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INSTITUTO POLITÉCNICO ISLÂMICO DE MOÇAMBIQUE

Curso: Técnico de Medicina Geral

TEMA: Luxação e Entorse

Docente: Dra. Linel José

Fevereiro, 2024
Conceito

 Luxação é o deslocamento total de um osso sobre o osso


com o qual articula, levando à perda completa da
congruência articular.
 Subluxação perda parcial do contacto entre as faces
articulares de uma articulação.
Causas
Traumáticas
1. Directo: pancada, acidente de viação, no próprio osso e/ou
articulação.
2. Indirecta: queda.

Ex:. Luxação no ombro por impacto no cotovelo, luxação no


joelho por impacto na planta do pé ao correr.
Apesar de que qualquer articulação pode ser afectada, as mais
frequentes são: ombros, interfalangianas, joelhos, punhos,
cotovelo.
Classificação

Estável
 Fechadas
Instável

 Expostas
Quadro clínico

 Dor intensa na articulação afectada;


 Hematoma;
 Deformidades da articulação, sendo possível palpar os
contornos das superfícies articulares;
 Impotência funcional do membro e da articulação;
 Se for exposta existe solução de continuidade na pele
(ferida) que comunica com a articulação.
Exames auxiliares e Diagnóstico

 Historia clínica
 Confirmado pelo Rx
Conduta - Luxação fechada

Tratamento não farmacológico Tratamento farmacológico: anti-


inflamatórios não esferóides orais
 Redução urgente com varias
técnicas dependo da região  Ibuprofeno 200 a 400 mg 8/8h
afectada;
durante 3-7 dias;
 Imobilização com fixação
percutânea, interna ou externa  Diclofenac 50 mg 8/8h durante
sobretudo nos casos instáveis;
3-7 dias
 Repouso da articulação;
 Manter o membro em posição
elevada
Luxação exposta

Tratamento não farmacológico Tratamento farmacológico

 Limpeza cirúrgica e fechar o  Antibioterapia ( como nos


plano articular (não usar
hipoclorito de sódio ou soluções casos de fracturas expostas);
contendo álcool para limpeza;
 Ibuprofeno 200 a 400 mg 8/8h
 Redução urgente com
imobilização com osteossíntese durante 3-7 dias;
ou fixador externo;
 Diclofenac 25 a 50 mg 8/8h
 Repouso da articulação;
 Manter o membro em posição durante 3-7 dias antes e depois
elevada. da redução.
Luxação temporo- Mandibular

• Unilateral onde ocorre


desvio da linha media e
deslocamento da mandíbula
para o lado oposto ao da
luxação.
Cont.

 Bilateral onde existe simetria facial pois os 2 côndilos estão


fora da fossa articular e travado anteriormente pela
eminencia articular e por isso o paciente não consegue
fechar a boca.
Causas

Traumáticas Não traumáticas

 Deslocamento distal ou medial


 Problemas na arquitectura
associado a fracturas da mandíbula;
óssea;
 Deslocamento posterior associado a
 Problemas na actividade
fractura do meato acústico;
muscular e nos ligamentos
 Deslocamento superior onde a
onde existe lassidão dos
côndilo ou a cabeça da mandíbula
ligamentos ou fossas
penetra na cavidade glenoideia
mandibular rasa.
fazendo comunicação do crânio.
Quadro Clínico Diagnóstico

 Dor intensa;  Historia clínica;


 Aumento da abertura bucal  Rx confirma (se houver
com impossibilidade em duvida comparar com Rx do
fechar se for bilateral; lado são)
 Dificuldade em falar;
 Sialorréia.
Tratamento

 Redução manual onde se faz apoio na região trigono-


retromolar realizando-se um movimento para baixo e para
trás.
 Depois de 3 tentativas frustadas, devera referir o doente;
 Nas recidivas deve transferir o paciente pois pode necessitar
de cirurgia.
Luxação Acrômio- clavicular

 Correspondem a 12% das luxações da cintura escapular,


sendo mais comum em indivíduos jovens e desportistas
entre a terceira e quarta década, e do sexo masculino.

Luxação do Ombro (Escápulo- Úmero)


 É uma luxação que consiste na saída permanente da cabeça
do úmero da cavidade glenóide, o que leva a um quadro de
dor intensa e impotência funcional dessa articular
Quadro clínico Diagnóstico

 Dor intensa que se agrava com


 Historia clínica;
a tentativa de adução do braço;
 Rx confirma o deslocamento
 Deformidade no ombro
anterior e para baixo da cabeça
“cabide” e o braço esta em
do úmero e exclui fractura da
abdução a 30º ;
cabeça do úmero ou do colo do
 E. físico: palpa-se a cavidade
úmero.
glenoidea vazia e a cabeça do
úmero em frente e em baixo
pois luxação anterior
Tratamento

 Consiste na redução fechada urgente, pois ao fim de alguns


dias pode já ser impossível. Por isso não se pode tentar
reduzir luxação com mais de uma semana de evolução.
 A redução deve ser feita do seguinte modo:

Analgésia com petidina (100 mg) e sedação com Diazepam (10


a 25mg), diluídos em 10 ml de soro fisiológico, EV ou
mesmo anestesia geral
Técnicas usadas
 Técnica de Hipócrates: consiste em colocar o paciente no
chão. O clínico coloca o seu pé na axila do paciente e puxa
o braço estendido para cima.
 Técnica de redução por gravidade: que consiste em
colocar o doente numa mesa com o braço pendurado para
baixo.
Puxe o braço para o chão (outra pessoa tem que segurar o
doente para não cair)
Técnica de Hipócrates Técnica de redução por gravidade
Luxação do cotovelo

 Cotovelo puxado ou traccionado


 Trata-se de uma subluxação parcial do ligamento anular do
rádio e por ser mais frequente na criança.
Causas
 Queda violenta sobre a mão estendida com o antebraço em
ligeira flexão em relação ao braço;
Quadro clínico Diagnóstico

 Dor;  Clínico
 Edema;  Rx confirma deslocamento
 Impotência funcional. anterior do úmero e posterior
 E. físico: mostra cotovelo fixo do cúbito e rádio e para baixo;
e sem movimento a um ângulo  Pode haver sinais de fracturas
de 45º com encurtamento mínimas associadas (da apófise
abrupto da linha posterior do coronoide, da cabeça do rádio,
braço. capitulum e epitroclea)
Tratamento

• Redução imediata

Colocar o paciente numa marquesa em decúbito ventral, com o


braço afectado pendente para o chão, a manobra de Parvin.
De seguida, com uma das mãos faça pronação e tracção da
mão para baixo e, com a outra mão colocada na fossa
cubital, faça a elevação do cotovelo.
Os resultados da redução podem ser:
 Redução fica estável: colocar tala gessada posterior durante
3 semanas, iniciando-se imediatamente exercícios do
ombro, punho e dedos;
 Redução fica instável numa direcção: colocar tala gessada
posterior com cotovelo em máxima flexão (120º ) durante 3
semanas, iniciando-se imediatamente exercícios do ombro,
punho e dedos;
 Redução fica instável em todas direcções: significa que há
fracturas ou rupturas ligamentares associadas pelo que esta
indicado tratamento cirúrgico.
Luxação do joelho

• A articulação do joelho tem as superfícies quase planas mas


mesmo assim sofre luxação, embora menos frequente das
outras articulações.
• Para que a luxação se dê é necessário que haja ruptura de
alguns ligamentos ou todos.
Quadro clínico Diagnostico
 Dor;  Clínico;
 Edema;  Rx confirma a lesão de acordo
 Deslocamento da tíbia em com o tipo de deslocamento
relação ao fémur
Tratamento

• O TMG deve transferir o paciente para nível superior pois a


redução deve ser efectuada o mais urgente possível por
tracção, manipulação ou operatória.
• Deve ter em mente que a luxação pode complicar-se com
ruptura ou trombose da artéria poplitea e lesão dos grandes
troncos nervosos por de trás do joelho.
Entorse

• É a perda momentânea da congruência articular (cápsula


articular e ou ligamentos) ou seja, é uma lesão que ocorre
quando se ultrapassa o limite normal de movimento de uma
articulação.
Classificação
 Leve: onde a estabilidade está mantida, e não há ruptura do
ligamento
 Moderada: onde a estabilidade está pouco mantida, e há um
estiramento significante do ligamento
 Grave: não tem estabilidade o que significa que existe lesão
grave dos ligamentos, neste caso, uma ruptura
Quadro Clínico
 Dor intensa no local afectado e que se agrava com a marcha.

 Edema e

 Hematoma na articulação afectada.


Conduta

 Casos leves: Repouso e tala gessada por 7 a 21 dias. O gesso


deve ser reforçado ao 3º - 4º dia
 Casos moderados: Repouso e tala gessada por > 21 dias. O
gesso deve ser reforçado ao 3º - 4º dia.
 Casos graves: Quando existe uma grande instabilidade
articular o TMG deve transferir para tratamento cirúrgico
 Analgésicos e AINE nas doses habituais

 Após a retirada do gesso deve-se fazer fisioterapia para evitar


dor crónica das articulações
LUXAÇÕES NA CRIANÇA

• As luxações articulares são raras na infância e quando


existem as causas de luxação são semelhantes às dos
adultos.
Classificação e Quadro Clínico
Semelhante ao adulto.
Conduta

• Os princípios gerais da conduta e das manobras de


manipulação são semelhantes aos do adulto com
administração de analgésicos e AINE em doses pediátricas.
Luxação Acrómio-Clavicular
Causas: Quadro clínico:

• Queda directa sobre o ombro • Dor intensa e imediata após o trauma,

(trauma directo), • Impotência funcional no braço, e

• Deformidade ao nível da extremidade


• Queda sobre a mão com o
lateral da clavícula que o paciente
cotovelo em extensão (trauma
percebe como um “caroço”.
indirecto em extensão),
• Ao exame físico: palpa-se a margem
• força da tracção sobre o braço externa da clavícula luxada para cima

(trauma indirecto em em relação ao acrómio.

ascensão).
Tratamento:
Diagnóstico:

• Acertar a luxação e imobilizar o braço


• Clínico;
colocando um laço á volta do pescoço e
• Rx não ajuda muito
circundando o antebraço com o
cotovelo em 90º por 2 - 3 semanas e
depois encorajar movimentos activos
• Se as dores forem acentuadas
administrar analgésicos e/ou AINE tal
como indicado antes
• Se não melhorar após 4 a 6 meses, o
TMG deve transferir para nível superior
Luxação acrómio-clavicular Laço de imobilização
Entorses

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