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Anamnese odontológica

e exame clínico da pessoa


com doença respiratória
crônica

APOIO REALIZAÇÃO:
INSTITUCIONAL:
Créditos
Coordenação do projeto Professora-autora
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Ana Margarida Melo Nunes

Coordenação Geral da DTED/ Validadora Técnica UFMA


UNA-SUS/UFMA Cadidja Dayane Sousa do Carmo
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Validadoras Técnicas – Ministério da Saúde
Gestão de projetos da UNA-SUS/UFMA Ana Beatriz Souza Paes
João Pedro de Castro e Lima Baesse (Coordenação Geral de Saúde Bucal/SAPS)
Nicole Aimée Rodrigues José
Coordenação de Produção Pedagógica (Coordenação Geral de Saúde Bucal/SAPS)
da UNA-SUS/UFMA Laura Cristina Martins de Souza
Paola Trindade Garcia Caroline Martins José dos Santos

Coordenação de Ofertas Educacionais Validadoras Pedagógicas


da UNA-SUS/UFMA Paola Trindade Garcia
Elza Bernardes Monier Luana Martins Cantanhede

Coordenação de Tecnologia da Revisora Textual


Informação da UNA-SUS/UFMA Camila Cantanhede Vieira
Mário Antônio Meireles Teixeira
Designer Instrucional
Coordenação de Comunicação Elisa Miranda Costa
da UNA-SUS/UFMA
José Henrique Coutinho Pinheiro Designer Gráfico
Jackeline Mendes Pereira

COMO CITAR ESTE MATERIAL


NUNES, Ana Margarida Melo. Anamnese Odontológica e Exame Clínico do Paciente com
Doença Respiratória Crônica. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL
DO MARANHÃO. Assistência odontológica para pacientes com doenças crônicas não trans-
missíveis (DCNT) na Atenção Primária à Saúde (APS). Assistência odontológica para pacientes
com DCNT: doenças respiratórias crônicas. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021.

© 2021. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo Cruz & Universidade
Federal do Maranhão. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua
totalidade, nos termos da licença para usuário final do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (ARES).
Deve ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a autorização expressa dos seus autores,
conforme a Lei de Direitos Autorais-LDA. (Lei n� 9.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Sumário

Apresentação ..................................................................................................................... 4

1 ANAMNESE ODONTOLÓGICA ........................................................................................ 5

2 EXAME CLÍNICO .............................................................................................................. 8

2.1 Medicações de Uso Contínuo para Doenças Respiratórias Crônicas .................. 8


e os efeitos na cavidade oral

2.2 O atendimento odontológico do paciente com doenças respiratórias .............. 10


crônicas

2.3 Anestesia em Odontologia para pacientes com Doenças Respiratórias ........... 13


Crônicas

Considerações finais ....................................................................................................... 15

Referências ....................................................................................................................... 16
Apresentação
Olá, aluna(o)!

Os processos de anamnese e exame clínico são fundamentais para o


estabelecimento do melhor planejamento terapêutico, pois permitem conhecer a história
pregressa do paciente e suas necessidades atuais.

O atendimento odontológico de pacientes com condições sistêmicas, como as


doenças respiratórias crônicas, é bastante comum na Atenção Primária à Saúde (APS),
portanto, avaliar cuidadosamente o usuário e considerar suas particularidades são ações
importantes para tomadas de decisão quanto a escolhas de anestésico, melhor momento
para o atendimento e para conhecer possíveis condições bucais, relacionadas ao estado
sistêmico.

Pensando nisso, qual a melhor forma de você, cirurgião-dentista,


conduzir anamnese, exame físico, exame clínico para este paciente?
O que deve ser considerado?

Ao longo deste material, você conhecerá as etapas da anamnese, exame clínico,


principais efeitos colaterais do uso de medicamentos para doenças respiratórias crônicas
na cavidade oral e como esses aspectos podem interferir no processo de planejamento
terapêutico.

Boa leitura e bons estudos!

OBJETIVO
Ao final da leitura e estudo deste material, espera-se que você consiga reconhecer
o processo da anamnese odontológica e o exame clínico do paciente com doença
respiratória crônica.
1 ANAMNESE ODONTOLÓGICA
Relembrando o fluxograma do atendimento à pessoa com doenças crônicas na APS¹,
o acolhimento é o momento ideal para desenvolver habilidades de comunicação, para que
o usuário se sinta menos distanciado do profissional, tornando está uma relação mais
humanizada, por meios de falas, perguntas, posturas e gestos que sejam capazes de gerar
empatia, de modo a dar ao paciente mais autonomia para falar sobre a sua saúde. Neste
momento, a anamnese auxilia na construção de um bom relacionamento através da escuta
centrada na pessoa².

PARA SABER MAIS

Para compreender melhor o processo de comunicação centrada no paciente,


durante a consulta, leia o material: Habilidades de comunicação: abordagem
centrada na pessoa.

A anamnese é o processo de recordar o conjunto de informações que faz parte da


história clínica do paciente até o momento do exame, incluindo as histórias médica e
odontológica, a queixa principal ou o motivo da consulta atual, e a evolução da doença
atual³.

Para uma boa anamnese dos pacientes com doença respiratória crônica, é importante
investigar a história médica do paciente e avaliar a adesão do paciente ao tratamento,
identificar os agentes desencadeantes de crises respiratórias, identificar sinais e sintomas
presentes e presença de comorbidades3,4:

Investigação da história médica e avaliação da adesão ao tratamento

Diagnóstico das doenças respiratórias graves


Asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Doenças Pulmonares Ocupacionais,
Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono, Rinite, Hipertensão Pulmonar, entre outras.

Frequência e gravidade das crises respiratórias


Quando aconteceu a última crise? Quando foi hospitalizado ou precisou ser
atendido em serviço de urgência e emergência devido às crises respiratórias?
Possui restrições de alguma atividade por desconforto respiratório?

Medicamentos em uso para o tratamento de doenças respiratórias crônicas


e alergias
Medicamentos em uso: Faz uso de medicamentos imunosupressores (corticoides)
há quanto tempo? Apresenta alergia aos produtos de uso odontológico?

5
É importante identificar a adesão ao tratamento para doenças respiratórias crônicas,
pois uma boa adesão reduz a chance de intercorrências durante o tratamento odontológico.
Por isso, o período ideal de intervenção é quando o usuário está assintomático ou com a
doença controlada5.

• Identificação dos agentes desencadeantes de crises respiratórias

Condições sociais, ambientais e hábitos de vida, principalmente tabagismo e exposições


ocupacionais (inalação de materiais da combustão de resíduos de colheita, estrume e
madeira, assim como substâncias inorgânicas no local de trabalho)6.

• Identificação de Sinais e Sintomas

A identificação dos principais sinais e sintomas relacionados às doenças respiratórias


crônicas é importante para o planejamento odontológico. Portanto, seguem, abaixo, os
principais aspectos a serem identificados pelo cirurgião-dentista durante a anamnese e o
exame físico1,7:

.
Tosse
MA
: UNA-SUS/UF

Tosse produtiva ou cheia: produção de secreção pelas vias aéreas;


Tosse seca: sem produção de secreção.
Tipos de tosse: Aguda (até 3 semanas de duração);
Subaguda (3 a 8 semanas de duração);
nte

Crônica (mais de 8 semanas).


Fo

.
MA
: UNA-SUS/UF

Expectoração
Expulsão, por meio da tosse, de secreções provenientes da traqueia,
brônquios e pulmões.
onte
F

.
MA
: UNA-SUS/UF

Sibilâncias
Presença de chiado.
onte
F

.
MA
: UNA-SUS/UF

Hemoptise
Tosse com sangue.
onte
F

6
.
MA
: UNA-SUS/UF

Dor Torácica
Sensação de aperto.
onte
F

.
MA
: UNA-SUS/UF

Taquipneia
Aumento da frequência respiratória.
onte
F

.
MA
: UNA-SUS/UF

Dispneia
Falta de ar ou respiração difícil.
onte
F

.
MA
: UNA-SUS/UF

Respiração Bucal
Hábito de respirar pela boca.
onte
F

.
MA
: UNA-SUS/UF

Cianose
Coloração azulada na pele, região perioral, leito ungueal e de mucosas.
onte
F

.
MA
: UNA-SUS/UF

Baqueteamento digital
Pode estar associado, também, a doenças cardiovasculares e digestivas.
onte
F

7
• Presença de comorbidades

Investigar a presença de outras alterações sistêmicas (tuberculose, anemia falciforme,


esquistossomose, diabetes, cardiopatias, nefropatias etc.) que possam interferir na
elaboração do plano de tratamento1,3.

2 EXAME CLÍNICO
Em Odontologia, o exame clínico divide-se em extraoral e intraoral, o qual consiste no
exame das estruturas dentais, da gengiva, língua, mucosa jugal e dos palatos duro e mole8,
permitindo o reconhecimento dos sinais e sintomas das alterações encontradas no campo
bucomaxilofacial, ao mesmo tempo em que conduz o cirurgião-dentista na obtenção de
informações gerais da saúde do usuário.

Por exemplo, as doenças respiratórias podem estar associadas ao refluxo


gastroesofágico. Diante disso, deve-se considerar um maior risco ao desenvolvimento de:
erosões dentárias e hábitos parafuncionais, como o bruxismo em pessoas com Doenças
Respiratórias Crônicas9,10.

2.1 Medicações de uso contínuo para doenças


respiratórias crônicas e os efeitos na cavidade oral
Pessoas com doenças respiratórias crônicas podem ser dependentes de medicações
para a sua sobrevida, enquanto outras necessitam somente em período de crise em que
há a exacerbação da doença¹. Como alguns medicamentos prescritos para os indivíduos
com Doenças Respiratórias Crônicas (DCR) podem levar a alterações na cavidade oral,
o(a) cirurgião(ã)-dentista precisa estar consciente desses efeitos para um tratamento
odontológico adequado9.

Veja abaixo o quadro com medicamentos indicados à pessoa com DRCs e seus
possíveis efeitos orais:

Possíveis efeitos
Grupos de medicamentos Exemplos
na cavidade oral

• Loratadina
Antihistamínicos Xerostomia
• Dexclorfeniramina

• Beclometasona Budesonida
Corticoides inalatórios Candidose
• Fluticasona

8
Possíveis efeitos
Grupos de medicamentos Exemplos
na cavidade oral

• Prednisolona Hidrocortisona Uso crônico = hemorragias


Corticoides sistêmicos
• Metilprednisolona Candidose

Alteram fluxo e
• Formoterol
qualidade da saliva
• Salmeterol
Agonistas beta-2 Candidose
• Fenoterol
adrenérgicos Estomatites
• Salbutamol
Irritação na boca
• Terbutalina
e garganta

Anticolinérgicos • Brometo de Ipratrópio Xerostomia

Fonte: Adaptado: BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – ASMA. Portaria SAS/MS nº 1.317, de
25 de novembro de 2013. Ministério da Saúde, 2013.

É de suma importância o usuário entender

Fonte: Quimono, Pixabay.


sobre o seu tratamento e sobre o uso racional de
medicamentos. O cirurgião-dentista, assim como os
demais profissionais de saúde são responsáveis por
orientar os usuários para minimizar a baixa adesão ao
tratamento ou complicações mais severas devido ao
uso indiscriminado do fármaco.

É preciso cautela durante a prescrição medicamentosa, principalmente para pessoas


com acometimento sistêmico crônico. A polifarmácia está associada ao risco da gravidade
das reações adversas a medicamentos. Com risco de toxicidade acumulativa, erros de
medicação podem reduzir a adesão ao tratamento e aumentar a morbimortalidade10.

A interação com os medicamentos que o usuário já usa rotineiramente e outras


condições sistêmicas, como comorbidades renais ou hepáticas10, podem interferir na
absorção, biotransformação e eliminação do medicamento.

Na prática odontológica, algumas interações medicamentosas são conhecidas e


contraindicadas: metronidazol e álcool; metronidazol e lítio; eritromicina, claritromicina
ou metronidazol e anticoagulantes orais; antibióticos com contraceptivos orais;
anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) e antiagregante plaquetário, AINES e
hipoglicemiantes orais, anticoagulantes, anti-hipertensivos, ansiolíticos e drogas
depressoras do Sistema Nervoso Central. Essas associações podem inativar a absorção,
distribuição, biotransformação, excreção ou reabsorção das drogas9,10.

9
PARA SABER MAIS

Leia o artigo científico intitulado: Terapêutica medicamentosa em odontologia


para pacientes portadores de asma, de Borges KCAV e colaboradores, publicado
pela RvAcBO, em 2018.

2.2 O atendimento odontológico do paciente com


Doenças Respiratórias Crônicas
Para o atendimento odontológico, é importante considerar alguns aspectos
clínicos e fatores que podem exacerbar crises respiratórias. Veja, abaixo, uma lista com
recomendações para tornar a consulta mais confortável para este paciente3,11:
.
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ab
x
Pi
n.
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1. Solicitação de avaliação médica: Nos casos de pacientes


instáveis e sintomáticos.
Moha
e:

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Fo
.
e: Freepik

2. Aferição dos sinais vitais antes e após atendimento


odontológico: Pressão arterial sistêmica, frequência cardíaca,
frequência respiratória, temperatura e oximetria de pulso.
Font

y.
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3. Redução de estresse: Tranquilizar o paciente, tornar o ambiente
a
Pix

menos ansiogênico, evitando exposição de instrumentais


eniaPopova.

estressores. A literatura aponta haver associação entre asma,


alterações psicológicas e psicossociais, levando em consideração
a vida com restrições ou adoecimentos principalmente em
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crianças.
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Fo
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e: Freepi

4. Consultas curtas: Que minimizam o estresse e a ansiedade.


Font

10
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5. Solicitação de exames complementares em casos de


r8

procedimentos hemorrágicos: Hemograma e leucograma.


nte:
Fo

Pessoas em terapias com broncodilatadores precisam ser monitoradas no atendimento


odontológico, porque algumas destas medicações têm efeito estimulante cardíaco. Por isso,
desaconselha-se o uso de anestésico com vasoconstrictor adrenérgico nestes casos4. Além
disso, para os pacientes que usam broncodilatadores inalatórios, deve-se solicitar que usem
uma dose antes da consulta e que levem a medicação ao consultório odontológico, visto que
crises agudas podem ser desencadeadas no atendimento³.

Quando são identificadas crises agudas em pacientes com doença respiratória crônica
no dia do atendimento odontológico, existe a necessidade de modificar o planejamento do
atendimento, procurando o bem-estar do paciente para minimizar o risco de intercorrências
no atendimento odontológico¹.Vamos entender estas alterações de acordo com a gravidade
dos sintomas:

Asma

Pessoas com risco significativo: apresentam exacerbação de sintomas, mesmo


utilizando suas medicações de suporte.

Recomendações:
• Procedimentos eletivos devem ser adiados até a melhora do quadro de saúde;
• Em procedimentos cirúrgicos e infecciosos, avaliar a necessidade de técnicas de
sedação para redução de estresse, pois ela exacerba a sintomatologia da asma;
• Em procedimentos cirúrgicos mais complexos, a hospitalização deve ser
considerada5.

Pessoas com alto risco: apresentam sibilo audível,


tosse, ou infecção das vias aéreas superiores.

Recomendações:
• Procedimentos eletivos cirúrgicos em ambiente
hospitalar5 devem ser adiados até a melhora do quadro
de saúde. Os que apresentam broncoespasmo
devem ser imediatamente encaminhados
a atendimento médico5.
Fonte: UNA-SUS/UFMA.

11
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Pessoas com risco moderado: apresentam dispneia


de esforço; fazem uso de terapia intensiva utilizando
broncodilatadores, ou estão fazendo uso recente de
corticosteroides; usuários com hipoxemia menor
que 85 mm Hg5.

Recomendações:
• Evitar usar anestésicos com vasoconstrictores5;
• Realizar consultas curtas e avaliar os casos
de pacientes com hipoxemia em tratamento
cirúrgico hospitalar5. Fonte: Clker-Free-Vector. Pixabay.

Pessoas de alto risco: com sintomas de doença pulmonar obstrutiva crônica não
diagnosticada anteriormente; pessoas com infecção respiratória aguda; pessoas
com dispneia significativa em repouso ou coloração pulmonar e que requerem
oxigenoterapia intensiva; pessoas com retenção de CO25.

Recomendações:
• Procedimentos eletivos adiados em pessoas com infecções respiratórias agudas.
Considerar atendimento hospitalar em procedimentos de emergências5;
• Dividir a responsabilidade com o médico na prescrição de medicamentos pelo risco
de depressão respiratória5;

A redução da dispneia é um dos objetivos maiores a serem alcançados na terapêutica


da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Diversos instrumentos estão disponíveis para a
medida da dispneia, entre eles, a escala de dispneia do Medical Research Council modificada
(mMRC), que é usada para medir o grau de dispneia nas atividades cotidianas12.

A aplicação desse instrumento nos serviços de APS pode ser interessante, por permitir
ter um parâmetro do quanto a qualidade de vida e as atividades funcionais podem estar
comprometidas pela Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica12.

Observe, a seguir, a escala de dispneia do Medical Research Council modificada:

12
Classificação Características

Falta de ar surge quando realiza atividade física


Grau I
intensa (correr, nadar, praticar esporte).

Falta de ar surge quando caminha de maneira apressada


Grau II
no plano ou quando caminha em subidas.

Anda mais devagar do que pessoas da mesma idade


Grau III devido à falta de ar; ou quando caminha no plano,
no próprio passo, para.

Após andar menos de 100 metros ou alguns


Grau IV
minutos no plano, para de respirar.

Grau V Falta de ar impede que saia de sua casa.

Fonte: Adaptado de KOVELIS, Demetria et al. Validation of the Modified Pulmonary Functional Status and
Dyspnea Questionnaire and the Medical Research Council scale for use in Brazilian patients with chronic
obstructive pulmonary disease. Jornal Brasileiro de pneumologia, v. 34, n. 12, p. 1008-1018, 2008.

2.3 Anestesia em Odontologia para pacientes com


Doenças Respiratórias Crônicas
É importante o conhecimento dos cuidados da conduta anestésica odontológica de
pessoa com Doenças Respiratórias Crônicas, como: o conhecimento das drogas de uso
contínuo ou nas crises, assim como os sinais e sintomas apresentados pelo usuário no
dia do atendimento odontológico, que são determinantes na escolha do anestésico pelo
profissional10.
Leia, abaixo, algumas recomendações relacionadas à escolha dos anestésicos em
odontologia10:
• Aplicar técnica anestésica apurada, com injeção lenta, seringa carpule com aspiração
– com isso, evita-se a sobredosagem de medicação e a toxicidade por injeção intravascular;
• Avaliar as comorbidades, como doenças cardiovasculares e terapias com
broncodilatadores (são estimulantes cardíacos) e suas implicações na escolha anestésica;
• Pacientes asmáticos que realizam o uso contínuo de corticosteroides podem
desenvolver hipersensibilidade a sulfetos. Trata-se de um tipo de conservante utilizado
nos vasoconstrictores adrenérgicos presentes nos anestésicos locais odontológicos. Para
estes pacientes, recomenda-se anestésico sem vasoconstrictor ou com vasoconstrictor
não adrenérgico, como a felipressina.

13
IMPORTANTE

Não há contraindicação à conduta anestésica odontológica de pessoas com


doenças respiratórias crônicas quanto à base anestésica. Assim, para essas
pessoas, podem ser indicados os anestésicos locais compostos por lidocaína,
prilocaína, mepivacaína e outros. Entretanto, o que requer atenção para esse
grupo de pessoas é a seleção de um vasoconstrictor não adrenérgico, como a
felipressina3,10. Desse modo, a escolha final será pelo anestésico local do tipo
prilocaína combinado com o vasoconstrictor felipressina, exceto em grávidas
e pacientes com doenças hematológicas, devido ao risco de meta-hemoglobine-
mia.

14
Considerações finais

Ao longo desse recurso, você pôde conhecer os principais aspectos relacionados


à anamnese, exame clínico direcionado aos pacientes com doenças respiratórias
crônicas. Além disso, foram apresentados os principais efeitos colaterais na cavidade
bucal em decorrência do uso de medicamentos para doenças respiratórias crônicas
e as recomendações relacionadas à escolha dos anestésicos locais para estas
condições.

Com este conhecimento, é possível realizar o atendimento odontológico e um


melhor planejamento do tratamento odontológico para pacientes com doenças
respiratórias crônicas na APS.

Esperamos que o conteúdo aqui apresentado possa auxiliar na sua prática


profissional com vistas à integralidade do cuidado de pessoas com doenças
respiratórias crônicas.

Até a próxima!
Referências

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Doenças respiratórias crônicas / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2010. 160 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Aten-
ção Básica, n. 25.)

2. CERON, M. Habilidades de comunicação: abordagem centrada na pessoa.


Disponível em : https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unida-
des_conteudos/unidade24/unidade24.pdf

3. PICCIANI, B. L. S.; DICK, T. N. A.; CURTY, A. A.; MORANDI, J. L. J. B. In: Diretrizes


para atendimento odontológico de pacientes sistemicamente comprometidos.
Cap. 9,123-29, Quintessence: 2019, São Paulo.

4. WEDDELL, J. A.; SANDERS, B. J.; JONES, J. E. Problemas odontológicos em


crianças com necessidades especiais. In: McDonald and Avery. Odontopediatria
para crianças e adolescentes. Cap. 23, 456-82. Elsevier: Rio de Janeiro, 2001.

5. SONIS, S. T.; FAZIO, R. C.; FANG, L. Princípios e práticas de Medicina Oral. Guana-
bara Koogan. 2ª edição, Rio de Janeiro, 1996.

6. World Health Organization. Global surveillance, prevention and control of


Chronic Respiratory Diseases. A comprehensive approach. 2007. Disponível em:
https://www.who.int/gard/publications/GARD_Portuguese.pdf

7. BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Portaria SAS/MS


nº 1.317, de 25 de novembro de 2013 – ASMA. Ministério da Saúde, 2013.
Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/p-
cdt-asma-livro-2013.pdf
Referências

8. PEREIRA, J. C. B. Pneumopatias e doença de refluxo gastroesofágico. Rev Port


Pneumol, 2009; v.15 n.5; out.

9. LI, Yuanyuan et al. Associations among bruxism, gastroesophageal reflux disea-


se, and tooth wear. Journal of clinical medicine, v. 7, n. 11, p. 417, 2018.

10. CUNHA, F. L. Interações medicamentosas de interesse em Odontologia Espe-


cial. In: MAREGA, T; GONÇALVES, A. R.; ROMAGNOLO, F. U. Odontologia Especial.
Cap 8, 282-91. Quintessence, São Paulo, 2018.

11. SILVA, N. F. Associação entre variáveis psicológicas e asma: uma revisão de


literatura. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, 2012; v. 18, n. 2, p. 293-315.

12. KOVELIS, D. et al. Validation of the Modified Pulmonary Functional Status


and Dyspnea Questionnaire and the Medical Research Council scale for use in
Brazilian patients with chronic obstructive pulmonary disease. Jornal Brasileiro
de pneumologia, v. 34, n. 12, p. 1008-1018, 2008.
APOIO REALIZAÇÃO:
INSTITUCIONAL:

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