Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
As metas ortodônticas, como harmonia facial, oclusão normal, eficiência da
função mastigatória e estabilidade da correção dentária, podem ser alcançadas por meio
da biomecânica ortodôntica/ortopédica que é individualizada para cada paciente.
Portanto, a indicação, construção e aplicação do aparelho ortodôntico são partes
essenciais para a obtenção dessas metas.
Um dos princípios biomecânicos fundamentais na movimentação ortodôntica é o
planejamento ou aplicação do sistema de ancoragem que o profissional utilizará no
aparelho ortodôntico.
A aplicação de uma força de intensidade adequada sobre um elemento dentário
desencadeia uma série de reações teciduais no ligamento periodontal e osso alveolar que
culmina com o movimento dentário. Toda ação de uma força tem uma reação de mesma
direção, intensidade e sentido contrário, de acordo com a Terceira lei de Newton. Estas
forças de reação em ortodontia são muitas vezes, indesejadas, pois provocam o
movimento dos elementos de resistência do sistema. Para minimizar, dissipar e/ou
impedir os efeitos indesejáveis destas forças de reação, a ortodontia utiliza dispositivos
intra e extra-orais que permitem que dentes ou grupos dentários sejam movimentados
enquanto os elementos de resistência permaneçam estáticos em suas posições. Estes
dispositivos aumentam a ancoragem oferecida pelos elementos de resistência.
Segundo VIGORITO (1986), a ancoragem pode ser definida como a resistência
que um ou mais elementos dentais oferecem à movimentação, quando submetidos à
aplicação de uma força de pressão ou de tração. Esta pode ser classificada em: mínima,
moderada ou máxima, dependendo de como o sistema atua na estabilização dos dentes
de apoio.
DENTES A MOVIMENTAR
FORÇA MOTRIZ
Para a montagem de cada arco, é preciso distinguir quais dentes serão utilizados
como apoio. Desses dentes se espera uma resistência que permita a atuação nos dentes a
serem movimentados.
POSIÇÃO DE RESISTÊNCIA
Uma vez identificados os dentes de apoio para a ancoragem, é preciso também
identificar a posição do dente, que pode aumentar ou diminuir a resistência e, portanto
aumentar ou diminuir a ancoragem.
Para aumentar a resistência dentária ao deslocamento mesial, deve-se inclinar as
coroas para a distal e as raízes para mesial. Neste fundamento, se utiliza a compensação
de 10° no molar de forma que aumente a curva de Spee, promovendo assim a inclinação
da coroa para a distal e das raízes para mesial.
Isto aumenta a resistência ao deslocamento mesial dos molares. Portanto, quanto
maior for a resistência de ancoragem desejada, maior deverá ser a inclinação dos
molares para trás. Esta inclinação é oposta àquela dos dentes posteriores em uma
oclusão normal.
Na técnica clássica, os casos são classificados em casos de mínima, média e
máxima ancoragem. Segundo a escola de Tweed, havia o que se chamava de preparação
de ancoragem, que consistia na realização de dobras de ancoragem (“Tip-Back”) que
serviriam para mesializar os ápices dos molares e pré-molares. Devido ao efeito binário
das forças, as coroas tendem a se distalizar e, desta forma, resistiriam às forças de
deslocamento para mesial.
VOLUME RADICULAR
Cervera descreve um método para medir o volume radicular dos dentes com
bastante aproximação. Tal método consiste em colocar uma proveta graduada com
volume de água que chegue, por exemplo, a 10cm³. Em seguida, introduz-se um dente
até o colo anatômico. Tendo em conta que a linha do colo anatômico é irregular, deve-
se introduzir o dente até a metade do colo anatômico, sendo que a outra metade ficaria
pra fora do nível da água. O deslocamento da água medido na graduação da proveta
representa o volume radicular. Além do volume, é necessário levar em conta o
comprimento da raiz. De acordo com a lei da alavanca, a resistência aumenta
proporcionalmente ao cubo do aumento do comprimento. Desta maneira Cervera pôde
medir as áreas de resistência que oferecem as raízes e obteve uma avaliação numérica
de relação das áreas de resistência de um dente com outros.
Unidade de Ancoragem = Volume da raiz x (Comprimento da raiz)³
TABELAS
RESISTÊNCIA ÓSSEA
MOVIMENTO MESIAL:
FISIOLÓGICO
IATROGÊNICO.
Para as correções dentárias temos que levar em conta a força distal fisiológica.
Esta é diferente tanto para os dentes anteriores superiores, como para os inferiores.
Quando os incisivos superiores estão inclinados distalmente ou apinhados,
significa que estão suportando duas forças. A primeira do lábio inferior. A outra seria a
força de fechamento recíproco do músculo orbicular superior contra o inferior.
Os dentes apinhados ou retruídos são a manifestação de uma força distal
fisiológica. A posição de protrusão dos dentes, por outro lado, representa a insuficiência
desta força distal.
Em alguns casos com overjet ósseo e dentário, o lábio inferior fica interposto e
modifica o equilíbrio da força distal fisiológica. Dessa forma, o lábio inferior atuará
apenas nos incisivos inferiores e no lábio superior, causando o efeito de protrusão
observado nos pacientes classe II 1ª divisão.
Nos casos de forte apinhamento e biprotrusão dentária e labial existe uma força
fisiológica distal intensa. Isto pode ser observado nos pacientes classe II 2ª divisão.
Nestes pacientes, a inclinação lingual dos incisivos superiores é causada pelo apoio
intenso e potente do lábio inferior, cujo bordo livre chega até o colo dos incisivos
centrais superiores.
Na sobremordida, a força distal fisiológica é causada pela ação do lábio inferior
apoiado nos incisivos superiores, os quais, através da sobremordida, retrui os incisivos
inferiores independentemente da ação do lábio inferior.
Dessa maneira, alguns casos de apinhamento são acompanhados de
sobremordida. Entretanto, há também casos de apinhamento sem sobremordida. Nestes
casos, a falta de espaço no comprimento do arco dentário causa o apinhamento dos
dentes que não ficam protruídos porque são sustentados pela ação do lábio inferior.
Uma forma de aproveitar a força muscular para ancoragem é o uso de P.L.A.
TOE IN
Um dos efeitos adversos mais freqüentes na mecânica ortodôntica é a rotação
mesial dos molares de ancoragem. As forças para distal aplicadas nos caninos através de
elásticos em cadeia, desde o bracket do canino até o tubo molar, produzem um momento
cuja resultante provoca a rotação em torno do longo eixo do molar.
Então, na construção pré-programada do tubo é feita a compensação anti-
rotação, que consiste em rotar o tubo pra vestibular entre 6° a 10°. Porém, esses 10° são
somente para manter a posição ideal do molar.
Dessa forma, quando é aplicada uma força de tração sobre o molar, para impedir
a rotação mesial, é feita um dobra denominada de “toe-in”. Isto significa que o extremo
do arco introduzido no tubo deve ser convergente para dentro e para trás.
TIP-BACK
A inclinação distal dos molares é um método clássico para aumentar a
resistência dos molares às forças de tração usadas para distalizar caninos. Esta
inclinação é classificada em três graus de preparação de ancoragem: leve 10°, média 20°
e acentuada 30°.
OMEGAS
Os ômegas incorporados aos fios de aço são colocados em contato com a mesial
do tubo molar e mantêm o comprimento do arco dentário. São utilizados tanto na arcada
superior como na inferior quando se deseja manter a posição dos molares.
ELÁSTICOS INTERMAXILARES
Os elásticos de classe II são anéis de látex especiais para ortodontia e produzem
força elástica intermaxilar recíproca. São colocados desde a área anterior da arcada
superior até a área posterior da arcada inferior.
A força dos elásticos de classe II se decompõe em dois vetores. O vetor de
decomposição vertical extrui os incisivos superiores e os molares inferiores. A extrusão
dos incisivos superiores aumenta a sobremordida enquanto que a extrusão dos molares
diminui a sobremordida. Então, as reações adversas da extrusão são compensadas na
arcada superior pela compensação oclusal anterior de canino de +10°, e na arcada
inferior com compensação anterior molar de +10°.
FIG.5.7 e fig.5.8
Os elásticos de classe III são o inverso dos elásticos de classe II.
ARCO LINGUAL
O arco lingual é utilizado como controle passivo de ancoragem nos casos de
extração de pré-molares inferiores. Na dentição mista, o arco lingual pode ser utilizado
quando se deseja aproveitar o espaço livre de Nance (ou espaço de deriva), impedindo o
movimento mesial fisiológico dos molares nesse espaço.
QUADRI HELIX
Desenvolvido por Ricketts na década de 60, é um aparelho de expansão e
distorotação que também pode ser utilizado para controlar e aumentar a ancoragem.
IMPLANTES
A utilização de implantes como finalidade como finalidade de recursos de
ancoragem pode ser classificada em direta ou indireta, dependendo do local onde for
implantado.
A ancoragem direta consiste de implantes convencionais utilizados em locais
que após o tratamento ortodôntico suportarão próteses na substituição de dentes
ausentes.
A ancoragem indireta é quando se utilizam implantes em pacientes que não
apresentam ausência dentária e, portanto, o local escolhido deverá ser uma região dentro
ou fora do osso alveolar que não prejudique o elemento dentário.
BIOTIPO HIPODIVERGENTE
O tipo hipodivergente tem a máxima resistência de ancoragem posterior, porque
não existe a pressão mesial excessiva. A estrutura óssea muscular condiciona uma
oclusão resistente.
A ancoragem anterior está aumentada oferecendo grande resistência para dar
torque positivo nos incisivos.
BIOTIPO HIPERDIVERGENTE
O tipo hiperdivergente apresenta uma correlação de diminuição da ancoragem à
medida que aumenta a hiperdivergência. Esta diminuição de ancoragem é semelhante
para os dentes posteriores e anteriores. Está correlacionada com o aumento da pressão
mesial, incompetência labial, diminuição do espaço vertical posterior.
IDADE
DENTIÇÃO MISTA – Apresenta ancoragem diminuída devido a falta de
desenvolvimento radicular, falta de calcificação óssea e falta de força muscular
(Quanto menos idade menos ancoragem).
DENTIÇÃO JUVENIL – Apresenta uma ancoragem média e está relacionada ao
desenvolvimento radicular, a calcificação óssea e força muscular.
IDADE ADULTA – Apresenta uma ancoragem aumentada devido a maior
calcificação óssea e maior força muscular.
ESTADO PERIODONTAL
O estado periodontal influi muito na ancoragem à medida que o aumento na
perda periodontal, diminui a ancoragem. Os pacientes com periodonto sadio apresentam
mais ancoragem.
OCLUSÃO POSTERIOR
Na oclusão de Classe II molar a ancoragem está diminuída.
Na oclusão de Classe I molar a ancoragem está aumentada.
CLASSIFICAÇÃO
A) Ancoragem simples: quando o elemento dental não se movimenta de
corpo; apenas inclina a sua coroa.
B) Ancoragem estacionária: os dentes de apoio não devem ser
movimentados.
C) Ancoragem recíproca: quando dois ou mais dentes, sob ação de uma
força, se movimentam em diversas direções opostas, isto é, um de
encontro ao outro. É o que acontece nas retrações dentais.
D) Ancoragem passiva: é o estado inerte do próprio dente, que está ancorado
ao osso alveolar pelos ligamentos periodontais.
E) Ancoragem ativa: é a ancoragem proporcionada pela mecânica
ortodôntica, evitando o deslocamento de um ou mais dentes para
mesial, quando os mesmos estão servindo de apoio para a
movimentação de outros dentes.