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São Paulo
2020
Retomando a Neurociência
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te, tal como nos apresenta Butler (2003).
Para que consigamos reabilitar o paciente com este olhar, será preciso
conhecer a união entre a anatomia e a fisiologia do sistema nervoso, algo
que denominamos de neurodinâmica, além de avaliar a funcionalidade
desta, pois, se estiver alterada, o paciente sofrerá implicações, bem como
cita Vasconcelos et al. (2011).
A anatomia funcional que envolve o sistema nervoso, por ser muito com-
plexa, possui dois tipos de tecidos, os que conduzem impulsos nervosos,
tal como o axônio, e os que suportam e protegem os axônios e estruturas
de condução de qualquer agressão, tais como as meninges, endoneuro,
perineuro, entre outros.
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As Descobertas da Neurociência
A presença do ligamento de estabilidade
Nem tudo que aprendemos nos livros se dá de forma tão perfeita; precisa-
mos desmistificar algumas ideias que criamos até mesmo ao observar as ilus-
trações dos livros.
Por exemplo, os axônios não são retos, eles apresentam-se em forma espiral;
raízes nervosas não têm uma saída tão direta do canal vertebral, pois por ve-
zes se angulam e, algumas patologias, por ter este achado e as três bainhas
de tecido conjuntivo (endoneuro, perineuro e epineuro), não se unem com as
três meninges (pia máter, dura máter e aracnoide), tal como é ensinado por
Butler
(2003).
O vaso nervorum
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um bloqueio total do fluxo (BUTLER, 2003).
A circulação neural
O neurônio é uma célula como todas as outras, ou seja, ele contém subs-
tâncias em seu citoplasma, é mais sensível à presença de oxigênio e, por ser
grande o tamanho do axônio, às vezes chegando a ter mais de um metro de
extensão, ele precisa ter um movimento intracelular especializado (BUTLER,
2003).
Algumas regiões do corpo já são propícias a lesões, são locais nos quais o
sistema nervoso passa por regiões estreitas, tais como túneis e saídas dos
plexos. Algumas condições patológicas que produzam edema, compressão
local e até mesmo o gesso, também podem contribuir para o estreitamento
da biomecânica neural, gerando a TNA, ou seja, estruturas extraneurais inter-
ferem causando forças de tensão no sistema neural (BUTLER, 2003).
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Em termos da biomecânica neural, compreenda que quando uma tensão é
aplicada sobre um nervo, a pressão intraneural aumenta, pois a área transver-
sal do nervo diminui. Isto fará com que a quantidade de sangue que chega
aos nervos seja menor, devido à alteração sofrida nos vasos extraneurais, ten-
do como consequência uma diminuição na velocidade da condução nervosa
e uma interferência no transporte axonal (BUTLER, 2003).
Um dado clínico relevante sobre esta análise é que pessoas sentam com uma
postura cifótica e ficam com a região cervical em extensão ao olhar para
frente, colocam sobre tensão o tronco simpático, e esta postura é muito mais
comum no dia a dia das pessoas do que podemos imaginar (BUTLER, 2003).
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Avaliação
Sempre que pensamos em lesões nervosas nos vêm à mente lesões extensas,
porém, começaremos a nos ater às lesões menores deste sistema e tratá-las;
para isto, precisamos compreender o que elas podem promover no corpo.
Bem como nos afirma Marcolino et al. (2008), relembramos que o tecido neu-
ral tem dois caminhos.
O mais grosseiro, bem conhecido, que diz respeito aos nervos e suas passa-
gens por túneis e estruturas ósseas, e o intraneural, que se trata dos mínimos
movimentos realizados pelas fibras nervosas dentro do endoneuro, assim
como dos fascículos dentro do tecido neural, a observação mais recentemen-
te estudada.
Axônios foram feitos para transmitir impulsos nervosos, e não para gerá-los.
Para que o próprio nervo se torne um mecanismo de dor, ele deve ter algum
local que gere estes impulsos anormais persistentes.
Este fato pode justificar o fracasso de cirurgias de disco, tal como afirma
Butler (2003). Alterações na dura máter, as fibroses, encarceram nervos si-
nuvertebrais intrínsecos, causando a falta de mobilidade do sistema e um
aumento da sensibilidade mecânica.
Podemos dizer que a tensão neural adversa são respostas fisiológicas e me-
cânicas anormais do sistema nervoso frente a uma tensão ou compressão so-
frida em sua estrutura, especificamente quando este fica com sua capacidade
de mobilidade restringida (OLIVEIRA JUNIOR; TEIXEIRA, 2007).
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Concluímos, assim, que não precisamos necessariamente ter um trauma so-
bre o sistema neural para termos uma lesão, esta é uma visão do passado.
Sabemos através da evolução da neurociência que estas lesões podem ser
provocadas por uma postura, uma contração muscular que é realizada de
forma repetitiva, ou seja, o mecanismo desta mínima lesão neural pode vir de
interfaces próximas, até mesmo um edema pode gerar disfunções (BUTLER,
2003).
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Tratamento
Compreenda que a lesão que atinge o sistema nervoso pode ser intraneural
ou extraneural, ou ainda ambas. Portanto, precisamos tratar tudo o que im-
pera no sentido de agravar a dor do paciente (BUTLER, 2003).
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Maitland sobre tratamento articular, no qual se baseia o manuseio em graus
e mobilidade mediante a gravidade e irritabilidade da disfunção (BUTLER,
2003).
Pacientes com dor lombar crônica sempre se enquadram nos modelos de de-
sordem de Mckenzie. Tentativas de retomar a extensão lombar são realizadas
por esta técnica, assim como pressões idealizadas por Maitland defendem
a mesma ideia, porém nem sempre trazem o resultado satisfatório. Butler
(2003) orienta que, nestes pacientes, sejam realizados os testes SLR, PNF e
slump test, a fim de averiguar a presença de uma lesão neural.
Este novo olhar sobre a biomecânica neural nos faz refletir o quanto pode-
mos exigir de uma estrutura corporal enquanto a disfunção está presente em
outra região. Podemos forçar o alongamento muscular, utilizando de técnicas
para promover o aumento deste e, ao mesmo tempo, podemos promover o
aumento da tensão neural.
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de integralidade de técnicas para melhorar o quadro do paciente?
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Referência Bibliográficas
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