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A B C
A B C
Fig. 15 - A - molar superior com lesão de cárie; B -
restauração sem contato oclusal; C - migração do
antagonista em razão da ausência de estabilidade
oclusal.
Fig 19 - 3º molar inferior extruído, tornando-se um
contato prematuro (E) e alterando o fulcro (F) no
movimento de fechamento da mandíbula, gerando
instabilidade às ATMs e alteração da guia anterior.
A B C
Fig. 16 - A - molar inferior com lesão de cárie e o
antagonista com extrusão; B - demarcação da
extrusão a ser eliminada; C - extrusão eliminada e
molar inferior corretamente restaurado.
Fulcro transverso
esforço (E-F) para o braço da resistência Em resumo, como foi visto, uma
(F-R) é de 2:1; a resistência deve ser duas interferência oclusal pode introduzir na
vezes o valor do esforço para manter a oclusão um fulcro que tem a capacidade de
alavanca em equilíbrio. conceder a uma determinada força uma
A aplicação da Lei das Alavancas vantagem mecânica, ampliando-a de duas
ilustra que a ATM do lado direito é então a três vezes. Para registrar a magnitude
comprometida por uma força muscular média das forças aplicadas nesta análise do
duas vezes maior, que a pressiona e estresse, usa-se a média de duas vezes e
proprioceptivamente induz uma resposta meia (2,5).
recíproca nos músculos do lado direito da • Análise do estresse:
cabeça para aliviar o estresse induzido. Os • Magnitude: 2,5 X
sintomas podem ser precipitados nos • Direção:
músculos recíprocos, na ATM, periodonto • Duração:
ou dentes. Estas forças tendem a deslocar o
Para analisar a magnitude da força côndilo de sua cavidade e produzir uma
sobre os segundos molares, considere-se carga lateral nos dentes (Fig. 25). Esta
agora a ATM como sendo o fulcro (F) e os direção da carga é no mínimo duas vezes
segundos molares como sendo a resistência mais patogênica que as cargas verticais
(R) (Fig. 24). A disposição de E, R, e F sobre os dentes ou as que tendem assentar
estabelece um aparelho de alavanca Classe o côndilo em sua fossa.
II.
Considerando que neste caso em
questão a proporção entre o braço de X
esforço (E-F) para o braço da resistência
(F-R) é de 3:1; a resistência deve ser três E
vezes o valor do esforço para manter a 2x 3x
alavanca em equilíbrio, desta maneira, uma 3x
força três vezes maior incide sobre os
segundos molares, induzindo estresse
sobre os dentes e periodonto ou irá
proprioceptivamente induzir uma resposta Direção
antagônica nos músculos que movimentam Fig. 25 - Carga em direção lateral ao dentes
a mandíbula, prevenindo uma sobre-carga
oclusal aos segundos molares. Para estabelecer o fator direção,
multiplica-se o fator magnitude previa-
mente estabelecido em 2,5 pelo fator 2 que
F R X representa o aumento da patogenicidade da
força lateral aplicada. O produto destes
E dois fatores é 5.
2x 3x • Análise do estresse
3x
• Magnitude: 2,5 X
• Direção: x 2 = 5 X
• Duração:
Distúrbios oclusais podem ampliar
uma força muscular dada e induzir tais
Estresss sobre os dentes forças sobre os tecidos do aparelho
Fig. 24 - Fulcro transverso, estresse sobre os estomatognático de maneira prejudicial,
dentes. produzindo mudanças na ATM, nos dentes
e/ou no periodonto. Alternadamente, os
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tagem para efetuar danos no aparelho que, o contato inclinado sobre o segundo
estomatognático. molar inferior quando do fechamento
O dentista tem a habilidade de mandibular tenderia a deslocar o segundo
redirecionar o grau e a direção das forças molar superior distalmente abrindo o
aplicadas sobre o aparelho estomatog- contato proximal mesial, podendo levar a
nático através da mudança da localização impacção alimentar, cárie dental, irritação
dos contatos dentários em várias posições gengival, formação de bolsa, desgaste
mandibulares. Esta redução do estresse prematuro dos dentes, fratura de cúspides e
pode interceptar o apertamento dentário e a pulpite.
duração da aplicação das forças é drástica- A figura 32 ilustra uma prematu-
mente reduzida, aliviando o estresse sobre ridade cêntrica sobre o primeiro pré-molar
os tecidos do aparelho estomatognático. superior, nesta situação, a aplicação de
força muscular tende assentar o côndilo na
Fulcro ântero-posterior fossa ao invés de deslocá-lo.
A figura 31 ilustra uma prematu- Estresse potencial
ridade cêntrica sobre os segundos molares
direitos. Os côndilos estão em relação
cêntrica. Se o paciente apertar os dentes, a 13
mandíbula será deslocada para anterior. 4 5 2 2
Quais são as possíveis conseqüências se as
pressões de apertamento forem aplicadas
sobre esta prematuridade cêntrica?
Força aplicada E B
Fulcro
ântero-posterior
Fig. 32 - prematuridade cêntrica sobre o primeiro
pré-molar superior
muscular está produzindo uma força de cêntrica, mas também em quais dentes
quantidade x no ponto B, produzirá uma ocorre o contato prematuro.
força de 2x na posição A. Esta força maior As prematuridades que produzem
de 2x é resistida por somente 4 unidades deslocamento anterior da mandíbula são
de suporte do estresse sobre o segundo potencialmente mais patogênicas sobre os
molar, enquanto que uma força menor de x dentes posicionados mais distalmente no
na posição B é resistida por 13 de unidades arco dental que as prematuridades seme-
de suporte do estresse. lhantes nos dentes posicionados mais
anteriormente, supondo que exista contato
Força aplicada Fulcro
ântero-posterior entre todos os dentes no quadrante em
máxima intercuspidação.
4 13
4 5 2 2
Finalizando, sabe-se que o potencial
da oclusão de induzir estresse sobre os
tecidos do aparelho estomatognático induz
tensões dinâmicas sobre os músculos que
funcionam cronicamente para manter as
A E B ATMs em uma posição adaptativa, evitan-
2x 1x do os distúrbios oclusais. As tensões
Fig. 33 - Alavanca A e B induzidas pelos distúrbios geram reflexos
protetores para evitar danos ao aparelho.
Para comparar as duas condições, um Portanto, se as tensões forem suficiente-
denominador comum deve ser estabele- mente intensas, podem desenvolver sinto-
cido. Para isto, divide-se o 2x da posição A mas na musculatura e nas ATMs. Em
por dois, para resultar em um denomina- alguns pacientes com apertamento, os
dor comum 1x (Fig. 34). Deve-se também sintomas da desordem oclusal podem,
dividir as quatro unidades de suporte na também, se desenvolver nos dentes e
posição A por 2, resultando em 2 unidades periodonto. Sabe-se também que quando o
de suporte do estresse. Desta maneira, 13 apertamento é induzido, as cúspides
por 2, a prematuridade cêntrica sobre o podem funcionar como fulcro. Estes
segundo molar é 6,5 vezes potencialmente fulcros têm a capacidade de conferir a uma
mais patogênica que a prematuridade sobre força muscular dada, uma vantagem
o primeiro pré-molar (assumindo que não mecânica que amplia seu efeito sobre os
há terceiro molar para apoiar o segundo tecidos de maneira prejudicial por longos
molar). períodos de tempo. Tanto o fulcro ântero-
posterior quanto o fulcro transverso do
arco podem produzir uma desordem
oclusal, gerando uma oclusão traumática.
A observação da presença de sinais e
sintomas de distúrbios oclusais durante a
anamnese e exame do paciente fornece
importantes meios para se chegar a um
diagnóstico.
Usualmente, há mais de um sinal ou
Fig. 34 - Potencial patogênico da para função sintoma presente nestes indivíduos. Os
sintomas típicos destes distúrbios se mani-
Em razão disso, o cirurgião dentista,
festam no aparelho estomatognático como
nos procedimentos de exame oclusal, deve
dor ou desconforto periodontal, hipersensi-
detectar não somente o desvio mandibular
bilidade dentária, dor e/ou hipertonicidade
que ocorre no fechamento em relação
muscular, mobilidade e/ou migração denta-
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ria patológica, dor nas ATMs, impacção lâmina dura e o espaço da membrana
alimentar, gerando desconforto gengival. periodontal, mas pode também envolver
Os pacientes relatam estes sintomas como hipercementose, densidade maior do osso
uma mudança na posição dos dentes, como alveolar, calcificação pulpar e fratura
uma migração patológica do dente incisi- dental.
vo, uma mudança na mordida, uma recla- Após um diagnóstico destes distúr-
mação de impacção alimentar ou dolori- bios, o exame das características da oclu-
mento gengival, rangimento e apertamento são do paciente ajudará na definição do
noturno dos dentes, dolorimento dos den- tratamento apropriado.
tes e músculos ao acordar, irregularidade Considerando o limiar de tolerância
do movimento e travamento da ATM. Isso e a suscetibilidade dos pacientes, as
tudo é indicativo de que problemas relacio- disfunções temporomandibulares geradas
nados com a oclusal podem estar ao aparelho estomatognático se manifes-
presentes. tam em distintos grupos de pacientes, tais
Os sinais do trauma oclusal são como:
mobilidade dental, padrões atípicos de • Grupo I - Disfunção neuromuscular -
desgaste dental, migração patológica dos DNM. (Disfunção mandibular).
dentes, hipertonicidade dos músculos da • Grupo II - Disfunção temporomandi-
mastigação, formação de abscesso perio- bular. (Distúrbios temporomandibular).
dontais, ulceração gengival e mudanças na • Grupo III - Disfunção dentária. (Lesões
ATM. não cariosa das estruturas dentária).
Uma série completa de radiografias • Grupo IV - Disfunção periodontal.
periapicais da boca fornece meios para (Mobilidade dental ou migração
análise dos tecidos duros do periodonto. O patológica dos dentes).
trauma oclusal compromete mais que uma • Grupo V - Ausência Disfunção.
área ou um dente. (Acomodação).
Os sinais radiográficos do distúrbio
oclusal envolvem mais comumente a
O quadro I faz um comparativo das características dos pacientes, em função e em
disfunção ou parafunção:
FATOR FUNÇÃO PARA-FUNÇÃO
Duração dos contatos dentários Curtos e intermitentes Prolongados
Duração dos contatos dentários De 4 a 10 minutos 4 horas
em 24 hs.
Magnitude da força aplicada 9 a 18 Kg/pol2 Acima de 165 Kg/pol2
Direção da força aplicada Vertical (aceitável) Horizontal/ Lateral (injuriante)
Alavanca Classe III (às vezes classe II) Classe II ou I
Contração muscular Isotônica Isométrica
Influência ou proteção Arco adaptável. O reflexo Arco esquelético. Mecanismo
proprioceptiva condicionado evita a de proteção neuromuscular
interferência dentária ausente
Posição de fechamento Oclusão em relação cêntrica - Excêntrica – máxima
mandibular ORC intercuspidação habitual - MIH
Efeitos patológicos Nenhum ou ao menos mínimo Ocorrem mudanças patológicas
variáveis a cada paciente
Quadro I - Comparativo das características dos pacientes, em função e em disfunção ou parafunção:
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