Você está na página 1de 16

DISFUNÇÃO NEUROMUSCULAR

Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005

Na presença de distúrbios oclusais, fascial (SDDM) é um termo que envolve


os pacientes susceptíveis à disfunção neu- uma variedade de problemas, os quais
romuscular (DNM), também denominada incluem as desordens das Articulações
de síndrome dor disfunção mio fascial Temporomandibulares (ATMs), sejam elas
apresentarão disfunção mandibular. intra ou extra-articulares. Segundo Mikhail
& Rosen (1980), a SDDM é conhecida
como o denominador comum das
desordens temporomandibulares.
A síndrome dolorosa miofascial é a
causa mais comum de dor músculo-
esquelética. Acomete músculos, tecido
conectivo e fáscias, principalmente na
região cervical, cintura escapular e lombar
(YENG et al., 2003).
Histórico
Em 1918, Prentiss reconheceu que a
Fig. 01 - Representação esquemática dos músculos
do aparelho estomatognático - AE.
perda dos molares e pré-molares promove
movimentos condilares distais os quais
resultavam em pressão direta na tuba de
eustáquio, nas estruturas adjacentes e no
nervo auriculotemporal. O autor concluiu
que o colapso vertical da oclusão era o
responsável pela síndrome da disfunção
articular. O que resultou na teoria do
deslocamento mecânico.
Wright, em 1920, afirmou que a
retrusão do côndilo poderia causar
reabsorção da membrana timpânica, cons-
trição dos canais e irritação das estruturas
timpânicas (artéria timpância e nervo
Fig. 02 - Representação esquemática de como um corda do tímpano), causando perda parcial
distúrbio oclusal pode envolver todos os músculos ou total da audição.
do AE: A - côndilo não posicionado na fossa Em 1921 e 1925, Brown e McCrane,
mandibular, B - musculatura sobre estresse. respectivamente, reforçaram a teoria na
qual a perda da audição era resultado do
Síndrome da Dor-Disfunção Miofascial
deslocamento posterior dos côndilos
A Síndrome da Dor-Disfunção Mio- comprimindo a tuba de eustáquio.
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 77

Em 1934, Costen, otorrinolaringo- Em 1969, Laskin propôs a revisão da


logista norte-americano, publicou uma Síndrome da Dor-Disfunção da ATM de
teoria onde a perda dentária posterior Schwartz. “Embora os fatores mecânicos
causaria sobre-fechamento mandibular, relacionados à oclusão possam algumas
resultando em pressão dos côndilos sobre vezes causar esta condição por produzir
as estruturas retrocondilares. Essa pressão, uma superextensão ou supercontração
principalmente sobre os vasos e nervos muscular, nossas investigações suportam
auriculotemporais e meato acústico que a fadiga muscular é a causa mais
externo, resultaria em sintomas incluindo: freqüentemente encontrada, de tal
diminuição da audição, zumbidos, dor espasmo. Esta fadiga aparece predominan-
dentro e ao redor da região auricular e temente relacionada à hábitos orais
tonturas. Estes sintomas são identificados psicologicamente motivados, persistentes e
como Síndrome de Costen. Em 1936, aliviadores de tensão. Assim, temos
Costen acrescentou os seguintes sintomas considerado a Síndrome da Dor-Disfunção
à Síndrome original: herpes, glossodinia, da ATM, essencialmente como doença
neuralgia glossofaríngeal e trismo. funcional psico-fisiológica com mudanças
Com relação aos sintomas do orgânicas, a qual posteriormente pode ser
tímpano, Sicher (1948), acreditava que os notada secundariamente nos dentes e
nervos timpânicos estavam protegidos articulações. Para salientar o papel
pelas fissuras pterigotimpânicas, sendo a desempenhado pelos músculos, é sugerido
fratura dos ossos adjacentes a única o termo ‘Síndrome da Dor-Disfunção
maneira de irritar tais nervos, motivo este Miofascial’, como mais apropriado para
que levou o autor a questionar a Síndrome descrever a condição do que Síndrome da
de Costen. Dor-Disfunção da ATM.”
A teoria proposta por Costen, Laskin (1969) acreditava que o
embora apoiada por muitos autores, foi espasmo dos músculos mastigatórios seria
então contestada por outros. Zimmerman, o fator responsável pelos sinais e sintomas
em 1951 escreveu que “é evidente que do da síndrome da dor-disfunção.
ponto de vista anatômico e funcional, Segundo Weinberg (1974) o
apenas um grupo de sintomas da síndrome problema não é decidir qual fator único
da sobremordida de Costen, têm uma base causou o sintoma, mas de preferência
de fatos aceitáveis: neuralgia trigeminal e entender a inter-relação dos muitos fatores
occipital. Todos os outros sintomas são que atuam simultaneamente.
questionáveis”. Mikhail & Rosen 1980) os espasmos
Schwartz (1955), considerou as musculares podem ser iniciados de três
anormalidades oclusais apenas como maneiras: sobre-extensão, sobre-contração
fatores contribuintes ao desenvolvimento e fadiga muscular. Restaurações dentárias,
da síndrome da dor-disfunção. O mesmo próteses fixas ou removíveis que
percebeu, que as predisposições tanto interferem no espaço intermaxilar, são
psicológicas como fisiológicas eram mais exemplos de alguns fatores que podem
importantes, que os fatores precipitadores causar uma sobre-extensão muscular. A
por si só. De acordo com seu estudo, a sobre-contração, por outro lado, pode ser
Síndrome da Dor-Disfunção Miofascial, causada por fatores como, por exemplo,
aparecia primeiramente em pacientes com uma sobremordida advinda de uma perda
predisposição, devido ao temperamento, dentária bilateral.
como resultado de estiramentos muscula- Ramfjord & Ash (1984) notaram que
res (súbitos ou prolongados) ou mudanças discrepâncias oclusais juntamente com
proprioceptivas, seguidas de rápidas ou fatores psicológicos podem originar ações
extensas mudanças na oclusão. musculares anormais, e o fator chave da
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 78

adaptação do indivíduo aos distúrbios esqueletais se tornam hipertônicos e


oclusais é determinado pelo seu estado dolorosos, quando contraídos. Para Bell
psicológico. (1986), é uma condição hipertônica
Pode-se observar, após este breve involuntária induzida pelo Sistema
histórico, o quão complexo é o assunto, e Nervoso Central (SNC). Neste segundo
que se trata de uma síndrome com caso, de acordo com Okeson (1992), todos
etiologia multifatorial, devendo o os músculos são mantidos num estado de
profissional estar atento a suas moderada contração, que persiste sem
características. fadiga devido a alternados movimentos de
contração e relaxamento das fibras
Desordens Musculares musculares, mantendo o comprimento
muscular inalterado e resistindo a qualquer
De acordo com Bell (1986), “dores
alongamento súbito.
de origem muscular são a mais freqüente
McNeill (1993) e Pertes & Gross,
causa de desconforto na cabeça e
(1995), relataram que feita a anamnese,
pescoço”. Como dor de dente é a causa
iremos nos deparar com um evento de
mais freqüente das dores orais, o autor
alteração das estruturas do aparelho
afirmou que “uma boa regra para se seguir
mastigatório, como por exemplo, injúria
ao diagnosticar dores na face e na boca é,
causada por injeção anestésica ou abertura
inicialmente, considerar que a dor é dental
ampla decorrente de tratamento dental
até que se prove o contrário, e então,
prolongado. A contratura muscular é a
muscular até que se prove o contrário”.
reposta imediata a impulsos alterados e
As dores musculares causam,
desta forma está intimamente relacionada
freqüentemente, contração e inatividade
ao evento que a causou. Sua duração
muscular, não sendo facilmente
normalmente é de poucos dias, podendo
localizadas pelo paciente, pois o local e a
evoluir para o mio-espasmo.
fonte da dor podem ser diferentes. A dor
Arlen (1977) e Shafer et al. (1985),
muscular pode ser classificada, em relação
relataram a associação entre o espasmo da
à duração, em aguda e crônica. A aguda
musculatura mastigatória e estruturas pró-
pode ser dividida em contratura,
ximas, causando espasmos dos músculos
mioespasmo e miosite. A crônica é
tensores do véu palatino e tímpano, devido
conhecida como dor que persiste após a
à proximidade anátomo-funcional e inerva-
passagem do tempo normal de cicatrização
ção, causando sensação de “enchimento”
(Associação Internacional de Estudo da
em um ou em ambos ouvidos, vertigem,
Dor – IASP – reconhece o prazo de três
desequilíbrio oclusal, e artrite degenerativa
meses, como o mais conveniente ponto de
Okeson (1992), sugeriu como trata-
diferenciação entre dor aguda e crônica) e
mento, a remoção dos fatores etiológicos, e
está associada aos pontos gatilhos (trigger
utilização de terapia de suporte, instruindo
points).
o paciente a restringir o uso da mandíbula
Okeson (1992), divide as desordens
dentro do limite indolor, dieta pastosa, uso
musculares em:
de analgésico por curto período e terapia
1) Contratura Muscular Protetora
de relaxamento muscular simples.
2) Mio-Espasmo (Espasmo Muscular)
3) Miosite 2. Mio-Espasmo (Espasmo Muscular)
4) Dor Miofascial de Pontos Álgicos Bell (1986), definiu como contra-
ções musculares involuntárias induzidas
1. Contratura Muscular Protetora
pelo SNC e Okeson (1992), acrescentou
Frost (1977), definiu como um
que se diferencia da contratura pelo fato do
reflexo protetor, pelo qual os músculos
SNC recrutar unidades motoras para
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 79

contrações contínuas. Geralmente aparece pode ajudar a relaxar e aumentar o fluxo


em uma destas formas: contratura sangüíneo), massagem suave, uso de
muscular não tratada em tempo hábil, estimulação eletrogalvânica e ultra-som.
aumento do nível de estresse emocional
(levando a hiperatividade muscular) e 3. Miosite
qualquer forma de dor constante e McNeill (1993) e Pertes (1995), a
profunda (que através dos efeitos definiram como inflamação muscular
excitatórios centrais causam espasmo nos resul-tante de causa local, por traumas
músculos faciais e do pescoço). externos provocados por acidentes
Para McNeill (1993), Pertes (1995), automobilísticos, domésticos ou
Okeson (1997), Kraus (1988), o espasmo esportivos, por tensão muscular
muscular é a desordem aguda de um mús- prolongada e por infecções provenientes
culo ou grupo de músculos, manifestada de abscessos dentários.
por meio de contração muscular tônica Okeson (1992), definiu como
repentina involuntária, causando dor e inflamação local dos tecidos musculares,
limitação na amplitude dos movimentos. que pode ser resultado de mio-espasmo
Tal desordem é conhecida como trismo prolongado, com características de duração
agudo e caracteriza-se por contração mus- de algumas semanas e apresentando-se de
cular contínua (fasciculação), apresentando forma constante, o que geraria inflamação
tremores na superfície muscular. para nas estruturas adjacentes ou infecção
Na anamnese, é comum a queixa de disseminada.
mialgia decorrente de algum evento que A miosite leva á mialgia mesmo
alterou a estrutura e como conseqüência quando o músculo está em repouso, o que
contratura muscular idêntica à citada, só resulta na exacerbação da dor quando em
que perpetuada por mais tempo. A dor se função. Os músculos ficam extremamente
caracteriza pelo aumento em função, dolorosos à palpação, de forma
podendo diminuir e até desaparecer prolongada.
quando o músculo estiver em repouso. Para Okeson (1992), o tratamento
Devido ao encurtamento do músculo, o começa com a consciência de que há um
alongamento completo não pode ser problema local definitivo dentro do
facilmente alcançado, gerando limitação próprio músculo, não induzido pelo SNC.
na abertura bucal. Devido a isso a miosite leva mais tempo
Okeson (1992), sugere que o para acontecer e mais tempo para ser
tratamento deve ser direcionado ao SNC tratada. Deve-se fazer restrição dos
no sentido de diminuir os impulsos, pois movimentos mandibulares aos limites
não há nada de errado com o tecido indolores, evitar sobrecargas e utilizar
muscular propriamente dito. Deve-se como alimentação a forma pastosa ou
então: restringir o movimento mandibular líquida. Por estar o músculo inflamado,
dentro dos sintomas indolores, estimular os deve-se evitar injúrias como injeções
proprioceptores pelo uso normal (evitando analgésicas ou anestésicas, para que a
a sobrecarga muscular), manter os dentes agulha não traumatize as estru-turas locais.
separados podendo fazer uso de aparelho Para manter os dentes sepa-rados, a
oclusal (no caso de bruxismo noturno) e utilização de placa para relaxa-mento
utilizar analgésicos, injeções anestésicas muscular é indicada assim como
ou procedimentos para relaxamento medicação antiinflamatória não esteróide
muscular. Como terapia de suporte pode por três semanas. Pode utilizar-se como
ser utilizada a fisioterapia, por exemplo, terapia de suporte, exercício isométrico
calor e spray anestésico de vapor gelado, para aumento da força muscular, após
calor úmido (sobre o músculo em espasmo serem resolvidos os sintomas agudos.
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 80

Alongamento passivo também é útil. de vapor gelado na camada superficial do


Aparelhos como ultra-som e utilização de tecido muscular afetado, e alongamento do
calor úmido são recomendáveis. músculo. A utilização de modalidades
fisio-terápicas como ultra-som e
4. Dor Mio-Fascial de Pontos Álgicos – estimulação eletrogalvânica podem ser
(“Trigger-Points” ou Pontos Gatilhos) métodos efeti-vos na eliminação dos
Embora a fisiopatologia não esteja pontos gatilhos. O ultra-som atua
bem esclarecida, para Reeves et al. (1986), produzindo calor e rela-xando localmente
os pontos gatilhos miofasciais podem ser o músculo, e a estimula-ção
caracterizados clinicamente como: pontos eletrogalvânica pulsa ritmicamente os
específicos de sensibilidade em uma músculos a níveis de fadiga, relaxando-o.
musculatura tensa, na presença de Injeções analgésicas nos pontos álgicos
contração muscular local em resposta a irão eliminar imediatamente uma dor refle-
estímulo mecânico na região. xa. Como suporte terapêutico deve-se
Okeson (1992), relata ser necessária: ministrar suplementos vitamínicos, sendo
- a presença de uma fonte de dor profunda que exercícios regulares e postura adequa-
constante (podendo criar pontos álgicos da deverão ser recomendados.
não somente na fonte, mas também à Autores como Kraus (1988) (1994)
distância); - o aumento do nível de estresse e Pertes & Gross (1995), sugerem mano-
emocional (que pode levar a iniciar ou bras como exercícios, injeções, spray
ativar os gatilhos); - a sobrecarga muscu- congelante e estiramento muscular,
lar (com um estiramento súbito como o estimu-lação nervosa elétrica e
que aconteceria durante um acidente auto- transcutânea (TENS), biofeedback,
mobilístico ou osso fraturado, induzindo a correção postural, terapêutica
pontos de dor). O autor relata ainda uma medicamentosa e controle dos fatores
categoria espontânea, onde qualquer fator perpetuadores da desordem muscular.
pode iniciar dor mio-facial com ponto Pacientes com desordem muscular,
álgico, por exemplo, deficiência de do tipo, espasmo muscular, terá como
vitamina B. queixa principal dor nos músculos
Solberg (1999), definiu como elevadores, resultando em espasmo, que
proveniente de áreas hipersensíveis nos levará ao aumento da pressão inter-
tecidos musculares, as quais tendem a articular. Associado à hiperatividade do
refletir a dor e o espasmo à distância, por feixe superior do músculo pterigóideo
meio de efeitos excitatórios centrais, sendo lateral, poderá ainda levar a desordem no
considerado um dos fatores contribuintes disco articular. De maneira semelhante,
para a dor na região de cabeça e pescoço. paciente com interferência no disco
Na anamnese haverá o relato de articular, além da dor, pode ter contratura
sintomas associados aos efeitos muscular na tentativa de prevenir os
excitatórios centrais e não com a origem movimentos dolorosos. Se esta prolongar-
da dor, como por exemplo, dor de cabeça se, pode resultar em espasmo. Assim
decorrente de uma injúria sofrida em teremos a desordem de interferência do
acidente de carro. A palpação muscular, disco ocasionando a desordem muscular.
revelará a localização de pontos álgicos Isto demonstra que existe relacionamento
dentro dos músculos envolvidos. entre as várias desordens mandibulares,
Aplicando pressão nestes pontos haverá levando a diagnósticos e tratamentos muito
exacerbação da dor no lado refletido. difíceis.
Segundo Uetanabara (1980), o Por isso o tratamento inicial deve ser
tratamento consiste em alongamento do o mais conservador possível, não invasivo
ponto álgico, através de spray anestésico e reversível, e após serem tentadas todas as
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 81

terapias sem nenhum resultado de melhora Ocorre contração sustentada, geralmente


para o paciente. a intervenção cirúrgica inconsciente, de todas as fibras do músculo
pode ser considerada. podendo levar à fadiga.

Fisiopatologia Neuromuscular Disfunção Neuromuscular (DNM)

É o colapso da fisiologia nervosa e É o colapso do aparelho estomato-


muscular que promove alteração no gnático, do qual participam distúrbios
metabolismo dos tecidos. oclusais, fator psíquico ou emocional,
Com a alteração no metabolismo dos siste-ma nervoso central (SNC) e
músculos, ocorrerá na contração muscular hipertonici-dade muscular que determinam
isométrica o aumento da tonicidade das a formação do círculo vicioso patogênico
fibras musculares, que leva a compressão no núcleo mesencefálico do nervo
dos vasos, promovendo imigração sangüí- trigêmeo.
nea. Da mesma forma, os linfáticos permi- Este círculo se forma a partir de
tem grande acúmulo de toxinas e ácido estímulos específicos captados pelos
lático que gera inflamação muscular local próprioceptores do ligamento periodontal e
(miosite), manifestada por meio de estímu- conduzido pelos neurônios aferentes até a
lo doloroso (mialgia) e da integração ao integração no SNC. Ali se associam às
S.N.C. tensões psíquicas, gerando reações
Nas miosites ocorre: circulação motoras específicas, conduzidas pelos
sangüínea deficiente, difícil eliminação das neurônios eferentes até o órgão executor.
toxinas e hipertonicidade (espasmo muscu- Com a repetição constante desta situação,
lar, espasticidade). sinapses entre os neurônios aferentes e
A hipertonicidade muscular se eferentes (o córtex cerebral não participa
instala com a superprodução de impulsos mais), ocor-rem de forma automática e
motores que mantém as fibras musculares inconsciente em nível do núcleo
praticamente em contração constante. mesencefálico do nervo trigêmeo, fig.03.

Fig. 03 - Representação esquemática do círculo vicioso patogênico.


Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 76

Fig. 04 - Representação esquemática de contato Fig. 07 - Representação esquemática do deslize


prematuro deflectivo no fechamento mandibular, mandibular em direção à linha média, que
entre a aresta longitudinal distal da cúspide posicionará o côndilo do lado de contato na posição
vestíbulo distal do 46 versus aresta longitudinal de balanceio, o côndilo do lado oposto na posição
mesial da cúspide vestíbulo distal do 16, que de trabalho e induzirá hiperatividade muscular.
provocará deslize mandibular para anterior.

Fig. 08 - Representação esquemática de contato


prematuro deflectivo no fechamento mandibular,
entre a vertente triturante de uma cúspide funcional
Fig. 05 - Representação esquemática do deslize versus a vertente triturante de outra cúspide
mandibular para anterior e o comprometimento funcional, que provocará deslize mandibular em
muscular. direção contrária à linha media.

Fig. 06 - Representação esquemática de contato


prematuro deflectivo no fechamento mandibular, Fig. 09 - Representação esquemática do deslize
entre a vertente triturante de uma cúspide funcional mandibular em direção contrária à linha média, que
versus a vertente lisa de uma cúspide não posicionará o côndilo do lado de contato na posição
funcional, que provocará deslize mandibular em de trabalho, o côndilo do lado oposto na posição de
direção à linha media. balanceio e induzirá hiperatividade muscular.

Diagnóstico diferencial
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 77

O diagnóstico diferencial das Adaptar a lâmina de papel alumínio


disfunções neuromuscular relacionadas ás sobre os incisivos centrais superiores a fim
desordens oclusais é estabelecido em três de isolar os espaços interdentais do contato
etapas consecutivas: com a resina (Fig. 10). Manipular o pó e
1- Reposicionamento mandibular líquido da R.A.A.Q. em pote dappen,
2- Palpação muscular durante sua fase plástica modelá-la em
3- Uso do Front-Plateau forma de cilindro e adaptá-la sobre o papel
alumínio. Posicioná-la sobre os dentes
Reposicionamento Mandibular estendendo de vestibular para palatina dos
incisivos, apresentando na face palatina
O reposicionamento mandibular em forma de cunha.
relação cêntrica (RC), através da
manipulação mandibular, é a primeira
etapa do diagnóstico diferencial da
disfunção neuromuscular. Só haverá
conforto neuromuscular, quando a
mandíbula estiver estável em oclusão em
relação cêntrica (ORC), ou seja, quando
coincidir a oclusão dos dentes posteriores
antagônicos, máxima intercuspidação (MI) Figura 10. Lâmina de papel alumínio sobre os
com a estabilidade dos côndilos na fossa incisivos superiores
mandibular do osso temporal (RC). Na
presença de algum distúrbio oclusal, Quando a resina começar a aquecer
haverá desestabilização dos côndilos, devido á exotermia de presa, deve-se
bastando para tanto reposicioná-los para removê-la da boca do paciente e deixar
detectar os possíveis distúrbios oclusais e que conclua a polimerização em água fria.
seus efeitos. Após a presa final, lavá-la, secá-la,
Para facilitar o reposicionamento remover o papel alumínio e reposicioná-la
mandibular, deve-se confeccionar o sobre os dentes para conferir usa exatidão
dispositivo denominado “jig”, descrito por e retenção, caso não ocorra é necessário
Vitor O. Lúcia, que tem como funções repetir o procedimento.
inibir os contatos dentários posteriores e Em seguida peça ao paciente para
promover o relaxamento dos músculos da fechar a boca e verifique se há somente um
mastigação. Outros dispositivos tais como incisivo inferior em contato com o vértice
rolo de algodão, dispositivo leaf gage de da cunha palatina do jig, proporcionando
Long Jr. e outros, podem ser utilizados desoclusão máxima de um milímetro entre
com o mesmo fim, porém, o “jig” oferece os dentes posteriores, (Fig. 11).
maior segurança.
Confecção do “jig”:
Material e instrumental utilizado:
lâmina de papel alumínio, vaselina, resina
acrílica ativada quimicamente (RAAQ),
pedra montada ou broca para desgastar
RAAQ, frasco dappen, fita marcadora para
ajuste, pinça de Miller e lápis ou lapiseira Figura 11. Paciente ocluindo no “jig”, havendo
de ponta fina. desoclusão dos dentes posteriores de aproximada-
mente 1mm.
Técnica de confecção:
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 78

Caso isto não ocorra utilize a pedra


montada ou a broca de aço para eliminar o
excesso de resina, de maneira tal que o
“jig” apresente em sua face palatina dois
planos inclinados (um para direita e outro
para a esquerda), formando um vértice
(inclinado de incisal para palatina) (Fig.
12). Nesse vértice ocorre o contato do
incisivo inferior, promovendo a desoclusão Figura 14. Utilização do “Jig” por aproximada-
mínima (1 mm), entre os dentes posteriores mente 5 minutos
(Fig. 13).
Após o uso, o “jig” deve ser
guardado em recipiente com água, para ser
novamente utilizado durante a montagem
dos modelos de estudo do paciente, em
articulador semi-ajustável (ASA), com o
objetivo de realizar a análise oclusal
funcional.

Manipulação mandibular

Existem duas técnicas de


manipulação mandibular para obtenção da
Figura 12. Desgaste dos excessos para formar os relação cêntrica: técnica frontal de
planos inclinados
Ramfjord e técnica bilateral de Dawson. O
importante não é a técnica empregada, mas
sim a precisão obtida, que poderá ser
confirmada pela reprodução da
manipulação e marcação repetitiva do
ponto de contato do incisivo inferior sobre
o “jig” (com uma fita marcadora para
ajuste), ou a reprodução de qualquer outro
contato de referência.
Qualquer que seja a técnica de
manipulação utilizada, esta deverá ser
Figura 13. “Jig” concluído. Observar o vértice onde executada com delicadeza para estimular o
ocorrerá o contato. relaxamento neuromuscular, e com firmeza
para verificar a manutenção do conjunto
O paciente usará o “jig” por côndilo-disco na posição obtida, quando
aproximadamente 5 minutos (Fig. 14). esta estiver sendo registrada. O paciente
Após esse tempo, ocorre a perda da deve estar sentado com o encosto da
memória proprioceptiva dos dentes cadeira bem inclinado (posição supina) e o
interferentes, promovendo o relaxamento mento dirigido para cima, o que evita a
muscular e facilitando a manipulação protrusão da mandíbula.
mandibular.
Técnica frontal de Ramfjord

Entre as posições de referência


mandibular, a posição de retrusão (por se
tratar de uma posição bordejante), é
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 79

estável e reproduzível, por conseqüência, se fossem erguer a cabeça do paciente.


mais fácil de ser registrada que as posições Nenhuma pressão é aplicada neste
intrabordejantes. momento. A posição da mão deve ser
Após o posicionamento do paciente confortável para ambos, paciente e o
na cadeira, com o uso do “jig” ou outro operador.
dispositivo de escolha, apóia-se o dedo
polegar frontalmente e cervicalmente na
face vestibular anterior da mandíbula, na
região de gengiva inserida, e o dedo
indicador sob o mento. Em seguida,
orientá-lo para deixar a mandíbula
“relaxada”, e a partir da abertura mínima,
colocar a língua contra a porção posterior
do palato duro (simulando a deglutição),
guiando sua mandíbula para trás e para
Fig. 16 - Manipulação mandibular bilateral, plano
cima repetidas vezes, até que os côndilos frontal.
se assentem na posição de RC (Fig. 15).
Em seguida, com manipulação
suave, a mandíbula é levada a fazer
lentamente movimento em dobradiça de
abertura e fechamento. Em geral, a
mandíbula desliza automaticamente para
cima até a relação cêntrica, se nenhuma
pressão for aplicada (Fig. 17).

Fig. 15 - Representação esquemática da


manipulação mandibular frontal, plano sagital.

Nesta técnica, a guia é exercida na


porção anterior da mandíbula, o que leva
os côndilos a tomarem posição mais
posterior e superior na fossa mandibular do
osso temporal.
Fig. 17 - Representação esquemática da
Técnica bilateral de Dawson manipulação mandibular bilateral, plano sagital.

Após o posicionamento do paciente Os músculos contraídos são estirados


(na cadeira em supino), com o uso do “jig” pela pressão e respondem com maior
ou outro dispositivo de escolha, sua cabeça contração muscular (reação reflexa de
é estabilizada firmemente, entre o estiramento). Deve-se, portanto, trabalhar
antebraço e a caixa torácica do operador, com movimentos lentos de abertura e
trabalhando na posição de 11 horas (Fig. fechamento, pois qualquer pressão ou
16). movimento rápido pode estimular os
O operador então, apóia os quatro músculos posicionadores a contraírem, o
dedos de cada mão sob a borda inferior da que tornará extremamente difícil
mandíbula, ficando os dedos mínimos posicionar os côndilos em relação cêntrica.
exatamente sobre o ângulo da mandíbula e O propósito principal deste proce-
os polegares na sínfise mandibular, como dimento é desativar os músculos e deixar
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 80

os côndilos irem onde fisiologicamente


devem estar: estáveis e assentados em suas
fossas. No ato de manipulação da mandi-
bula, um arco de abertura de 1 a 2 mm é o
suficiente e não deve haver contato dos
dentes.
Se o paciente resistir à manipulação
suave, segurando a mandíbula em
protrusão, posicionar as mãos delicada-
mente e pedir ao paciente para abrir e
fechar. No ponto em que a ação de
fechamento começar a ocorrer, a mandi-
bula, em geral, retrui automaticamente. Fig. 20 - Endentação na face palatina do JIG que
Ao sentir a mandíbula basculando garantirá a exatidão do registro em RC.
livremente e os côndilos parecendo estar
completamente assentados em suas fossas, Remova o “jig” e observe se há ou
a mandíbula estará em relação cêntrica. A não presença de contato prematuro, que
posição de relação cêntrica deve sempre impeça o correto e estável fechamento da
ser verificada pela sua reprodutividade. mandíbula em ORC, ou contato deflectivo,
Depois de obtida a posição de RC, que desliza a mandíbula de seu fechamento
coloca-se uma porção de resina acrílica estável em ORC. Se observados estes
pela técnica do pincel exatamente sobre a contatos ou qualquer outro distúrbio
marca deixada pelo contato (Fig. 18) e oclusal, deve-se dar prosseguimento ao
manipula-se a mandibular para fechar exame do paciente com a palpação dos
sobre a marca (Fig. 19), fazendo uma possíveis músculos alterados por estes
endentação na face palatina do JIG de distúrbios.
resina que garantirá a exatidão do registro
Palpação Muscular
em RC (Fig. 20).
A palpação dos músculos do
aparelho estomatognático é a segunda
etapa do diagnóstico diferencial da
disfunção neuromuscular. Nessa são
localizados os músculos em disfunção, o
que permitirá apontar e distinguir o
desconforto provocado aos pacientes pelos
distúrbios oclusais de outros, como arterite
Fig. 18 - Colocação da porção de resina acrílica temporal, nevralgia do trigêmeo,
pela técnica do pincel, exatamente sobre a marca neoplasias e outros.
deixada pelo contato. Para se observar todos os dados
oferecidos pela palpação muscular, é
fundamental que o examinador tenha pleno
conhecimento dos músculos quanto à sua
origem, inserção, trajetória e funções.
Deve ser feita criteriosa palpação das
ATMs (Figs. 21 e 22) e na origem,
Fig. 19 - Fechar a mandibular sobre a marca. trajetória e inserção de todos músculos do
aparelho estomatognático: temporal (Fig.
23), masseter (Figs. 24 e 25), pterigóideo
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 81

medial (Fig. 26), pterigóideo lateral (Fig.


27), esternocleidomastóideo, posteriores
do pescoço (Fig. 28), supra hióideo e infra
hióideo, como ilustrado nas representações
esquemáticas abaixo.

Fig. 24 - Representação esquemática da palpação


externa do músculo masseter.

Fig. 21 - Representação esquemática da palpação


da ATM, através do meato acústico externo.

Fig. 25 - Representação esquemática da palpação


interna e externa do músculo masseter.

Fig. 22 - Representação esquemática da palpação


externa da ATM.

Fig. 26 - Representação esquemática da palpação


do pterigóideo medial.

Fig. 23 - Representação esquemática da palpação


do músculo temporal.

Fig. 27 - Representação esquemática da palpação


do pterigóideo lateral.
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 82

Figura 29. Lâmina de papel alumínio posicionada


sobre os dentes anteriores (canino a canino)

Fig. 28 - Representação esquemática da palpação Manipular o pó e líquido da RAAQ


do estenocleidomastóideo e trapézio. em pote dappen, durante sua fase plástica
modelá-la em forma de cilindro e adaptá-la
Front-Plateau sobre o papel alumínio, posicionando-a
sobre a face incisal dos dentes. Em
O uso do Front-Plateau, ou placa de seguida, estendê-la de vestibular para
mordida anterior, é a terceira etapa do palatina, deixando volume maior de resina
diagnóstico diferencial da disfunção por palatina, sobre a qual deverá contatar
neuromuscular. Após o reposicionamento os dentes inferiores. A resina deve ficar
mandibular em RC e a constatação da bem justaposta aos dentes “abraçando-os”
presença de distúrbios oclusais (1º etapa), de vestibular para palatina.
e distúrbios musculares (2ºetapa), é licito A mandíbula deve, então, ser elevada
supor que os distúrbios neuromusculares lentamente para contatar os dentes
são decorrentes dos distúrbios oclusais. anteriores inferiores sobre a resina, até
Como os distúrbios oclusais estão observar a desoclusão de 1 mm dos dentes
sempre relacionados à oclusão dos dentes posteriores. Essa desoclusão pode ser
posteriores, o Front-Plateau tem como seguramente obtida, colocando-se palito de
função desocluí-los, eliminando madeira, lâmina de matriz de aço para
provisória-mente estes distúrbios, devendo amálgama ou duas lâminas de chumbo do
promover então, alivio da sintomatologia filme radiográfico dobradas, entre os
dolorosa dos músculos envolvidos. dentes posteriores antagônicos, sempre
Confecção do Front-Plateau pressionando a resina contra as faces
Material e instrumental utilizado: vestibular e palatina dos dentes para
lâmina de papel alumínio, vaselina, resina manter o “abraçamento” (Figs. 30 e 31).
acrílica ativada quimicamente R.A.A.Q,
palito de madeira, pedra montada ou broca
para desgastar resina, frasco dappen, lápis
ou lapiseira de ponta fina e pontas de
borracha abrasiva para polimento.
Técnica de confecção:
Adaptar a lâmina de papel alumínio
revestindo os dentes anteriores superiores
Fig. 30. Resina adaptada sobre o papel alumínio,
de distal do canino direito a distal do
observe a desoclusão dos dentes posteriores,
canino esquerdo, a fim de isolar os espaços utilizando palitos de madeira.
interdentais do contato com a resina (Fig.
29).
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 83

Fig. 31 - Representação esquemática da confecção


do front-plateau (resina posicionada sobre os
incisivos e caninos superiores, e palito de madeira
entre os dentes posteriores para posterior Fig. 34 - Representação esquemática do desgaste
desoclusão), vista sagital. do plano palatino do front-plateau (paralelo a face
palatina dos incisivos superiores), vista sagital.
Quando a resina começar a aquecer
devido à exotermia de presa, deve-se A superfície contatante deve guiar os
removê-la da boca do paciente e deixar incisivos inferiores levemente para baixo
que conclua a polimerização em água fria. durante o movimento de protrusão e os
Após a presa final, lavá-la, secá-la, caninos nos movimentos de lateralidade,
remover o papel alumínio e delimitar com sem travamento. O espaço interoclusal
um lápis as endentações dos seis dentes deve ser o suficiente para evitar qualquer
anteriores inferiores impressas na resina. contato dos dentes posteriores em relação
Com uma pedra ou broca de aço para cêntrica e nos movimentos excursivos da
desgastar resina, eliminar os excessos (Fig. mandíbula (Fig. 35 e 36). Pois os côndilos
32) de maneira tal que o “Front-Plateau” devem estar livres para assentarem em RC
apresente na sua face palatina dois planos: sem qualquer espécie de interferência dos
um inclinado paralelo à fase palatina dos dentes posteriores.
dentes superiores e outro paralelo à fase
incisal dos dentes anteriores inferiores,
sobre a qual estes contarão sem formar
depressão (Fig. 33 e 34).

Fig. 35 - Representação esquemática, do front-


plateau instalado sobre os incisivos e caninos
superiores, promovendo a desoclusão dos dentes
posteriores, vista sagital.

Fig.
32. Desgaste dos excessos de resina acrílica.

Figura 36. Contatos que devem ser obtidos após o


ajuste: contato em PMI; contatos em protrusão;
contatos em lateralidade.
O Front-Plateau deve ser ajustado
Fig. 33 -Representação esquemática do desgaste do (Fig. 37) na boca e mantido em posição
plano incisal do front-plateau (paralelo à face pelo atrito friccional sobre as bordas
incisal dos incisivos), vista sagital.
incisais.
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 84

a new concept. Ear Nose Throat J, v.56,


p.60-63, 1977.
ASH, M. M., RAMFJORD, S. P.
Introdução à oclusão Funcional. Traduzido
por José dos Santos Jr. Guarulhos S.P.:
Parma, 2287. 306 p.
BELL, W.E. Temporomandibular
Disorders: Classification, Diagnosis, and
Fig. 37 - Front-Plateau instalado na boca do
paciente.
Management, ed 3. Chicago: Year Book,
p.342-344, 1986.
O tempo de uso do “Front-Plateau” BROWN, H. The value of proper
pelo paciente deve ser por 24 horas mandibular articulation: Deafness and
intercaladas, ou seja, 24 horas de uso, other troubles form close-up bites. Dent
(removendo-o somente para a alimentação Record, v.41, p.153, 1921.
e recolocando-o em seguida), e 24 horas COSTEN, J. Neuralgias and ear symptoms
sem uso, repetindo-se a seqüência de uso e associated with disturbed function of the
desuso. Quando feito apropriadamente, o TMJ. J Am Med Assoc, v.107, p.252,
“Front-Plateau” deve aliviar significativa- 1936.
mente e em pouco tempo o espasmo COSTEN, J. Syndrome of ear and sinus
muscular. Algumas horas é o tempo symptoms dependent upon disturbed
máximo requerido para eliminar qualquer function of the TMJ. Ann Otol Rhinol
espasmo muscular relacionado com Laryngol, v.43, p.1, 1934.
distúrbios oclusais. DAWSON, P. E. Avaliação, diagnóstico e
Quando por meio do uso do “Front- tratamento dos problemas oclusais. 2. ed.
Plateau” houver desaparecimento da Edição, Traduzido por Silas Cunha
sintomatologia dolorosa, e com a sua Ribeiro. São Paulo: Artes Médicas, 2293.
remoção o retorno da mesma, conclui-se 686 p.
que, o distúrbio oclusal, fator causador da FROST, H.M. Musculoskeletal pain. In:
mesma foi removido provisoriamente. Sem ALLING, C.C.; MAHAN, P.E. (eds).
estímulo proprioceptivo para os músculos, Facial Pain, ed 2. Philadelphia: Lea and
os côndilos ficam livres para se Febiger. p.137-142, 1977.
posicionarem em RC, fisiologicamente JANSON, W. A. et. al. Introdução à
suportados pelo osso e ligamentos. Os oclusão ajuste oclusal Bauru: Universidade
músculos podem, então, relaxar e se livrar de São Paulo, Faculdade de Odontologia
da espasticidade, assegurando a indicação de Bauru, 2286. 55 p.
de procedimentos eficazes para a remoção KRAUS, H. Diagnosis and treatment of
dos possíveis distúrbios oclusais presente. muscle pain. Chicago: Quintessence, p.39-
Há várias condutas terapêuticas para 50, 1988.
remoção desses distúrbios, incluindo ajuste LASKIN, D. Etiology of the pain
oclusal, placa oclusal, ortodontia, cirurgia dysfunction syndrome. J Am Dent Assoc,
ortognática e odontologia restauradora. v.79, p.147-151, 1969.
O ajuste oclusal pela técnica do LASKIN, D. Etiology of the pain-
desgaste seletivo ou do acréscimo, através dysfunction syndrome. J Am Dent Assoc,
de técnicas restauradoras, é o tratamento v.79, p.147, 1969.
dado à maioria de pacientes desse grupo. MCCRANE, H. Traumatic deafness
caused by the retrusion of the condyles of
Bibliografia Consultada the mandible on the external auditory
canal. J Am Dent Assoc, v.12, p.1231,
ARLEN, H. The otomandibular syndrome: 1925.
Disfunção Neuromuscular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2005 85

MCNEILL, C. Temporomandibular SCHLUGER, S., YUODELIS, R. R.,


Disorders: Guidelines for Classification, PAGE, R. C., Periodontia: fenômenos
Assessment, and Management, ed 2. básicos, tratamento e inter-relação oclusais
American Academy of Orofacial Pain. e restauradores. Rio de Janeiro: Interame-
Quintessence, p.27-38, 41, 81-107, 1993. ricana, 2281. 701 p.
MIKHAIL, M.; ROSEN, H. History and SCHWARTZ, L. Pain associated with the
etiology of myofascial pain-dysfunction temporomandibular joint. J Am Dent
syndrome. J Prosthet Dent, v.44, n.4, Assoc, v.51, p.394, 1955.
p.438-444, 1980. SENCHERMAN, G. et. al. Manual sobre
MOHL, M. D. et. al. Fundamentos de neurofisiologia de la oclusion. Bogota,
oclusão. Traduzido por Milton Edson Pontificia Universidad Javeriana, 2275.
Miranda. São Paulo: Quintessence, 2289. 66p
449 p. SICHER, H. Temporomandibular
OKESON, J. P. Fundamentos de oclusão e articulation in mandibular overclosure. J
desordens temporomandibulares. 2. ed. Am Dent Assoc, v.36, p.131, 1948.
Traduzido por Milton Edson Miranda. São WEINBERG, L. Temporomandibular
Paulo: Artes Médicas, 2292. 449 p. dysfunctional profile. A patient-oriented
PRENTISS, H. A preliminary report upon approach. J Prosthet Dent, v.32, p.312,
the temporomandibular articulation in the 1974.
human type. Dent Cosmos, v.60, p.505, WRIGHT, W. Deafness as influenced by
1918. malposition of the jaws. J Natl Dent
RAMFJORD, S. P. & ASH, M. M. Assoc. v.7, p.979, 1920.
Oclusão. 3. edição, Trad. Dioracy Fonter- ZIMMERMAN, A. An evaluation of
rada Vieira. Rio de Janeiro: Costen’s syndrome from an anatomical
Interamericana, 2284. point of view. In SARANT, B.G. (editor):
REEVES, J.L., JAEGE, B., GRAFF- The Temporomandibular Joint.
RADFORD, S. Reliability of the pressure Springfield, 1951, Charles C Thomas,
algometer as a measure of myofascial Publishers, p.82-110.
trigger point sensitivity. Pain, v.24, p.313-
321, 1986.

Você também pode gostar