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Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto Executivo nº 44-A/01 de julho de 2001

Faculdade de Ciências da Saúde

MEDICINA INTERNA

PATOLOGIAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

Grupo nº: 11

Turno: Diurno

Ano: 3º

Curso: Medicina Dentária

Docente: Dr. R. Barros

Viana, Outubro de 2022


i
Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto Executivo nº 44-A/01 de julho de 2001

Faculdade de Ciências da Saúde

MEDICINA INTERNA

PATOLOGIAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

AUTORES:

1- Angélica Diogo
2- Celcia Cunha
3- Chelcia Neto
4- Conceição Vemba
5- Claudiana Gonçalves
6- Dusilvia Cosme
7- Juliana Tekadiomona
8- Rodrigo Milagre
9- Telma António
10- Vivalda Pedro
11- Voca Luís
12- Zurema Sawuanuque

Viana, Outubro de 2022

ii
EPÍGRAFE

“Quem estuda medicina sem livros, navega num mar desconhecido, mas quem estuda medicina
sem pacientes, não vai ao mar”.

- William Osler

iii
RESUMO

O presente trabalho tem como Objetivo Geral: “Avaliar as Principais Patologia do


Aparelho Respiratório e o seu Impacto na Atualidade”. As doenças respiratórias provocam uma
série de irritações e inflamações em todo o Aparelho Respiratório, podendo causar também
obstrução das vias aéreas, dificultando a respiração. Algumas doenças podem começar pelo nariz
ou traqueia, espalhando-se para outras regiões, ou então, elas permanecem apenas os pulmões.
Neste trabalho, fizemos uma breve descrição das seguintes patologias: Insuficiência Respiratória
Aguda e Crônica, Bronquite Crônica, Enfisema Pulmonar, Asma Brônquica, Doenças
Profissionais, Corpos Estranhos nas Fossas Nasais e Câncer do Pulmão, principalmente quanto ao
seu diagnóstico, sintomas e tratamento. De salientar que, existem diferentes fatores que estão
associados a cada tipo de patologia, por isso, reforça-se o quanto é importante ficar atento aos
sintomas e também seguir corretamente o tratamento e os meios de prevenção de uma
determinada doença.

Palavras-Chave: Insuficiência Respiratória Aguda e Crônica; Bronquite Crônica; Enfisema


Pulmonar; Asma Brônquica; Doenças Profissionais; Corpos Estranhos nas Fossas Nasais e
Câncer do Pulmão.

iv
ABSTRACT

The present work has as General Objective: "To evaluate the Main Pathology of the
Respiratory System and its Impact on Current Affairs". Respiratory diseases cause a series of
irritations and inflammations throughout the Respiratory System, which can also cause airway
obstruction, making breathing difficult. Some diseases can start with the nose or trachea,
spreading to other regions, or else, they remain only the lungs. In this work, we made a brief
description of the following pathologies: Acute and Chronic Respiratory Failure, Chronic
Bronchitis, Pulmonary Emphysema, Bronchial Asthma, Occupational Diseases, Foreign Bodies
in the Nastic Fosses and Lung Cancer, mainly regarding its diagnosis, symptoms and treatment. It
should be noted that there are different factors that are associated with each type of pathology, so
it is emphasized how important it is to be aware of symptoms and also to correctly follow the
treatment and means of prevention of a given disease.

Keywords: Acute and Chronic Respiratory Failure; Chronic Bronchitis; Pulmonary emphysema;
Bronchial asthma; Occupational Diseases; Foreign Bodies in the Nastic Fosses and Lung Cancer.

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vi
ÍNDICE

EPÍGRAFE......................................................................................................................................iii

RESUMO........................................................................................................................................iv

ABSTRACT.....................................................................................................................................v

INTRODUÇÃO................................................................................................................................1

OBJECTIVOS..................................................................................................................................2

CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA...................................................3

1.1. PATOLOGIAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO...............................................................4

1.2. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA........................................................................................4

1.2.1. Insuficiência Respiratória Aguda......................................................................................6

1.2.2. Insuficiência Respiratória Crônica....................................................................................6

1.3. BRONQUITE CRÔNICA.........................................................................................................6

1.4. ENFISEMA PULMONAR........................................................................................................8

1.4.1. Sintomas do Enfisema Pulmonar.......................................................................................9

1.4.2. Causas do Enfisema Pulmonar..........................................................................................9

1.4.3. Diagnóstico e Tratamento do Enfisema Pulmonar..........................................................10

1.5. ASMA BRÔNQUICA.............................................................................................................10

1.6. DOENÇAS PROFISSIONAIS................................................................................................12

1.7. CORPOS ESTRANHOS NAS FOSSAS NASAIS..................................................................17

1.8. CÂNCER DO PULMÃO.........................................................................................................19

CONCLUSÃO................................................................................................................................21

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................23

ANEXOS........................................................................................................................................25

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viii
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema: “Patologias do Aparelho Respiratório”, onde


procuramos destacar as principais patologias que comentem o Aparelho Respiratório dos
indivíduos. Sabemos que, o Aparelho Respiratório é um conjunto de órgãos responsáveis pelas
trocas gasosas entre o organismo dos seres vivos e o ambiente, permitindo a respiração celular.

Por definição, Doenças Respiratórias são aquelas que podem afetar estruturas das vias
aéreas como nariz, laringe, faringe, traqueia e pulmão, podendo atingir todas as idades.
Normalmente, elas provocam irritação ou inflamação nessas estruturas, podendo também levar à
obstrução das vias aéreas e dificultar a respiração.

Essas doenças normalmente, estão diretamente ligadas ao nosso estilo de vida e a


qualidade de ar que respiramos. Isso significa que a exposição do organismo a agentes poluentes,
produtos químicos, cigarro e mudanças bruscas de temperatura, pode contribuir para o
aparecimento e agravamento da condição respiratória. Neste trabalho, destacamos algumas
patologias do aparelho respiratório, que geralmente o acometem, como:

 Insuficiência Respiratória Aguda e Crônica;


 Bronquite Crônica;
 Enfisema Pulmonar;
 Asma Brônquica;
 Doenças Profissionais;
 Corpos Estranhos nas Fossas Nasais;
 Câncer do Pulmão.

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OBJECTIVOS

GERAL:

 Avaliar as Principais Patologias do Aparelho Respiratório e o seu Impacto na Atualidade.

ESPECÍFICOS:

 Selecionar as Principais Patologias do Aparelho Respiratório;


 Descrever cada uma das principais Patologia do Aparelho Respiratório;
 Avaliar as Estatísticas de ocorrências das Principais Patologias do Aparelho Respiratório
na Atualidade.

2
CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

3
1.1. PATOLOGIAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

O Aparelho Respiratório é o conjunto de órgãos responsáveis pelas trocas gasosas entre o


organismo dos animais e o ambiente, ou seja, a hematose pulmonar, possibilitando a respiração
celular. De forma geral, o aparelho respiratório é responsável pela captação do oxigénio e a
liberação do gás carbónico para fora do corpo humano.

Mas, tal como os outros sistemas do organismo humano, o Aparelho Respiratório é


confrontado com certas patologias que comprometem o desempenho do nosso organismo, bem
como a prática das atividades cotidianas pelo ser humano. Algumas das principais patologias e
complicações que comprometem o Aparelho Respiratório, nomeadamente:

 Insuficiência Respiratória Aguda e Crônica;


 Bronquite Crônica;
 Enfisema Pulmonar;
 Asma Brônquica;
 Doenças Profissionais;
 Corpos Estranhos nas Fossas Nasais;
 Câncer do Pulmão.

1.2. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

A Insuficiência Respiratória ou Insuficiência Pulmonar é um distúrbio no qual o nível


de oxigénio no sangue fica perigosamente baixo ou onde nível de dióxido de carbono fica
perigosamente alto.

A Insuficiência Respiratória (IR) pode ser definida como a condição clínica na qual o
sistema respiratório não consegue manter os valores da pressão arterial de oxigênio (PaO2) e/ou
da pressão arterial de gás carbônico (PaCO2) dentro dos limites da normalidade, para
determinada demanda metabólica. Como a definição de IR está relacionada à incapacidade do
sistema respiratório em manter níveis adequados de oxigenação e gás carbônico, foram

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estabelecidos, para sua caracterização, pontos de corte na gasometria arterial, como se segue
(PÁDUA; ALVARES & MARTINEZ, 2003):

• PaO2 < 60 mmHg;


• PaCO2 > 50 mmHg.

A Insuficiência Respiratória pode ser classificada quanto à velocidade de instalação, em:


Aguda e Crônica. Quase todas as doenças que afetam a respiração ou os pulmões podem causar
insuficiência respiratória. A insuficiência respiratória pode ocorrer de duas maneiras:

- Quando o nível de oxigénio no sangue fica muito baixo (Insuficiência Respiratória


Hipoxémica). Uma causa comum da insuficiência respiratória hipoxémica e uma anormalidade
do tecido pulmonar, como a síndrome da angústia respiratória aguda, pneumonia grave, excesso
de líquido nos pulmões (por exemplo, causado por insuficiência cardíaca ou insuficiência renal)
ou fibrose pulmonar. Essas anormalidades comprometem a habilidade dos tecidos pulmonares em
absorver oxigénio do ar (PATEL, 2022). A insuficiência respiratória hipoxémica também pode
ocorrer se o fluxo sanguíneo nos pulmões se tornar anormal, como ocorre quando um coágulo de
sangue bloqueia uma artéria pulmonar (também chamada de Embolia Pulmonar).

- Quando o nível de dióxido de carbono no sangue fica muito alto (Insuficiência


Respiratória Hipercárbica). Na insuficiência respiratória hipercárbica, o nível de dióxido de
carbono fica alto demais, porque algo impede que a pessoa respire normalmente. Exemplos
comuns incluem: níveis baixos da hormona tiroidiana (hipotiroidismo), apneia do sono, sedação
por overdose de opioides ou álcool, bloqueio ou estreitamento das vias aéreas, lesão pulmonar,
lesão dos ossos e tecidos ao redor dos pulmões e fraqueza dos músculos que normalmente inflam
os pulmões (PATEL, 2022). O hipotiroidismo, a apneia do sono, a overdose de opioides ou o
álcool diminuem o reflexo inconsciente que leva a pessoa a respirar, já o bloqueio ou
estreitamento das vias aéreas pode ser o resultado de certas doenças como a asma, a doença
pulmonar obstrutiva crônica ou de objectos (corpos) estranhos inalados.

Outros exemplos incluem uma lesão no tórax ou pulmões ou fraqueza dos músculos do
tórax como em pessoas que apresentem Miastenia Grave, Síndrome de Guillain-Barre ou
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) podem inibir a respiração hipercárbica.

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1.2.1. Insuficiência Respiratória Aguda

A insuficiência respiratória aguda é uma emergência médica que pode resultar de


(PATEL, 2022):

 Doença pulmonar prolongada que piora subitamente;


 Doença pulmonar grave que se desenvolve subitamente em pessoas saudáveis em
outros aspetos. Um exemplo de doença pulmonar que se desenvolve subitamente é
a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda.

Na Insuficiência Respiratória Aguda, a rápida deterioração da função respiratória leva ao


surgimento de manifestações clínicas mais intensas, e as alterações gasométricas do equilíbrio
ácido-base, alcalose ou acidose respiratória, são comuns (PÁDUA; ALVARES & MARTINEZ,
2003).

1.2.2. Insuficiência Respiratória Crônica

A insuficiência respiratória crónica é um problema respiratório contínuo que pode resultar


de uma doença pulmonar prolongada como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (PATEL,
2022). Quando as alterações das trocas gasosas se instalam de maneira progressiva ao longo de
meses ou anos, estaremos diante de casos de IR crônica. Nessas situações, as manifestações
clínicas podem ser mais sutis e as alterações gasométricas do equilíbrio ácido-base, ausentes
(PÁDUA; ALVARES & MARTINEZ, 2003).

Vale salientar que, os quadros de Insuficiência Respiratória Aguda podem instalar-se


tanto em indivíduos previamente sadios como, também, sobrepor-se à Insuficiência Respiratória
Crônica, em pacientes com processos de longa data. Nessa última situação, o uso do termo IR
crônica, agudizada é aceitável.

1.3. BRONQUITE CRÔNICA


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A bronquite é uma inflamação dos brônquios (canais responsáveis por conduzirem o ar
inalado até nossos alvéolos pulmonares). Essa inflamação acontece quando os pequenos cílios
que revestem a parte interna dos brônquios param de eliminar o muco que reveste o aparelho
respiratório. É justamente esse acúmulo de muco que causa a inflamação, em que o principal
sintoma é a tosse. A bronquite, tal como os outros tipos de inflamação, pode ser classificada em
aguda (quando elas são mais curtas e sazonais) e crônica (quando os sintomas não desaparecem,
principalmente a tosse com expetoração mínima e clara, que acomete o paciente, especialmente
no período da manhã).

A bronquite crônica é uma doença pulmonar que acomete preferencialmente os brônquios


e bronquíolos pulmonares, que se desenvolve após anos de exposição prolongada a agentes
inalatórios nocivos (CDRA- Clínica de Doenças Respiratórias Avançadas, 2019). Os principais
agentes inalatórios nocivos, são: o tabaco, produtos de limpeza, queima orgânica, gases tóxicos
(comummente relacionados à indústria pesada) e poluição.

A bronquite crônica é uma inflamação dos brônquios pulmonares que persiste por mais de
três meses, mesmo com o tratamento adequado. Este tipo de bronquite é mais comum nos
fumantes e aumenta o risco de doenças como enfisema pulmonar, por exemplo (FRAZÃO,
2022). A bronquite crônica não é contagiosa, pois normalamente não ocorre como consequência
de infeções. Dessa forma, não há risco de contaminação quando se está próximo ao paciente
portador da doença.

O diagnóstico da bronquite crônica é feito pelo pneumologista baseado na história clínica,


hábitos de vida e sintomas apresentados pela pessoa, além de exames que avaliam o pulmão,
como raio-X de tórax, espirometria e broncoscopia (exame feito para avaliar as vias aéreas,
identificando qualquer tipo de alteração) (FRAZÃO, 2022). Assim, junto com a avaliação das
condições clínicas do paciente e seu histórico, os exames podem auxiliar, a fim de obter um
diagnóstico preciso. Desta forma, sugere-se que o paciente procure ajuda médica após dois meses
ou mais de tosse sem qualquer outra causa aparente (CDRA- Clínica de Doenças Respiratórias
Avançadas, 2019). Numa outra perspectiva, vemos que, os principais sintomas da bronquite
crónica incluem:

 Tosse com muco que dura pelo menos três meses;


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 Dificuldade para respirar;
 Febre, especialmente se existir infeção associada;
 Chiado no peito ao respirar (sibilo);
 Inchaço dos membros inferiores;
 Cansaço;
 Unhas e lábios podem apresentar-se arroxeados.

A bronquite crônica é causada principalmente pela exposição prolongada à poluição,


substâncias tóxicas ou que causam alergia. Além disso, fumantes crônicos tendem a desenvolver
esse tipo de bronquite.

O tratamento para a bronquite crônica é feito, geralmente, de acordo com os sintomas


apresentados pelo paciente. No caso de dificuldades respiratórias, o pneumologista pode
recomendar o uso de broncodilatadores, como o Salbutamol, por exemplo. Além disso, a
fisioterapia é muito útil para o tratamento da bronquite crônica, pois ela pode melhorar a troca
gasosa, melhorar a capacidade respiratória e eliminar secreções (FRAZÃO, 2022). A bronquite
crônica nem sempre tem cura, especialmente se o paciente for portador de alguma outra doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou se for fumante. Mas, se o paciente respeitar todas as
orientações do médico, haverá boas chances e cura para a bronquite crônica.

1.4. ENFISEMA PULMONAR

O Enfisema Pulmonar é uma doença obstrutiva crônica, resultante de importantes


alterações de toda a estrutura distal do bronquíolo terminal, seja por dilatação dos espaços aéreos,
seja por destruição da parede alveolar, ocasionando a perda da superfície respiratória, diminuição
do recolhimento elástico e hiperinsuflação pulmonar (PETTA, 2010). Basicamente, o Enfisema
Pulmonar é uma patologia onde os alvéolos (pequenos sacos de ar onde ocorrem as trocas
gasosas durante a respiração) vão sendo destruídos, reduzindo a superfície disponível para as
trocas gasosas e, portanto, diminuindo a quantidade de oxigénio que é transportado para o
sangue, o que dificulta a respiração.

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Partindo de observações em cortes necroscópicos superficiais de pulmões humanos,
Laennec, em 1834, descreveu o enfisema pulmonar como uma lesão decorrente da atrofia do
tecido pulmonar, resultante da hiperinsuflação. O Enfisema foi, então, redefinido como uma
“anormal e permanente dilatação dos espaços aéreos distais do bronquíolo terminal”. Essa
definição foi posteriormente modificada, incluindo-se “destruição da parede alveolar sem fibrose
evidente”.

1.4.1. Sintomas do Enfisema Pulmonar

Os sintomas são desenvolvidos, em geral, entre os 40 e os 60 anos, pois trata-se de uma


doença que pode não causar indícios durante anos. A queixa mais comum do paciente é a
dificuldade respiratória, que se vai instalando de modo gradual. Primeiramente, após a realização
de esforço físico e, nas fases mais avançadas, pode manifestar-se em repouso. Vemos também
que, a respiração torna-se mais ruidosa, podendo ocorrer pieira.

As unhas e os lábios tendem a adquirir uma coloração mais azulada ou acinzentada, o que
traduz a dificuldade de oxigenação das extremidades do corpo, e pode causar dificuldade de
concentração e um aumento da frequência cardíaca, dado ao esforço que o coração realiza ao
tentar compensar o menor transporte de oxigénio. Há perda de peso associada, embora que nas
fases mais avançadas, pela inatividade que a doença obriga possa haver um aumento do mesmo.
Na ausência de tratamento, o enfisema pode associar-se a um colapso pulmonar, infeções
respiratórias ou problemas cardíacos (Hospital CUF, 2020)

1.4.2. Causas do Enfisema Pulmonar

O Enfisema é uma das formas de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e tem
como principal causa o tabaco. De facto, o tabagismo constitui um grave problema de saúde
pública, sendo responsável por 90% dos casos de cancro do pulmão, 86% dos de bronquite e
enfisema, 25% dos processos isquémicos do coração e 30% dos cancros extrapulmonares.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, em Portugal estima-se que


sofram de DPOC 5,42% da população entre 35 e os 69 anos. A patologia atinge sobretudo
homens (porque há mais que fumam) do que as mulheres. Existem outras substâncias que podem
9
causar enfisema pulmonar, como a inalação de marijuana, a poluição do meio ambiente, o pó da
sílica e do alcatrão e alguns fumos industriais (Hospital CUF, 2020).

Há ainda uma forma hereditária do Enfisema Pulmonar, resultante da ausência de uma


proteína que protege as estruturas elásticas dos pulmões. A esse tipo de enfisema dá-se o nome de
Deficiência da Alfa 1-antitripsina.

1.4.3. Diagnóstico e Tratamento do Enfisema Pulmonar

Os exames normalmente utilizados para o diagnóstico do enfisema são a radiografia


torácica ou uma TAC pulmonar, exames laboratoriais que avaliam os níveis de oxigénio e de
dióxido de carbono no sangue e testes da função pulmonar que determinam o grau de
compromisso dos pulmões do paciente com enfisema.

Quanto ao tratamento, não há cura para o enfisema porque as alterações da estrutura


pulmonar são irreversíveis. O objetivo é aliviar os sintomas e retardar a progressão da doença. O
tratamento é sempre definido de modo personalizado e pode incluir medicamentos que ajudam a
reduzir ou parar o consumo de tabaco, broncodilatadores que melhoram a respiração ou
inaladores com corticoides que permitem uma respiração mais fácil.

Para além dos fármacos, pode ser necessário recorrer a um processo de reabilitação
pulmonar, onde se aprendem exercícios respiratórios que melhoram a qualidade de vida dos
pacientes e se definem estratégias nutricionais que ajudam a reduzir o peso, sempre que tal for
necessário. Nas formas mais avançadas do enfisema, o uso de oxigénio em casa, por vezes
durante 24 horas, pode ser relevante. A cirurgia está indicada em casos mais graves e possibilita a
remoção do tecido pulmonar danificado. O transplante é a solução de último recurso quando as
outras opções não foram eficazes (Hospital CUF, 2020).

De salientar que, algumas das formas de prevenção do enfisema pulmonar são a prática
regular de exercício físico, permitindo aumentar a capacidade pulmonar. Deve-se evitar o ar frio,
que provoca espasmo dos brônquios, agravando a dificuldade respiratória e ter especial atenção
às infeções respiratórias (Hospital CUF, 2020). O médico tem um papel muito importante na
indicação de quais vacinas serão úteis em cada caso.

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1.5. ASMA BRÔNQUICA

Uma das definições de asma brônquica, foi publicada no documento IV Diretrizes


Brasileiras para o Manejo da Asma, é a seguinte: “Asma é uma doença inflamatória crônica
caracterizada por hiper-responsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo
aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por
episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e
pela manhã, ao despertar.

Resulta de uma interação entre carga genética, exposição ambiental a alérgenos e


irritantes, e outros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos
sintomas”. Desta forma a asma brônquica é uma doença crônica, caracterizada por inflamação
da via aérea, hiper-responsividade brônquica e crises de broncoespasmo com obstrução reversível
ao fluxo aéreo. Um outro aspecto que pode ser incluído nesta definição diz respeito às alterações
anatomo-funcionais da via aérea inferior, chamadas em conjunto de remodelamento brônquico, e
que estão diretamente relacionadas à inflamação crônica da via aérea e ao prognóstico da doença
(SILVA, 2008).

A asma brônquica, de modo geral, é uma doença caracterizada pela inflamação difusa das
vias respiratórias, desencadeada por diversos estímulos deflagradores, que resulta em
broncoconstrição parcial ou completamente reversível. Os sinais e sintomas envolvem dispneia,
opressão torácica e desenvolvimento de sibilos (ORTEGA & IZQUIERDO, 2022). O
desenvolvimento e manutenção da asma dependem da ação de fatores externos variados em
indivíduos geneticamente predispostos e é considerada, em todo mundo, um problema de saúde
pública, devido a alta prevalência e custos socioeconómicos

A asma incide em qualquer idade, com predomínio na infância e adolescência. A


mortalidade por asma é baixa, mas apresenta uma magnitude crescente em diversos países. Nos
países em desenvolvimento, ela aumentou nas últimas décadas do século XX, correspondendo a
até 10% das mortes por causa respiratória, com elevada proporção de óbitos domiciliares.

Efetua-se o diagnóstico com base na história, no exame físico e nos testes de função
pulmonar. O tratamento envolve controle dos fatores deflagrantes e terapia medicamentosa, mais

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comummente com a inalação de beta-2 agonistas e corticoides. O prognóstico é bom com o
tratamento (ORTEGA & IZQUIERDO, 2022).

Vários fatores, ambientais, ocupacionais e individuais (genéticos) estão associados ao


desenvolvimento de asma brônquica. Os principais fatores externos associados ao
desenvolvimento de asma são os alérgenos inaláveis (substâncias do corpo e fezes de ácaros
domésticos, antígenos fúngicos, de insetos como baratas e de animais domésticos, além de
polens) e os vírus respiratórios, particularmente as infecções pelo vírus sincicial respiratório
(VSR) nos primeiros anos de vida. Poluentes ambientais como a fumaça de cigarro, gazes e
poluentes particulados em suspensão no ar, como as partículas provenientes da combustão do
óleo diesel, também parecem atuar como fatores promotores ou facilitadores da sensibilização
aos alérgenos e da hiper-responsividade brônquica em indivíduos predispostos (SILVA, 2008).

Na anamnese, deve-se procurar um ou mais dos seguintes sintomas: dispneia, tosse,


sibilância (chiado), sensação de aperto no peito ou desconforto torácico, particularmente à noite
ou nas primeiras horas da manhã. Esses sintomas são caracteristicamente episódicos, com
frequência e intensidade variáveis entre diferentes pacientes e eventualmente no mesmo paciente,
em diferentes épocas do ano (SILVA, 2008).

Os sintomas melhoram espontaneamente ou com o uso de medicações específicas para


asma (broncodilatadores ou anti-inflamatórios esteroides). Em lactentes e crianças pequenas, a
ocorrência de 3 ou mais episódios de sibilância no último ano chamam a atenção para essa
possibilidade diagnóstica, principalmente se houver história de asma materna, eczema na criança
e se os episódios não ocorrem apenas em associação com infeção de via aérea superior (IVAS).

1.6. DOENÇAS PROFISSIONAIS

A doença profissional ou ocupacional é aquela específica ao exercício ou à profissão do


colaborador, fruto da atividade. Ou seja, é aquela na qual a pessoa adoece devido ao seu trabalho
no dia a dia. Um exemplo fácil é pensar em doenças pulmonares que surgem pelo contato direto
com vapores e gases nocivos. Isso porque a doença profissional pode ocorrer, sim, pela exposição

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constante a agentes de risco como os vapores, gases e outros agentes físicos, químicos ou
radioativos e podem, inclusive, piorar quadros que já existem (VIEGAS, 2022).

A Doença Profissional resulta diretamente das condições de trabalho em que o indivíduo se


encontra, causando incapacidade para o exercício da profissão ou mesmo a morte. Neste trabalho,
citaremos alguns casos de doenças profissionais do aparelho respiratório, que geralmente são
provocadas pelo contacto com agentes químicos, de acordo com a Lista de Doenças Profissionais,
publicada através do Decreto Regulamentar nº 6/2001, de 5 de maio:

Factores de Risco
Sílica Tempo/ Prazo
(Código - 21.01)

Fibrose pulmonar consecutiva à


inalação de poeiras contendo sílica
10 anos
Doenças ou outras livre ou combinada, diagnosticada
manifestações radiograficamente;
clínicas e
Complicações Sílico-tuberculose; 10 anos
Caracterização
(prazo indicativo): Enfisema pulmonar e pneumotórax
10 anos
espontâneo;

Insuficiência cardíaca direita. 10 anos

Lista -
exemplificativa Todos os trabalhos que exponham à inalação de poeiras contendo sílica
dos trabalhos livre ou combinada, como, por exemplo:
suscetíveis de #Trabalhos com rochas ou minerais contendo sílica, nas minas, túneis,
provocar a doença pedreiras e outros locais;
#Fabricação e manipulação de abrasivos, pós de limpeza e outros
produtos contendo igualmente sílica;
#Trabalhos em indústrias siderúrgicas, metalúrgicas e mecânicas, nas
quais se utilizam matérias contendo sílica nas mesmas condições;
# Fabricação de carborundo, vidros, produtos refratários, porcelanas,

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faianças e outros produtos cerâmicos.

Factores de Risco
Amianto Tempo/ Prazo
(Código - 21.02)

Fibrose broncopulmonar ou lesões


pleurais consecutivas à inalação de
poeiras de amianto com sinais 10 anos
radiológicos e compromisso da função
Doenças ou outras
respiratória
manifestações
Insuficiência respiratória aguda 10 anos
clínicas e
Caracterização Pleuresias exsudativas 10 anos
(prazo indicativo) Tumores malignos bronco-pulmonares 10 anos

Insuficiência cardíaca direita 10 anos

Mesotelioma primitivo pleural,


5 anos
pericárdico ou peritoneal
Lista Todos os trabalhos que exponham à inalação de poeiras de amianto,
exemplificativa como, por exemplo:
dos trabalhos # Extração, manipulação e tratamento de rochas e minérios com
suscetíveis de amianto; #Utilização do amianto no fabrico de tecidos e materiais
provocar a doença isolantes e impermeabilizantes, de calços de travões e de juntas de
amianto e borracha, de cartão, papel e filtros de amianto e fibrocimento;
# Aplicação, destruição e/ou eliminação de produtos do amianto ou que
o contenham.

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Carvão, grafite, sulfato de bário,
Factores de Risco óxido de estanho, óxido de ferro,
Tempo/ Prazo
(Código - 21.03) talco, outros silicatos e sais de metais
duros
Doenças ou outras Pneumoconioses ditas de depósito,
manifestações reveladas por exame radiográfico e
clínicas e com insuficiência respiratória 5 anos
Caracterização comprovada por provas funcionais
(prazo indicativo respiratórias

Lista
exemplificativa Todos os trabalhos que exponham à inalação de poeiras, como, por
dos trabalhos exemplo, de carvão, grafite, sulfato de bário, óxido de estanho, óxido de
suscetíveis de ferro, talco, outros silicatos e sais de metais duros.
provocar a doença

Cortiça, madeira, berílio e seus


Factores de Risco compostos tóxicos, sulfato de cobre,
Tempo/ Prazo
(Código - 22.01) algodão, cimento, pesticidas, cereais,
farinha

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Granulomatose pulmonar com
Doenças ou outras
insuficiência respiratória, confirmada 1 ano
manifestações
por provas funcionais respiratórias
clínicas e
Caracterização
(prazo indicativo)
Insuficiência cardíaca direita 20 anos

Carcinoma pulmonar 20 anos

Todos os trabalhos que exponham à inalação de poeiras ou aerossóis


com acção imunoalérgica, como, por exemplo:
# Trabalhos em madeira; Trituração, peneiração e granulação de cortiça;
Preparação de ligas e compostos de berílio;
# Fabrico de cristais, cerâmicas, porcelanas e produtos altamente
refratários;
Lista
# Fabrico de lâmpadas incandescentes;
exemplificativa
# Operações de preparação dos fios de algodão;
dos trabalhos
# Sulfatagem de vinhas;
suscetíveis de
# Fabrico de cimento, de aglomerados, de pré-fabricados de cimento,
provocar a doença
ensacagem e transporte de cimentos;
# Trabalhos em aviários;
# Preparação, manipulação e utilização de pesticidas;
# Trituração de grãos de cereais e ensacagem de farinha;
# Sulfatagem (sulfato de cobre).

Factores de Risco Poeiras e aerossóis com acção


Tempo/ Prazo
(Código - 23.01) imunoalérgica e ou irritante

Doenças ou outras
Asma profissional 1 ano
manifestações
16
clínicas e
Caracterização
(prazo indicativo)
Lista
exemplificativa
Todos os trabalhos que exponham à inalação de agentes sensibilizantes
dos trabalhos
ou irritantes reconhecidos como tal e inerentes ao tipo de trabalho.
suscetíveis de
provocar a doença
Fonte: Lista Das Doenças Profissionais. Centro Nacional de Proteção Contra os Riscos
Profissionais. Decreto Regulamentar nº 6/2001, de 5 de maio.

1.7. CORPOS ESTRANHOS NAS FOSSAS NASAIS

Os corpos estranhos constituem um problema bastante comum, particularmente na


Otorrinolaringologia Pediátrica, que é frequentemente seguida por complicações, onde algumas
podem apresentar uma significativa gravidade.

O primeiro registro da retirada de um corpo estranho das vias aéreas pela broncoscopia
data de 18971. O procedimento foi realizado por um médico componente do corpo clínico da
Universidade de Friburgo, em Brisgau, na Alemanha. Ele iniciou sua carreira como especialista
em doenças do ouvido, do nariz e da garganta, mas, aos poucos, foi se dedicando exclusivamente
à Laringologia (BITTENCOUR & CAMARGOS, 2002)

Os primeiros anos de vida são, para a criança, uma fase de exploração e interação com o
meio ambiente. Quando a criança começa a mover-se por meios próprios (engatinhar e andar),
passa a ter acesso a uma grande variedade de objetos, que devem ser devidamente explorados.
Esse processo engloba, entre outras coisas, a colocação dos objetos em orifícios, como orelhas,
nariz e garganta. A displicência e falta de atenção dos pais, deixando ao alcance da criança
pequenos objetos e não vigiando adequadamente, contribui para a alta incidência de corpos
estranhos. Orelhas, nariz e garganta são os orifícios mais expostos, daí a alta incidência de corpos
estranhos dos mesmos (FIGUEIREDO & AZEVEDO, n.d.).

17
Podemos considerar que, na perspectiva de FIGUEIREDO & AZEVEDO (n.d): “Corpos
estranhos de fossas nasais são os acidentes mais observados em crianças de até 4 anos, sendo,
na maioria das situações, evitáveis com a observância de certos cuidados pelos pais”. Em
adultos, podemos verificar casos propositais e acidentais, sendo os primeiros (propositais)
raramente observados em fossas nasais em pacientes, sem distúrbios psiquiátricos. Os casos
acidentais são causados, na maioria das vezes, por insetos que penetram nas fossas nasais ou,
mais raramente, deslocamento de corpos estranhos da oro e hipofaringe para o cavum.

O diagnóstico é feito quase sempre pela rinoscopia anterior, mas a nasofibroscopia e


exames radiológicos podem ser úteis (FIGUEIREDO & AZEVEDO, n.d.). O diagnóstico também
é realizado pelo relato do acompanhante que presenciou a introdução do corpo estranho na
cavidade nasal, ou pela visualização deste com um espéculo nasal. Corpos estranhos nasais são
encontrados ocasionalmente em crianças jovens, pacientes psiquiátricos e deficientes mentais. Os
objectos comummente introduzidos no nariz incluem algodão, papel, pequenas pedras, contas,
grãos, sementes, insetos e baterias do tipo botão (que podem causar queimaduras químicas)
(FRIED, 2021).

Corpos estranhos animados de fossas nasais são bem mais raros do que os de orelha, com
especial atenção aos casos de miíase de fossas nasais. Este quadro é bastante frequente na
população de rua e em alcoólatras. As larvas promovem supuração e ampla destruição da mucosa
nasal, levando rapidamente à necrose da cartilagem septal e corneto. Sua extensão para as
cavidades paranasais e órbita é observada com certa frequência. O tratamento é feito com
debridamento cirúrgico extenso, preferencialmente sob anestesia geral, e antibioticoterapia
parenteral de largo espectro (temos preferência pela associação de ceftriaxona e oxacilina, mas a
cefalotina também pode ser empregada, bem como as Quinolonas de uso parenteral, como a
gatifloxacina) (FIGUEIREDO & AZEVEDO, n.d.).

É importante termos especial atenção aos casos de miíase de fossas nasais, pois é um
quadro de maior morbidade, com alta incidência de complicações, incluindo amplas destruições
do septo nasal e cornetos, bem como de complicações orbitárias e até mesmo neurológicas. O
paciente é submetido a um debridamento cirúrgico e antibioticoterapia parenteral, ficando como

18
sequela ampla perfuração septal. O uso sistêmico do antiparasitário ivermectina pode ser
cogitado.

Corpos estranhos nasais podem ser removidos em consultório, com um espéculo nasal e
uma pinça nasal de Hartmann. O preparo prévio da cavidade nasal com solução tópica de
fenilefrina pode auxiliar na sua visualização e remoção. Para evitar que se introduza na cavidade
nasal um objeto que seja liso e arredondado, é melhor que se alcance a porção posterior do objeto
com uma sonda de ponta romba e curva, e o puxe para frente. Às vezes a anestesia geral é
requerida, se tiver formado um rinólito, ou se houver o risco de deslocamento posterior do objeto
e aspiração deste, resultando em obstrução da via respiratória (FRIED, 2021).

1.8. CÂNCER DO PULMÃO

O câncer do pulmão é a principal causa de morte por câncer, tanto em homens como em
mulheres. Cerca de 85% dos casos estão relacionados ao tabagismo. A incidência de câncer de
pulmão vem diminuindo nos homens, nas últimas duas décadas, e começou a diminuir nas
mulheres. Essa tendência reflete a diminuição do número de fumantes nos últimos 30 anos
(KEITH, 2020).

O tabagismo é a principal causa do câncer de pulmão. O risco de desenvolver câncer do


pulmão varia com o número de cigarros fumados e o número de anos fumando. Ainda assim,
alguns fumantes compulsivos não desenvolvem câncer de pulmão (KEITH, 2020). Por esta razão,
o risco de desenvolver o câncer de pulmão diminui nas pessoas que param de fumar, mas ex-
fumantes continuarão a ter maior risco de desenvolver câncer de pulmão do que as pessoas que
nunca fumaram.

Dados indicam que cerca de 15 a 20% das pessoas que desenvolvem câncer de pulmão
nunca fumaram ou fumaram muito pouco. A causa de câncer de pulmão nessas pessoas é
19
desconhecida, mas pode estar relacionada com certas mutações genéticas. Outros fatores de risco
são a poluição do ar, fumar maconha, exposição à fumaça de tabaco e tabagismo passivo, além de
exposição de carcinógenos (como amianto, radiação, radônio, arsênico, níquel, cromatos, éteres
clorometila, gás mostarda ou emissões de forno de coque, presentes ou inalados no trabalho, o
uso exclusivo de fogueiras para cozinhar e aquecer, entre outros (KEITH, 2020).

O risco de câncer de pulmão relacionado a sistemas eletrónicos de entrega de nicotina,


como os cigarros eletrónicos, ainda não foi determinado, embora os médicos acreditem ser
provável que as substâncias geradas ao queimar o tabaco sejam a causa do câncer, em vez da
nicotina. Em casos raros, os cânceres de pulmão, especialmente o Adenocarcinoma e o
Carcinoma de Células Bronquíolo-alveolares (um tipo de adenocarcinoma também conhecido
como Adenocarcinoma in situ), desenvolvem-se em pessoas cujos pulmões apresentem cicatrizes
causadas por outras doenças pulmonares como a Tuberculose. Os fumantes que tomam
suplementos de betacaroteno também podem ter um risco maior de desenvolver o câncer de
pulmão (KEITH, 2020).

Os sintomas de câncer de pulmão dependem do tipo, da sua localização e da maneira


como ele se espalha dentro dos pulmões ou das áreas próximas a eles, bem como para as outras
partes do corpo. Um dos sintomas mais comuns é a tosse persistente ou, em pessoa com tosse
crônica, uma mudança nas características da tosse. Algumas pessoas expetoram sangue ou muco
com estrias de sangue (hemoptise). Raramente, o câncer de pulmão cresce em um vaso sanguíneo
subjacente e pode causar sangramentos graves (KEITH, 2020). Outros sintomas não específicos
do câncer de pulmão incluem perda de apetite, perda de peso, fadiga, dor torácica e fraqueza.

O Câncer de pulmão pode estreitar as vias aéreas, causando sibilos. Se um tumor bloquear
uma via aérea pode colabar, o que é chamado de atelectasia. Outras consequências das vias
respiratórias obstruídas são dificuldade respiratória e pneumonia, que pode causar tosse, febre e
dor torácica (KEITH, 2020). O câncer de pulmão pode se desenvolver em certos nervos do
pescoço, causando pálpebra caída, pupilas contraídas e transpiração reduzida em um dos lados do
rosto, onde em conjunto, estes sintomas são denominados de Síndrome de Horner.

20
Existem ainda outras regiões do corpo em que o câncer de pulmão possa invadir como o
coração ou centro do tórax (causando arritmias, obstrução do fluxo sanguíneo para o coração,
entre outros), compressão das grandes veias do tórax (Síndrome da Veia Cava Superior), esófago
(dificultando a deglutição), da corrente sanguínea para outras partes como: fígado, cérebro,
glândulas adrenais, medula espinal e ossos.

O diagnóstico do câncer de pulmão é baseado em exames por imagem (como radiografia


torácica, tomografia computadorizada-TAC, tomografia por emissão de pósitrons-PET), exames
microscópicos das células tumorais, teste genético do tumor e estadiamento (KEITH, 2020). Por
outra, o tratamento do câncer de pulmão pode ser realizado por meio de cirurgia, radioterapia,
quimioterapia e terapias direcionadas para câncer de pulmão (incluindo medicamentos que têm
como alvo específico os tumores pulmonares, como agentes biológicos).

CONCLUSÃO

Observou-se que, o Aparelho Respiratório é confrontado com certas patologias que


comprometem o desempenho do nosso organismo, e que influenciam em como o indivíduo
conseguirá realizar a prática das atividades cotidianas e a vivência da sua vida e geral. As
principais patologias do Aparelho Respiratório destacadas, foram: Insuficiência Respiratória
Aguda e Crônica, Bronquite Crônica, Enfisema Pulmonar, Asma Brônquica, Doenças
Profissionais, Corpos Estranhos nas Fossas Nasais e Câncer o Pulmão.

No decorrer deste trabalho, verificamos os seguintes pontos sobre as patologias do


aparelho respiratório citadas:

 A insuficiência respiratória ocorre quando o nível de oxigénio fica muito baixo ou quando
o nível de dióxido de carbono fica muito alto. Pode ser classificada em Aguda
(desenvolve-se de forma súbita como a Síndrome da Angústia Respiratória) e Crônica (é

21
contínua e pode resultar em uma doença pulmonar prologada como a Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica);
 Na bronquite Crônica ocorre a inflamação dos bronquíolos, sendo mais comum em
fumantes, aumentando o risco de se contrair outras doenças pulmonares como o Enfisema
Pulmonar;
 O enfisema pulmonar é parte do grupo das doenças obstrutivas crônicas, onde verificamos
alterações na estrutura distal do bronquíolo terminal, podendo ocorrer dilatação dos
espaços aéreos, destruição da parede alveolar, diminuição do recolhimento elástico ou
hiperinsuflação pulmonar;
 A asma brônquica resulta de uma inflamação difusa das vias respiratórias que é
desencadeada por diversos estímulos deflagradores, resultando em broncoconstrição
parcial ou completamente reversível;
 As doenças profissionais e os corpos estranhos, apesar de não serem uma patologia
específica, resultam de complicações que podem ocorrer no decorrer do tempo ou
acidentalmente, onde nas doenças profissionais, a pessoa adoece no decorrer do exercício
da sua profissão diariamente e, nos corpos estranhos, há a introdução de pequenos
objectos como algodão, papel, pedrinhas, grãos, entre outros, no interior das fossas nasais,
ocorrendo maioritariamente em crianças pequenas;
 Por fim, falamos do câncer do pulmão que tem como principal causa o tabagismo, onde o
risco de se desenvolver varia de acordo como o número de cigarros fumados e o número
de anos fumando.

22
BIBLIOGRAFIA

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23
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Disponível em: www.msdmanuals.com. Acesso em: 11 de nov. de 2022.

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25
ANEXOS

Figura 1- Corpos estranhos de fossas nasais (em sentido horário, a partir de superior esquerdo): botão, fragmento de brinquedo,
tampa de caneta, moeda.

26
Fonte: FIGUEIREDO & AZEVEDO (n.d.). Corpos Estranhos de Fossas Nasais: Descrição de
Tipos e Complicações em 420 Casos. Revista Brasileira de ORL, CRM 52 54140-9; CRM 52
54550-2.

Figura 2- Miíase de fossas nasais

Fonte: FIGUEIREDO & AZEVEDO (n.d.). Corpos Estranhos de Fossas Nasais: Descrição de
Tipos e Complicações em 420 Casos. Revista Brasileira de ORL, CRM 52 54140-9; CRM 52
54550-2.

Figura 3- Corpo Estranho em Fossa Nasal esquerda (milho).

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Fonte: www.arquivosdeorl.org.br

Figura 4- Representação do Câncer do Pulmão.

Fonte: Câncer do Pulmão: Uma Nova Esperança. Disponível em: www.gruposhbrasil.com.br.

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