alteração visceral (coração, pulmão, rins);
SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
• Dor musculoesquelética generalizada e pontos de hipersensibilidade.

• “No corpo todo”, mas especialmente no pescoço, nos ombros, nas mãos, na região lombar e
nos joelhos.

• Início variável e evolução crônica, com “altos e baixos”.


ARTRITE SÉPTICA
• Ocorre em qualquer idade;

• É uma monoartrite aguda;

• Intensa inflamação articular;

• O exame do líquido sinovial mostra sinal inflamatório, com presença de bactérias;

• Mulheres em idade fértil; caracterizado por lesões na pele e artrite migratória;

No exame clínico:

 Algia, edema, eritema e febre.


EXTRA-ARTICULARES
• Reumatismo de partes moles, ocorre comprometimento dos elementos que constituem a
unidade anatomofuncional do aparelho locomotor.

• Caracterizam-se: Inflamação, fibrose e calcificação.

No exame clínico:

 Dor com ou sem fenômenos flogísticos;

 Limitação dos movimentos;

 Traumatismos repetidos;

TENDINITES, TENOSSINOVITES, BURSITES, CAPSULITES OU PERIARTRITES, MIOSITES, FIBROSITES E PANICULITES.


ANAMNESE
• Identificação

• Queixa principal

• História da doença atual: Decálogo da dor

• Antecedentes pessoais

• Histórico familiar

• Revisão de sistemas
QUEIXAS GERAIS:
• FEBRE
• EMAGRECIMENTO
• FRAQUEZA

◦ Quando o processo acomete primária ou secundariamente os músculos (miopatia ou


neurite periférica), a perda da massa muscular é responsável pelo sintoma.
• LOMBALGIA:
A dor se localiza na linha média? Irradia? Dormência ou parestesia associada? Disfunção vesical
ou intestinal associada?
“SINAIS DE ALERTA” de doença sistêmica subjacente grave: idade , história de câncer, perda
ponderal inexplicada, dor com duração superior a 1 mês ou refratária ao tratamento, dor à noite
ou que se agrava pelo repouso, história de uso de drogas intravenosas ou existência de infecção.

• CERVICALGIA:
Há irradiação para o braço, sobretudo para o ombro? A dor persistente após traumatismo não
penetrante ou uma colisão com um veículo automotor justifica avaliação adicional.
ECTOSCOPIA
A observação ao paciente começa no instante em que ele entra na sala de
exame. Sua maneira de andar e sentar, expressões faciais podem revelar um
sofrimento decorrente desses movimentos.

Marcha, postura, se há alguma lesão cutânea que compromete o


funcionamento de alguma articulação, como queimadura, cicatriz ou calcificação.
EXAME MUSCULOESQUELÉTICO
Avaliar o paciente na posição de pé, sentado (mãos apoiadas sobre a mesa/coxa em
estado de relaxamento) ou deitado, e com as áreas a serem examinadas descobertas.
EXAME SISTEMÁTICO
• Inspeção;

• Palpação;

• Amplitude de movimento / Manobras especiais;

• Geralmente crânio caudal, em uma sequência sistemática;

• Comparar segmentos homólogos, 1º lado não acometido;

• Para avaliar as articulações usa-se a mobilização ativa e passiva;

• Exame físico: dor ou sensibilidade local, calor, rubor (sinais flogísticos), edema, crepitação,
deformidade e limitação dos movimentos;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
• BICKLEY, L.S. BATES – Propedêutica Médica. 12ª ed. Guanabara Koogan, 2018.
• PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019.

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