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Hurian Machado – Odontologia UNIG

OCLUSÃO II
Aula 1 • Interferência oclusal

FISIOPATOLOGIA DA OCLUSÃO É aquela que impede a máxima


intercuspidação habitual (MIH) estável no
fechamento mandibular, sendo capaz de
HARMONIA OCLUSAL provocar desvio mandibular, dificultando ou
até mesmo impossibilitando os movimentos
excursivos mandibulares, também de contatos
A harmonia oclusal depende de uma
prematuros. Esses desvios mandibulares são
perfeita harmonia entre a morfologia oclusal e
mais graves quando ultrapassam a cêntrica
a função oclusal, o que é indispensável para a
longa.
conservação do sistema estomatognático. A
oclusão para ser considerada harmônica com
• Fatores etiológicos das desarmonias
os demais componentes do sistema
estomatognático, deve executar suas funções
- Perdas dentárias;
específicas de mastigação e deglutição sem
-Migrações dentárias como extrusões,
produzir alterações patológicas no sistema
mesializações e distalizações;
estomagnático.
- Más posições dentárias;
-Restaurações sem forma e função
DESARMONIA OCLUSAL (iatrogenias);
- Apinhamento dentário;
Podemos definir como sendo relações - Próteses mal planejadas.
estáticas e dinâmicas sem harmonia Trauma oclusal → reabsorção óssea vertical
morfológica com o padrão neuromuscular, → migração ou perda dentária.
onde encontraremos as discrepâncias oclusais,
aqui representadas pelos contatos prematuros O mecanismo neuromuscular
ou interferências oclusais, que dependendo da normalmente desvia o padrão funcional do
capacidade adaptativa do paciente pode gerar arco reflexo de fechamento evitando o choque
sintomatologias como dor facial, ruídos na ATM traumático, através do arco reflexo flexor,
(estalidos) e alterações na dinâmica muscular. criando um novo arco de fechamento
É representada pela suscetibilidade do adquirido e desviado.
indivíduo e ausência de capacidade adaptativa Normalmente, em pacientes sob tensão
do sistema estomatognático a não formação de psíquica, haverá diminuição da capacidade
arcos reflexos compensatórios, gerando as adaptativa do indivíduo que impede a
desarmonias oclusais e disfunções oclusais. formação do arco reflexo flexor, e assim o
Existem pacientes que apresentam um fechamento acontecerá sobre o contato
limiar alto de tolerância às discrepâncias prematuro e o paciente aperta-o
oclusais (90%), logo apresentam ausência de constantemente, gerando uma hiperatividade
patologia oclusal. Já aqueles com um limiar muscular, causando um envolvimento
baixo de tolerância às discrepâncias oclusais, muscular e consequentemente dor.
encontraremos as patologias oclusais.

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• Contato prematuro em relação cêntrica Um desvio anterior harmônico


acontecerá dentro dos limites da cêntrica
Deve-se levar em consideração a longa, com um desvio de no máximo 1,5mm.
posição condilar (a cabeça da mandíbula mais Quando temos desvios maiores haverá um
antero-superior na fossa glenóide e avaliar os desvio anterior não harmônico, como
dentes que estão tocando). consequência deste desvio podemos observar
abrasão nos dentes anteriores, mobilidade ou
➳Pode acontecer da seguinte forma: necrose.
Arco de fechamento em relação
a) Sem desvio mandibular: normalmente cêntrica com a mandíbula manipulada
ocorrem nas áreas de contato das cúspides observando contato interoclusal em um só
funcionais (cúspide-fossa ou cúspide-crista ponto, acontecerá o arco reflexo flexor,
marginal). desviando a mandíbula (lateral ou anterior) até
M.I, caracterizando assim o contato prematuro
b) Com desvio mandibular: acontece quando a em cêntrica. Este contato também pode
mandíbula ao exercer seu arco de reflexo de ocorrer em MIH, com a mandíbula em posição
fechamento em relação cêntrica, ocorre um postural, não manipulada.
contato interoclusal em um só ponto que
obrigue a mandíbula desviar-se lateralmente • Contato prematuro em relação cêntrica
ou anteriormente de sua trajetória até alcançar desviando a mandíbula em direção à linha
a posição de máxima intercuspidação habitual média
(MIH), pela ação do arco flexor: com desvio
mandibular em direção anterior, com desvio Os desvios laterais podem acontecer de 3
em direção a linha média e com desvio em formas citadas a seguir:
direção oposta a linha média.
O desvio mandibular decorrente de um 1ª possibilidade: vertente lisa da cúspide de
contato prematuro para anterior, suporte inferior X vertente triturante da
normalmente acontece entre a vertente cúspide guia superior.
interna distal inferior X vertente interna mesial
da cúspide palatina superior ou crista
longitudinal distal inferior X aresta longitudinal
mesial da cúspide palatina superior, resultando
em um desvio anterior e consequentemente
um trauma dentário na região anterior. Alguns
autores afirmam que os músculos temporais 2ª possibilidade: vertente lisa da cúspide de
medial e posterior não podem completar a suporte superior X vertente triturante da
retrusão da mandíbula, mantendo-se em cúspide guia inferior.
função e não permitindo repouso, o que leva a
uma hiperatividade muscular que dependendo
da capacidade
adaptativa do
indivíduo pode
jogá-lo em um
quadro de
patologia oclusal.

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3ª possibilidade: vertente triturante da cúspide


de suporte inferior X vertente triturante da
cúspide de suporte superior.

• Interferências oclusais protrusivas

Nos desvios laterais pode haver o São obstáculos que impedem o trajeto
envolvimento de todos os músculos harmônico de MIF à relação topo-a-topo dos
mastigadores pela continuidade de função sem incisivos (posição de protrusão). Pode
repouso, gerando a hiperatividade e acontecer na área de trabalho, que seria na
consequentemente a disfunção. No contato região dos incisivos, ou fora da área de
prematuro em relação cêntrica, o mecanismo trabalho, nos dentes posteriores.
neuromuscular desvia o padrão funcional de Quando há interferência na área de
fechamento da mandíbula para evitar choque trabalho, observaremos somente um incisivo
traumático, pela ação do arco reflexo flexor, central em função, com um desvio mandibular
onde os músculos estabelecem uma relação de fora do plano sagital, podendo gerar um
contato oclusal mais conveniente para evitar o trauma causando mobilidade com desvio para
trauma oclusal e possível dor, assim forma-se vestibular quando no incisivo superior ou para
um novo resultante da adaptação funcional do lingual quando no
sistema estomatognático. incisivo inferior. O
correto seria os 4
Questão: Qual a diferença entre o contato incisivos inferiores
prematuro em MIH e o contato prematuro em tocando nos 2 incisivos
RC? Como identificar um contato prematuro centrais superiores.
em MIH? Quando há interferência protrusiva fora
da área de trabalho, observaremos a
R: No contato prematuro em RC o impossibilidade do contato dos incisivos,
paciente deve estar deitado e desprogramado levando a formação de um arco reflexo flexor,
e no contato prematuro em MIH o paciente causando um desvio mandibular lateral, que
deve estar sentado e fechando livremente para dependendo da capacidade adaptativa do
dentro do espaço funcional livre (EFL) sem indivíduo, pode gerar uma hiperatividade do
nenhuma interferência mecânica. músculo pterigoideo lateral do lado oposto,
gerando um espasmo
• Contato prematuro em MIF ou MIH muscular e
consequentemente a
O contato exagerado em máxima uma síndrome
intercuspidação funcional (MIF) é o mais dolorosa.
percebido e acusado pelo paciente logo após
qualquer tratamento restaurador, e ocorrerá • Interferência em lateralidade
entre cúspide de contenção cêntrica e fossa (ou
crista marginal). São marcas muito Pode acontecer tanto no lado de
pronunciadas ou em forma de auréola nas trabalho quanto no de não-trabalho. A
pontas das cúspides de contenção cêntrica interferência no lado de trabalho é um
(CCC) ou nos locais de apoio, que pode ser nas obstáculo ao deslizamento harmonioso
cristas marginais e nas vertentes. durante a excursão lateral da mandíbula,

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ficando outro dente, sem ser o canino, O arco reflexo flexor gerado a partir da
suportando o movimento durante uma parte mastigação unilateral, em defesa de uma
de todo o trajeto mandibular, e normalmente interferência do lado oposto, associado a um
estas interferências situam-se em C.C.C. X estresse emocional, altera a capacidade
C.N.C. adaptativa do indivíduo causando dor. Os
Na guia canina observamos a ausência incisivos laterais e pré-molares superiores não
de contatos (látero-protrusão), enquanto na suportam bem estas interferências, tendendo
função em grupo, observaremos a ocorrência apresentar a mobilidade.
de interferências nas C.C.C. X C.N.C.
• Interferência no lado de não-trabalho

São altamente traumáticas do ponto de


apoio (interferência) no lado de não-trabalho,
onde observamos mandíbula e côndilo do lado
Figura 1. Interferência no lado de trabalho
de não-trabalho são tracionados forte e
na guia canina. bruscamente para baixo, gerando grande
desequilíbrio neuromuscular. Este
desequilíbrio por sua vez gera contração
anormal dos músculos elevadores do lado de
trabalho. O pterigoideo lateral do lado de não-
trabalho fica estirado e como reação também
se contrai causando uma forte mialgia e DTM.
Figura 2. Função em grupo. A perda da dimensão vertical de oclusão
acontece em decorrência da perda das
cúspides VIPS, com isto observa-se o colapso
posterior dos arcos dentários, cujo tratamento
pode ser realizado com placa de reposição
Figura 3. Interferência em função em
mandibular, reestabelecimento da RC + DVO +
grupo no lado de trabalho. EIO (EFL).
Sintomatologia da DTM: dor de cabeça,
Questão: Numa análise clínica, durante o alteração na dinâmica mandibular e ruídos
movimento lateral para direita, observa-se o articulares.
toque entre os elementos 13 com o 43,
acompanhado pelo toque do 15 com o 45. O
que está acontecendo?

R: Interferência oclusal no lado de trabalho.

Questão: Numa análise clínica, durante o


movimento lateral para a direita, observa-se o
toque entre os elementos 13 com o 43,
acompanhado pelo toque do 25 e 35. O que
está acontecendo?

R: Interferência oclusal em lateralidade no lado


de não-trabalho.

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Aula 2
ANÁLISE OCLUSAL
TERAPIA OCLUSAL
É um método para observação das
A terapia oclusal é um tratamento que relações oclusais estática e dinamicamente, em
altera o esquema oclusal do paciente, podendo busca de possíveis discrepâncias oclusais no
ser reversível ou irreversível. paciente ou em modelos articulados no ASA
(articulador semi-ajustável).
a) Tratamento reversível: é aquele que altera
temporariamente o padrão oclusal e/ou a • Exames dos contatos oclusais em RC
posição mandibular do indivíduo. Ex: placas
oclusais. Primeiramente faz-se a eliminação da
memória proprioceptiva periodontal com o
b) Tratamento irreversível: é aquele que altera auxilio do JIG de Lúcia, rolinho de algodão ou
de forma definitiva o padrão oclusal dos placa. Faz-se a manipulação mandibular,
indivíduos. Ex: ajuste oclusal por desgaste fazendo assim a verificação da prematuridade
seletivo. pelo paciente em RC. Havendo a confirmação
da informação com auxilio da fita de celofane
➳OBSERVAÇÃO: pela pressão dos dentes. Após a identificação
destes contatos, deve-se marcar com fita
Toda dor causada por problemas carbono o local indicado e observar o
articulares não pode ser tratada com placas deslocamento da mandíbula até a posição de
miorrelaxantes lisas, pois elas levam a MIH.
mandíbula para uma posição mais antero- Os exames dos contatos olcusais em
superior e se houver um processo inflamatório MIH são feitos com o paciente em posição
nessa região, irá aumentar a pressão nessa postural, a partir da observação da trajetória de
local onde está o problema. fechamento mandibular no espaço
interoclusal, onde o paciente acusará a
presença do contato.
OBJETIVOS DO AJUSTE OCLUSAL Os exames dos contatos oclusais nos
movimentos excursivos, serão feitos com a
• Buscar uma posição fisiológica e precisa do orientação dos movimentos no espelho, com
complexo côndilo-disco na fossa glenóide em auxilio de fio dental, onde será feita a
RC; identificação da interferência.
• Contatos bilaterais e simultâneos em RC (em
ambos os lados e ao mesmo tempo);
• Eliminar contatos prematuros e
interferências oclusais;
• Guia anterior harmônica (os 4 incisivos
inferiores deslizando na palatina dos incisivos
centrais superiores até a posição topo-a-
AJUSTE OCLUSAL
topo);
O ajuste oclusal como procedimento
• Distribuição axial das forças oclusais;
terapêutico consiste na remoção do plano
• Contatos em dentes posteriores mais fortes oclusal com a eliminação de discrepâncias
do que anteriores (oclusão mutuamente oclusais, normalmente feito no articulador
protegida). semiajustável (ASA), conhecido como ajuste
oclusal de diagnóstico.

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O ajuste oclusal pode ser por desgaste - Classe II e III de Angle (mordida aberta
seletivo, por procedimentos restauradores tais anterior com possibilidade de tratamento
como a dentística e a prótese, por métodos ortodôntico).
ortodônticos, métodos cirúrgicos e de forma
combinada (feito por mais de uma forma). • Diretrizes e bases do ajuste oclusal
Por desgaste seletivo usaremos as
regras dos terços proposta por FOX e NEFF: 1. Diagnóstico oclusal antes do ajuste;
2. Verificar RC antes do ajuste;
1. Contato no terço mais próximo da fossa 3. Informar e obter o consentimento do
é indicado desgaste seletivo; paciente;
2. Contato no terço próximo das vertentes 4. Ajustar contatos com iguais
é indicado restaurações; intensidades de força em RC e MIH;
3. Contato no terço mais próximo da 5. Preparar o paciente para ajustes
ponta de cúspide, é indicado subsequentes.
ortodontia.
• Materais para ajuste no ASA

- Tiras de papel cefolane (0,6 X 5,0cm);


- Fita marcadora de carbono;
- Pinça porta fita de Miller ou pinça
• Objetivos do ajuste oclusal por desgaste hemostática;
seletivo - Lâmina de bisturi nº 15.

- Proporcionar estabilidade oclusal; • Técnica utilizada para o ajuste no ASA


- Permitir a obtenção de contatos bilaterais
simultâneos; 1. Manipular o ASA com modelos
- Permitir guias de desoclusão lateral e montados;
anterior. 2. Detectar os contatos prematuros com
tira de papel celofane;
➳Indicações: 3. Marcar os dentes detectados com fita
carbono;
- Pré e pós procedimentos restauradores; 4. Desgastar com bisturi, seguindo as
- Eliminar trauma oclusal; regras de desgaste oclusal (Niles
- Auxilio à terapia periodontal; Guichet);
- Pós tratamento ortodôntico/ortopédico; 5. Fazer mapeamento dos desgastes
- Pós cirurgia ortognática; (feitos no articulador para repetir na
- Auxílio ao controle das DTMs; boca).
- Para reduzir mordida aberta pequena.
• Pré requisitos para ajuste oclusal na boca
➳Contra-indicações:
- Ausência de sintomatologia dolorosa (se o
- Profilático (paciente não sente nada); paciente estiver com dor não é possível
- Casos de desgaste dentário excessivo; manipular);
- Impossibilidade de reestabelecimento oclusal - Manipulação em RC;
e obtenção de guias anteriores funcionais; - Visualização do resultado final (no ASA
- DTM sem etiologia oclusal; primeiramente);
- Observar a regra dos terços.

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O toque deve ocorrer em RC, sendo


posterior mais forte que o anterior com o
contato bilateral e simultâneo.
Quando há toque entre uma cúspide 2ª Possibilidade: desgasta-se na vertente lisa,
VIPS contra uma LIVS, é recomendado dar para depois desgastar na triturante.
preferência sempre para desgastar as LIVS, pois
as VIPS serão desgastadas somente quando for Toque de duas vertentes triturantes das cúspides
necessário diminuir a DV (dimensão vertical). de contenção cêntrica inferior e superior.

• Material para ajuste na boca

- Tiras de papel celofane fino (0,6 X 5,0cm);


- Fita marcadora de carbono; 3ª Possibilidade: desgasta-se primeiro na
- Pinça porta fita de Miller ou pinça vertente da cúspide inferior para depois
hemostática; desgastar a superior.
- Brocas de corte fino.

Questão: Qual a diferença entre o desgaste


seletivo em RC e em MIH?
➳Regra para os desgastes: sempre
R: Em relação cêntrica é feito com o
preservaremos as pontas das cúspides para não
paciente deitado, desprogramado e
alterar a DVO, partindo sempre das vertentes
manipulado, enquanto que em MIH o paciente
lisas para as triturantes, e quando houver o
está sentado com fechamento livre para dentro
toque de duas vertentes internas nas cúspides
do espaço funcional livre.
guias sempre desgasta-se primeiro a inferior.
O ajuste deve ser feito em RC ou MIH,
para permitir o fechamento mandibular estável ➳O ajuste oclusal nos desvios
com máximo de contatos e mantendo a DVO, e anteriores: sempre haverá toque entre
também permitir que os movimentos vertentes e arestas, onde teremos como regra
aconteçam sem interferências. O ajuste oclusal o desgaste nas cúspides mesiais inferiores e
em RC sempre acontecerá com a mandíbula distais superiores, onde o desgaste será em
manipulada. ambos os dentes ou naquele que estiver em
pior posição.

DESVIOS LATERAIS
Toque de uma vertente lisa externa da
cúspide de contenção cêntrica inferior contra
uma vertende interna triturante superior.

1ª Possibilidade: desgasta-se primeiro a


vertente lisa, para depois desgastar a
triturante.
Toque de uma vertente lisa externa da cúspide de
contenção cêntrica superior contra uma vertente
externa triturante inferior.

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normalmente ocorrem entre C.C.C. X fossa ou


AJUSTE OCLUSAL EM RELAÇÃO aresta.
CÊNTRICA SEM DESVIO ➳Local dos desgastes: se houver
contato no lado de trabalho ou não-trabalho ou
Os contatos são normalmente em ambos, deve-se desgastar na ponta de
localizados entre cúspide de contenção cúspide superior. Se não houver contato em
cêntrica X fossa ou aresta. O local do desgaste ambos os lados, o desgaste será feito na fossa
irá variar de acordo com a função. ou aresta.
Havendo contato lado de trabalho ou
não-trabalho ou em ambos, será necessário o
desgaste da ponta de cúspide superior. Não
AJUSTE OCLUSAL EM LATERALIDADE
havendo contato em ambos os lados, o
a) No lado de não-trabalho
desgaste será feito na fossa ou aresta.
A localização dos contatos se dá entre
as C.C.C. X C.C.C., nas vertentes internas ou
pontas de cúspide ou ambas. Local dos
desgastes: vertentes das cúspides VIPS.
Obs: a vertente interna inferior é mais
Figura 4. Desgaste na fossa. importante no ciclo mastigatório.

Figura 5. Desgaste na cúspide palatina superior.


b) No lado de trabalho
CONTATOS EM RC EM DENTES ANTERIORES
A localização dos contatos se dá na C.C.C. X
Os contatos ocorrem nas faces C.N.C. Local dos desgastes: cúspides não
palatinas dos superiores X bordas incisais ou funcionais (LIVS).
vestíbulo-incisal dos inferiores.
O local dos desgastes é normalmente
nos dentes inferiores no local exato marcado
pela fita de carbono, pois deverá ter um espaço
interincisal na espessura da fita de celofane,
para que o contato oclusal aconteça mais forte
nos dentes posteriores. O desgaste será
preferencialmente na incisal dos incisivos
AJUSTE OCLUSAL EM PROTRUSÃO
inferiores.
O ajuste oclusal em protrusão acontece
AJUSTE EM MIH fora da área de trabalho, e os contatos
normalmente acontecem entre as C.V.I. X
O ajuste em MIH deve ser feito na C.V.S. ou C.L.I. X C.P.S.
posição postural, onde serão removidos os Os desgastes são feitos normalmente
contatos exagerados. Os contatos nas cúspides não funcionais no local exato

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marcado pela fita. A regra seria desgaste na acentuado na palatina da coroa que foi feita
distal do superior e mesial do inferior. para o elemento 11. Em seguida, o dentista
Na área de trabalho a localização dos pediu para o paciente realizar o movimento de
contatos geralmente acontece na face lateralidade e constatou que estava tocando o
vestibular das bordas incisais inferiores X faces canino direito e esquerdo. Depois pediu para o
palatinas e bordas incisais superiores. paciente fazer a protrusiva e estava tocando os
4 incisivos inferiores contra os 2 superiores.
Onde será feito o ajuste? Qual o possível fator
de deslocamento da coroa?

R: O desgaste será feito na palatina do superior,


pois havia um contato prematuro.
➳Local de desgaste: nas faces palatinas,
respeitando os pontos de suporte em MIH e em
RC, permitindo passar a fita de papel celofane.
INSTRUMENTAL ROTATÓRIO NECESSÁRIO PARA
Deve-se observar o aspecto vestibular das O DESGASTE OCLUSAL NA BOCA
bordas incisais inferiores, e na borda incisal
superior temos sempre que respeitar a • Pontas de acabamento
estética.
- Série F ou FF da KG Sorensen em
➳Situações: forma de chamada 3118F ou tronco-
cônica 1112FF;
1. Quando apenas um incisivo toca tanto - Micromotor.
em ROC, quanto em topo-a-topo: deve-
se fazer o desgaste na borda incisal do Na fase final dos desgastes seletivos é
inferior. necessário fazer o polimento das áreas
desgastadas.
2. Quando somente um incisivo toca em
ROC, enquanto na protrusiva todas se Obs: para fechar a mordida deve ser feito o
desgaste na região posterior nas cúspides VIPS
tocam: deve-se fazer o desgaste na
(que diminuem a DVO).
palatina do superior.

3. Quando houver somente toque


posterior durante a protrusiva: deve-se
fazer o desgaste nas cúspides de não
contenção cêntrica.

Questão: Paciente foi a clínica odontológica e o


dentista confeccionou uma coroa para o
elemento 11 e a cimentou. Uma semana após a
cimentação, a coroa soltou e o dentista
cimentou novamente. E novamente, uma
semana depois, a mesma coroa soltou e o
paciente procurou outro dentista para
cimentar. Quando o profissional foi cimentar e
colocou o paciente deitado, desprogramado e
manipulado, percebeu que havia um toque

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Aula 3 II. Disfunções musculares;

III. Combinação de disfunções.


DTM – CONCEITO E ETIOLOGIA
É conjunto de distúrbios relacionados a
CLASSIFICAÇÃO DAS DTMS SEGUNDO BELL
ATM, músculos da mastigação e cervicais, (MAIS ACEITA PELA ADA)
segundo Carlsson (2007).
Share (1959) usa o termo Síndrome de I. Desordens dos músculos mastigadores;
Costen (1934) causado pela perda de dentes
posteriores e consequentemente perda da II. Desordens de interferências do disco;
DVO, gerando uma pressão da ATM contra a
parede posterior da fossa articular. III. Desordens inflamatórias;
Scicher provou a impossibilidade
anatômica deste fato acontecer e denominou IV. Hipomobilidade mandibular crônica;
de Síndrome de Disfunção da ATM.
Ramfjord e Ash denominam de V. Desordens do crescimento.
distúrbios funcionais da ATM, distúrbio ocluso-
mandibular, síndrome da dor-disfunção mio- A etiologia é multifatorial, onde
facial ou síndrome da dor-disfunção temporo- teremos:
mandibular. Todas as denominações estão
ligadas ao fator dor. - Fatores anatômicos (como oclusão e ATM);
Bell (1982), desordens - Fatores neuromusculares (sistema nervoso e
temporomandibulares (DTM), discute sobre músculos);
distúrbio ou disfunção. - Fatores psicogênicos.
Zarb (2000) relata a respeito de
disfunções da ATM e dos músculos da Obs: pode haver prevalência de um sobre o outro
mastigação. na predisposição, no início e na perpetuação dos
sintomas clínicos.

CLASSIFICAÇÃO DAS DTMS SEGUNDO • Fatores predisponentes

PETER DAWSON - Sistêmicos;


-Psicológicos (personalidade e de
I. Doenças dos músculos mastigadores: toda comportamento);
dor se origina dos músculos; - Estruturais (são discrepâncias oclusais, os
tratamentos restauradores inadequados e os
II. Problemas intracapsulares: deslocamento ou problemas articulares).
travamento do disco e deslocamento da ATM;
• Fatores iniciadores ou precipitantes
III. Condições que simulam distúrbios
temporomandibulares: pulpite, que é uma dor - Traumas (micro: trauma oclusal; macro:
no dente, e se encontra na região da face e que pancadas);
quando não está definida, simula uma DTM. - Alterações estruturais articulares;
- Hábitos parafuncionais.
CLASSIFICAÇÃO DAS DTMS SEGUNDO ZARB
I. Disfunções articulares;

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• Fatores perpetuantes • Quanto ao gênero: é maior nas mulheres


(3:1) – Katzberg; procura de tratamento
- Tensões mecânicas; maior nas mulheres (4:1) – Helkimo.
- Problemas metabólicos;
-Dificuldades comportamentais, sociais e CONCLUSÕES SEGUNDO CARLSON
emocionais.

Obs: os fatores psicogênicos e comportamentais - Existem muitas hipóteses sobre a etiologia das
estão relacionados a ansiedade, estresse DTMs;
emocional, gerando hiperatividade muscular, e - Há o reconhecimento do aspecto multifatorial
podem ser iniciadores, predisponentes e da etiologia;
perpetuantes. - Há um ciclo periódico entre a ortofunção e a
parafunção dependendo da capacidade
• Os fatores anatômicos podem ser iniciadores
adaptativa do indivíduo;
ou perpetuantes
- O tratamento da DTM pode obter sucesso se
for multidirecional, enfocando os aspectos
- Discrepâncias oclusais;
estruturais, funcionais e psicogênicos;
- Distúrbios musculares;
- Vários pacientes com DTM tornam-se
- Distúrbios da ATM.
cronicamente doentes.
• Fatores neurogênicos ou neuromusculares Questão: Paciente relatou que deslocava a
mandíbula constantemente ao bocejar, porém,
O estresse emocional libera o cortisol a mesma voltava sozinha e o paciente não
que é o hormônio produzido pelas glândulas sentia dor. Qual é o fator iniciador desse caso?
suprarrenais, que normalmente é secretado
em resposta ao estresse e que geram a R: É um fator anatômico.
hiperatividade muscular. O estresse crônico
produz o cortisol que é muito tóxico, e que A maloclusão + estresse emocional em
acaba por danificar bilhões de células cerebrais pessoas com menor tolerância fisiológica
causando uma degeneração cerebral. (limiar baixo), leva a um aumento da
As parafunções podem ser iniciadores hiperatividade muscular. A partir desse quadro,
ou perpetuantes. temos duas situações:

• Fatores psicogênicos 1. Tolerância estrutural dos tecidos


ultrapassada (ultrapassa a capacidade
- Aspectos psicológicos e comportamentais;
adaptativa) ➱ colapso ➱DTM.
- Ansiedades e frustrações (estresse emocional
e hiperatividade muscular).
2. Reflexos musculares protetores ➱
tolerância estrutural dos tecidos não
➳OBSERVAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS ultrapassada ➱ tolerância fisiológica ➱
adaptação do sistema estomatognático.
• Quanto ao universo (Carlsson): 50 a 60% da
população com algum problema de DTM; 5%
da população com problemas severos e
buscando tratamento.
• Quanto a faixa etária (Helkimo): 20 a 40 anos
é a idade média dos pacientes; tendência
com o aumento da idade.

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Aula 4 - Processo de origem traumática;


- Processo de origem infecciosa;
DTM - DIAGNÓSTICO - Nevralgia.

O diagnóstico é a identificação da Exame clínico


doença pela correspondência do quadro clínico
com o quadro patológico. Para se fazer um Durante um exame clínico em DTM deve-se
diagnóstico em DTM é necessário: checar:

- Fazer um levantamento do histórico do - Grau de abertura da boca;


paciente (ouvir o paciente); - Trajetória de abertura mandibular;
- Diagnóstico diferencial; - Exame da DTM;
- Exame clínico (deve-se analisar a postura; - Exame neuromuscular;
fazer exame oclusal, neuromuscular e da ATM); - Exame oclusal;
- Exame de imagem. - Exame de imagens.

O diagnóstico pode ser feito através de O exame clínico deve começar pelo exame
questionários orientados, onde faremos: oclusal, onde será feito:

- Identificação do problema; 1. Exame periodontal


- Investigação dos sintomas;
- Avaliação dos hábitos; No exame periodontal serão avaliadas as
- Identificação dos traumas; estruturas de suporte buscando a existência de
- Análise do aspecto bio-psico-social do mobilidade dental, bolsas periodontais ativas e
indivíduo; trauma oclusal.
- Avaliação do resultado de tratamento
anterior; 2. Fremitação dental
- Determinação do diagnóstico.
É feita a verificação da fremitação dentária,
através da presença de prematuridade pela
principais queixas em DTM vibração dental. A fremitação são vibrações
fortes ao bater os dentes, e o exame é feito
- Dor na área facial ou pré-auricular; com a ponta do dedo na superfície vestibular
- Disfunção mastigatória; do dente superior (a nível do colo dentário),
- Sintomas nas áreas associadas como cefaleia, para percepção das vibrações dentárias nos
dor de ouvido e dor pós-orbital; movimentos de fechamento e excursivos.
- Estalido articular (na maioria dos pacientes).
3. Facetas de desgaste parafuncionais
diagnóstico diferencial da DTM Deve-se observar a existência de facetas de
desgaste, sempre tentando associá-las à
O diagnóstico diferencial da DTM deve ser feito possíveis parafunções ou até mesmo ao
entre: bruxismo.
- Dor na cabeça e pescoço;
- Dor irradiada na face;
- Dor e limitação de abertura de boca;
- Dor de origem vascular;

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4. Ausência dentária
Guia de abertura da boca
Deve-se observar as ausências dentárias e suas
consequências, como: mesialização, • Normal: 45/55mm (3 dedos do pacente).
distalização, extrusões gerando alteração do
plano oclusal, colapso de dentes posteriores • Dificuldade de abertura: sob pressão digital,
com perda da DVO e perda de guia de se durante o exame a abertura aumentar,
movimentos excursivos. sugere-se que o problema seja muscular,
caso não aumente, sugere-se que o problema
5. Guias dos movimentos mandibulares seja na ATM.

Deve-se observar sempre a desoclusão de


dentes posteriores.
Trajetória da abertura mandibular
1. Desvio
6. Análise oclusal
Trajeto de abertura alterado com retorno à
Deve-se fazer a análise oclusal verificando as
linha média na abertura máxima. Há uma
interferências oclusais em RC, MIH,
interferência do disco com desvio do lado
lateralidade, latero-protrusão e em protrusão.
afetado.
• RC: A análise oclusal em RC o paciente deve
2. Deflexão
estar deitado, manipulado e desprogramado.
Trajeto da abertura alterado sempre desviado
• MIH: A análise oclusal em MIH o paciente
até abertura máxima. Há uma disfunção ou
deve estar em posição postural, em
interferência de disco, sendo que o desvio
movimentos mandibulares no espaço
sempre acontecerá no lado afetado.
interoclusal, coletando do paciente,
informação do local de possível interferência.
Os movimentos serão feitos sendo auxiliado Exame da ATM
por um espelho para orientação dos
movimentos. As interferências serão 1. Palpação
checadas com auxilio do fio dental durante a
verificação das guias. A palpação é feita nos polos laterais dos
côndilos com o paciente de boca fechada
• Protrusiva: as interferências na protrusiva (na primeiramente, depois com o paciente abrindo
área de trabalho) leva a um desvio lateral da e fechando a boca, e por fim com o paciente de
mandíbula, ou fora da área de trabalho, boca aberta, com o dedo sempre na parte
impedindo o contato dos dentes anteriores posterior do côndilo. Quando o paciente
na protrusão. apresenta dor, a hipótese diagnóstica pode ser
de uma capsulite ou retrodiscite.
• Movimentos de lateralidade: pode ocorrer
tanto na área de trabalho, quando de não 2. Sons articulares ou estalido
trabalho.
Podem acontecer na fase inicial, tardia ou
7. Aspectos morfológicos; recíproca.

8. Exame de modelos articulados.

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• Na fase inicial o estalido ocorre no início da • Palpação dos músculos pterigoideos medial
abertura de boca.
• Na fase tardia ocorre o estalido no final da - Técnica intra-oral: palpação na borda anterior
abertura. do ramo ascendente da mandíbula buscando o
• Na fase recíproca o estalido ocorre no mesmo ângulo onde o músculo de insere.
ponto na abertura e no fechamento.
• Pterigóideos laterais
Graus da dor muscular e da ATM - São músculos não palpáveis, ou seja,
intracranianos. Sua avaliação é feita por
Pode ser usada escala visual analógica para se manipulação funcional.
determinar o grau da dor ou dialogar com o
paciente.
Exame de imagem
• Grau zero: sem dor ou desconforto;
• Grau um: com desconforto (dolorimento); É um elemento auxiliar de diagnóstico e pode
• Grau dois: com desconforto ou dor definidos; ser feito através de:
• Grau três: com dor forte.
1. Radiografia transcraniana

Exame neuromuscular - Mais utilizada;


- Mais simples;
No exame neuromuscular é realizada: - Baixo custo;
- Apresenta a desvantagem da grande
- Avaliação do tônus e dor muscular, trauma ou superposição de imagens.
fadiga;
- Palpação com pressão suave nos músculos 2. Radiografia panorâmica
mastigadores e posturais da cabeça e pescoço
(masseter, pterigoideo medial, temporal, Oferece uma visão geral maxilo-mandibular e
esterno-hióideo e cervicais); ATM, mas apresenta grande distorção de
- Pequenas áreas hipersensíveis, pontos álgicos imagens com dificuldade de focar na região
(áreas de gatilho). condilar e limitada no diagnóstico de DTM.

• Palpação do músculo temporal 3. Tomografia

- Região anterior sobre o arco zigomático e Faz uma interposição de imagens, sendo a mais
anterior da ATM; indicada no exame mais minucioso das
- Região média mas acima da ATM e arco estruturas ósseas e da posição côndilo-fossa
zigomático; glenóide.
- Região posterior sobre e atrás da orelha.
4. Artrografia
• Palpação do músculo masseter
Feita com auxilio de contraste solúvel em água,
- Interno (parte fixa) na porção inserida no arco injetado nos compartimentos superior e
zigomático; inferior da ATM, sendo indicada para
- Externo (parte móvel) até a inserção na borda visualização da anatomia intracapsular da ATM,
inferior do ramo da mandíbula. assim como posição do disco articular.

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5. Tomografia computadorizada dentes no caso de bruxismo, além de ser


utilizada nas terapias iniciais das DTMs.
- É um exame sofisticado e preciso para a
avaliação dos tecidos moles da ATM. • TERAPIA IRREVERSÍVEL
- É excelente para avaliação dos desarranjos
intracapsulares, porém apresenta alto custo. Consiste numa terapia que altera
definitivamente a condição oclusal e a posição
6. Ressonância magnética. mandibular. Um exemplo são os ajustes
oclusais por desgaste seletivo e as
Aula 5 restaurações, que tem por objetivo a

Dtm - Tratamento eliminação das interferências oclusais.

• TERAPIA ORTODÔNTICA
É uma terapia ou um conjunto de terapias.
Terapia utilizada para correção de maloclusão
Métodos terapêuticos de origem esquelética ou dentária.

- Terapia oclusal; 2. Terapia cirúrgica


- Terapia cirúrgica;
- Terapia comportamental e psicológica; Necessita de um diagnóstico preciso, tendo a
- Terapia farmacológica; certeza absoluta de indicação e a necessidade
- Fisioterapia; de equipe bem preparada. Normalmente na
- Terapia alternativa; terapia cirúrgica são feitas correções de origem
- Reabilitação protética. esquelética.

1. Terapias Oclusais 3. TERAPIA COMPORTAMENTAL E PSCOLÓGICA


• DIAGNÓSTICO • COMPORTAMENTAL

Uma das formas de se obter o diagnóstico é - Hábitos bucais;


através do Front-Plateau (placa anterior) ou JIG - Mastigação;
de Lúcia. - Tensão muscular;
- Comportamento de dor;
• TERAPIA REVERSÍVEL - Postura mandibular;
- Instrumentos musicais (que promovem o uso
Um exemplo é a placa oclusal miorrelaxante excessivo do músculo);
que altera a condição oclusal do paciente - Acidentes traumáticos.
temporariamente, elimina a memória
proprioceptiva periodontal e diminui a • AFETIVOS E EMOCIONAIS
hiperatividade muscular pela desprogramação
da memória proprioceptiva, representada para Como as pessoas se sentem nas condições
alguns autores como relaxamento muscular. A cruciais como ansiedade, depressão e medo.
desprogramação neuromuscular leva a
eliminação da sintomatologia de dor. A placa
miorrelaxante é um protetor noturno para os

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➳ Interação dos fatores emocionais 5. Fisioterapia


Interagem entre si, com o ambiente e com a
• TERMOTERAPIA
condição física do paciente. Fatores
emocionais estão entre os fatores com alta
Pode ser feita através do uso do calor, que
prevalência nos pacientes com DTM,
causa a vasodilatação dos tecidos
mostrando a necessidade de verificar
comprometidos, aumentando a oxigenação
depressão.
das áreas afetadas, reduzindo assim os
sintomas. A melhor forma de sua aplicação
➳ Avaliação do grau de depressão seria o calor úmido por 20min 3x ao dia sendo
indicado para DTM muscular.
A avaliação do grau de depressão é feita
através da escala analógica (EVA). Pode ser feita também aplicação do frio
(crioterapia), que inicialmente promove a
vasoconstrição seguida de vasodilatação, que
aumenta a oxigenação nas áreas afetadas
promovendo a redução dos sintomas. Sua
aplicação deve ser feita por 40min 3x ao dia e
sua indicação seria para DTM muscular e
articular. É feita com gelo envolvido em uma
toalha ou bolsa de gelo, sempre com um tecido
protegendo a pele para não queimar.

O ultrassom produz um calor profundo,


aumenta a temperatura na interface dos
tecidos a uma profundidade de 5mm por 5min
por dia, e é o suficiente para a redução dos
Figura 6. Escala analógica (EVA).
sintomas.

A terapia comportamental e psicológica é • ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA


utilizada em pacientes com necessidade de
intervenção psicológica, sendo uma terapia de A estimulação elétrica transcutânea (TENS) é
apoio, onde busca-se uma melhoria das uma combinação entre a alta e baixa
condições emocionais, a diminuição de medo, frequência por 15/30min por dia, auxilia na
ansiedade e frustração e o aumento do limiar produção de beta-endorfina que ajuda na
de tolerância e percepção da dor. eliminação das toxinas nas fibras musculares
promovendo um relaxamento muscular e
4. terapia farmacológica concomitante redução dos sintomas.
A endorfina é um neurotransmissor, uma
substância química utilizada pelos neurônios na
Utilizada para atenuar quadro de dor, processo comunicação do sistema nervoso produzida
inflamatório e ansiedade. São utilizados nessa pela hipófise e liberada pelo sangue, cuja
terapia: denominação originária das palavras “endo”
(interno) e “morfina” (analgésico).
- Analgésicos;
- Anti-inflamatórios não-esteroidais;
- Ansiolíticos.

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➳ Efeitos principais da endorfina Aula 6

- Melhora a memória;
- Melhora o estado de espírito/humor;
DTM – Distúrbios Musculares
- Aumenta a resistência; e Sintomatologia
- Aumenta a disposição física e mental;
- Melhora o sistema imunológico;
- Bloqueia lesões dos vasos sanguíneos; Classificação
- Efeito anti-envelhecimento;
- Alivia as dores. • Contratura muscular ou trismo;
• Mioespasmo;
➳ Contra indicação do TENS • Miosite;
• Dor miofacial.
- Portadores de marca-passo;
- Gestantes. Estes distúrbios musculares são difíceis de
serem diferenciados clinicamente, pois
6. TERAPIAS ALTERNATIVAS apresentam os mesmos sintomas:

- Dor;
- Laser; - Dolorimento;
- Acupuntura; - Restrição dos movimentos mandibulares.
- Ioga;
- Shiatzu; Obs: tem como principal causa a hiperatividade
- RPG; muscular.
- Exercícios anaeróbicos;
- Exercícios aeróbicos.
1. Contratura muscular ou trismo
7. reabilitação protética
É proveniente de impulsos sensoriais com
Utilizada quando há grande desarmonia do finalidade protetora, gerando uma hipertonia
plano oclusal, provocada principalmente por muscular e consequentemente uma contratura
perda de dentes, perda de guias dos muscular protetora. Um dos possíveis
movimentos excursivos e perda da DVO. Tem a mecanismos que desencadeiam a contratura
função de restabelecer as funções mastigatória pode ser uma interferência oclusal, gerando
e estética. um impulso proprioceptivo (arco reflexo
flexor), para evitar interferência. Isso gera a
hipertonicidade muscular, causando uma
contratura muscular protetora.

➳ Sintomatologia

- Mialgias provocadas por: restaurações novas,


injeção anestésica, abertura bucal ampla,
mascar chiclete e processo infeccioso dental;
- A dor aumenta com a função e há ausência de
dor em repouso;

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- Há uma limitação de abertura bucal pela dor; ➳ Tratamento


- Dor a palpação;
- A abertura normal só acontece se for forçada, - Eliminar fator desencadeante;
sendo uma abertura gradual com “sensação de - Analgésico;
amolecimento”; - Anti-inflamatório;
- Esse quadro dura por poucos dias, e caso não - Benzodiazepínicos;
seja tratado, há continuidade evoluindo para - Fisioterapia.
um mioespasmo.

➳ Tratamento 3. Miosite
- Eliminar o fator desencadeante; É um mioespasmo prolongado ou inflamação
- Restringir os movimentos mandibulares; dental generalizada, associada ao estresse
- Combater o estresse da dor; emocional, levando a queda do limiar de
- Placa miorrelaxante; excitação neuromuscular, gerando uma
- Analgésico e relaxante muscular; hiperatividade muscular e consequente
- Fisioterapia. inflamação muscular (miosite).

➳ Sintomatologia
2. Mioespasmo
- Paciente apresenta uma dor muscular
É uma contratura muscular não resolvida,
constante por vários dias, até com a mandíbula
associada a um estresse emocional, que leva a
em repouso. A função mandibular aumenta a
queda do limiar de excitação neuromuscular,
dor e os músculos se apresentam hipertônicos;
gerando uma hiperatividade muscular e
- Dor à palpação (grau 3);
consequente espasmo dos músculos
- Pode haver história de infecção em estruturas
mastigadores e do pescoço.
adjacentes (ex: pericoronarite).

➳ Sintomatologia ➳ Tratamento

- Mialgias provocadas por: restaurações novas, - Restringir movimentos mandibulares;


injeção anestésica, abertura bucal ampla, - Anti-inflamatório;
mascar chiclete e processo infeccioso dental; - Placa miorrelaxante;
- Os sintomas normalmente são flutuantes e - Fisioterapia.
acentuados pelo estresse emocional;
- Há um aumento da dor com a função;
- Há uma diminuição ou eliminação da dor com 4. Dor Miofacial
músculos em repouso;
- Há uma limitação da abertura bucal pela dor É decorrente de uma sobrecarga muscular,
associado a uma rigidez muscular devido ao onde um estiramento súbito, deixando áreas
encurtamento muscular, o que leva a uma musculares hipersensíveis, associado ao
diminuição no grau de abertura da boca por aumento do nível de estresse emocional,
cerca de 20mm; levando a uma queda do limiar de excitação
- A abertura normal só acontece se for forçada, neuromuscular, onde surgirão áreas
sendo uma abertura gradual com “sensação de musculares hipersensíveis com pontos álgicos
amolecimento”; (ou gatilhos) locais ou à distância.
- Dor a palpação (grau 2).

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➳ Sintomatologia estímulo das terminações nervosas causando


dor.
- Dor de cabeça (reflexa), sendo a queixa mais
comum; 5. A interferência oclusal normalmente leva um
- Associação com episódio traumático; desvio mandibular, alterando a oclusão de RCO
- Há um aumento da dor com a função para MIH, causando uma contração
muscular, gerando uma dor de cabeça reflexa prolongada dos músculos pterigoideos laterais
(ou referida); para sustentar a mandíbula na posição
- Pontos álgicos à palpação gerando dor grau 3, desviada, gerando um espasmo muscular e
que exacerbam e irradiam a dor, gerando a dor consequente dor à palpação (e à manipulação),
referida ou reflexa. ocasionando uma dor ocluso-mandibular.

➳ Tratamento 6. Sem causa intra-articular, a placa de mordida


anterior (Front-Plateau) pode ser utilizada por
- Miorrelaxantes/ analgésicos; um ou dois dias se conseguirmos alívio da dor.
- Fisioterapia do pescoço e ombro, podendo ser Esta é caracterizada como de origem muscular.
com ultrassom ou TENS;
- Injeção anestésica nos pontos álgicos. Aula 7

Observações Desordens de interferência do disco


(incoordenação do complexo côndilo-disco)
1. 90% das DTMs são de origem muscular.
A disfunção rotacional do disco no côndilo
2. 97% das DTMs são resultantes de uma causa
apresenta como fator etiológico o trauma, que
primária, levando a uma incoordenação dos
pode ser um macrotrauma (pancada, por
músculos mastigadores.
exemplo) ou microtrauma (disfunção oclusal
associada a uma hiperatividade muscular).
3. Haverá aumento da função muscular,
consequentemente, terá um aumento dos
feixes de fibras que se contraem em relação as • MACROTRAUMA
fibras em repouso, com duração e intensidade
da função muscular superior à capacidade O macrotrauma desencadeia um alongamento
muscular para alternar os feixes de fibras entre dos ligamentos colaterais do disco, associado a
a contração e repouso, gerando uma fadiga um alongamento da lâmina retrodiscal inferior,
muscular. gerando um afinamento da região posterior do
disco, e assim causando uma disfunção
4. Uma contração muscular prolongada, rotacional do disco no côndilo e uma
normalmente leva a uma fadiga prolongada, incoordenação do complexo côndilo-disco.
que consequentemente gera uma Exemplo de macrotrauma: pancada.
incoordenação e espasmo muscular por
contração prolongada, gerando uma isquemia • INTERFERÊNCIA OCLUSAL OU
pela pressão sobre os vasos sanguíneos, MICROTRAUMA
levando a redução de oxigênio e consequente
mecanismo anaeróbio de contração muscular, A interferência oclusal ou microtrauma
levando a produção de ácido lático que gerará associado a uma hiperatividade muscular,
desencadeia o alongamento dos ligamentos
colaterais do disco, associado ao alongamento

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da lâmina retrodiscal inferior, gerando um disco. Sendo assim, haverá um desalojamento


afinamento da região posterior do disco, e do disco representado por um duplo estalido
assim causando uma disfunção rotacional do (inicial e recíproco). No início da abertura, o
disco no côndilo e uma incoordenação do disco não se encontra na posição de uma hora
complexo côndilo-disco. em relação a cabeça da mandíbula, ele está um
pouco anteriorizado, mas ainda sobre a cabeça
Para que o sistema mastigatório funcione de da mandíbula.
forma normal e eficiente, um alto grau de
precisão e harmonia deve existir entre a ação • ESTALIDO ARTICULAR
dos músculos mastigatórios, as forças de
oclusão e a ATM. A falta de harmonia pode Consiste no deslizamento do côndilo sobre o
causar um comportamento muscular disco quando ele se afasta nos movimentos de
interrompido ou dano estrutural à dentição, à abertura e fechamento, produzindo um “click”
ATM ou ambos. característico chamado de estalido.

➳ Sintomatologia
Classificação da incoordenação do
complexo côndilo-disco (ICCD) - História de trauma associado a ruído articular;
- Estalido na abertura e fechamento bucal;
- Limitação de abertura pela dor e não por
• Desalojamento do disco;
disfunção estrutural da ATM.
• Deslocamento do disco com redução;
• Deslocamento do disco sem redução
(travamento articular). 2. Deslocamento anterior do disco
Para melhor entendimento da classificação das Deve-se observar o afinamento da borda
ICCD, deve-se primeiro rever a posição correta posterior do disco, associado a um
para o complexo côndilo-disco. Para que seja alongamento da lâmina retrodistal inferior,
considerada uma ATM bem posicionada, deve- juntamente com alongamento dos ligamentos
se lembrar da posição anatômica em RC. Nesta colaterais do disco, associado a contração da
posição, a ATM se encontra com a cabeça da cabeça superior do músculo pterigóideo
mandíbula mais antero-superior na fossa lateral, puxando o disco completamente para
articular com o disco interposto na posição de frente, e resultando assim no deslocamento
uma hora. Deste ponto, deve-se iniciar o anterior do disco. Este deslocamento pode ser
movimento de abertura e fechamento da com redução ou sem redução.
mandíbula, onde o disco estará sempre
interposto entre estes dois ossos, tanto no
movimento de abertura, quanto no 3. Deslocamento anterior do disco
fechamento. (com redução)
1. Desalojamento do disco O paciente que apresenta o deslocamento
anterior ao movimentar a mandíbula durante a
Pela ação do músculo ptergióideo lateral abertura, reposiciona o côndilo sobre a lâmina
superior, haverá o alongamento dos posterior do disco, no qual é recapturado. Este
ligamentos colaterais do disco, associado ao fato é chamado de redução do disco sobre a
alongamento da lâmina retrodiscal inferior e cabeça da mandíbula.
consequente afinamento da borda posterior do

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➳ Sintomatologia - Desvio mandibular para o lado da ATM


envolvida;
- Longa história de estalidos; - Pressão suave para baixo e para frente nos
- Sensação de tratamento articular com incisivos inferiores e não haverá aumento da
reposicionamento do disco com ou sem dor; abertura bucal;
- Grau limitado de abertura bucal; - Movimentos excêntricos e às vezes normais
- Desvio acentuado na trajetória de abertura do lado da ATM afetada;
bucal; - Movimentos restritos no lado oposto da ATM
- Pode haver estalido súbito do disco na sua afetada;
recaptura; - Palpação e manipulação muscular,
- Após a recaptura do disco, há a eliminação do apresentando graus variados de dor;
travamento; - Manipulação bilateral forçada da mandíbula,
- História de estresse emocional; com dor (côndilo apoiado nos tecidos
- Bruxismo; retrodiscais);
- Há uma incoordenação muscular. - História de estresse emocional;
- Bruxismo, com incoordenação muscular e
presença de interferências oclusais.
4. Deslocamento anterior do disco
(sem redução) Obs: Quando há o deslocamento do disco sem
redução com travamento de boca fechada,
deve-se fazer a manipulação para baixo, para
Neste caso, há um afinamento da borda frente e para cima.
posterior do disco, associado ao alongamento
dos ligamentos colaterais do disco, juntamente
com a danificação da lâmina retrodiscal
superior, associado a contração da cabeça
superior do músculo pterigoideo superior, o
que leva a incoordenação muscular, resultando
na tração do disco para frente do côndilo e
distalização do côndilo na translação, e
consequente travamento mandibular.

Para destravar a mandíbula haverá


necessidade de manipulação para recaptura do
disco, que neste caso seria para baixo, para
frente e para cima.

➳ Sintomatologia

- História de travamento articular;


- Grau limitado de abertura bucal;
- Desvio acentuado na trajetória de abertura
bucal (25/30mm – rotação);
- Palpação da ATM e na parte posterior do
côndilo com a boca aberta e dor (pela
incoordenação muscular);

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Aula 8 A luxação pode ser unilateral ou bilateral.

Hipermobilidade articular • UNILATERAL: a mandíbula é desviada para o


lado oposto da luxação;

A etiologia da hipermobilidade da ATM é • BILATERAL: não há desvio mandibular.


desconhecida, porém existem alguns fatores
predisponentes, como: ➳ Etiologia
- Hábitos parafuncionais; - Abertura exagerada da boca;
- Genético; - Tratamento odontológico longo;
- Distúbios esqueléticos; - Traumas;
- Distúrbios musculares. - Fossa articular rasa e eminência articular
curta.
O diagnóstico de hipermobilidade é feito com a
presença de 3 entre os critérios de Beighton: ➳ Reposicionamento da mandíbula
- Hiperextensão do 5° dedo da mão > que 90°;
A técnica é feita através da manipulação
- Hiperextensão do cotovelo num ângulo igual bilateral da mandíbula com movimento para
ou superior a 10°; baixo, para trás e para cima. O côndilo
- Hiperextensão do polegar da mão no ultrapassará a eminência articular e se
antebraço; reposicionará.
- Hiperextensão dos joelhos em ângulo de >
que 10°;
➳ Tratamento
- Capacidade de flexionar a coluna vertebral e
colocar as palmas das mãos no chão sem
O tratamento pode ser invasivo (cirúrgico) ou
dobrar os joelhos.
não-invasivo (conservador).

Obs: Na hipermobilidade há a inserção da • TRATAMENTO CONSERVADOR


cápsula articular no temporal a 4mm a frente
do ápice da eminência. - Dispositivo de Ivy (uso durante 1 mês);
- Placa rígida miorrelaxante (uso em tempo
Subluxação da ATM integral durante 4 meses);
- Orientação para evitar a abertura de boca
- Fossa articular rasa: o côndilo preso à frente ampla (condicionamento pelo dispositivo de
da eminência articular; Ivy);
- O côndilo volta espontaneamente para a fossa - Ajuste oclusal por desgaste seletivo;
articular ou pela redução do próprio paciente. - Fisioterapia;
- Tratamento ortodôntico.

Luxação da ATM
- Deslocamento do côndilo para fora da fossa
articular;
- Ocorre o bloqueio pela eminência articular;
- O paciente não fecha a boca.

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Referências:
• Material de apoio cedido pelos professores
da disciplina;
• NETO, Alfredo et al. Oclusão: Série Abeno:
Odontologia Essencial-Parte Clínica. Artes
Medicas, 2016;
• CARDOSO, C. A et al. Oclusão: para você e
para mim. São Paulo: Ed. Santos, 2003.

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