Hurian Machado – Odontologia UNIG
ODONTOLOGIA LEGAL
Aula 1
INTRODUÇÃO
“A odontologia legal é a aplicação dos
conhecimentos odontológicos na elaboração e
execução das leis que deles carecem”.
(Flamínio Fávero)
“É o conjunto de normas que regulam os
deveres e diretos morais e legais do cirurgião-
dentista e a aplicação desses conhecimentos ao
direito”. (Sampaio Dória)
“É a ciência que correlaciona conhecimentos
odontológicos e jurídicos e os aplica a serviço
da justiça”. (Leite, V.G)
DEONTOLOGIA
É o tratado dos deveres do cirurgião-dentista
para com os enfermos, os colegas e demais
profissionais.
Os objetivos desta especialidade estão
descritos na Seção IV, artigo 54, da Resolução
nº 185, estabelecidos pelo Conselho Federal de
Odontologia (em 26 de abril de 1993),
conforme transcrito abaixo:
Art. 54. A odontologia legal é a especialidade
que tem como objetivo a pesquisa de
fenômenos psíquicos, físicos, químicos e
biológicos que podem atingir ou ter atingido o
homem vivo, morto ou ossada, e mesmo
fragmentos ou vestígios, resultando lesões
parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis.
Parágrafo único. A Atuação da Odontologia
Legal restringe-se à análise, perícia e avaliação
de eventos relacionados com a área de
competência do cirurgião-dentista podendo, se
1
as circunstâncias o exigirem, estender-se a
outras áreas, se disso depender a busca da
verdade, no estrito interesse da justiça e da
administração.
DICEOLOGIA
É o tratado dos direitos do cirurgião-
dentista para com os enfermos, os colegas e
demais profissionais.
DIVISÃO DA ODONTOLOGIA LEGAL
- Responsabilidade profissional do cirurgião-
dentista;
- Honorários profissionais do C.D;
- Segredo profissional;
- Legislação;
- Documentos legais;
- Identidade e identificação;
- Estimativa de idade e estatura;
- Lesões corporais;
- Traumatologia forense;
- Infortunística;
- Tanatologia forense;
- Ética e moral;
- Código de ética odontológico;
- Estágio do estudante de odontologia;
- Aspectos éticos do atendimento a pacientes.
Aula 2
PERÍCIAS E PERITOS
Perícia é um procedimento especial de
constatação, prova ou demonstração científica
ou técnica, relacionado com a veracidade de
uma situação ou análise. A finalidade da perícia
é produzir a prova.
Perito é a pessoa a quem incumbe a
realização de exames técnicos da sua
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especialidade ou competência, para 1.4 SUPRIMENTO DA IDADE

esclarecimento de fatos que são objeto de
inquérito policial ou de processo judicial. a. Em casos de adoção de menores.
Existem dois tipos de peritos: oficiais e não
oficiais. 1.5 AVALIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
ODONTOLÓGICOS
1. Oficiais: concursados;
2. Não-oficiais: louvável, Adock. a. Em casos de lides contratuais.

2. PERÍCIAS NA ÁREA CRIMINAL

TIPOS DE PERÍCIA
1. PERÍCIA NA ÁREA CIVIL
1.1 DE RESSARCIMENTO DE DANOS
Nos casos de responsabilidade
profissional. Em casos de acidentes,
notadamente os de trânsito, em que a vítima
necessita de trabalhos odontológicos, em
virtude de lesões que atingiram a face. Casos
de agressão, em que a vítima sofre lesões na
face, comprometendo os órgãos dentários. Em
casos de erro profissional.
1.2 ARBITRAMENTO JUDICIAL DE
HONORÁRIOS PROFISSIONAIS
a. Nos casos de cobrança judicial
promovida por cirurgião-dentista,
quando as partes não tiverem chegado
a um acordo sobre os honorários
profissionais.
1.3 EXCLUSÃO DE PATERNIDADE
a. Geralmente efetuada no campo
médico-legal, através da pesquisa do
DNA. Caso esta seja impossível, o juiz
pode determinar a realização de perícia
de caracteres dos arcos dentários
(caracteres teratológicos ou patologias
de transmissão genética dominante no
campo bucodentário).
2.1 IDENTIFICAÇÃO
• No vivo:
-Em casos de dentadas ou mordeduras na
vítima ou no agressor;
- Em casos de dentadas ou mordeduras em
alimentos;
- Em casos de delinquentes com idade não
comprovada;
- Outros casos de identificação humana.
• No cadáver
- Em adiantado estado de putrefação, em que
a identificação dactiloscópica é impossível;
- Afogados nos quais as polpas digitais tenham
sido destruídas por peixes ou outros animais;
- De desconhecidos que dão entrada nos
Institutos Médico-Legais;
- De carbonizados;
- Nos casos de grandes catástrofes em que um
grande número de pessoas perde a vida,
dificultando o reconhecimento;
- Nos casos de dilaceração do corpo.
• Perícias antropológicas (no crânio
esqueletizado)
- Espécie animal;
- Estimativa do sexo;
- Estimativa da idade;
- Estimativa da estatura;
- Estimativa do biótipo.

2
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➳ Biótipos Faciais 2.5 DETERMINAÇÃO DA EMBRIAGUEZ

ALCOÓLICA
1. Braquicéfalo: mandíbula mais larga e rosto
mais quadrado. - Pelo exame de saliva.

3. PERÍCIAS TRABALHISTAS (Infortúnios do

Trabalho)

- Em acidentes quando a face e a boca são

atingidos;
2. Mesocéfalo: rosto mais redondo. - Doenças profissionais com manifestação
bucal.

4. PERÍCIAS EM SEDE ADMINISTRATIVA –

Perícias de Convênios

3. Dolicocéfalo: rosto ovalado, protuberância Melhor seria a utilização dos termos

mentual aumentada. ‘‘avaliação” ou “auditoria”, para não serem
confundidas com a perícia em âmbito jurídico,
cuja realização somente pode ser determinada
por autoridade policial ou judicial.

TIPOS DE PROFISSIONAL
2.2 LESÕES CORPORAIS – Perícias de
a) Profissional liberal;
Traumatologia
b) Profissional autônomo.
- Nos casos de acidentes em que a face é
atingida, provocando fraturas na maxila, na IRREGULARIDADES
mandíbula e nos dentes;
- Nos casos de crimes, em que a vítima ou o a) Quanto à forma;
agressor sofrem lesões na face; b) Quanto ao mérito.
- Em casos de erros profissionais.
As perícias se materializam por meio de
2.3 ESTIMATIVA DE IDADE laudos, constituídos de uma peça escrita, tendo
por base o material examinado.
- Nos casos de delinquentes e vitimas sem Peritos nomeados não podem,
idade comprovada. injustificadamente, esquivar-se do encargo
para o qual foram designados – sansões legais.
2.4 PERÍCIAS DE MANCHAS

- Em casos de diagnóstico diferencial entre IMPEDIMENTOS PARA ATUAÇÃO DOS PERITOS

manchas de saliva, esperma, mucosidade
vaginal, etc. a) Mesmos motivos que impedem o juiz
de exercer jurisdição em um processo
ou que levantem suspeição sobre sua
pessoa;

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b) Interdição de direitos (incisos I e IV do - Giroversão;

artigo 69 do Código Penal, ou seja, pela - Cor;
interdição temporária para investidura - Tamanho;
em função pública, ou pela - Fraturas;
incapacidade temporária para profissão - Ausência de dentes;
ou atividade cujo exercício depende de - Tipo de má-oclusão;
habilitação especial, ou de licença ou - Morfologia e tipo de restaurações.
autorização do poder público.

Não podem funcionar como peritos, IDENTIFICAR COMPREENDE TRÊS FASES:

ainda, os que tiverem prestado depoimento ou
opinado anteriormente sobre o objeto da
perícia, bem como os analfabetos e os menores
de 18 anos.
Aula 3
1º. Primeiro registro (odontograma feito com
as informações do cadáver);
2º. Segundo registro (odontograma feito pelas
informações fornecidas pelo dentista da
suposta vítima);
3º. Comparação.

IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO Arbenz (1988) relatou que a

identificação das pessoas é imprescindível em
todas as circunstâncias que ocorrem nas
IDENTIDADE relações humanas, seja no âmbito puramente
social, seja no âmbito jurídico, quer em foro
- É o conjunto de atributos necessários para cível ou criminal.
que uma coisa seja ela mesma e não outra
• Reconhecimento: são registros e
(Arbenz).
comparações mentais.
- É o conjunto de caracteres que individualiza
um ser.
- Identidade é a qualidade de ser a mesma coisa ALGUNS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
e não diversa (Morais).
- Ex: através da digital, arcada dentária, DNA e - Dactiloscopia;
impressão plantar do pé. - Dentes;
- Arcos dentários;
- Rugosidade palatina;
IDENTIFICAÇÃO - DNA.

- É o emprego de meios adequados para Para que a cavidade oral seja

determinar a identidade ou não identidade importante na identificação, é necessário ter o
(Litrré). trinômio:
- Identificação é o processo de determinação
da identidade. 1. Paciente que visite o cirurgião-dentista;
2. Profissional preocupado em documentar a
O PRONTUÁRIO ODONTOLÓGICO vida bucal do seu paciente;
3. Documentação devidamente arquivada e
DEVE CONTER: preenchida.

- Forma da arcada dentária; Para que um processo de identificação

- Regularidades dos dentes; possa ser considerado aceitável, é necessário:

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- Unicidade; • Normas de elaboração dos atestados

- Perenidade;
- Imutalidade; - Papel impresso: dados (obrigatórios e
- Praticabilidade; facultativos).
- Classicabilidade.
a) Dados obrigatórios
- Dentro dos critérios utilizados para identificação, não
pode se restringir apenas uma analise quantitativa e
- Nome do profissional;
sim qualitativa;
- Não existem duas pessoas com a mesma dentadura. - Qualificação;
Os dentes são elementos singulares na identificação - Número de inscrição do CRO;
odontolegal. - Endereço do consultório.

QUAL A IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO? b) Dados facultativos

Por questão social (velório, missa,
enterro), questão jurídica (indenização), quer
em foro cível (pensão, pecúlio, herança) ou
criminal (saber se houve crime).
Aula 4
DOCUMENTOS ODONTO-LEGAIS
Documentação é meio de prova.
ATESTADOS
Afirmação simples e por escrito de um
fato odontológico e suas consequências (Souza
Lima).
• Condições de legitimidade
- Prática do ato pelo cirurgião dentista;
- Habilitação profissional;
- Não estar o cirurgião-dentista suspenso por
decisão judicial (Art, 359 C.P);
- Não estar o cirurgião-dentista sujeito à
interdição temporária de direitos (Art. 47 C.P);
- Não estar o cirurgião-dentista suspenso do
exercício profissional por penalidade imposta
pelo CRO.
- Número do CPF;
- Endereço residencial;
- Horário de consultas;
- Especialidade;
- Títulos profissionais, científicos e relativos ao
magistério.
• Legislação
Lei 5081 de 24/08/66 – rege o exercício da
odontologia.
Art.6 – compete ao cirurgião-dentista:
III- Atestar, no setor de sua atividade
profissional, estados mórbidos e outros,
inclusive, para justificação de faltas ao
emprego.
• Modelo hipotético de atestado para
justificar falta ao trabalho
Atesto, para fins trabalhistas, e a pedido do
interessado, que o Sr. ---------, portador da
cédula de identidade ------------, esteve nesta
data, sob os meus cuidados profissionais, das -
---- às ------ horas, devendo portanto se
ausentar de suas atividades habituais por ------
horas.
Local, data
Assinatura do profissional

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OBSERVAÇÃO
- Nunca escrever “para devidos fins”;
- Não escrever o procedimento que foi feito na consulta,
pois é segredo profissional. Só escrever o que foi feito
quando o paciente pedir e nesse caso, colocar o CID
(código internacional de doenças).
• Modelo hipotético de atestado para
justificar falta de aluno menor à escola
Atesto, para fins escolares e a pedido de seu
progenitor/responsável, que o menor -------,
esteve sob meus cuidados profissionais, das ---
as --- horas, nesta data, sendo-lhe
recomendado repouso por dois dias, ou seja,
nos dias --- e --- do corrente mês.
Local, -------- de 2020
Assinatura do responsável.
• Modelo hipotético de atestado de
condições bucais para ingresso de firmas,
escolas e clubes (o exemplo será dado para
fins esportivos)
Atesto, para fins esportivos e a pedido do
interessado que o SR. ------, portador da cédula
de identidade ------, esteve nesta data em meu
consultório, tendo sido submetido a exame
odontológico completo, tanto das estruturas
mineralizadas como também dos tecidos
moles, que permite atestar que o mesmo
apresenta condições bucais satisfatórias.
OBSERVAÇÃO
Quando o paciente inicia o tratamento,
colocamos da seguinte forma: ... esteve nesta
data em meu consultório, iniciando o
tratamento.
• Violação do segredo profissional
Art. 154 do C.P. – revelar alguém, sem justa
causa, segredo de que tem ciência em razão da
função, ministério, ofício ou profissão, e cuja
revelação possa produzir dano a outrem.
6
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou
multa.
• Atestados falsos
a) Falsidade de atestado médico
Art. 302 C.P. – dar o médico, no exercício de sua
profissão, atestado falso.
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o
fim de lucro, aplica-se também multa.
b) Falsidade ideológica
Art. 299 C.P. – omitir, em documento público
ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar
obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos e
multa se o documento é publico, e reclusão de
1 (um) ano a 3 (três) anos e multa, se o
documento é particular.
OBSERVAÇÃO
Crime que se da quando o dentista faz um
atestado falso: falsidade ideológica.
RECEITAS ODONTOLÓGICAS
• Importância:
- Elementos de prova;
- Evitar automedicação;
- Evitar troca da medicação;
- Orientar o paciente.
• Tipos de receita
a) Receita Comum: 2 vias, sendo uma para o
dentista e uma para o paciente. Ex: para
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analgésicos e anti-inflamatórios, como - Precauções quanto à medicação.

diclofenaco de potássio (cataflan);
5. Data e assinatura do profissional
b) Receita Magistral: 3 vias, sendo uma para o
dentista, uma para o paciente e uma para a ➳ Exemplo de receita:
farmácia de manipulação. Ex: manipulação de
clorexidina 0,12%.

c) Receita de Controle Especial: 3 vias, sendo

uma para o dentista, uma para o paciente e
uma para a farmácia. Existem 3 tipos: branca,
azul e amarela.

1. Branca: para receitar antibióticos e

associação de alguns analgésicos de alta
potência.
2. Azul: normalmente vem 20 unidades com o
nome do profissional. São para receitar
analgésicos (derivados de opióides).
3. Amarela: geralmente quem prescreve são os
psiquiatras e neurologistas.
• Formato de receita
1. Identificação profissional
- Consultório particular e nome;
- Clínica privada;
- Serviço público de saúde.
2. Cabeçalho
- Nome do paciente e endereço (nas receitas
brancas e azuis);
- Forma de uso do medicamento (interno ou
externo).
3. Inscrição
- Nome genérico (nome comercial
facultativo);
- Concentração da droga;
- Quantidade (nº de comprimidos).
4. Orientação
• Legislação
Lei 5081 de 24/08/66 – rege o exercício da
odontologia.
Art.6 – confere ao cirurgião-dentista:
II – prescrever e aplicar especialidades
farmacêuticas de uso interno e externo
indicadas em odontologia.
• Prontuário odontológico
É o conjunto de documentos padronizados,
ordenados e concisos, destinado ao registro
dos cuidados odontológicos prestados ao
paciente.
• Conteúdo mínimo
a) Identificação do paciente
- Nome completo;
– - Naturalidade;
- Estado civil;
- Sexo;
- Local e data de nascimento;
- Profissão;
- Endereço residencial e comercial;

- Informações;

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- Quando se tratar de paciente menor ou
incapaz, deverão constar os dados completos
do seu responsável;
- Nome dos cirurgiões-dentistas que
atenderam anteriormente, com anotação do
local e época do atendimento.
b) História clínica
- Queixa principal;
- Histórico;
- Questionário de saúde e sua interpretação.
c) Exame clínico
- Descrição das restaurações existentes e faces
envolvidas, com registro e tipos de materiais
empregados;
- Registro em odontograma específico das
restaurações existentes, com a maior precisão
possível no que tange ao contorno e
dimensões;
- Anotação das patologias existentes, ausência
de elementos dentários, próteses, tratamento
endodôntico, tipos de oclusão e outros dados,
a critério do cirurgião-dentista.
d) Plano de tratamento
Anotações dos procedimentos propostos, com
descrição minuciosa dos materiais a serem
utilizados e dos elementos dentários e regiões
orais envolvidas.
e) Evolução do tratamento ou tratamento
propriamente dito
- Anotação de todos os procedimentos
realizados, com descrição minuciosa dos
elementos dentários e faces coronárias ou
regiões envolvidas, materais utilizados e data
de execução;
- Registro em odontograma específico do
tratamento executado, com a maior precisão
possível, no que tange ao contorno e
dimensões.
8
f) Exames complementares
Anexação dos exames de laboratório e
radiografias, devidamente rotulados e
identificados.
Aula 5
Honorários Profissionais
Honorários são uma forma diferencial de
pagamento a que fazem jus os profissionais
liberais pelos serviços que prestam.
Natureza jurídica dos serviços odontológicos:
contrato de locação de serviços.
Contrato é o ato jurídico em virtude do qual o
cirurgião-dentista se obriga a prestar sua
profissão, sob responsabilidade do paciente ou
de outrem, que assume a obrigação de
remunerá-lo.
Tipos de contrato
A) CONTRATO EXPRESSO
É explicito. Pode ser verbal ou escrito.
• Escrito
1. Nominado ou Típico: depende de um órgão
público (ex: cartório, detran) para ser
concretizado.
2. Inominado ou Atípico: não depende de órgão
público, podendo ser feito entre as partes.
3. Misto: quando se faz um contrato inominado
e é registrado no órgão público.
B) CONTRATO TÁCITO
É subentendido.
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IV. Condições legais para a validade dos
contratos odontológicos
Art. 82 C. C: A validade do ato jurídico requer
agente capaz, objetivo lícito e forma prescrita
ou não defesa em lei.
Art. 104 C. C (Novo Código Civil – Lei nº 10.406,
de 10/01/2002): A validade do negócio jurídico
requer:
I. Agente capaz;
II. Objeto lícito possível, determinado ou
determinável;
III. Forma prescrita ou não defesa em lei.
V. Os deveres de honorários profissionais
1) Próprio paciente
2) Os pais em relação aos filhos menores
3) O tutor em relação ao tutelado
4) A mulher separada judicialmente ou
divorciada
5) O alimentante em relação ao alimentado
6) O empregador em relação ao empregado –
acidente de trabalho.
VI. Os credores de honorários profissionais
O cirurgião-dentista legalmente habilitado.
VII. Condição para a cobrança judicial
Habilitação anterior à prestação de trabalhos.
VIII. Condições em que o profissional poderá
perder o direito de cobrar judicialmente os
honorários
- Renuncia;
- Rescisão contratual;
- Abandono de paciente, salvo por motivo
justificável, circunstância em que serão
conciliados os honorários e indicado substituto;
- Culpa do profissional (imperícia, imprudência
e negligência);
- Exercício ilegal da profissão.
9
IX. A ação dos médicos, cirurgiões ou
farmacêuticos por suas visitas, operações ou
medicamentos, contado o prazo da data do
último serviço prestado.
Art. 206 C. C (Novo Código Civil – Lei nº 10.406,
de 10/01/2002) Prescreve:
5. em cinco anos:
II. A pretensão dos profissionais liberais em
geral, procuradores judiciais, curadores e
professores pelos seus honorários, contando o
prazo da conclusão dos serviços, da cessação
dos respectivos contratos ou mandato.
X. Os honorários profissionais no código de
ética odontológica: capítulo VII – dos
honorários profissionais
Art. 10. Na fixação dos honorários profissionais,
serão considerados:
I. O conceito do profissional;
II. O costume do lugar;
III. A complexidade do caso;
IV. O tempo utilizado no atendimento;
V. A condição sócio-econômica do paciente e
da comunidade;
VI. O caráter de permanência, temporariedade
ou eventualidade do trabalho;
VII. A circunstância em que tenha sido prestado
o atendimento;
VIII. A cooperação do paciente durante o
tratamento;
IX. O custo operacional.
Art. 11. Constitui infração ética:
I. Oferecer serviços gratuitos a quem possa
remunerá-lo adequadamente;
II. Receber ou dar gratificação por
encaminhamento mercantilista;
III. Instituir cobrança através de procedimento
mercantilista;
IV. Abusar da confiança do paciente,
submetendo-o a tratamento de custo
inesperado;
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V. Receber ou cobrar honorários julgamento das causas de menor

complementares de pacientes atendido em
instituições públicas;
VI. Receber ou cobrar remuneração adicional
de cliente atendido sob convênio ou contrato;
VII. Agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer
meio, paciente de instituição pública ou
privada para a clínica particular.
Os honorários devem cobrir:
complexidade, assim consideradas:
I. As causas cujo valor exceda a 40x o salário
mínimo;
II. As enumeradas no Art. 275, inciso II, Código
de Processo Civil;
III. A ação de desejo para uso próprio;
IV. As ações processoriais deste artigo.
Aula 6

- Funcionários;
- Material de consumo; Traumatologia forense
- Material de limpeza;
- Encargos fiscais; A traumatologia forense estuda os traumas,
- Encargos trabalhistas; lesões, instrumentos e ações vulnerantes
- Tributos; (capazes de produzir lesões, que podem ser de
- Aluguel (quando for o caso); origem química, física ou biológica), visando
- Condomínio (quando for o caso); elucidar a dinâmica dos fatos.
- Manutenção do equipamento;
- Luz, telefone, água, gás, etc; Trauma é o resultado da ação vulnerante que
- Contribuições para entidades de classe; possui energia capaz de produzir a lesão.
- Jornais, livros, revistas científicas e sociais,
etc.
Energias de origem física
Mecanismo de cobrança dos quais o CD Energia mecânicas são as energias que tendem
poderá lançar mão legalmente a modificar o estado de repouso, ou
movimento, em parte ou de todo o corpo. Os
agentes mecânicos são classificados em formas
- Permuta (troca);
puras e formas mistas.
- Recebimento em dinheiro;
- Cheque pré-datado;
• FORMAS PURAS
- Nota promissória;
- Cartão de crédito;
Obedecem às características geométricas na
- Cobrança bancária simples;
superfície vulnerante. São as lesões que tem
- Boleto bancário;
característica de agente perfurante, agente
- Depósito em conta bancária;
cortante ou agente contundente.
- Carnê emitido pelo profissional;
- Recebimento de convênios/ cooperativa/
a) Agentes perfurantes
seguradoras.
São aqueles que agem idealmente por um
Juizados Especiais Cíveis (Lei nº 9.099, de
ponto que, pressionado, lesa o corpo da vítima,
26/09/1995)
produzindo ferimento punctório, provocando o
afastamento das fibras dos tecidos,
Art. 3º. O Juizado Especial Cível tem
divulsionando-as.
competência para conciliação, processo e

10
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- Exemplo: agulha, cone pequeno, alfinete e - Hematoma: ocorre pelo derramamento

prego; sanguíneo ou linfático decorrente do
- Característica da lesão: profundidade maior rompimento de vasos de maior calibre, e
que a extensão; provocado um volume (ex: “galo”).

- Tipo de lesão: lesão punctória.

b) Agentes cortantes

São aqueles que agem idealmente por uma Figura 2. Hematoma.

linha representada pelo gume (parte ativa) da
respectiva arma (arma branca), seccionando os
tecidos, dando origem à lesão incisa.
- Exemplo: navalha, canivete, vidro e papel;
- Característica da lesão: extensão maior que a
profundidade, bordas lisas, nítidas, regulares e
os bordos se coaptam.
- Tipo de lesão: lesão incisa.
c) Agente contundentes
• FORMAS MISTAS
Consiste na associação de agentes.
- Perfurocortante: perfuram e cortam. Ex:
punhal.
- Perfurocontundente: perfuram e contundem.
Ex: PAF (projetil de arma de fogo).
- Cortocontundente: cortam e contundem. Ex:
machado e facão.

OBSERVAÇÃO
São os que atuam por pressão, deslizamento e
tração, podendo originar impressões na
superfície cutânea (ex: impressão dentária). - Estigmas ungueais: arranhão causado por
marcas de unhas.
- Escoriação: é o arranchamento da epiderme
- Exemplo: pau, pedra, martelo (arremessados com exposição da derme.
em alguém);

- Característica da lesão: bordos irregulares e

fundo irregular;

- Tipo de lesão: lesão contusa que pode ser com

integridade da pele ou sem integridade da pele.

As contusões superficiais com integridade da

pele são caracterizadas por:

- Equimose: são derrames sanguíneos nos quais

o sangue extravasado se infiltra nas malhas dos
tecidos do corpo.

Figura 1. Equimose.

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Aula 7 1) Período de coloração ou manchas: mancha

Noções de tanatologia
Tanatologia é a divisão da Medicina Legal na
qual estudam-se a morte e todos os problemas
a ela relacionados.
Morte é a cessação dos fenômenos vitais pela
parada das funções cerebral, respiratória e
circulatória.
verde abdominal, máscara equimótica de
Morestin.
2) Período gasoso: o cadáver fica na posição de
lutador ou boxer.
3) Período coliquativo: o cadáver começa a se
desmanchar, fica uma gordura em volta e com
odor fétido.
4) Período de esqueletização: resta o esqueleto,
cabelo e unha.

Fenômenos cadavéricos
• ABIÓTICOS IMEDIATOS
Perda da consciência, imobilidade,
insensibilidade, abolição do tônus muscular.
Fenômenos oculares: midríase (dilatação da
pupila) e desidratação ocular.
• ABIÓTICOS CONSECUTIVOS
Ocorre de 12 a 24h. Evaporação tegumentar,
resfriamento do corpo, rigidez cadavérica,
hipóstase (o sangue fica sujeito tão somente às
leis da gravidade). Fenômeno ocular:
opacificação da córnea.
Fenômenos transformativos destrutivos
• AUTÓLISE
Consiste na auto-destruição da célula pelas
próprias enzimas.
• PUTREFAÇÃO
Consiste na destruição progressiva dos tecidos
por ação dos germes externos. A putrefação
possui 4 períodos distintos:
Sinais tardios destrutivos
• MACERAÇÃO
Ocorre em ambientes úmidos e quentes.
- Destruição em meio líquido;
- Comum nos fetos e afogados com formação
de bolhas de conteúdo líquido e pardacento;
- Observa-se no cadáver o destacamento de
amplos retalhos de tegumentos cutâneos;
- O corpo perde a consistência inicial. O ventre
se achata e os ossos se livram dos tecidos,
ficando como se estivessem soltos.
Sinais tardios conservativos (natural)
• SAPONIFICAÇÃO
Formação de adipocera (massa branca, mole,
quebradiça que se forma nos diversos tecidos e
órgãos dos cadáveres), protegendo de
microorganismos externos. Ocorre
principalmente nos cadáveres inundados em
lugares úmidos e com má ventilação (valas
comuns).

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Aula 8
Segredo profissional
Introdução
• Importância do segredo profissional
É importante para que haja uma confiabilidade
entre paciente e profissional.
• Escolas doutrinárias do segredo profissional
a) Absolutista
Diz que o segredo tem que ser em absoluto, ou
seja, tudo o que é ouvido e percebido durante
a relação profissional-paciente deve ser
guardado a todo custo.
b) Abolicionista
Diz que o segredo profissional não pode existir,
em hipótese alguma, ou seja, tudo o que é
revelado deve ser comunicado em benefício do
avanço da ciência.
c) Eclética, Relativista ou Intermediária
Alguns segredos são obrigados a serem
guardados, enquanto outros são obrigados a
serem revelados. Em alguns casos podem ou
não serem revelados, ficando a critério do
profissional.
Definições
• Segredo: é o dever e o direito que todo
indivíduo tem de conservar oculta alguma
coisa que assim deva permanecer.
• Segredo odontológico: é o dever moral, a
obrigação legal, e prerrogativa social que tem
o cirurgião-dentista de silenciar sobre tudo o
13
que possa ver, ouvir, observar e perceber,
durante o exercício da profissão.
Segredo profissional no texto dos códigos
1) JURAMENTO DE HIPÓCRATES
“Prometo... penetrando no interior das
famílias, meus olhos serão cegos, minha língua
calará os segredos que me forem revelados”.
2) CÓDIGO DE ÉTICA ODONTOLÓGICA
Capítulo II. Dos Direitos Fundamentais
Art. 3º - II: resguardar o segredo profissional.
Capítulo III. Dos Deveres Fundamentais
Art. 4º - IV: guardar segredo profissional.
Capítulo VI. Do Sigilo Profissional
Art. 9º - constitui infração ética:
I. Revelar sem justa causa, fato sigiloso de que
tenha conhecimento em razão do exercício de
sua profissão.
II. Negligenciar na orientação de seus
colaboradores quanto ao sigilo profissional.
3) LEI PENAL
Art. 154. C.P
Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
que tem ciência em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação
possa produzir dano a outrem: pena –
detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa.
Parágrafo único: Somente de procede
mediante representação.
Art. 325. C.P
Revelar fato de que ciência em razão do cargo
e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação: pena – detenção de 6
meses a 2 anos, ou multa se o fato não constitui
crime mais grave.
 Hurian Machado – Odontologia UNIG
Art. 207. C.P.P (Código do Processo Penal)
São proibidas de depor as pessoas que, em
razão de função, ofício ou profissão, devam
guardar segredo, salvo se desobrigadas pela
parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho.
Art. 66. L.C.P
Deixar de comunicar à autoridade competente:
II. Crime de ação pública, de que teve
conhecimento no exercício da medicina ou de
outra profissão sanitária, desde que a ação não
dependa de representação e a comunicação
não exponha o cliente a procedimento
criminal. Pena – multa.
4) LEI CIVIL
Art. 144 C.C
Ninguém pode ser obrigado a depor de fatos, a
cujo respeito, por estado ou profissão, deva
guardar segredo.
Art. 229 C.C
Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:
I. A cujo respeito, por estado ou profissão, deva
guardar segredo.
Art. 406 C.P.C
A testemunha não é obrigada a depor de fatos:
II. A cujo respeito, por estado ou profissão,
deva guardar sigilo.
5) REVELAÇÃO POR JUSTA CAUSA
a) Código de Ética Odontológica
Capítulo VI. Do Sigilo Profissional
Art. 9º
1º Compreende-se como justa causa,
principalmente:
- Notificação compulsória de doença;
- Colaboração com a justiça nos casos previstos
em lei;
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- Perícia odontológica nos seus exatos limites;
- Estrita defesa de interesse legítimo dos
profissionais inscritos;
- Revelação de fato sigiloso ao responsável pelo
incapaz.
2º Não constitui quebra de sigilo profissional a
declinação de tratamento empreendido, na
cobrança judicial de honorários profissionais.
b) Interesse da justiça
- Os crimes em que a ação penal depende de
representação;
- Os crimes em que a comunicação do segredo
pode expor o paciente a procedimento criminal
(ou seja, o paciente poderá ser processado).
c) Doenças de notificação compulsória
Art. 268 C.P
Infringir determinação do poder público,
destinada a impedir introdução ou propagação
de doença contagiosa.
Pena: detenção de 1 mês a 1 ano e multa.
Parágrafo único: a pena é aumentada de um
terço se o agente é funcionário da saúde
pública ou exerce a profissão de médico,
farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
Art. 269 C.P
Deixar o médico de denunciar à autoridade
pública doença cuja notificação é compulsória.
Art. 169 C.L.T
Será obrigatória a notificação das doenças
profissionais e das produzidas por condições
especiais de trabalho, comprovadas ou
suspeitas.
6) REQUISITOS INDISPENSÁVEIS PARA A
EFETUAÇÃO DO DELITO DE VIOLAÇÃO DO
SEGREDO PROFISSIONAL
- Revelação do segredo;
- Conhecimento em razão da profissão;
- Ausência de justa causa;
 Hurian Machado – Odontologia UNIG

- Presença ou possibilidade de dano ao

paciente.

Referências bibliográficas:
• Material de apoio cedido pelos professores
da disciplina;
• Arbenz GO. Medicina legal e antropologia
forense. São Paulo: Atheneu; 1988.
• DARUGE, Eduardo. Daruge Júnior E,
FrancesquinI Júnior L. Tratado de
odontologia legal e deontologia. 2017.

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