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LESÕES

TRAUMATO
ORTOPÉDICAS
FRATURA E LUXAÇÃO

PROF. ROSILANE MARQUES


DEFINIÇÃO
• Lesões traumato-ortopédicas são aquelas
encontradas, via de regra, no aparelho
locomotor (sistema esquelético e muscular e
suas articulações).

• Duas das principais


são as fraturas e
luxações.
1. Sistema Ósseo
O osso é um tecido vivo, complexo e
dinâmico. Uma forma sólida de tecido conjuntivo,
altamente especializado que forma a maior parte do
esqueleto e é o principal tecido de apoio do corpo.
O tecido ósseo participa de um contínuo processo
de remodelamento dinâmico, produzindo osso novo
e degradando osso velho.

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O osso é formado por vários tecidos diferentes: tecido
ósseo, cartilaginoso, conjuntivo denso, epitelial, adiposo,
nervoso e vários tecidos formadores de sangue.
 

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Número de Ossos do Corpo Humano:
É clássico admitir o número de 206 ossos.

Cabeça = 22 Membro Superior = 32


            Crânio = 08             Cintura Escapular = 2
            Face = 14             Braço = 1
Pescoço = 8             Antebraço = 2
            Mão = 27
Tórax = 37
            24 costelas Membro Inferior = 31
            12 vértebras             Cintura Pélvica = 1
            1 esterno             Coxa = 1
            Joelho = 1
Abdômen = 7             Perna = 2
            5 vértebras lombares             Pé = 26
            1 sacro
            1 cóccix Ossículos do Ouvido Médio = 3

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Classificação dos Ossos:

Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em:

OSSOS LONGOS: Tem o comprimento maior que a largura e


são constituídos por um corpo e duas extremidades. Eles são
um pouco encurvados, o que lhes garante maior resistência. O
osso um pouco encurvado absorve o estresse mecânico do peso
do corpo em vários pontos, de tal forma que há melhor
distribuição do mesmo. Os ossos longos tem suas diáfises
formadas por tecido ósseo compacto e apresentam grande
quantidade de tecido ósseo esponjoso em suas epífises.

Exemplo: Fêmur.

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OSSOS CURTOS: São parecidos com um cubo, tendo seus
comprimentos praticamente iguais às suas larguras. Eles são
compostos por osso esponjoso, exceto na superfície, onde há
fina camada de tecido ósseo compacto.

Exemplo:
Ossos do Carpo.

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OSSOS LAMINARES (PLANOS): São ossos finos e compostos por
duas lâminas paralelas de tecido ósseo compacto, com camada de osso
esponjoso entre elas. Os ossos planos garantem considerável proteção e
geram grandes áreas para inserção de músculos.

Exemplos:
Frontal e Parietal.

Além desses três grupos básicos bem definidos, há outros intermediários,


que podem ser distribuído em 5 grupos:

Alongados
Pneumáticos
Irregulares
Sesamóides
Suturais
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Estrutura dos Ossos Longos:

A disposição dos tecidos ósseos compacto e esponjoso em um


osso longo é responsável por sua resistência. Os ossos longos contém
locais de crescimento e remodelação, e estruturas associadas às
articulações. As partes de um osso longo são as seguintes:

Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituída principalmente de


tecido ósseo compacto, proporcionando, considerável resistência ao osso
longo.

Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um


osso o articula, ou une, a um segundo osso, em uma articulação. Cada
epífise consiste de uma fina camada de osso compacto que reveste o osso
esponjoso e recobertas por cartilagem.

Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.


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CONFIGURAÇÃO INTERNA DOS OSSOS

As diferenças entre os dois tipos de osso, compacto e


esponjoso ou reticular, dependem da quantidade relativa de
substâncias sólidas e da quantidade e tamanho dos espaços que eles
contém. Todos os ossos tem uma fina lâmina superficial de osso
compacto em torno de uma massa central de osso esponjoso, exceto
onde o último é substituído por uma cavidade medular. O osso
compacto do corpo, ou diáfise, que envolve a cavidade medular é a
substância cortical. A arquitetura do osso esponjoso e compacto varia
de acordo com a função. O osso compacto fornece força para
sustentar o peso.

Nos ossos longos planejados para rigidez e inserção de


músculos e ligamentos, a quantidade de osso compacto é máxima,
próximo do meio do corpo onde ele está sujeito a curvar-se. Os ossos
possuem alguma elasticidade (flexibilidade) e grande rigidez.
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Periósteo e Endósteo:

O Periósteo é uma membrana de tecido conjuntivo denso, muito


fibroso, que reveste a superfície externa da diáfise, fixando-se
firmemente a toda a superfície externa do osso, exceto à
cartilagem articular. Protege o osso e serve como ponto de
fixação para os músculos e contém os vasos sangüíneos que
nutrem o osso subjacente.

O Endósteo se encontra no interior da cavidade medular do


osso, revestido por tecido conjuntivo.

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Tecido ósseo compacto

Contém poucos espaços em seus componentes


rígidos. Dá proteção e suporte e resiste às forças
produzidas pelo peso e movimento. Encontrados
geralmente nas diáfises.

Tecido ósseo esponjoso


Constitui a maior parte do tecido ósseo dos ossos
curtos, chatos e irregulares. A maior parte é
encontrada nas epifises.
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FRATURAS

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O que é ?
É uma interrupção da continuidade do
osso que leva à incapacidade de transmissão de
carga devido à perda da sua integridade
estrutural. A incidência é maior no sexo
masculino, devido há uma exposição maior aos
traumas, porém se inverte na idade avançada
em virtude da osteoporose pós – menopausa.

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Fratura
• As fraturas podem ser definidas como uma ruptura
parcial ou total do osso e podem ser classificadas em
abertas (exposta) ou fechadas (simples) e cominutivas.
• As fraturas geralmente ocorrem em virtude de
algum impacto, queda ou esmagamento, sendo essa
última normalmente associada à lesão de tecidos moles.
Esses traumas não precisam ocorrer de forma violenta
para que a lesão aconteça, pois pequenos tombos, por
exemplo, podem gerar fraturas. Idosos são os mais
propensos a apresentar ruptura dos ossos,
principalmente em razão da sensibilidade dessas
estruturas.
• Além das fraturas ocasionadas por traumas,
existem as patológicas e as causadas por estresse.
As fraturas patológicas são resultantes de
esforços leves, que normalmente não causam
alterações ósseas, e ocorrem, algumas vezes, de
maneira espontânea. Elas acontecem em virtude
da fraqueza dessa estrutura em consequência de
uma osteoporose ou até mesmo de um câncer nos
ossos. As fraturas por estresse, por sua vez,
ocorrem como resultado de uma pressão frequente
e repetitiva, sendo muito comuns em atletas. Elas
comumente atingem os membros inferiores.
SINAIS E SINTOMAS

• Dor intensa;
• Incapacidade de mexer o membro fraturado;
• Ferimento no local da fratura;
• Inchaço;
• Deformação do membro fraturado.
Etiologia
É causada por uma força aplicada ao tecido ósseo
com intensidade suficiente para vencer sua
resistência.

•Traumática
•Espontânea
•Patológica
•Fadiga, sobrecarga, stress

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Mecanismo do Trauma
• Direto
• Indireto
• Contração muscular
• Compressão

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Tipos de Fratura
Quanto a localização:
•Epifisária
•Metafisária
•Diafisárisa

Ela pode ser classificada em :


•Simples
•Complexa
•Multifragmentar
•Segmentar
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Traço da fratura: transversa, oblíqua curta,
oblíqua longa, espiroide, cominutiva, segmentar.

Extensão: completa, incompleta (fissura, galho


verde).

Estabilidade: estável e instável.

Desvios: sem desvios, desviados, impactados.

Exposisão óssea: fechada e aberta, ou expostas.


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Tipos
• Primária
- direta
- sem formação de calo ósseo
- depende de estabilidade absoluta
- osteossíntese estável

• Secundária
- indireta
- formação de calo ósseo
- estabilidade relativa
- pacientes não operados
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Consolidação óssea:
A – fratura
B - alinhamento

C - inflamatória
D - reparativa
E - remodelamento

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FRATURAS
Formação Calo Ósseo
- Hematoma
- Organização do hematoma – 12 horas
- Proliferação celular – 16 horas
- Osteoblastos
- Osteoclastos
- Revascularização óssea – 72 horas
- Tecido de granulação (fibrose) – 21 dias
- Calo mole – 06 a 12 semanas
- Calo duro – 12 a 20 semanas
FRATURAS

Fatores que influenciam na consolidação:


- Idade
- Estado nutricional
- Doenças
- Infecções
- Mobilidade
- Vascularização
- Interposição de partes moles
FRATURAS

Complicações:

- Retardo de consolidação
- Pseudo artrose
- Hipertrófica
- Hipotrófica ou atrófica
- Normotrófica
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FRATURA SIMPLES
• É a ruptura simples de um osso em duas
partes, não apresentando exposição do osso.
FRATURA COMINUTIVA
• Fratura cominutiva é aquela que exibe
múltiplos fragmentos.
FRATURA EXPOSTA
• São aquelas em que o osso quebrado rompe os
músculos e a pele. Nestes casos, mais
complexos e graves, o ferimento no local da
fratura está em contato com o ambiente e, se
não for tratado, podem dar origem a infecções
e deficiências.
Fratura Exposta
Interrupção da continuidade do osso na
qual há comunicação entre o foco fraturário e o
meio externo. A exposição óssea pode não ser
visível, mas há comunicação entre o hematoma
fraturário e o meio externo contaminado.

Fratura + ferida
Grave pelo risco de infecção óssea
(osteomielite pós – traumática)
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TRATAMENTO
• O tratamento para fratura consiste no
reposicionamento do osso, imobilização e
recuperação dos movimentos que pode ser
feito de forma conservadora ou cirúrgica. O
tempo de recuperação de uma fratura vai
depender do tipo de fratura e da capacidade
de regeneração óssea do indivíduo.
Consolidação óssea
É o processo de regeneração do tecido ósseo pós-
fratura que leva a formação de tecido idêntico
ao original.

Diferente da cicatrização.
Cura com formação de tecido idêntico ao
original.

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FRATURAS
Tratamento
- Fratura exposta (transformá-la em fechada)
- Fratura patológica (tratamento da fratura e da doença
básica)
- Fratura por estresse (tratamento da fratura propriamente
dita)

1. Provisório
2. Definitivo
FRATURAS
Tratamento:
- Provisório:
- Tala
- Tração trans-esquelética
- Tração com espuma (por cutânea)
- Fixador externo
- Definitivo:
- Redução extemporânea + gesso
- Redução cruenta + osteossíntese
FRATURAS

Complicações:
- Consolidação viciosa
- Retardo de consolidação
- Não consolidação – Pseudo artrose
- Encurtamento
FRATURAS

Princípios de cicatrização das feridas e consolidação das


fraturas:

- Suprimento sanguíneo
- Aposição dos bordos
- Proteção (repouso – imobilização)
FRATURAS

Fatores que interferem na cicatrização:

- Idade do paciente
- Intensidade do trauma (grau de necrose)
- Doenças (desnutrição – infecção – doenças metabólicas,
tumorais, etc).
FRATURAS

Tipos de cicatrização:

1ª Intenção (cicatrização per prima)


Limpa – coaptada – vascularizada

2ª Intenção (falta um dos princípios)


FRATURAS

Diferença entre cicatrização das feridas e consolidação óssea:


O tecido fibroso é transformado em tecido ósseo.

Princípios fundamentais para consolidação:


- Vascularização endóstio – perióstio
- Coaptação dos bordos
- Imobilização
Fratura – clínica

História clínica = trauma

Sintomas = dor, impotência funcional

Sinais clínicos = aumento de volume, dor a


palpação, equimose, deformidade,
crepitação óssea, mobilidade anormal,
impotência funcional.
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Fratura – exames complementares

Estudo radiológico.

Tomografia axial computadorizada.

Fraturas graves:

1.Articulares ;
2.Fraturas da pelve;
3.Fraturas da coluna. 51
Fratura – calo ósseo

•Hematoma fraturário;
•Hematoma se organiza:

1.Formação de tecido fibroso (calo fibroso);

2.Formação de tecido ósseo (calo ósseo


primário);

3.Remodelação do calo ósseo (calo ósseo


definitivo). 52
Complicações das fraturas
• Imediatas – Precoces:
 Exposição óssea;
 Lesão vascular;
 Lesão nervosa;
 Embolia gordurosa.
• Tardias na Evolução:
 Retardo de consolidação;
 Consolidação viciosa;
 Pseudoartrose.
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Retarde de consolidação

Atraso no processo de consolidação da


fratura que não está acontecendo dentro do
período de tempo esperado para o tipo de
fratura e idade do paciente.

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Pseudatrose

Interrupção do processo de consolidação da


fratura que não irá consolidar sem intervenção
cirúrgica.

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Consolidação viciosa

Consolidação da fratura em uma


posição
inadequada de mal alinhamento e
deformidade.

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Causas da diminuição da resistência
óssea
 Fisiológicas: linha epifisária (jovens)
Osteoporose.

 Patológicas:
Tumores;
Infecção óssea (osteomielite) ;
Osteogênesis imperfeita;
Distúrbio do metabolismo.

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O tempo de consolidação vai
depender de:
 Espessura do osso;
 Tipo de fratura;
 Aporte sanguíneo;
 Idade do paciente;
 Forma de redução;
 Meio de síntese.

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Sinais e sintomas constantes em
pacientes fraturados:
Dor

Impotência funcional; Espasmo


Muscular reflexo;

Edema;

deformidade;.
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Prognóstico da fratura aberta
Quantidade de partes moles
desvitalizados;
Intensidade do trauma;
Grau de contaminação da ferida;
Urgência no início do tratamento.

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Classificação das lesões das partes
moles:
• Tipo I: lesão menor que 1 cm ;

• Tipo II: lesão maior que 1 cm com lesão de pele e


laceração;

• Tipo III: lesão extensa, maior que 10 centímetros.


Grandes lesões de partes moles: fáscias, músculos e
feixes vásculo –nervosas:
Tipo III A: é possível cobrir a fratura com partes moles.
Tipo III B: não é possível cobrir o foco com pele.
Tipo III C: está associada à lesão arterial. 61
Tratamento conservador da
fratura

O tratamento conservador da fratura pode ser feito


através da:
• Redução da fratura: que consiste no
reposicionamento ósseo feito pelo médico ortopedista;
• Imobilização: que consiste em colocar o gesso ou tala
gessada na região da fratura.
O indivíduo deverá permanecer com a região da fratura
imobilizada por cerca de 20 a 30 dias, mas este tempo
poderá ser maior se o indivíduo tiver idade avançada,
osteopenia ou osteoporose, por exemplo.
Tratamento cirúrgico para fratura

O tratamento cirúrgico para fratura deve ser realizado


quando há:
• Fratura intra articular: quando a fratura ocorre nas
extremidades ósseas que ficam dentro da articulação;
• Fratura cominutiva: quando o osso quebrado parte-se em
3 partes ou mais;
• Fratura exposta: quando o osso chega a perfurar a pele.

- A cirurgia deverá ser feita o mais rápido possível e depois


dela o indivíduo deverá permanecer imobilizado por mais
alguns dias. O curativo deverá ser trocado semanalmente, e
se o indivíduo estiver com placa e parafuso, deve-se avaliar
quando retirar estes dispositivos.
Tratamento fisioterapêutico para
fratura

• O tratamento fisioterapêutico para fratura


consiste em devolver a mobilidade da
articulação afetada após a retirada do gesso ou
da tala imobilizadora. A fisioterapia deverá ser
realizada diariamente e o objetivo deverá ser o
aumento da amplitude dos movimentos da
articulação e o ganho de força muscular.
LUXAÇÃO
• Luxação é o deslocamento repentino, parcial ou
completo, das extremidades dos ossos que compõem
uma articulação. Isso quer dizer que um osso se separa
do outro e desaparecem os pontos de contato entre eles,
o que pode provocar lesões nas estruturas próximas
(ligamentos, vasos sanguíneos, etc.).
• Luxação é diferente da fratura e da fissura, porque o
osso sai do lugar, mas não se quebra nem racha. Ao
contrário, permanece inteiro. No entanto, o fato de
haver uma luxação, não exclui a possibilidade de
também existir uma fratura naquele osso.
• As articulações dos ombros, quadril, joelhos, cotovelos,
punho e dedos das mãos são as mais atingidas por
traumas capazes de provocar luxações.
SINAIS E SINTOMAS

• Dor local;
• Deformidade na articulação;
• Proeminência óssea;
• Pode haver fratura óssea exposta;
• Inchaço local;
• Incapacidade de realizar movimentos.
DIAGNÓSTICO

• Pode-se chegar ao diagnóstico de luxação ao


observar a área deformada e através do exame
de raio-x, que evidencia as alterações ósseas.
• A ressonância magnética ou tomografia podem
ser realizadas após a redução da luxação para
avaliar os danos causados nos músculos,
ligamentos e na cápsula articular.
TRATAMENTO
• O tratamento da luxação é feito com a toma de analgésicos
para suportar a dor e "redução" da luxação, que consiste em
posicionar o osso devidamente no seu lugar. Isto só deve ser
feito pelos médicos, visto que é um procedimento perigoso,
que requer prática clínica. E em alguns casos pode ser
necessário realizar uma cirurgia para o correto
posicionamento ósseo, sob anestesia geral.

• Após a redução da luxação, o indivíduo deverá permanecer


com a articulação afetada enfaixada durante algumas
semanas para facilitar a recuperação da lesão e evitar
luxações recorrentes. Depois deverá ser encaminhado para a
fisioterapia, onde ele deverá permanecer por algum tempo
até a completa remissão dos sintomas.
Obrigada!

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Referências
 Clínica Cirúrgica Ortopédica - Abertoni e Leite;

 Cirurgia Ortopédica de Campbell – Canale;

 Fraturas : Princípios e prática – Teloken;

 Consulta a materiais na internet;

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