Você está na página 1de 4

Fraturas em geral

Prof. João Maradei e Paulo Cecim


Fratura: lesão óssea e de partes moles; um corpo (osso) sob ação de uma força o qual sofre uma deformação.
Quando atinge um limite máximo, ocorre a quebra do material – fratura.
Trauma direto: fratura localiza-se no local de aplicação da força
Trauma indireto: fratura ocorre em localização distante do local de aplicação da força
Contusão: trauma sobre ou sofrido por um segmento ou região do corpo devido a um forte impacto. Pode lesionar
tecidos moles da superfície, músculos e a cápsula articular.
Luxação: deslocamento do osso em relação a seu local de inserção; perda da estabilidade articular com a
consequente perda de contato. Pode causar lesão na cápsula e ligamentos. Provoca deformidade na articulação.
Entorse: inflamação pós-traumática por mecanismo de torsão em uma articulação. Ultrapassa o limite normal de
movimento de uma articulação. Leva a distensão ligamentar e da capsula articular. Cursa com dor importante pelo
processo inflamatório e derrame articular.
Distensão ou estiramento: ocorre quando um esforço é imposto em músculos ou tendões. Há rompimento de fibras
musculares, levando a um processo inflamatório local.
Redução da fratura: repor no devido lugar ossos luxados ou fraturados. Corrigir uma deformidade óssea.

Classificação das fraturas:


• De acordo com o isolamento do foco de fratura
o Fechada: não há comunicação do foco com o meio externo
o Exposta: há comunicação do foco ou seu hematoma com o meio externo
• De acordo com o traço de fratura:
o Incompleta: quando o traço não atinge as duas corticais ósseas
o Completa: quando o traço é completo entre duas superfícies.
o Simples: quando o traço é simples e único
o Cominuida ou cominutiva: quando o traço da fratura é múltiplo e existem vários fragmentos ósseos. Resulta de
um traumatismo direto de grande intensidade, em que uma alta energia lesiva é transferida ao osso.
• Quanto ao traço:
o Transversa: traço transverso (linha reta horizontal)
o Oblíqua: traço oblíquo > 30°
o Espiral: traço em espiralado
o Segmentares: duas linhas de fraturas separando um fragmento intermediário do fragmento proximal e distal
Obs: geralmente espiral e oblíqua resultam de traumatismo indireto com componentes torcionais.

Denominações especiais:
• Subperiosteal (toro ou torus): típica fratura que ocorre na criança a qual, devido a extrema elasticidade do osso,
“amassa” ao invés de quebrar.
• Galho verde: fratura que ocorre na criança em que uma das corticais quebra e a outra é amassada e angulada.
• Patológica: fratura que ocorre em um osso previamente enfraquecido por um processo patológico (ex:
osteoporose)
• Fratura por fadiga: ocorre e instala-se vagarosamente devido a confluência de microfraturas que surgem em
decorrência de pequenos traumatismos ou esforços aplicados ciclicamente no osso

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS- UNICAMP UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP


A perda da congruência articular Em caso de trauma exposta de grau II o mais importante
caracteriza: procedimento terapêutico é:
a) entorse a) sutura do ferimento
b) distensão b) antibioticoterapia
c) fratura c) lavagem com soro e debridamento
d) luxação d) imobilização gessada ou tração
e) Contratura muscular e) osteossíntese

Como manter o osso no lugar após uma redução de fratura?


• Gesso: não invasivo, mais barato, menor risco de infecção;
• Osteossíntese (parafusos, pinos...): reabilitação funcional precoce, maior risco por ser procedimento cirúrgico,
preserva a posição anatômica
A imobilização deve incluir a articulação proximal e a distal
Requisitos para a consolidação óssea:
• Vascularização adequada (é através do sangue que chegam as células novas que irão restaurar a
funcionalidade e morfologia óssea)
• Estabilidade mecânica

Tipos de consolidação óssea


• Primária ou direta: remodelação interna, a qual ocorre na medular do osso.
o Para que ocorre, deve haver uma estabilidade absoluta. Assim, ocorrerá a remodelação óssea osteonal (sem
calo secundário).
o O traço de fratura desaparece
o Ocorre remodelação interna a qual substitui o osso avascular
o É importante para fraturas de diáfise de rádio e ulna, pois evita a perda de graus de prono-supinação (princípio
do antebraço do adulto)

Fig. 1: ósteum: Os osteoclastos eliminam os fragmentos ósseos avasculares, seguidos por osteoblastos, responsáveis
por darem origem ao novo osso
Fig. 2: ósteum unindo 1 fratura

• Secundária ou indireta: estabilidade relativa, que leva à formação de calo por fora da fratura
o Há algum grau de movimento entre os fragmentos fraturados, compatível com a consolidação
o Fixação não rígida
o Portanto, o calo ósseo não aparecerá caso haja excesso de movimento ou estabilidade absoluta de
movimento.
o Em casos de articulação, não é interessante a formação de calos, pois haverá limitação de movimento
Obs: nervo radial dá a volta em espiral na diáfise do úmero. Tomar cuidado com a fratura de diáfise do úmero para
que não comprometa essa e outras estruturas próximas. Para avaliar se o nervo radial foi comprometido, pedir ao
paciente para realizar extensão da mão. Caso não consiga, o nervo foi comprometido (mão em gota) + dormência
no dorso da mão.

Métodos de osteossíntese
• Técnicas de estabilidade absoluta • Técnicas de estabilidade relativa
o Placas o Haste intramedular
o Parafusos o Placa em ponte
o Princípio da banda de tensão o Fixador externo
o Fixador interno
o Placas:
➢ Estabilidade pela compressão placa -osso
➢ Reduz vascularização periosteal (estrangula a região do periósteo)
➢ Necessitam de moldagem à superfície óssea
o Placas bloqueadas
➢ Parafusos rosqueados à placa
➢ Não requer compressão contra o osso

o Princípio da banda de tensão


➢ Converte a força tênsil em força de compressão na cortical oposta

o Hastes intramedulares
➢ Tratamento padrão para fratura de diáfises de ossos longos
➢ Comprimento, rotação e alinhamento restaurados
➢ Alinhamento entre as epífises

o Fratura segmentar/ cominutiva da diáfise do fêmur


➢ Fig. 2: haste intramedular bloqueada (fixada com parafusos), a qual impede que ocorra pistonagem
(afastamento de cima para baixo) e rotação a partir do local para inserção de parafuso.
➢ Obs.: Nesses casos, a haste intramedular é mais indicada, porque produz um dano muito menor comparado
à tentativa de uma consolidação absoluta (danos nos músculos e estruturas ao redor ao tentar encaixar os
fragmentos ósseos e evitar a formação de calo).

Obs: Joelho flutuante: ocorre quando há fratura no osso proximal (fêmur) e no osso distal (tíbia) da articulação
➢ Quando a fratura ocorre em crianças: fratura em osso imaturo. Priorizar hastes intramedulares flexíveis não
bloqueadas e não frezadas que não atravessem a placa de crescimento (linha apontada pela seta)
o Placa em ponte
➢ Placa fixada aos 2 fragmentos principais
➢ Zona da fratura não é abordada, é transposta pela placa
➢ Comprimento, rotação e alinhamento restaurados
➢ Redução anatômica não é tentada

o Fixadores externos
➢ Menos danos ao suprimento sanguíneo
➢ Interferência mínima com cobertura de partes moles
➢ Aplicação rápida na emergência
➢ Estabilização das fraturas expostas e contaminadas até o tecido adquirir aspecto de saudável. Às vezes,
pode ser utilizado como tratamento definitivo ao invés de temporário.
➢ Boa solução em situações infectadas ou com alto risco de infecção
➢ Possibilidade de transporte ósseo e correção de deformidades

Você também pode gostar