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Elaboração
Profa Claudia Gomes Ligocki
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE II
ORTODONTIA, FALA E MO................................................................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1
ORTODONTIA E IMPLICAÇÕES DE FALA E MOTRICIDADE............................................................................................ 5
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................15
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ORTODONTIA, FALA E MO UNIDADE II
Capítulo 1
ORTODONTIA E IMPLICAÇÕES DE FALA E MOTRICIDADE
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UNIDADE iI | Ortodontia, Fala e MO
Largo (2003) ressalta que a ação terapêutica será mais eficiente se possibilitar
a autorregulação do sistema, isto é, busca do equilíbrio: ser versus ambiente.
Para alcançar seus objetivos, a ortodontia e ortopedia buscam a cura de uma
anormalidade com a consciência do que se está tratando com os mecanismos
corretos disponíveis para o tratamento. O foco precisa ser o sistema estomatognático
como um todo e não somente com a má posição dentária.
1.1. Oclusão
Há uma colocação comumente aceita em fisiologia segundo a qual o normal não é o
único ponto, mas, sim, uma variação. Uma oclusão atraente, equilibrada, estável e
sã pode ser considerada normal, ainda que existam posições ligeiramente incorretas.
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Ortodontia, Fala e MO | UNIDADE iI
Classe I: quando há uma boa relação de crescimento entre maxila, mandíbula e
base craniana, ou seja, quando a cúspide mésio-vestibular do 1o molar superior
estiver articulando com o sulco vestibular do 1o molar inferior. As anomalias
encontradas nessa classe são referentes à posição, à forma e ao número de dentes.
Classe II: quando a mandíbula está mais para trás em relação à maxila e à base
craniana, o 1o molar superior encontra-se em topo com o molar inferior e, muitas
vezes, uma cúspide à frente do molar inferior, sendo que o ideal é que esteja uma
cúspide atrás. Essa classe apresenta duas divisões:
» divisão 1a: além dos molares estarem em classe II, os incisivos superiores
estão inclinados para vestibular – em direção aos lábios;
Nessa classe ainda temos a subdivisão, quando a Classe II ocorre apenas de um dos
lados da arcada – unilateralmente.
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Galvão (1996) apud Goldenberg (1998) afirma que o desequilíbrio oclusal nem
sempre é o resultado de um determinado fator etiológico. São vários os fatores
que podem interferir na oclusão normal. Podemos agrupá-los segundo sua origem
como hereditários, congênitos ou adquiridos:
» hereditários: caracteres patológicos que são passados dos pais para os filhos.
Por exemplo, mordidas abertas esqueletais, micro e macrognatia, problemas
relativos ao número e tamanho dos dentes etc;
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Entre os fatores, os adquiridos são os que podem ser detectados clinicamente pelo
fonoaudiólogo e, devido à sua abrangência, abordaremos dois importantes:
O uso da chupeta até os 3,5 anos de idade não produz, em geral, efeitos danosos
à oclusão. Para que efeitos prejudiciais venham a produzir-se, com respeito aos
hábitos em geral e à sucção em particular, é necessária a combinação de três
fatores, como duração, frequência e intensidade.
Outros hábitos importantes que podem originar má-oclusões são as pressões com
os lábios e a língua e a onicofagia. A interposição da língua entre os dentes e
o hábito de morder os lábios e roer unhas, geralmente, provocam desequilíbrio
funcional e consequente má-oclusão:
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atípica, em geral, é precedida de uma mastigação também atípica que, por sua
vez, é resultante de movimentos anormais de mandíbula e dos músculos que
tomam parte da mastigação. Assim:
» cáries: a restauração de dentes cariados se impõe, não só para evitar a dor
e a infecção, como também para a conservação da integridade dos arcos
dentários, da oclusão e do padrão mastigatório;
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Ortodontia, Fala e MO | UNIDADE iI
GRABER (1974) afirma que não há dúvidas de que os hábitos orais estão
associados às má-oclusões, mas, sim, se são fatores etiológicos ou apenas estão
relacionados, sendo a etiologia desconhecida; porém é necessária a associação de
três fatores que modificam o hábito: duração, frequência e intensidade. Menciona
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ainda que os hábitos não podem ser vistos isoladamente, principalmente sem
considerarmos os fatores genéticos, e que não costumam causar danos definitivos
se abandonados até os três anos de idade; eles normalmente agravam as
má-oclusões inerentes aos padrões faciais herdados.
Pizarro e Honorato (1981) consideram que há um equilíbrio entre as forças intra
e extrabucais em repouso e, quando se instalam os maus-hábitos orais, rompe-se
esse equilíbrio e se produzem diversos graus de transtornos dentomaxilares.
Consideram que o uso de mamadeira com bicos inadequados, o uso prolongado
de chupeta e a sucção digital podem ser causadores ou agravantes de má-oclusões.
Pesquisando 79 crianças de cinco anos, encontraram 81,1% de portadores de
maus-hábitos. Dessas observações, concluíram que há uma alta incidência
de maus-hábitos em pré-escolares com predominância no sexo masculino: a
associação entre dois ou mais hábitos é o habitual; a respiração bucal ( 31,4%)
e a deglutição atípica ( 27,3%) são os maus-hábitos predominantes; o uso de
chupeta, mamadeira, resfriados frequentes e hipertrofia das amígdalas são
as características mais frequentes; as sequelas mais comumente encontradas
foram a mordida aberta anterior, a compressão maxilar lateral e palato alto; os
maus-hábitos de interposição (dedo, por exemplo) apresentaram como sequelas
diastemas e má-oclusões focais.
São considerados como hábitos bucais deletérios as funções bucais que constituem
fatores etiológicos em potencial na deteriorização da oclusão e na alteração do
padrão normal de crescimento facial, como a respiração bucal, as funções anormais
da língua durante a deglutição, a fonação e postura, os hábitos prolongados de
sucção de dedo e/ou chupeta, entre outros. Ressaltam, entretanto, que tais hábitos
até a idade de 3 a 3,5 anos são considerados plenamente normais, fazendo parte do
desenvolvimento emocional da criança, não trazendo consequências prejudiciais
permanentes para a oclusão, pois até essa idade há uma forte tendência para a
autocorreção da má-oclusão, apesar de essa correção espontânea ser dependente
de vários fatores, tais como a competência da musculatura perioral e o padrão
respiratório. (SILVA FILHO et al.,1986 a; SILVA FILHO et al.,1986 b).
Moyers (1991) afirma que a sucção do polegar, bem como de outros dedos,
a interposição de língua, a onicofagia, a mordedura e a sucção dos lábios são
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Lino (1993) afirma que os hábitos são fatores etiológicos das má-oclusões e sugere
que sejam retirados o mais cedo possível, como manobra ortodôntica preventiva.
Bruer (1989) considera que uma criança que apresenta respiração bucal pode
apresentar alterações oclusais, mas que estas dependerão sempre da frequência e
da intensidade dela, bem como da disposição genética do paciente para sofrer em
maior ou menor grau as influências desse tipo anormal de respiração.
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Douglas (1988) afirma que a má-oclusão é uma causa de alteração na fala, assim,
80% dos indivíduos com má-oclusão apresentam. Ele relaciona, ainda, a mordida
aberta anterior severa e o prognatismo com distorções dos fonemas /f/ e /v/ e a
retrusão mandibular com distorções dos fonemas /p/, /b/, /m/, /s/ e /z/.
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