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Carolina Alves Quintanilha – 25/09/2019

Semiologia Neurológica
 Reflexos:
→ São respostas motoras ou vegetativas que envolvem o SNA. São involuntárias e provocadas
por estímulos padronizados (fazendo -se o mesmo estímulo, espera -se sempre a mesma
resposta). Estes estímulos podem ser motores (martelo), fotomotores (luz) e sensitivos
(estímulo da pele em determinadas regiões).
→ Existem 3 tipos de reflexo:
1. Reflexos Proprioceptivos ou Profundos (ou Miotáticos ou de Tração Muscular): São
aqueles em que os receptores sensíveis à estimulação reflexa encontram -se no
ventre/interior do músculo, ou seja, no fuso neuromuscular. Geralmente usa-se o
martelo de reflexos para pesquisá -los.
2. Reflexos Exteroceptivos ou Superficiais : São aqueles em que os receptores sensíveis à
estimulação reflexa encontram -se na pele ou mucosa. Geralmente utiliza -se uma chave
ou objeto de ponta romba para pesquisá-los, como por exemplo no reflexo cutâneo -
plantar em que pode-se ou não encontrar o Sin al de Babinski.
3. Reflexos Interoceptivos ou Viscerais : São os reflexos responsáveis pela manutenção do
meio interno (exemplo: batimentos cardíacos, respiração, digestão , pressão) – envolve
as fibras do SNA. Não é utilizado na semiologia .

 Reflexos profundos:
→ Arco reflexo: ao fazer a percussão de um tendão com o martelo, o músculo correspondente
faz um estiramento rápido de suas fibras musculares, estimulando e acionando os
receptores do fuso neuromuscular, que uma vez estimulados, levam o impulso nervoso at é
a medula, se conectando com o neurônio motor inferior que, por sua vez, leva o impulso
nervoso de volta até o músculo, determinando sua contração e, consequentemente, a
resposta reflexa.
→ Interpretação geral dos reflexos profundos:
O exame neurológico é metódico e comparativo, ou seja, deve -se obedecer uma
sequência para que não se esqueça de examinar nada e sempre deve -se comparar o
lado direito com o esquerdo, porção proximal e distal.
A resposta de um reflexo pode variar de pessoa para pessoa, podendo inclusive ser
influenciado pelo estado emocional – numa pessoa ansiosa, por exemplo, o reflexo
fica exaltado.
Todo sinal neurológico deve ser interpretado dentro de um contexto clínico. Por
exemplo, um paciente saudável pode estar com o reflexo patelar exaltado, o que não
significa nada, assim como pode ter reflexos abolidos e não ser nada também.
Os reflexos profundos podem ser muito discretos, mas são sempre presentes ,
constantes e são inesgotáveis (sempre que fizer estímulo, o reflexo estará lá e com
a mesma intensidade; sempre terá a mesma resposta ), diferente dos superficiais.
Por exemplo: se o examinador pesquisa um reflexo patelar e na primeira vez está
exaltado e na segunda vez es tá abolido é porque a pesquisa está sendo feita errada.
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Todo reflexo tem seu nível de integração (em algum segmento medular ou tronco
encefálico), tem uma via aferente e outra eferente.
→ Nível de integração : É um nível do SNC em que a via aferente (que leva o impulso nervoso
para o SNC) faz conexão e se encontra com a via eferente (que leva o impulso nervoso
para periferia, para fora do SNC).
→ Hiperreflexia: Caracteriza síndrome do neurônio motor superior. Se estiver presente,
significa que a lesão está acima do nível de integração do reflexo.
Sinais clínicos de hiperreflexia:
Área reflexora aumentada: percute -se em diferentes pontos, havendo a mesma
resposta. Exemplo: no reflexo patelar, a área reflexora se encontra abaixo da patela,
porém se você percute em lugares próximos, como na coxa, ocorre o mesmo reflexo.
Obs: depois de percutir sobre a região correta do reflexo, deve -se percutir acima
para verificar se a área reflexora está aumenta e, portanto, há hiperreflexia. Numa
situação normal, ela não deve ter a mesma resposta que no lugar correto.
Período de latência curto: o tempo entre o estímulo e a resposta é curto.
Ponto de exaltação: Nem todo reflexo pos sui e são pontos específicos que se
percutidos produzem uma resposta reflexa que não ocorreria em uma situação normal.
Exemplo: no reflexo bicipital, faz -se a percussão no tendão distal do bíceps; quando
o reflexo está muito exaltado, ao percutir na região supraclavicular ou no epicôndilo
lateral do úmero, que são pontos de exaltação do reflexo bicipital , eles irão produzir
uma resposta reflexa, o que não aconteceria em uma situação normal .
→ Arreflexia: Pode caracterizar síndrome do neurônio motor inferior, mas também pode ser
encontrada em situações normais. Algumas pessoas possuem reflexo abolido globalmente
sem apresentar nenhum significado patológico e isso ocorre geralmente em pacientes
idosos, obesos ou pacientes muito musculosos. Em casos patológicos, a lesão pode estar no
nível de integração do reflexo, na via aferente ou na via eferente (raiz, plexo , nervo
periférico ou na placa motora).
Obs: o paciente não deve olhar para o reflexo para não o inibir.
→ Reflexos apendiculares = membros.
→ Reflexos profundos dos Membros Superiores:
Reflexo bicipital:
▪ A percussão é feita no tendão distal do músculo bíceps braquial, com o
antebraço do paciente em semiflexão e apoiado no braço do examinador. Coloca -
se o dedo polegar sobre o tendão e percute sobre o dedo , a fim de otimizar o
reflexo.
▪ Resposta: contração do bíceps e discreta flexão do antebraço sobre o braço.
▪ Nível de integração : C5*-C6.
São 2 níveis de integração, mas algumas raízes carreiam os impulsos nervosos
de forma predominante. A principal raiz do nível de integração do reflexo é o
principal nível de integração dele, que neste caso é o C5.
▪ Inervação: nervo músculo-cutâneo.
▪ Pontos de exaltação : região supraclavicular, processos espinhos cervicais,
epicôndilo lateral do úmero e acrômio da escápula.
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Reflexo tricipital:
▪ A percussão é feita no tendão distal do tríceps, com o braço
do paciente em abdução e sustentado pelo examinador e sem
utilizar a interposição do dedo.
▪ Resposta: extensão do antebraço.
▪ Nível de integração : C7*-C8.
▪ Inervação: nervo radial.
▪ Pontos de exaltação : não possui.

Reflexo braquiorradial ou estilorradial :


▪ A percussão é feita no processo estilóide ou na extremidade distal do radio,
com o antebraço do paciente semifletido, apoiado na mão do examinador e sem
utilizar a interposição do dedo.
▪ Resposta: contração do braquiorradial, flexão do antebraço sobre o braço.
Resposta secundária : flexão dos dedos – ocorre quando o reflexo está exaltado
(hiperreflexia).
▪ Nível de integração : C5-C6*.
▪ Inervação: nervo radial.
▪ Pontos de exaltação : epicôndilo lateral do úmero.
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Reflexo dos flexores dos dedos:


▪ O examinador coloca o dedo indicador e o dedo médio na superfície palmar das
falanges do paciente e percute sobre os próprios dedos.
▪ Resposta: ausente ou uma discreta flexão dos dedos. Quando está exaltado é
possível sentir o paciente fletir com mais força e a flexão se torna mais
evidente..
▪ Nível de integração : C8*-T1.
▪ Inervação: nervo mediano e nervo ulnar.
▪ Pontos de exaltação : não possui.

Sinal de Hoffman:
▪ A falange média do dedo médio do paciente é fixada entre o segundo e terceiro
dedos do examinador (como se fosse um cigarro) e com seu polegar faz uma
flexão brusca da falange distal do paciente .
▪ Resposta: ausente ou uma discreta flexão dos dedos. Se o paciente fizer uma
flexão rápida do indicador e polegar, o sinal de Hoffman está presente , indicando
síndrome do neurônio motor superior.
▪ É uma variação do reflexo anterior, portanto, possui o mesmo nível de
integração e os mesmos nervos responsáveis.

→ Reflexos profundos dos Membros Inferiores:


Reflexo do Quadríceps (Patelar) :
▪ A pesquisa é feita com o paciente sentado e com as pernas pendentes ou
deitado em decúbito dorsal com os joelhos semifletidos e apoiados na mão do
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examinador. A percussão é realizada no tendão distal do quadríceps logo abaixo
da patela (rótula).
▪ Resposta: contração do quadríceps, extensão da perna. Em casos de hipotonia,
pode ocorrer uma resposta pendular, ou seja, a perna continua balançando após
a percussão.
▪ Nível de integração : L2-L3-L4*.
▪ Inervação: nervo femoral.
▪ Pontos de exaltação : processos espinhosos da coluna toracolombar, face
anterior da tíbia.

Reflexo do Aquileu (Tríceps Sural) :


▪ A pesquisa é feita com o paciente sentado com as pernas pendentes , ou em
decúbito dorsal com a perna em ligeira flexã o e rotação externa; em ambas
posições o pé é segurado e mantido em ligeira flexão dorsal pelo examinador. A
percussão é realizada diretamente no tendão de Aquiles.
▪ Resposta: flexão plantar do pé (sentida na mão do examinador).
Obs: esse reflexo geralmente está abolido em pacientes idosos.
▪ Nível de integração : L5-S1*-S2
▪ Inervação: nervo tibial.
▪ Pontos de exaltação : maléolos medial e lateral, face anterior da tíbia.

Reflexo dos adutores da coxa :


▪ A pesquisa é feita com o paciente em decúbito dorsal com os membros
inferiores semifletidos em ligeira abdução e com os pés apoiados na cama ou
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sentado com as pernas pendentes. A percussão é realizada nos tendões do
condilo medial do femur.
▪ Resposta: adução da coxa e ligeira adução da coxa contralateral (muito discreto,
quase imperceptível). Quando o reflexo está exaltado, a adução será evidente e
bilateral.
▪ Nível de integração : L2-L3*-L4.
▪ Inervação: nervo obturador.
▪ Pontos de exaltação : tíbia, processos espinhos da coluna toracolombar.

→ Manobras de Reforço:
Os reflexos profundos são sempre constantes, porém, o paciente pode estar tenso,
não colaborativo, sentindo dor, o que pode atrapalhar o mecanismo de reflexo. Quando
isso ocorre, podemos usar as manobras de reforço, pois ela ativa mecanismos
facilitadores, tornando os reflexos mais visíveis ou perceptíveis. São manobras que
distraem o paciente, a fim de convergir a atenção do paciente para outro ponto e
facilitar o exame. Além disso, a contração de outro músc ulo durante a manobra,
possibilita que o músculo alvo em que pesquisa -se o reflexo fique mais relaxado.
Manobra de Jendrassik: Para facilitar o exame d os membros inferiores. Pede -se ao
paciente para entrelaçar os dedos das mãos e tracioná -los em sentidos opostos.
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Trincar os dentes: Para facilitar o exame dos membros superiores. Pede -se ao
paciente para trincar os dentes.
Obs: Pode-se pedir ao paciente para realizar algum cálculo mental como manobra
facilitatória também.

→ Intensidade da resposta reflexa:


Abolido 0
Diminuído -1
Normal +1 (+)
Normal “vivo” +2 (++)
Exaltado (hiperreflexia) +3 (+++)
Muito exaltado +4 (++++)
(policinético)

Obs: Reflexo policinético é aquele que está muito exaltado (indica síndrome do neurônio
motor superior). Ocorre quando o paciente tem mais de uma resposta à uma única
percussão. É muito visível no reflexo patelar quando está exaltado.
CLONO: contração e relaxamento muscular alternam -se de forma rápida e sucessiva .
É observado quando o examinador ca usa um estiramento brusco de um músculo e
tenta manter o músculo estirado. Está presente apenas em casos de hiperreflexia e
indica síndrome do neurônio motor superior. Existem duas formas de se obter o clono:
▪ Clono do pé: O paciente pode estar sentado com as pernas pendentes ou deitado
(melhor posição). O examinador faz uma flexão dorsal do pé de forma passiva,
brusca e mantida. Se o clono for presente, ele se manifesta por uma série de
flexões plantares repetidas por vários segundos. O paciente pode relatar que
o pé está “tremendo”, mas na verdade, se trata de um clono.
Obs: Este exame pode ser feito com o paciente em coma.
Obs: Alguns pacientes têm o clono tão intenso que só de apoiarem a ponta do
pé no chão já desencadeia as flexões plantares sucessivas.
▪ Clono do quadríceps: o examinador com o dedo indicador e polegar segura
lateralmente nos bordos da rótula e desloca a mesma bruscamente para baixo
e tenta mantê-la nesta posição. Este clono quando presente manifesta-se por
um tremor grosseiro rápido da rótula (que faz ela voltar para cima).
Obs: é um exame menos fidedigno, pois pode ser um pouco doloroso.

→ Reflexos axiais da face:


São reflexos que aparecem na linha média do rosto. Todos eles têm seu nível de
integração na ponte .
Obs: estes reflexos não são muito usados na rotina, mas são muito úteis nas
síndromes demenciais, como por exemplo no Alzheimer.
Reflexo Orbicular dos Olhos ou Glabelar:
▪ O examinador deve ficar atrás do paciente, que por sua vez deve ficar olhando
para baixo. A percussão é feita na região naso -palpebral ou glabelar. Pode ser
feito com o martelo de reflexos ou com o dedo médio.
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▪ Resposta: oclusão palpebral bilateral (pisca uma ou duas vezes e para, mesmo
se a percussão continuar.
Resposta anormal (exaltada) : o paciente não consegue inibir o piscamento em
resposta a estimulação rep etida, ou seja, continua presente após repetidos
estímulos (o examinador continua a percussão e o paciente continua piscando).

▪ Inervação: Via aferente – nervo intermédio.


Via eferente – nervo facial.
▪ É comum na doença de Parkinson , em lesões cerebrais difusas (exemplos: anóxia,
traumatismo cranioencefálico), em síndromes demenciais avançadas etc .

Reflexo Orbicular dos Lábios :


▪ É um reflexo muito primitivo, portanto, pode estar presente fisiologicamente
num recém-nascido, mas nunca no adulto. A percussão é feita no lábio superior
na linha média, pode ser feito com o martelo de reflexo ou o com o dedo médio
do examinador.
▪ Resposta patológica: contração da musculatura perioral com discreta protrusão
dos lábios (projeção dos lábios para frente – reflexo do focinho).
▪ Se presente indica lesões cerebrais difusas.
▪ Inervação: Via aferente – nervo trigêmio.
Via eferente – nervo facial.
Reflexo Massetérico (Mandibular ou Mentoniano) :
▪ A pesquisa é feita com o paciente com a boca entreaberta. O examinador coloca
o polegar no queixo (sobre o mento) do paciente e percute no próprio dedo com
o martelo de reflexos.
▪ Resposta: contração dos masseteres, elevação dis creta da mandíbula (a
resposta é muito discreta ou pode estar ausente – é fisiológico).
Resposta patológica : o reflexo fica exaltado, com elevação da mandíbula
evidente devido à contração exaltada dos masseteres.
▪ Se presente indica lesões cerebrais difusas.
▪ Inervação: Via aferente – nervo trigêmio (raiz sensitiva).
Via eferente – nervo trigêmio (raiz motora).

 Reflexos superficiais:
→ Ao contrário dos reflexos profundos, são facilmente esgotáveis (o reflexo some após
aproximadamente 3 pesquisas sucessivas) , não são tão consistentes e são polisinápticos
(possuem muitas vias). Seus receptores se encontram na pele ou na mucosa.
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→ Reflexo Cutâneo-abdominal:
Pesquisa: estimula-se a pele do abdome com um objeto de ponta romba ( por exemplo:
chave) no sentido látero -medial em direção a cicatriz umb ilical (faz-se dos dois lados) .
Resposta: contração dos músculos abdominais ipsolaterais e desvio da linha alba e da
cicatriz umbilical para o lado estimulado .
Este reflexo está ausente em muitas pessoas, mas também pode estar presente
bilateralmente em outras. Portanto, só tem valor patológico se em um lado o reflexo
estiver presente e no outro não – o lado abolido indica lesão do neurônio motor
superior contralateral ( síndrome piramidal).
Obs: cuidado para não confundir! Neste caso, mesmo sendo trato piramidal (neurônio
motor superior), o reflexo não está aumentado, mas sim abolido, pois o trato pira midal
otimiza esse reflexo.
Obs: é um reflexo difícil de ver em pacientes obesos ou com flacidez abdominal ou
com cicatriz abdominal.
Nível de integração : T6 a T12.

→ Reflexo Cutâneo-plantar:
Pesquisa: estimula-se a borda lateral da planta do pé com um objeto de ponta romba
no sentido póstero-anterior, em direção do 2º e 3º pododáctilos (2° e 3° dedos).
Resposta normal: cutâneo-plantar em flexão – flexão dos dedos do pé.
Resposta patológica : cutâneo-plantar em extensão – extensão/flexão dorsal do hálux
= Sinal de Babinski (indica síndrome do neurônio motor superior).
Obs: cutâneo-plantar em extensão (invertido) – é normal em crianças até um ano de
idade, em sono profundo, estado pós- convulsivos e anestesia geral.
Se o reflexo estiver abolido (indiferente): lesão da via aferente ou eferente/fase
aguda da síndrome piramidal ou lesão do neurônio motor inferior (tudo depende do
contexto clínico).
Nível de integração : S1-S2
Inervação: nervo tibial.

Sucedânios de Babinski:
▪ São métodos alternativos para se estimular a extensão do hálux em lesões do
trato piramidal. São úteis em pacientes que sentem cócegas e tiram o pé ou
fazem algo que possa atrapalhar na hora da pesquisa do reflexo e que podem
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deixar o examinador em dúvida , em pacientes em coma (exame neurológico é
mais difícil), ou quando fez muitas vezes e o reflexo já esgotou etc.
▪ Sinal de Chaddok: é o mais confiável e mais utilizado. E stimula-se a borda lateral
do pé em torno do maléolo externo com um objeto de ponta romba (faz -se uma
fricção, estimulando a pele lateral do pé em torno do maléolo externo). Em
situações normais não há resp osta nenhuma, mas se houver extensão do hálux
é o Sinal de Chaddok.
▪ Sinal Gordon: faz-se uma compressão da musculatura da panturrilha (aperta a
panturrilha).
▪ Sinal de Oppenhem: o examinador com os dedos polegar e indicador irá comprimir
a tíbia do paciente deslizando sobre ela até o final da perna (faz-se uma fricção
na face anterior da tíbia até o pé) .
▪ Sinal de Shafer: faz-se uma compressão do tendão de aquiles com os dedos
polegar e indicador.

→ Reflexos superficiais primitivos:


Não estão presentes no adulto, quando presentes podem significar lesão dos lobos
frontais, demência e lesões cerebrais difusas. Estes reflexos não fazem parte da
rotina neurológica, mas é importante saber para pesquisar quando surgir alguma
suspeita de alguma das doenças citadas anteriormente.
Reflexo Palmo-mentoniano:
▪ Pesquisa: o paciente deve estar com a boca entreaberta e o examinador irá
fazer uma fricção com um objeto de ponta romba na face palmar do paciente,
na região tenar ou hipotenar .
▪ Resposta: contração homolateral dos músculos mentual e orbicular dos lábios,
com elevação do mento e do lábio inferior.
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▪ Está exaltado em pacientes com quadros demenciais avançados, doença de
parkinson.
Reflexo Perioral Tátil ou de Sucção :
▪ Está presente fisiológicamente no recém -nascido.
▪ Pesquisa: Estimula-se os lábios do paciente com um abaixador de língua ou
cotonete.
▪ Resposta: ocorre movimento de sucção dos lábios, língua e mandíbula.
▪ É comum em pacientes com Azheimer.
Reflexo de Preensão (Grasping):
▪ Está presente fisiológicamente no recém-nascido. “Grasping” significa agarrar.
▪ Estimula-se a palma da mão do paciente e imediatamente ocorre a flexão dos
dedos da mão (agarra o objeto na mão automaticamente ). Exemplo: quando
colocamos o dedo na mão do bebê e ele segura imediatamente.
▪ No adulto é comum em lesão cerebral difusa.
Reflexo de Persecução (Groping) :
▪ “Groping” significa procurar apalpando. Ao ver um objeto próximo de sua mão,
o paciente inicia um movimento de perseguição ao objeto, com o objetivo de
apreendê-lo. É um reflexo automático e instintivo. Geralmente vem acompanhado
do reflexo de preensão.

 Coordenação Motora:
→ A coordenação motora depende da:
Propriocepção consciente : são responsáveis – os receptores situados nas
articulações, tendões e músculos, o funículo posterior da medula, o lemnisco medial,
o giro pós- central do córtex parietal e o corpo estriado. O paciente com alguma
deficiência da propriocepção consciente consegue suprir com a visão.
Propriocepção inconsciente : depende da função cerebelar. O paciente com lesão no
cerebelo, não consegue suprir a deficiência com a visão.
Obs: Propriocepção – é a noção que o cérebro tem da posição e da velocidade das
partes do corpo no espaço.
→ Coordenação entre tronco e membros:
É avaliada primeiramente no equilíbrio estático e dinâmico e no teste de Romberg.
Manobra para pesquisar incoordenação de tronco e membros:
▪ O paciente deve estar em decúbito dorsal com os braços cruzados, pede -se
então para o paciente levantar-se desta forma (sem descruzar os braços) . Em
uma situação normal o paciente consegue se levantar. H á incoordenação entre
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tronco e membros se o paciente não consegu e se levantar e eleva rapidamente
os membros inferiores, deixando -os cair no leito logo depois.
Obs: paciente obesos, gestantes e idosos tem maior dificuldade para realizar
esta manobra sem apresentar nenhuma alteração neurológ ica.
▪ Geralmente a lesão se encontra na região mediana do cerebelo (vermis
cerebelar).

→ Coordenação Apendicular:
Prova índex-nariz:
▪ O paciente estende lateralmente os mmss (abre os braços) e toca a ponta do
nariz com a ponta do indicador de forma alternada com os dois braços.

Prova índex-nariz-índex:
▪ O paciente irá tocar o nariz com a ponta do indicador e i mediatamente depois
irá tocar o dedo do examinador, repetindo o gesto de forma sucessiva (o
examinador vai mudando a posição do seu dedo durante a prova).
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Prova calcanhar-joelho:
▪ O paciente deitado eleva uma da pernas e deve colocar o calcanhar desta mesma
perna sobre a patela da perna oposta e deslizar sobre a tíbia em linha reta até
o hálux.

Prova dos movimentos alternados – Diadococinesia:


▪ Pede-se ao paciente para realizar movimentos sucessivos e alternados de
supinação e pronação das mãos rapidamente (membros superiores) ou extensão
e flexão dos pés (membros inferiores) . O responsável por esses movimentos é
o cerebelo, portanto, o paciente com alguma lesão cerebelar não consegue
realizar estes movimentos corretamente, caracterizando uma disdiadococinesia .

O examinador deve observar se há:


▪ Erro de direção: O paciente erra o alvo. Por exemplo, na prova índex -nariz, em
vez de atingir a ponta do nariz, o paciente atinge a boca ou a região frontal.
Tornam-se mais evidentes com os olhos fechados.
Obs: Com exceção da prova índex -nariz-índex, todas as provas devem ser feitas
primeiro com os olhos abertos e depois com os olhos fechados.
▪ Erro de medida (dismetria) : O paciente perde a medida do movimento e este não
é interrompido no momento adequado (interrompe o movimento antes de atingir
o alvo ou se choca contra ele). É comum em lesões de cerebelo.
▪ Decomposição de movimentos: O paciente separa o movimento em fases,
fazendo com que o mesmo se torne interrompido e descontínuo. Ocorre
principalmente na proca calcanhar -joelho – o paciente realiza o movimento em
etapas, mesmo quando solicitado para ir mais rápido.
→ A incoordenação motora sem que haja um déficit de força = ataxia.
Ataxia cerebelar (lesões dos hemisférios cerebelares): são encontrados – erro de
medida, decomposição dos movimentos e disdiadococinesia.
Ataxia sensitiva : comprometimento da sensibilidade cinético -postural e erro de
direção.

Obs: a principal diferença entre a ataxia sensitiva e a cerebelar é o fechar dos olhos. Na
ataxia sensitiva, a marcha e a coordenação se tornam piores ou até mesmo impossíveis ao
fechar os olhos, o que não acontece na ataxia cerebelar, pois o cerebelo não é influenciado
pela visão.
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Ataxia cerebelar Ataxia sensitiva
Lesão das vias da
propriocepção consciente.
Topografia da Lesão do cerebelo ou vias cerebelares
Locais mais comuns: funículo
lesão
posterior da medula ou
raízes dorsais.
Etiologia Álcool, avc, anticonvulsivantes Deficiência de vitamina B12,
neurosífilis, esclerose
múltipla
Romberg Não tem sinal de Romberg . Pode ter Romberg funicular ou
dança dos tendões. clássico.
Marcha atáxica cerebelar ou ebriosa. Marcha atáxica talonante ou
calcaneante.
Marcha O fechamento dos olhos praticamente
não interfere na marcha e na O fechamento dos olhos
coordenação. interfere na marcha e na
coordenação, piorando-as ou
tornando-as impossível.

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