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Talvez não exista, em odontologia, um tópico mais central do que o conceito de oclusão.
E isto é assim porque os conhecimentos nessa área são indispensáveis para os profissionais que
decidirem atuar em ortodontia, implantodontia, cirurgia, periodontia, odontopediatria, prótese e
dentística.
Paradoxalmente é a oclusão o ramo da odontologia onde a falta de consenso talvez
seja a mais manifesta.
Este trabalho visa apenas levantar os problemas e assuntos a ela relacionados a fim de
que estudantes e clínicos gerais possam tomar contato com os problemas mais relevantes
acerca deste tópico de um modo mais pragmático e menos enfadonho.
A palavra “oclusão” vem do Latim ‘occlusus’, particípio passado de ‘occludere’,
“fechar algo”, formado por ‘ob-‘, “contra”, mais ‘claudere’, “fechar” propriamente dito.
Vê-se que, em odontologia, o conceito de oclusão está relacionado com o fechamento
da boca.
De acordo com a própria etimologia da palavra a oclusão seria o encontro dos dentes
superiores e inferiores, quando a mandíbula se aproxima dos maxilares, pela ação dos
músculos mastigadores.
De fato. Em odontologia oclusão é, basicamente, o ramo da odontologia que estuda as
relações de mordida entre a arcada dentária superior e inferior.
No entanto, a definição só está completa quando é considerada a relação dinâmica,
morfológica e funcional entre todos os componentes do órgão mastigatório.
O aparelho mastigador acha-se constituído anatomicamente pelos dentes e suas
estruturas vizinhas de proteção e suporte (o periodonto), pela Articulação
Temporomandibular(ATM), músculos, ligamentos, vasos e nervos.
Para que seja possível a inter-relação entre a forma e a função das partes componentes
desse aparelho, as porções triturantes dos órgãos dentários deverão apresentar um equilíbrio
morfofisiológico entre si, a fim de permitir o desenvolvimento e a integridade da atividade
funcional do conjunto mastigador.
Neste particular é que se torna necessária a análise anatômica da morfologia dentária,
com vistas ao seu inter-relacionamento fisiológico, ou seja, a oclusão dentária. Com efeito,
parece haver uma íntima relação das formas oclusais com referência à movimentação dos
maxilares e da mandíbula, talvez determinada pela interdependência entre a forma da
articulação temporomandibular e as superfícies oclusais dos dentes, provavelmente pela ação
seletiva dos músculos mastigadores ou pelos próprios elementos determinantes oclusais
(vertentes, sulcos, vértices, etc.) para os diferentes trajetos funcionais do órgão mastigador.
Neste texto vamos diferenciar o termo oclusão do termoarticulação. Esta
expressão, oclusão dentária, tem sido utilizada indiferentemente para exprimir a relação de
contato entre dentes antagônicos ou para significar as relações durante o ato de aproximação
dos ossos de suporte dos dentes. O vocábulo oclusão poderá, assim, significar as diferentes
relações estáticas das superfícies oclusais, enquanto que o termo articulação representará os
diferentes contatos entre os dentes, porém em funcionamento.
UM POUCO DE FISIOLOGIA
Os ossos embora pareçam corpos estáticos, são, na verdade, tecidos maleáveis que se
modificam sob a ação de fatores externos. Uma força sobre os ossos pode causar tanto
reabsorção (se for de compressão) como aposição (se for de tração).
Esta reabsorção/aposição existe em função do equilíbrio osteoblasto/osteoclasto e é o
fundamento de toda migração dentária ocasionada por forças ortodônticas e migrações
indesejáveis tais como mesialização, lingualização e vestibularização de dentes. É também um
importante fator na etiologia das reabsorções ósseas verticais que ocorrem das periodontopatias.
As figuras abaixo esquematizam esse fato:
Acima vemos o efeito das forças de compressão sobre o osso: em A temos um dente, o
ligamento periodontal e o osso alveolar em condições normais. Em B vemos o resultado
imediato de uma compressão no sentido das setas. Em C a atividade osteoclástica ocasiona a
reabsorção óssea. Em D o resultado após um novo equilíbrio ter sido alcançado.
Acima vemos o efeito de forças de tração sobre o osso. Em A o conjunto está em
equilíbrio. Em B uma força de tração, cujo sentido é indicado pelas setas, age sobre o osso
através do desmodonto. Em C vemos a neoformação óssea (aposição) ocasionada pela ação
osteoblástica a fim de encontrar um novo equilíbrio.
Sabe-se também que as peças dentárias são estruturas sensivelmente mais calcificadas
que os ossos.
Era de se esperar, por isso, que as forças axiais
- na mastigação ou na simples compressão das arcadas por
ação dos músculos mastigadores – causassem reabsorções
ósseas.
Entretanto isso não ocorre.
Pela imagem ao lado é fácil perceber que o ligamento
periodontal (desmodonto) tem a peculiaridade de
redirecionar o sentido das forças de compressão
(força F na figura) - que os dentes exerceriam sobre o osso
- em forças de tração devido à disposição de tais fibras
(principalmente as fibras marcadas com bolinhas
vermelhas, na figura, exercem essa função).
Vê-se que assim que tais forças servem também para
manter a integridade dos tecidos periodontais.
É importante que fique claro desde agora que,
quando a resultante das forças que atuam sobre um
dente não for nula, este dente migrará na direção e
sentido dessa resultante. É o que se pode observar na figura ao lado que mostra dentes que
migraram para uma má posição em função de a criança possuir o hábito de chupar o dedo
polegar.
Se essa resultante for de baixa intensidade essa migração ocorrerá com menor
velocidade e, é claro, que for de mais alta intensidade, migrará com maior velocidade.
É claro que há um limite de tolerância fisiológica para a intensidade dessas forças de
tal modo que, à partir de certa intensidade, os tecidos periodontais entram em processo de
degeneração e destruição e onde até mesmo as raízes dentárias poderão sofrer reabsorção.
Isto explica certas reabsorções que ocorrem nas raízes de determinados dentes sujeitos à força
ortodôntica, quando esta é indevidamente intensa.
Agora vamos examinar certos aspectos ‘normais’ das arcadas dentárias para em seguida
entender porque tais aspectos colaboram para a integridade e funcionamento harmônico do
aparelho mastigador.
IMPORTANTE
Tradicionalmente, toda vez que vamos nos referir aos desvios da normalidade,
utilizamos a denominação “maloclusões” ou “anomalias oclusais”, para designarmos aquelas
situações em que não é difícil se identificar diversos estágios anormais do desenvolvimento da
oclusão.
Quando se conhece a evolução e o desenvolvimento da oclusão nas diferentes faixas
etárias, se deve também estar apto a identificar, reconhecer clinicamente, estas variações da
normalidade, comparando-se, principalmente, com os padrões de normalidade já estabelecidos
e difundidos na literatura odontológica e ortodôntica.
Entretanto o conceito de normalidade fica prejudicado, quando comparamos a maior
prevalência de tipos de arcadas dentárias na população, pois, o tipo mais encontrado é aquele
que está desviado destes parâmetros. E é por isso que devemos distinguir oclusão normal
de oclusão ideal.
O conhecimento da oclusão é central em odontologia porque dele depende o bom
desempenho, por parte do cirurgião-dentista e do técnico em prótese dentária nas diversas áreas
da odontologia como já salientamos. Qualquer profissional deverá ter sólidos conhecimentos
de oclusão.
1. Arcadas dentárias.
As arcadas
dentárias
apesentam-
se com
diferentes
curvaturas,
quando observadas nos distintos planos
ortogonais do espaço: plano horizontal,plano
frontal e plano sagital.
Ainda segundo Picosse as arcadas podem tem o eixo menor (BB’ na figura acima) mais curto
(nos indivíduos leptoprósipos) ou mais largo (nos indivíduos euriprósopos).
Os dentes das arcadas dentárias se colocam em contato sem que, na maioria dos casos,
ocorram interrupções sensíveis entre os elementos. Às vezes, porém, há intervalos mais ou
menos acentuados: são os diastemas. O diastema é frequente na maioria dos mamíferos, mas
no ser humano existe como norma na criança, após os quatro anos de idade, porque os dentes
decíduos e o crescimento do esqueleto facial preparam espaço para os elementos
permanentes que virão a seguir.
O adulto, todavia, pode manifestar diastemas. Estes espaços, quando existem, não
perturbam o normal funcionamento mastigatório, nem a oclusão dentária, porque os septos
interalveolares desenvolvem-se a tal ponto que os dentes não sofrem deslocamentos, fato que
acontece quando diastemas são provocados por perdas dentárias. Entretanto não é raro
pacientes adultos procurarem o profissional para o fechamento desses espaços.
Durante o desenvolvimento do indivíduo, as arcadas
dentáriasevoluem para dois estádios muito diferentes:
a arcada decídua e aarcada permanente (vide Anatomia
2neste site).
A arcada dentária decídua adota uma só forma,
quando se trata de aspecto normal: a forma
aproximada de um semicírculo (figura ao lado).
As modificações desse tipo circular de arcada da
criança só são possíveis quando outros fatores (hábito
de chupar o dedo, o uso de chupeta em excesso,
interposição da língua) agem sobre a posição normal
dos dentes decíduos.
No segundo estádio, ou estádio permanente, a forma da
arcada evolui gradualmente para a sua forma elíptica
definitiva.
Esta diferenciação torna-se presente após os dez anos de
idade, no momento da erupção dos dentes caninos e
pré-molares.
A arcada definitiva completa a sua evolução após a
erupção dos segundos molares permanentes, pois os
terceiros molares são por demais dentes inconstantes e
variados.
Da mesma forma
que a anterior, só
existe no adulto e nos dentes que não apresentam desgastes
acentuados, pois a atrição pronunciada leva ao maior desgaste
das cúspides vestibulares, invertendo-se a orientação das faces
oclusais nos dentes molares.
Essa curva transversal tem função nos
movimentos laterais da Articulação
Temporomandibular (ATM), dolado em que o
côndilo mandibular desce na lateralidade
(lado de balanceio), há separação dos dentes
das duas arcadas.
Na dinâmica mastigatória comprimimos o
alimento no lado de trabalho ao mesmo tempo
em que o movimento do côndilo provoca a
perda de contato no lado oposto (de
balanceio).
No sentido vestíbulo-lingual:
A proclividade dos dentes inferiores é ligeiramente menos acentuada que nos superiores; os
caninos inferiores implantam-se quase verticalmente, pois estão inclinados de 2º para
vestibular; os premolares não atingem 10º de inclinação vestibular, enquanto que os molares
inferiores inclinam-se de 12 a 25º.
Esses fatos originam um detalhe importante que podemos ver quando observamos as duas
arcadas dentárias: enquanto a arcada superior descreve uma elipse uniforme, na arcada
inferior esta mesma curva é dividida em três segmentos, um anterior que vai de canino a
canino (arco anterior), e dois posteriores, menos curvilíneos e de inclinações contrárias.
No sentido mésio-distal:
Na arcada inferior, todos os dentes tem seus
eixos desviados para o lado distal até o segundo
molar, e para o lado mesial ao nível do terceiro
molar. Esse fato evidencia-se muito bem ao nível
do primeiro molar superior, onde, devido à esta
inclinação, a cúspide disto-vestibular fica num
plano inferior à cúspide mésio-vestibular deste
dente.
Na arcada inferior, com exceção dos incisivos
que, praticamente, se implantam na vertical, os
demais dentes se inclinam para o lado distal. Esta
inclinação maios se acentua a medida que
distalizamos na arcada. Assim, para inclinação
de1 a 2 graus dos incisivos passa-se para cerca de
20º do terceiro molar.
Os dentes de cada arcada estão dispostos numa sequencia contínua e se tocam por suas
faces de contato. Pela forma peculiar das faces distais dos dentes, cada tem sempre a maior
convexidade no terço oclusal, nos locais conhecidos como bossas proximais. É por meio dessas
porções mais salientes que os dentes da mesma arcada entram em contato entre si.
Nos dentes mais jovens formam-se, nestes locais, pequenas áreas de união, que são
denominadas erroneamente de pontos de contato. Estes locais de contato são reconhecidos por
sua forma circular como duas esferas aproximadas.
A localização dos pontos de contato deve ser observada no sentido vertical e no sentido
horizontal, isto é, cérvico-oclusal e vestíbulo-lingual, respectivamente.
As cúspides são como pirâmides com vertentes e arestas conforme vimos no capítulo
deAnatomia 2. As arestas são dirigidas nos sentidos mésio-distais e vestíbulo-linguais. As
arestas longitudinais (mésio-distais) delimitam a chamada face oclusal propriamente dita dos
dentes separando-as das faces vestibulares e linguais.
Somente quando a resultante das forças que incidem sobre um dente for nula - sistema
em equilíbrio mecânico – é que o dente permanece em seu lugar normal ao longo da arcada
dentária.
Considerando-se o dente como um sólido submetido às forças mastigadoras em vários
sentidos, existem elementos mecânicos que são responsáveis diretos pelo equilíbrio dentário.
Dentre estes deve-se citar, antes de mais nada, as forças motoras representadas
pelosmúsculos mastigadores que incidem sobre os dentes inferiores de encontro aos superiores
(músculos masseter, temporal e pterigoideo medial).
EQUILÍBRIO VESTÍBULO-BUCAL
Dentes anteriores: No grupo dos
incisivos e caninos estabelece-se o
equilíbrio graças à ação da
musculatura lábio-lingual. A ação da
musculatura labial anteriormente e da
lingual posteriormente, mantém o grupo
dentário anterior em perfeito estado de
equilíbrio estático e dinâmico.
Perceba que o contato dos dentes molares e pré-molares fazem com que o
contato entre os incisivos não ocorra de forma a ocasionar protusão,
fazendo com que as forças linguo-labiais sejam as únicas a atuarem
efetivamente.
Entretanto, o contato proximal o impede. Por este motivo, basta a perda de um elemento
numa arcada para que haja o desequilíbrio e a consequência final será a modificação da
oclusão mais ou menos acentuada. Isto pode ser percebido pela mesialização de um dente
quando o seu anterior na arcada é perdido.
Abaixo vemos a mesialização e lingualização do segundo molar ocasionado pela perda
do primeiro molar e, consequentemente, do ponto de contato entre eles.
SENTIDO VERTICAL
Dois fatores contribuem para assegurar o equilíbrio dentário vertical: o antagonismo
dentário e o desmodonto. O antagonismo entre os dentes das duas arcadas, durante a força
mastigadora, com base nos pontos das cúspides de suporte, impede a extrusão dos dentes,
ou seja, a eliminação dos mesmos do interior dos seus alvéolos. Esta força, porém, não é
contínua; e há intervalos em que ela não existe.
Com o decorrer dos anos, como os processos evolutivos não cessam, há uma tendência
direta para a extrusão dentária. Mas nos casos de perda de dentes antagônicos, este processo
acelera-se, alterando-se completamente o plano oclusal, até a eliminação completa dos
dentes.
O desmodonto atua no equilíbrio vertical impedindo que haja intrusão dentária, isto é,
o aprofundamento dos dentes no interior dos tecidos ossos esponjosos dos ossos alveolares.
Esta trama conjuntiva que une a raiz dentária à parede alveolar constitui, por uma série de
condições, inclusive porque transforma as forças de compressão sobre os dentes em forma
de tração nos ósseos alveolares incentivando a neoformação óssea ao invés da reabsorção,
um dos elementos vitais das peças dentárias.
04. ENGRENAMENTO DOS DENTES
Quando fechamos a boca
inteiramente, pela ação ativa
damusculatura mastigadora, ou
quando coisa semelhante é feita
com crânios macerados, os dentes
inferiores interdigitam-se com
os superiores havendo a
interpenetração das cúspides e
uma imobilidade quase absoluta da
mandíbula.
Quando isso acontece temos
o engrenamento dentário. O
engrenamento designa,
unicamente, a penetração
maior ou menor das cúspides
dentárias nos sulcos e
depressões dos dentes opostos. O valor dessa penetração caracteriza a altura do
engrenamento.
1. Por meio das superfícies de contato – Ocorre entre incisivos e caninos, nos quais as
faces vestibulares, dos dentes inferiores se relacionam com um segmento das faces linguais
dos superiores (o desgaste que se observa nestas faces é a prova desta relação).
2. Entre os vértices de cúspides e fossas – O corre entre as cúspides vestibulares dos
premolares e molares inferiores e as fossetas que existem no sulco principal mésio-distal
dos dentes superiores. O mesmo se deve afirmar-se com relação às pontas das cúspides
linguais dos dentes superiores e com relação às fossetas dos dentes inferiores.
3. Entre as vertentes dos planos inclinados e os sulcos principais mésio-distais – estes
sulcos são, por vezes, denominados fendas. Este tipo de relação ocorre quando as vertentes
das cúspides se alojam nos sulcos principais dos dentes antagônicos.
4. Entre vertentes e outros sulcos – Acontece com as vertentes oclusais das cúspides
mésio-vestibulares, que se relacionam com o sulco vestibular dos molares inferiores. Outro
exemplo ocorre com as vertentes oclusais das cúspides disto-linguais dos molares
inferiores, que se relacionam com os sulcos linguais dos molares inferiores.
a) A maior parte das cúspides vestibulares dos dentes jugais superiores relacionam-se
com os sulcos intercuspidianos principais dos dentes antagônicos.
b) A curva sagital de compensação de Balkwill Spee deve estar presente.
Vista lingual de engrenamento: a imagem que se tem do engrenamento dos dentes, do
lado lingual, apresenta as mesmas relações. Há, porém algumas exceções:
Embora os dentes sofram modificações com o passar dos tempos, eles apresentam entre
si, coadjuvados pela articulação temporomandibular, uma série de pontos de reparo com os
quais coincidem outros pontos da arcada oposta.
Essa situação imprime ao ciclo mastigador uma atividade funcional que sempre se
repete. A perfeita coordenação deste movimento está na dependência da morfologia dos
dentes e da ATM. A curva de Balkwill-Spee atesta essa afirmação.
Por isso mesmo, durante a transição da dentição decídua à permanente, elas ficam
sujeitas à ações ambientais, determinando e sujeitado a oclusão à uma adaptação funcional.
Daí nem sempre ser fácil determinar, na espécie humana, o que se entende por oclusão
normal e por maloclusão ou oclusão anômala.
Este estado de separação das arcadas dentárias é obtido pela ação da gravidade que
afasta a mandíbula dos maxilares. Todos os movimentos mandibulares iniciam e terminam
nessa posição.
Existe a inoclusão dinâmica. É um afastamento mandibular que se realiza pela ação dos
músculos abaixadores, os quais eliminam os contatos entre os dentes superiores e inferiores.
Desde que haja contato entre os dentes antagônicos, está-se diante de uma situação
conhecida por oclusão. È necessário, porém, que a mandíbula esteja imóvel.
1. Cinemática mandibular (movimentos mandibulares).
O relacionamento maxilo-mandibular das arcadas
dentárias antagonistas, ao nível de suas porções centrais,
permite uma série de movimentos; e quando eles são
obtidos introduzindo-se um estilete entre os dentes
incisivos centrais inferiores, desenha-se o contorno do
movimento mandibular ou gráfico sagital de Posselt.
Durante os movimentos de
abaixamento e de elevação da mandíbula e estando os côndilos nas
posições mais posteriores e superiores da cavidade glenóide o
estilete descreve inicialmente um arco AB e o côndilo sofre
movimento de rotação apenas.
Oclusão central: pela própria definição de oclusão, verifica-se que os contatos entre os
dentes podem dar-se em apenas um ponto – ou em vários.
Todavia, existe uma forma de oclusão que se obtém a partir da posição de descanso
fisiológica, mediante ligeiro esforço muscular, suficiente para os dentes entrarem em contato,
sem pressão excessiva – é a oclusão central.
Corresponde à interdigitação máxima entre os dentes antagônicos, que alguns admitem
como oclusão normal,habitual, de conveniência, de intercuspidação máxima, de descaso, etc.,
na qual se acham presentes, como já vimos idealmente 138 pontos de contato entre os dentes
de arcadas diferentes.
Todo estudo que se fizer relativamente à oclusão dentária deverá incluir a oclusão
central. Daí a importância do seu conhecimento.
Nos dentes posteriores a sobre-saliência tem valor estimado pela distância que separa as
linhas verticais, que passam pelo vértice das arestas longitudinais das cúspides vestibulares dos
dentes antagônicos, cuja relação se considere.
Deve-se ficar claro, todavia, que a medida que nos distalizamos na arcada, há um
aumento da sobre-saliência e uma diminuição da sobremordida.
Por outro lado, nas mordidas topo a topo, sobremordida e sobre-saliência se anulam, e nas
mordidas cruzadas inverte-se o valor da sobre-saliência.
MOVIMENTOS DE LATERALIDADE
Para se examinar os movimentos mandibulares no plano horizontal, prende-se uma ponta nos
dentes inferiores que gravará traços em uma placa ligada aos dentes superiores.
Movimento de Bennett
Há um aspecto do movimento mandibular, de considerável importância, que é
o movimento de Bennett. Até aqui tem sido descrito o movimento lateral como sendo a
simples rotação de um côndilo, enquanto o outro desliza para frente.
Mas, frequentemente, entretanto, durante o movimento lateral, há um deslocamento
lateral de toda a mandíbula enquanto se realiza o processo de rotação e translação. Portanto,
o côndilo do lado do movimento (côndilo direito para o movimento lateral direito) não
permanece sem deslocamento, mas desloca-se cerca de 1,5mm para o lado do movimento
(direito, no caso). Essa mudança de posição da mandíbula para lateral é
chamada movimento de Bennett.
O grau de movimento de Bennett que ocorre varia de pessoa para pessoa, e os
articuladores podem ser ajustados para possibilitar isso. É importante esse ajustamento
porque os caminhos pelos quais as cúspides opostas superiores e inferiores deslizam em
movimentos laterais são afetados por presença ou ausência do movimento de Bennett.