Você está na página 1de 7

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Departamento de Prótese e Materiais Dentários


Enceramento Progressivo
Alunos: Alex Silva Rangel
Caroline Alves de Almeida
Kaisa de Paula Pereira

Máxima Intercuspidação Habitual como posição


terapêutica para coroas unitárias

Dezembro
2021
Introdução
“É importante que o cirurgião dentista tenha consciência dos princípios que regem uma oclusão
normal e ideal em dentes naturais, e quando necessário utilizar esses critérios no restabelecimento
de uma oclusão tornando-a funcional e estável” (FONSECA, 2015).

O que é MIH?

MIH é a relação da mandíbula com a maxila quando os dentes estão em máximo contato
oclusal,independente da posição condilar.Diferente da RC, a MIH depende totalmente dos
contatos dentários e independe da posição do côndilo.

Quais são as características da MIH?

Maior número de contatos dentários como já foi comentado, que não depende da posição condilar,
temos uma percepção neurológica que é proporcionada pelos proprioceptores, então é assim que o
paciente sente que atingiu a sua MIH, além disso a MIH é mutável , muda ao longo da vida do
paciente, ela pode ser modificada por exemplo quando o dentista realiza alguma restauração
dentária, quando o paciente faz um tratamento ortodôntico ou uma prótese.

Em reabilitações, as reconstruções da oclusão geralmente são extensas. A grande maioria das


superfícies oclusais e/ou palatinas sofrerá modificações. Sendo assim, existe a necessidade da
incorporação de uma oclusão ideal baseada em princípios: (1) transmissão de forças para o longo
eixo dos dentes posteriores; (2) contatos dentários posteriores bilaterais e simultâneos; (3) dimensão
vertical de oclusão adequada; (4) padrão de oclusão mutuamente protegida (PEGORARO, 2004). O
sucesso clínico e a longevidade dos tratamentos reabilitadores com prótese convencional ou
próteses sobre implantes estão diretamente relacionados ao controle biomecânico da oclusão
(ELLWANGER, M et al., 2011).
É fundamental saber a importância de uma oclusão estável e os critérios para que se possa
alcançá-la.

Quando vamos escolher a MIH como posição de trabalho?

● Próteses unitárias

● Próteses fixas unilaterais

● Próteses fixas superior e inferior no mesmo quadrante

● Restaurações

Na grande maioria da população vamos encontrar uma não coincidência entre as posições de RC e
MIH, a posição de RC é diferente da posição de MIH devido a presença do contato prematuro,
sendo assim, no momento que o paciente desliza daquele contato prematuro e a mandíbula escorrega
para frente, temos a posição de MIH e os contatos dentários estabelecidos. Normalmente um ou dois
contatos dentários acontecem na posição de RC e caracterizam os contatos prematuros. Existe uma
função reflexa do sistema neuromuscular que evita contatos prematuros, orientando a mandíbula
para uma posição dentária (MIH) na qual o côndilo não está em posição coincidente com RC.
Entretanto, esse desvio se enquadra bem na capacidade fisiológica de adaptação da maioria das
pessoas (SHILLINGBURG, H. T et al., 2007).
É interessante ressaltar que apenas 10% da população apresentam coincidência entre a posição
condilar de RC e a posição de Máxima intercuspidação dentária, e assim, quando existe essa
coincidência teremos uma Oclusão em Relação Cêntrica (ORC) (PEGORARO, 2004;
SHILLIMBURG, H. T et al., 2007).
Máxima intercuspidação habitual em coroas unitárias
Máxima intercuspidação Habitual

Posição variável podendo ser alterada por :


•Abrasão dental;
•Perda dental;
•Mobilidade dental;
•Tratamentos ortodônticos;
•Disfunção da ATM
•Tratamentos restauradores.

Ao se planejar a reabilitação do paciente com coroas unitárias deve-se levar em conta a Máxima
intercuspidação habitual, ou seja, o maior número possível de contatos entre os dentes superiores e
inferiores, deve-se preservar essa condição, para tal, podemos empregar o uso do ajuste oclusal.

•A MIH pode mudar quando a morfologia dental ou a posição dos dentes é alterada através
de dentística restauradora, próteses ou ortodontia (MOHL et al15,1989

Deve -se utilizar a MIH em:

● Restaurações e próteses unitárias em pacientes com maior número de dentes em oclusão; ●

Estabilidade oclusal;

● Ausência de patologias oclusais;

As principais patologias patologias relacionadas a oclusão sao mobilidade dentária, desgaste


dentário e lesões cervicais de origem não cariosa foram citadas pelo autor como sendo as
consequências.

A partir do momento que o paciente se acomoda na cadeira e necessita de algum


procedimento que pode interferir na oclusão é importante ficar atento a alguns fatores.
Primeiramente, deve-se fazer um exame clínico minucioso, verificar se ele tem alguma
anormalidade nos dentes ( desgastes excessivos, fraturas, interferências oclusais). Deve-se verificar
a oclusão do paciente, pedir para ele ficar em MIH e verificar se há o contato máximo dos dentes e
se tem alguma interferência ou algum dente que não esteja em oclusão. Depois o planejamento do
caso. Se estiver tudo ok, o sistema mastigatório estiver em harmonia, faz-se o procedimento,
conforme o planejamento, e no final ajusta novamente a restauração em MIH.

Quando procedimentos restauradores fixos menores são indicados (p. ex., uma coroa
unitária), é apropriado que a restauração seja confeccionada em harmonia com a condição oclusal
existente (Fig. 1). Consequentemente, a coroa é fabricada em MIH e colocada em harmonia com a
guia excêntrica existente. É difícil justificar a alteração completa de uma oclusão para uma
considerada mais favorável, quando o sistema mastigatório do paciente está funcionando sem
apresentar difi culdades. Entretanto, quando um paciente requer próteses fi xas extensas, a posição
mandibular ideal (RC) deve ser usada, independentemente da aparente tolerância do paciente à MIH
(Fig. 20-6). Duas considerações tornam isto apropriado: primeira, a MIH é completamente
determinada pelos contatos dentários. Durante a fase de preparação do procedimento, esses contatos
são eliminados, causando a perda da MIH original. Uma nova MIH pode ser estabelecida;
entretanto, não há evidência de que esta nova posição será igualmente tolerada pelo paciente.
Fig 1: O exame revela pouca necessidade de tratamento restaurador. O paciente não tem nenhum distúrbio funcional, a
oclusão dele está dentro da tolerância fisiológica. Em MIH não tinha interferências e tinha o máximo contato dos
dentes. Então, nesse caso mais simples, pode-se usar a MIH como referência, em harmonia com a oclusão existente. A
restauração de ouro fabricada para o primeiro molar inferior foi confeccionada para a posição de máxima
intercuspidação.
Fig 2: Nesse segundo caso, o paciente precisa de múltiplos procedimentos, ele apresenta: perda de estrutura dental,
restaurações deficientes, etc. Seria muito difícil usar a MIH como referência nesse caso por dois motivos principais: o
primeiro, a MIH é completamente determinada pelos contatos dentários. Durante o preparo das coroas, esses contatos
são eliminados, causando a perda da MIH original que ele estava acostumado. Uma nova MIH pode ser estabelecida;
porém, não é certo de que essa nova posição será igualmente tolerada pelo paciente. O exame revela a necessidade de
tratamento restaurador significativo. Ele deve ser realizado em uma posição articular ideal (relação cêntrica).

Quando a MIH é perdida, o tratamento mais aceitável é fazer uso da posição


músculo-esqueleticamente mais estável do côndilo como referência para se chegar a uma condição
oclusal estável. Segunda, esta posição também tem a vantagem da reprodutibilidade, o que pode
ajudar no desenvolvimento de uma condição oclusal muito precisa.
Considerações Finais

Para concluir, algumas reflexões importantes.

É extremamente importante antes de iniciar a confecção da restauração verificar a oclusão do


paciente. Infelizmente, muitas vezes o planejamento do caso começa errado porque a oclusão do
paciente não é verificada previamente. Quando a oclusão não é verificada e ela não é harmônica,
pode causar muitos traumas no paciente como a disfunção dos músculos mastigatórios, dores, dor
de cabeça, até mesmo dor no pescoço e nos ombros. Então, peça para o paciente ocluir, com os
dentes com máxima aproximação e verifica se há interferências oclusais. Se tiver, trate-as.

Se for uma coroa unitária, como é o tema do trabalho, verifica se não está alta, causando um contato
prematuro, verifica se o paciente está confortável e se não tem queixas sobre o procedimento.

“ O básico quando é bem feito faz uma grande diferença na vida do paciente.”
Referências Bibliográficas

Okeson, Jeffrey P. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão / Jeffrey P. Okeson ;


[tradução Roberta Loyola Del Caro... et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2008.

Souza, A. Filosofias da Relação Maxilo mandibular aplicadas às reabilitações protéticas, pesquisa


com educadores em odontologia. Uberlândia. 2008. Acesso em:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/16852/1/Ana%20Claudia.pdf.

SANTOS Jr J. Oclusão – Princípios e tratamentos. São Paulo. 1ed. Ed.


Quintessence, 2014, 244p

FRADEANI, M. Reabilitação Estética em Prótese Fixa – Análise Estética


(vol.1). Quintessence ed., 2006

Você também pode gostar