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1º Ten Al EDUARDO RÊGO BARROS MELO

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTES DA 3ª


IDADE: Sugestão de Protocolo

Trabalho de conclusão de curso apresentado à escola


de saúde de exército com requisito parcial para
aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço
de Saúde, especialização em Aplicações
Complementares às Ciências Militares

Orientador(a): Prof Dr Josué Alves

RIO DE JANEIRO
2009
M528a Melo, Eduardo Rego Barros
Atendimento odontológico a pacientes da 3ª idade: sugestão de
protocolo / Eduardo Rego Barros Melo. - Rio de Janeiro, 2009.
35 f. ; 30 cm.

Orientador: Josué Alves


Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de
Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações
Complementares às Ciências Militares, 2009.
Referências: f. 33-35

1.Odontologia. 2. Idosos. I. Alves, Josué. II. Escola de Saúde


do Exército. III. Título.

CDD 617.6
1º Ten Al EDUARDO RÊGO BARROS MELO

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTES DA 3ª


IDADE: Sugestão de Protocolo

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO

Prof Dr JOSUÉ ALVES – UPE


Orientador

TEN SIMONE MACEDO SOARES – Escola de Saúde do Exército


Avaliador

DR MÁRCIO MACEDO SOARES


Avaliador

RIO DE JANEIRO
2009
Dedico a todos que direta ou
indiretamente se beneficiarão com
esse trabalho.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pelo exemplo de vida e apoio incondicional que fez com que
eu chegasse até aqui.
À minha esposa, pela paciência e abdicação de tantas coisas e por saber
administrar tão bem à distância e a saudade muitas vezes incontroláveis.
Ao meu amigo e orientador Josué Alves, por sempre me incentivar na
profissão e pelo apoio para a realização desse trabalho.
À Ten Simone, pelo apoio a esta pesquisa.
Agradeço aos amigos e instrutores do CFO 2009, pelos momentos únicos
vividos. Dificuldades e alegrias que ficarão registrados para sempre na memória.
Finalmente, agradeço a DEUS, por ter trilhado minha vida sempre de maneira
correta.
RESUMO

Com o aumento da expectativa de vida da população mundial o número de idosos


crescerá cada dia mais nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estima-se
que, em 2025, no Brasil, o número de idosos chegará a quase 32 milhões,
correspondendo a 13,8% da população geral. O presente trabalho apresenta um
protocolo de atendimento odontológico para pacientes dessa faixa etária. O
aprimoramento técnico e científico dos profissionais da odontologia deve ser visto
como condição primordial para o atendimento dos pacientes idosos. O Exército
Brasileiro, com seu elevado número de pacientes com necessidade de tratamento
odontológico, principalmente os Militares e dependentes já acima de 60 anos,deve
ter a preocupação de padronizar o atendimento desses indivíduos seguindo um
protocolo para que esse tratamento seja realizado de forma mais rápida, segura e
menos onerosa para a instituição.

Palavras-Chave: Protocolo. Atendimento ao Idoso. Exército Brasileiro.


ABSTRACT

With the increase of world people’s life expectation the number of elderly will grow

every day in development and in development countries. There is an estimative in

Brazil that in 2025 the number of old people will be about 32 millions what

corresponding 13,8% of population. This work shows an odontological attending

protocol for patients in this age. The technical a scientifically elaborating of

odontology professions needs to be a fundamental condition for elderly people. The

Brasilian Army has lots of people who needs dental care specially militaries and

dependents over 60 years. Because of this, the Army must think in standardize the

oral attending for these patients trying to execute a treatment more fast, safe and

less onerous for the institution.

Key word: Protocol. Elderly People Attending. Brazilian Army.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 09
2. REFERENCIAL TEÓRICO 11
3. METODOLOGIA 22

3.1 MÉTODO 22

3.2 RESULTADOS 22

4. DISCUSSÃO 28

5. CONCLUSÃO 32

6. REFERÊNCIAS 33

1. INTRODUÇÃO

A população de idosos no mundo vem aumentando cada dia mais, devido á


melhoria das condições de vida, estratégias preventivas, programas de controle de
natalidade e o avanço da medicina. No Brasil, a população não é mais considerada
jovem, com aproximadamente 11 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Estima-
se que, em 2025, o número de idosos chegará a quase 32 milhões, correspondendo
a 13,8% da população geral. A possibilidade de uma vida longa para o ser humano
está ligada ás descobertas e transformações, principalmente no que diz respeito á
área da prevenção e cura, engenharia sanitária e urbana, avanços tecnológicos e
educacionais. Porém, este quadro não tem sido acompanhado por aumento da
qualidade de vida dos idosos. Envelhecer não deve significar, necessariamente,
declínio ou perda das necessidades e funções. (TERRA 2002)
De acordo com Silva et al. (2005), o envelhecimento faz parte de um processo
natural do organismo. Em muitos países, o grupo que cresce mais rapidamente é o
de idade mais avançada, refletindo o resultado de novas terapias, estratégias
preventivas e programas de controle de natalidade. Nesta etapa da vida, é comum
surgirem algumas limitações físicas, isto pode influenciar no aspecto psicológico
alterando a rotina de alguns pacientes e seus familiares.
Segundo Brunetti et al. (2002), a perda de elementos dentários tem
conseqüências em todos os órgãos do corpo, bem como no convívio social, que se
torna dificultado. A aparência física é, infelizmente, um fator de exclusão social.
Devido a essa crescente mudança, a odontologia vem buscando
aperfeiçoamento contínuo para que se possa direcionar o atendimento a essa faixa
da população. A preocupação com doenças sistêmicas próprias da idade avançada,
perfis psicológicos do idoso e com novas técnicas e tecnologias direcionadas a
esses pacientes são objetos crescentes de estudo da classe odontológica.
O cuidado diferenciado aos pacientes acima de 60 anos é o objetivo de vários
estudos que buscam uma melhora no atendimento desses indivíduos. Seguir um
protocolo é de fundamental importância para que o diagnóstico, planejamento e
execução de um plano de tratamento sejam realizados com sucesso viabilizando a
essas pessoas uma melhor qualidade de vida.
O objetivo do presente trabalho é o de apresentar ao Sistema de saúde do
Exército Brasileiro um protocolo de atendimento odontológico aos pacientes da 3º
idade, visando agilizar o tratamento destes, focando as peculiaridades para
indivíduos dessa faixa etária no que se refere ás doenças sistêmicas, limitações,
aspectos psicológicos e alterações da cavidade oral devido ao avanço da idade.
2. REVISÃO DE LITERATURA

De acordo com Silva et al. (2005), o envelhecimento faz parte de um processo


natural do organismo. Em muitos países, o grupo que cresce mais rapidamente é o
de idade mais avançada, refletindo o resultado de novas terapias, estratégias
preventivas e programas de controle de natalidade. Nesta etapa da vida, é comum
surgirem algumas limitações físicas, isto pode influenciar no aspecto psicológico
alterando a rotina de alguns pacientes e seus familiares.
A população brasileira não é mais considerada tão jovem, sendo composta
atualmente por aproximadamente 11 milhões de pessoas com mais de 60 anos de
idade e com uma previsão de ser quase 32 milhões (13,8% da população geral) em
2025, conforme (TERRA 2002).
A possibilidade de uma vida longa para o ser humano está ligada às
descobertas e transformações, principalmente no que diz respeito à área da
prevenção e cura, engenharia sanitária e urbana, avanços tecnológicos e
educacionais. Porém, este quadro não tem sido acompanhado por aumento da
qualidade de vida dos idosos. Envelhecer não deve significar, necessariamente,
declínio ou perda das necessidades e funções (TERRA, 2002).
No Brasil, existem centros de atendimento á população idosa referência não
somente para aqueles que necessitam de assistência, como para a interação entre
universidade e comunidade (SILVA et al, 2005).
São considerados Pacientes Especiais, aqueles que apresentem qualquer
tipo de condição que os façam necessitar de atendimento diferenciado por um
período ou por toda a sua vida. Nesse grupo estão incluídos os portadores de
doenças metabólicas como diabetes, alterações dos sistemas, como a hipertensão,
condições transitórias, como gravidez, pessoas que perderam sua condição de
normalidade como as vítimas de acidentes, os idosos, os deficientes mentais, entre
outros (RESENDE, 1998).
De acordo com Brunetti e Montenegro (2002) Geriatria é uma palavra que
vem do grego, geras: velhice, idoso e iatréia (iatrikos): cura. Em consenso pode-se
dizer que seja a medicina dos indivíduos idosos, envolvendo aspectos médicos,
psicológicos e socioeconômicos deste grupo populacional. Já a Gerontologia seria a
ciência que se preocupa com o envelhecimento e suas conseqüências nas áreas
biológicas, médica, psicológica e socioeconômica. No campo de atuação da
odontologia tem-se a Odontogeriatria, que é focada no atendimento das
necessidades de prevenção, cuidados e tratamento das diversas estruturas do
sistema mastigatório nos individuos de terceira idade. Dentro de seus requisitos
encontra-se o planejamento e a criação de normas e condutas para ações futuras.
Como sinonímias temos a Odontologia geriátrica, Gerodontologia, e a estomatologia
Geriátrica que podem ser usadas tanto como as definições acima citadas, como
para unidades de Ensino curricular.
Segundo Brunetti et al. (2002), a perda de elementos dentários tem
conseqüências em todos os órgãos do corpo, bem como no convívio social, que se
torna dificultado. A aparência física é, infelizmente, um fator de exclusão social.
Os distúrbios auditivos e visuais mostram-se como interferência social,
dificultando a comunicação, inclusive com os profissionais de saúde, modificando o
dia-a-dia do idoso e limitando seu convívio social (BERG; MORGENSTERN, 1997).
A auto-estima, segundo Montenegro et al. (1998), é hoje considerada razão
primordial para uma vida útil e feliz nos últimos anos de existência. Manetta et al.
(1998) enfatizam a importância da manutenção do sorriso para um melhor
relacionamento com o meio em que o indivíduo vive, tornando-o mais feliz, o que
melhora sua saúde geral.
O paciente geriátrico é um ser complexo, que vivenciou várias experiências e
passou por diversas mudanças ao longo de sua vida, sendo-lhe impostas limitações,
apesar da maturidade e sabedoria acumuladas. Essa complexidade deve ser
atendida por uma equipe interdisciplinar de profissionais, com um único propósito:
melhorar a qualidade de vida dos pacientes idosos. Na terceira idade, a razão para
muitos distúrbios físicos pode ser encontrada na esfera psicológica. Portanto,
aspectos fisiológicos devem ser observados e considerados em conjunto com o
psicológico do paciente, buscando atende-lo como um ser humano completo,
mesmo durante os procedimentos realizados somente na cavidade bucal, como no
atendimento odontológico. Várias são as alterações sistêmicas que se refletem em
manifestações bucais (SILVA et al. 2005).
De acordo com Fiamingui et al. (2004) classificar pessoas acima de 65 anos
Como um grupo homogêneo prejudica a forma de abordar e manejar este grupo. A
abordagem deve respeitar as características individuais de cada ser, não
generalizando conceitos e procedimentos. Assim, evita-se a criação de rótulos que
podem modular o atendimento oferecido a esses pacientes.
Sendo o envelhecimento uma fase tão importante da vida de um indivíduo, é
importante que se ofereça um tratamento especializado para o idoso, com
profissionais capacitados a compreender melhor os seus aspectos psicológicos,
odontológicos e comportamentais. (FIAMINGHI et al. 2004).
A qualidade de vida representa dignidade para a pessoa que envelhece. A
capacidade de se movimentar, quando possível, proporcionada por um estilo de vida
ativo permite autonomia. Isso significa independência para as suas atividades
diárias, o exercício do direito de ir e vir, a interação social e a participação ativa na
comunidade (FIAMINGHI et al. 2004).
Conhecer o paciente geriátrico como um todo e não somente sua boca é de
extrema importância para o cirurgião-dentista que se propõe a atender indivíduos
desta faixa etária. Noções de patofisiologia, das condições crônicas que acometem
esses pacientes e da farmacologia das drogas utilizadas são úteis ao profissional do
futuro, uma vez que o número de idosos vem crescendo em todo o mundo,
acarretando um aumento na demanda odontológica dessa parcela da população.
Como o desenvolvimento da Medicina, o tratamento de patologias e a prevenção de
doenças está sempre caminhando em benefício da comunidade, conseqüentemente
a expectativa de vida está aumentando e a população ficando mais idosa em
praticamente todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento do Mundo. A
Odontologia também está verificando que uma população de idade mais avançada
está procurando cuidados profissionais, onde a média dos profissionais, não está
capacitada para os tratamentos específicos para estas pessoas. Uma pesquisa feita
em uma população adulta confirmou que o número de dentes perdidos caiu de 4,9
em 1986 para 3,8 em 1996. Estudo recente mostra que a perda de dentes em
idosos, tem diminuído drasticamente, onde pacientes entre 76 e 85 anos de idade
tem em média 3,81 dentes a mais do que há dez anos. Aqueles com idade entre 36-
45 anos, 1,6 dentes a mais que há dez anos e entre 46-55 anos, 2,2. Pode-se
afirmar que ao contrário de seus pais, os idosos do futuro preservarão mais seus
próprios dentes. Estas pesquisas indicaram que em 1991, 11% dos adultos tinham
ao menos uma arcada desdentada, comparando a 1996 este número reduziu-se
para 7,4% (MONTENEGRO, MANETTA e BRUNETTI, 2009)
Segundo Vasconcelos et al (2007) a alta incidência de hipertensão (44,26%),
osteoporose (24,60%) e depressão (11,47%) mostram a necessidade de uma maior
atenção dos cirurgiões-dentistas quanto à saúde geral de idosos para melhor
atendê-los, como também interagir com o médico destes para estar atento a sua
saúde atual; podendo assim dar um atendimento individualizado e tomar as devidas
precauções. Para tanto, é necessário que o profissional busque informações sobre
esta população para estar preparado para atender pacientes com este perfil. O
cirurgião-dentista deve receber não apenas uma formação técnica, mas sim uma
formação que o prepare para participar como membro de uma equipe multidisciplinar
de saúde, capacitado para avaliar seus pacientes de forma global.
Segundo Dunkerson (2009) a terceira idade é um grupo heterogêneo devido
às diferenças em experiência de vida acumulada por cada indivíduo. Encontramos
idosos que variam muito quanto ao nível econômico, estado de saúde, nível cultural,
nível de motivação quanto à manutenção da saúde oral, etc. Tais diferenças devem
ser levadas em consideração quando do atendimento, pois podem afetar a
aceitação, o recebimento e o sucesso do tratamento.
No contexto de atenção interdisciplinar ao idoso, a participação do ci-
rurgião-dentista e do técnico em higiene dental ainda não é muito efetiva. A literatura
sobre a odontologia na prática interdisciplinar na terceira idade é quase inexistente,
havendo poucas menções de dentistas em equipes de assistência ao idoso. Uma
das razões dessa dificuldade de vivência interdisciplinar para a odontologia reside
na formação de base tecnicista, que privilegia o enfoque de superespecialização. É
uma visão limitada de postura odontológica intervencionista, que tem suas raízes
históricas fincadas em conceitos ultrapassados de saúde bucal desvinculada da saú-
de geral, sendo totalmente inadequada para o atendimento ao idoso. (SHINKAI;
CURY, 2000).
Especificamente no caso do atendimento odontológico ao idoso no Brasil, não
há, até o momento, estudos epidemiológicos amplos sobre as condições de saúde
bucal na terceira idade, o que impossibilita o estabelecimento de prioridades e o de-
senvolvimento de ações coerentes de assistência, principalmente em nível coletivo.
A esse quadro de desconhecimento epidemiológico, soma-se a falta de recursos hu-
manos capacitados para o atendimento odontológico de idosos. O estudo mais pro-
fundo dos aspectos geriátricos e gerontológicos em odontologia
Pode ser considerado recente, embora algumas disciplinas tenham-se dedicado a
problemas prevalentes na terceira idade, como o edentulismo e a doença periodon-
tal. Entretanto, na maioria das vezes, a abordagem a tais aspectos era realizada
sem o enfoque específico do processo de envelhecimento e de suas conseqüências.
A introdução da geriatria e da gerontologia na área odontológica vem sendo feita de
forma lenta e não sistematizada no Brasil e na maioria dos países em desenvolvi-
mento que estão passando pela transição demográfica. Mesmo nos países do Pri-
meiro Mundo, a odontologia geriátrica consolidou seu espaço apenas no final dos
anos 70 e na década seguinte. (SHINKAI; CURY, 2000).
Embora a atuação odontológica deva ocorrer em todos os níveis – promoção
de saúde, prevenção específica e reabilitação, por meio de medidas integradas entre
si e no contexto biopsicossocial do indivíduo –, a prevenção primária é destacada
como estratégia fundamental para a saúde bucal dos idosos. A Federação Dentária
Internacional (FDI) recomenda, para os países em desenvolvimento, a aplicação de
Serviços preventivos extensos para comunidades e a distribuição de recursos, quan-
do escassos, para a prevenção e a educação em lugar dos procedimentos restaura-
dores (FDI, 1993).
A dificuldade no atendimento do paciente idoso está ligada à deficiência
acumulada historicamente pelo sistema de saúde. Despreparo do sistema para
preencher as necessidades especiais dos idosos, a educação inadequada para
treinamento dos cirurgiões dentistas interessados em odontogeriatria e a má
distribuição dos dentistas em regiões mais carentes são algumas, entre várias, das
dificuldades encontradas no atendimento desses pacientes (DUNKERSON, 2009).
Uma vez que a saúde bucal é indissociável da saúde como um todo, fatores
gerais do indivíduo e do ambiente afetam o sistema estomatognático e vice-versa, o
que torna o conhecimento dessas interações de extrema importância para o diag-
nóstico das reais necessidades e prioridades do idoso, bem como para o delinea-
mento do plano de ação. Assim sendo, o trabalho com a terceira idade exige a for-
mação de uma ampla rede de conhecimentos de mão dupla (SHINKAI;CURY, 2000).
O atendimento adequado visa fazer com que o paciente se sinta bem
recebido e confiante quando na presença do cirurgião dentista e sua equipe. O
tratamento apropriado busca, acima de tudo, não causar danos, presentes ou
futuros, ao paciente, além de beneficiar a qualidade de vida do mesmo. O princípio
primeiro de alívio da dor e erradicação da infecção é valido para todos os pacientes,
independentemente da idade (DUNKERSON, 2009).
As novas características da população de terceira idade – capacidade física
de locomoção para atendimento (por cuidados de saúde geral mais eficientes
durante a vida) e uma melhor condição financeira (em face de um crescimento da
classe média somada a um decréscimo dos custos dos tratamentos odontológicos –
ampliando benefícios preventivos para um maior número de habitantes) acabaram
por gerar opções de tratamento odontológico mais abrangente para esta faixa etária
e que hoje são as mesmas propostas para as pessoas de meia idade, apenas
adequando-as ás condições específicas dos indivíduos atendidos nos ambulatórios
de universidades e consultórios particulares (BRUNETTI; MONTENEGRO, 2001).
Silva et al. (2002) lembra que o sistema estomatognático, relacionado
diretamente a funções vitais como mastigação, fonação, deglutição e respiração,
também percorre o caminho do envelhecimento. Com a avulsão de elementos
dentários, e abrasão dos dentes remanescentes, ocorre diminuição da dimensão
vertical, provocando queilite angular. A pele torna-se menos espessa e seca,
perdendo tônus muscular. As glândulas salivares reduzem em tamanho e função,
podendo promover o surgimento de xerostomia. Outra queixa pode ser a ardência
da mucosa bucal, originada por erosões e úlceras traumáticas propiciadas pela
diminuição do teor hídrico, fibrose e perda de elasticidade da mucosa. A língua é
outro órgão que, com o envelhecimento, provoca alterações tais como, aspecto liso,
plana e com atrofia de papilas; devido às condições resultantes da deficiência de
ferro ou de combinações de deficiências causadas por fatores nutricionais.
Silva e Júnior (2000) diz que apesar de não existirem doenças bucais relacio-
nadas diretamente à velhice, alguns problemas, como a diminuição da capacidade
mastigatória, a dificuldade de deglutição, a secura na boca, as modificações no pala-
dar e a perda de dimensão vertical (espaço medido da base do nariz à ponta do
queixo quando os dentes estão cerrados, com a boca fechada) têm efeitos cumulati-
vos negativos e prejudiciais para o indivíduo.
Assim, diagnosticados os potenciais problemas e riscos do paciente idoso, a
equipe odontológica pode tomar medidas preventivas específicas para cada caso,
como reorientação de higiene bucal, limpeza profissional, fluorterapia e uso de agen-
tes químicos antimicrobianos. Medidas preventivas mais agressivas e controle mais
rígido são, então, instituídos para pacientes com avaliação de alto risco por fatores
locais (diminuição do fluxo salivar), fatores sistêmicos (doenças incapacitantes) ou
deficiências cognitivas. O controle do ambiente bucal é a medida preventiva específi-
ca mais importante em idosos, principalmente para a prevenção de cáries dentais,
sejam coronárias ou radiculares, periodontopatias e infecções oportunistas, princi-
palmente por Cândida albicans. A remoção mecânica da placa bacteriana através de
escova e fio dental constitui um procedimento básico de higiene pessoal que não
deve ser negligenciado, tanto para pacientes dentados, como para os pacientes por-
tadores de próteses. A ausência e/ou deficiência de atos mecânicos possibilita o
acúmulo de uma placa bacteriana cada vez mais espessa, criando condições para o
desequilíbrio da microbiota residente bucal, que leva à destruição de tecidos duros e
moles.(SHINKAI;CURY, 2000).
Segundo Shinkai e Cury (2000) na literatura odontológica especializada rela-
tam-se os seguintes problemas de saúde bucal mais prevalentes no idoso: cárie co-
ronária e radicular, periodontopatias, edentulismo, desgastes dentais (atrições, abra-
sões e erosões), lesões de tecidos moles (ulcerações, hiperplasias inflamatórias
traumáticas e medicamentosas, infecções etc.), xerostomia, dores orofaciais, desor-
dens têmporo-mandibulares, problemas de oclusão e câncer bucal (não estão cita-
dos em ordem de prevalência ou de relevância clínica).
Nos elementos dentários as alterações observadas são: esmalte dentário so-
fre mudanças estruturais, o cemento torna-se mais espesso, o espaço pericementá-
rio e o ligamento diminuem ou desaparecem, fazendo com que o dente fique mais rí-
gido no alvéolo, e mais propenso a fraturas. A capacidade pulpar de resposta à injú-
ria diminui devido ao menor número de células e vasos, permitindo que os preparos
cavitários e próteses que não comprometeriam a polpa dos mais jovens possam le-
var a dano irreversível nos mais idosos (BRUNETTI; MONTENEGRO, 2002).
Shinkai e Cury (2000) relatam que Além da heterogeneidade biopsicossocial,
outro fator complicador para a assistência à terceira idade é a situação de complexi-
dade clínica freqüentemente encontrada com o envelhecimento: co-morbidade, me-
canismos de adaptação, vulnerabilidade orgânica, apresentação atípica de doenças
e maior suscetibilidade à iatrogenia.
Em relação ao tratamento odontológico do paciente idoso, inicialmente uma
longa e detalhada história médica deve ser analisada. Além da história médica, diá-
logos com seus médicos e análises constantes de relatórios, para saber se os proce-
dimentos planejados oferecem riscos aos pacientes. Esses diálogos devem ser per-
manentes para a melhor conduta durante o tratamento. Pacientes portadores de dia-
betes e hipertensão arterial devem estar sempre compensados durante todo o trata-
mento odontológico (BRUNETTI; MONTENEGRO, 2002).
Em seu estudo com pacientes geriátricos, Andreotti et al apud Brunetti;
Montenegro (2009) pontificam como fator de grande importância, o tempo da
consulta, onde pacientes debilitados não podem permanecer sentados por longo
período de tempo, e também sobre o horário da consulta (pacientes com doenças
cardiovasculares não devem ser atendidos antes das nove horas da manhã, pois
apresentam um maior risco de morte súbita no início da manhã), posicionamento do
paciente na cadeira odontológica (doenças cardiopulmonares, hérnias de hiato),
quantidade diminuída de vasoconstritor local (doenças cardiovasculares),
necessidade de cobertura antibiótica (pacientes com válvulas cardíacas
artificiais/histórico de endocardite prévia), e que diante destes quadros, o
planejamento protético deverá objetivar menor tempo clínico e com procedimentos
menos invasivos, e os aparelhos realizados devem permitir grande facilidade para
sua higienização bem como dos remanescentes dentários.
A presença de determinadas doenças sistêmicas pode favorecer o apareci-
mento, manutenção ou exacerbação de doenças bucais. O diabetes mellitus é uma
doença sistêmica que pode apresentar repercussões na cavidade bucal e tem taxa
de prevalência e co-morbidade associada ao aumento da idade do indivíduo. As ma-
nifestações bucais em diabéticos citadas na literatura incluem: doença periodontal,
hipossalivação, xerostomia, candidíase, ardor bucal, língua geográfica, língua fissu-
rada, líquen plano bucal, glossite romboidal mediana, aumento das glândulas paróti-
das, hálito cetônico, úlcera traumática, dentre outras (SOARES et al 2005)
Brunetti e Montenegro (2009) verificaram o planejamento de casos mais
complexos para pacientes idosos e orientaram analisar inicialmente o estado geral
da dentição, ou seja, a perda da estrutura de suporte, o risco de fratura das
cúspides, cáries, abrasão, migração, perda da dimensão vertical, alterações
pulpares com repercussão periapical, perfuração na raiz, fraturas, para
posteriormente apresentarmos o tratamento ao paciente. Deve também ser levado
em consideração o grau de interesse do paciente na manutenção dos elementos
dentários, seus cuidados relacionados à higiene bucal , poder realizar visitas
constantes ao consultório dentário e o custo de todo o tratamento proposto.
Brunetti e Montenegro (2009), afirmaram que o paciente idoso não tem
habilidade suficiente para manter uma boa higiene bucal, e que a placa dentária
pode causar dano em um período de 24 a 60 horas se não for eliminada. Ainda
deixam claro que este é o fator principal para o sucesso ou falha do tratamento
protético, seja ele fixo ou removível.
Kina citado por Brunetti e Montenegro (2009), estudando as alterações bucais
durante o envelhecimento, afirma que estas tornarão certos procedimentos clínicos
mais difíceis, limitando o prognóstico do tratamento protético e restaurador. O
esmalte dental apresenta-se mais maturado em decorrência de uma maior
deposição de fluoretos em sua superfície, deixando este esmalte com maior
resistência ao ataque de ácidos, que se por um lado o torna mais resistente ao
processo de cárie, mas também reduz a eficiência do ácido fosfórico em
desmineralizar o esmalte, quando sistema adesivos para restaurações em resinas
compostas estão sendo utilizados. Conseqüentemente o processo de cárie estará
relacionado mais com a superfície radicular, geralmente expostas por uma recessão
gengival fisiológica relativa à idade ,do que na superfície coronária. O autor afirma
que, a polpa dentária idosa torna-se mais suscetível ao dano irreversível, o que
contra-indicaria,ao menos teoricamente, a realização de tratamentos conservadores
da polpa dental na 3a idade . Há também redução no número de fibras nervosas,
aumento de dentina secundária e diminuição do volume pulpar, fazendo com que os
dentes de idosos tenham respostas alteradas a estímulos do ambiente e testes de
sensibilidade. Continuando o seu relato, o autor afirma que a quantidade de cemento
está relacionada diretamente com a idade do paciente, ou seja, quanto mais idoso o
indivíduo, maior será a espessura do cemento. Em decorrência desta constante
deposição de cemento, haverá aumento da espessura, não devendo esta, ser
confundida em avaliações radiográficas com hipercementose ou tumores de
cemento, os quais seriam processos patológicos que podem necessitar ou não
interferência profissional.
Mudanças no complexo dentino-pulpar estão presentes, onde inicialmente a
dentina torna-se mais esclerótica e menos elástica, com mineralização gradual da
dentina peritubular, podendo resultar em completa obturação dos túbulos
dentinários. Com uma deposição constante de dentina secundária e reparadora faz
com que haja um escurecimento gradual da coroa dental. Os canais radiculares
sofrem um estreitamento generalizado ao longo de sua extensão, porém, sua
obliteração total é rara. A redução no volume da câmara pulpar é verdadeiro, pois há
uma incidência maior de calcificação da polpa dos idosos também em decorrência
de inúmeros processos cariosos ou traumáticos por toda a permanência do dente na
cavidade bucal até esta idade . Outra característica de polpas mais velhas é a
diminuição no número e tamanho das células, diminuição no número de vasos
sangüíneos, associado a um aumento de fibras colágenas. (BRUNETTI;
MONTENEGRO, 2009)
Um dos maiores problemas ao atender os pacientes idosos e não tão comum
nos pacientes de meia idade, é a implicação ativa dos fármacos ingeridos com o
quadro bucal observado, como diminuição do fluxo salivar, sangramento gengival
espontâneo e lesões bucais diversas (BRUNETTI; MONTENEGRO, 2002).
De acordo com Souza, Santos e Silveira (2009) o envelhecimento é um pro-
cesso biológico natural, no qual as funções de diferentes órgãos tornam-se deficien-
tes, alterando a atividade dos medicamentos. A presença de diversas patologias
concomitantes também é comum, o que facilita a polifarmácia. A longevidade é cres-
cente, aumentando a incidência de doenças agudas ou crônicas, com considerável
aumento do uso de medicamentos. Isso pode associar- se a doenças iatrogênicas
aumento de hospitalizações. Como as prescrições são feitas por diferentes profissio-
nais, aumenta o risco de associações medicamentosas prejudiciais, e geralmente
não há esforço no sentido de formular esquemas de administração integrados, mais
cômodos para o paciente. Ainda segundo os autores os medicamentos mais consu-
midos incluem anti-hipertensivos, analgésicos, antiinflamatórios, sedativos e prepa-
rações gastrintestinais. Idosos na faixa de 65 a 69 anos consomem em média 13,6
medicamentos prescritos por ano, enquanto aqueles entre 80 a 84 anos podem al-
cançar 18,2 medicamentos/ano.
Frente às peculiaridades do paciente geriátrico, a prescrição medicamentosa
deve ser bastante criteriosa, de acordo com os princípios que se seguem: Realizar
adequada anamnese, revisando antecedentes médicos; Obter história medicamento-
sa completa, atentando para automedicação e associações medicamentosas; Pres-
crever apenas com indicação específica e cientificamente embasada, definindo cla-
ramente os objetivos da terapia proposta; Simplificar o regime medicamentoso,
quando possível; Iniciar com pequenas doses e adequar às respostas desejadas;
Adequar o esquema de administração às condições clínicas do paciente (insuficiên-
cia renal ou hepática, hipoalbuminemia etc.); Monitorizar cuidadosamente efeitos ad-
versos; Dar orientações repetitivas e certificar-se de que o paciente as incorporou;
Uma maneira que se mostrou eficaz foi o acompanhamento do paciente idoso por
farmacêutico clínico, demonstrando-se redução da prescrição de fármacos não apro-
priados e diminuição de efeitos adversos (SOUZA; SANTOS; SILVEIRA 2009).
Castro et al (2007) diz que ter uma visão do paciente como um todo, saber de
suas patologias e dos medicamentos que estão fazendo uso e estar bem familiariza-
do com a farmacologia são fatores muito importantes para realizar um tratamento
odontológico com sucesso em idosos.
3. METODOLOGIA

3.1. MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. A coleta do material foi


realizada através da literatura publicada e informatizada, de publicações nacionais,
estrangeiras e sites nacionais e estrangeiros.
3.2. RESULTADOS

3.2.1. Protocolo de atendimento

- Primeiramente o ambiente físico do consultório ou clínica deve ser


adequado para o tratamento de pessoas idosas muitas vezes com dificuldade de
locomoção. Deve haver portas amplas e o consultório deve ser modificado para que
exista a possibilidade de passagem de pacientes que utilizam bengalas, andadores,
cadeiras de rodas ou outros aparelhos.
- Locais especiais para estacionamento devem ser destinados a esses
pacientes.
- Rampas de acesso e banheiros modificados para pacientes especiais são
necessários.
- O ambiente deve ser tranqüilo para que o nível de estresse do paciente não
se eleve. A iluminação deve ser satisfatória, o piso não pode ser liso e os tapetes
devem ser fixos para evitar acidentes.
- Os móveis devem ter altura ideal para dar mais conforto e facilitar o sentar e
o levantar dos pacientes.
- Há a necessidade de existir materiais e medicamentos de primeiros
socorros.
- O pessoal auxiliar deve ser bem treinado para atender e auxiliar o dentista.
- O dentista deve ter conhecimento e experiência clínica para atender esses
pacientes.
- Consultas curtas devem ser priorizadas para esses pacientes em horários
adequados.

1ª CONSULTA (CONSULTA INICIAL)


- Anamnese
1. Queixa Principal
2. História Odontológica
3. Traçar perfil psicológico do paciente

- Considerar diversas patologias sistêmicas.


Atenção para: hipertensão, diabetes, ingestão de medicamentos, deficiências
motoras, visuais e auditivas, quadros de confusão mental, depressão, cardiopatias e
desordens crâniomandibulares.

• Paciente Hipertenso:
- Entrar em contato com o médico (geriatra ou cardiologista);
- Cuidados para diminuir o estresse e a ansiedade inerentes ao tratamento
odontológico;
- Diminuição do tempo das consultas e a realização destas no período matutino;
- Comunicação adequada com o paciente para diminuir a ansiedade quanto ao que
será realizado em cada consulta.

• Paciente Diabético:
- Consultar o médico do paciente;
- Em caso de diabetes descompensada não realizar procedimentos cirúrgicos
eletivos.

• Uso de Medicamentos
Grande parte dos pacientes idosos faz uso de múltiplos medicamentos, fato que
exacerba o risco de efeitos adversos e interação medicamentosa.
- Consultar o médico quando for necessário administrar algum fármaco aos
pacientes para evitar possível interação entre fármacos.

• Deficiências Motoras
Patologias como mal de Parkinson e artroses acarretam graves dificuldades
motoras, dificultando os procedimentos de higiene bucal, devendo o dentista
escolher um tratamento que viabilize melhor a higienização bucal.
• Deficiências Visuais e Auditivas
Quando o paciente apresentar essas deficiências o profissional deve estabelecer
vias alternativas de comunicação que possibilitem ao paciente ter plena consciência
dos fatos que acompanham o tratamento. Atitudes simples como utilizar letras
grandes e remover a máscara quando conversar com o paciente facilita a
comunicação entre o paciente e o profissional.
- Exame clínico
Completa e ordenada checagem dos tecidos moles e duros
Condição Bucal: Histórico Odontológico
Avaliação da higienização

• Extra-oral
- Assimetria facial
- limitações de abertura
- desvios mandibulares
- Alterações da dimensão vertical
- Padrões fonéticos

• Intra-oral
- Investigar a mucosa que reveste a cavidade bucal à procura de lesões.
- Lábios, mucosa jugal, palato,rebordos alveolares, o dorso, o ventre e as laterais da
língua.
- Exame dos elementos dentários e da oclusão.

- Exame Radiográfico
Excelente meio auxiliar do exame clínico. Diagnostica lesões, tratamentos
endodônticos, etc.

- Atender as emergências

2ª CONSULTA

TRATAMENTO INICIAL

Apresentar o plano de tratamento inicial e os planos de tratamentos alternativos, de


acordo com as expectativa e limitações do paciente.
O tratamento inicial envolve em ordem de execução:
1. Solução das emergências (dor e estética);
2. Orientação e motivação para a higiene bucal:
3. Tratamento periodontal não-cirúrgico
4. Cirurgias (exodontias e periodontais);
5. Tratamentos endodônticos;
6. Restaurações diretas;
7. Próteses provisórias.

Deve-se dispensar o número de consultas necessárias para cada caso, não se


esquecendo de realizar consultas de curta duração.

Se o paciente não portar ausências dentárias ou estas ausências não implicarem em


comprometimento das funções mastigatórias e/ou da estética, o tratamento inicial
será suficiente para sanar a condição de saúde bucal do indivíduo.

TRATAMENTO FINAL
- Confecção de prótese dentárias: próteses totais mucosuportadas convencionais ou
implanto-retidas, overdentures sobre dentes remanescentes, próteses parciais
removíveis, e próteses fixas convencionais e/ou implanto-suportadas.
- Os tratamentos planejados devem facilitar os procedimentos de higiene.
- Interação com profissionais de áreas afins como fonoaudiólogos e fisioterapeutas.

MANUTENÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS


- Higiene bucal e das próteses
- Orientar os pacientes e os seus familiares e/ou cuidadores quanto à manutenção
da higiene bucal.
- Estabelecer um esquema de consultas para controle.
- Cartilhas de orientação, com ilustrações, letras grandes e texto direto e
descomplicado, são auxiliares muito eficientes para a motivação do paciente,
familiares e equipe de apoio.
PLANO DE TRATAMENTO CITADO POR BRUNETTI e MONTENEGRO (2002)

CONDIÇÃO BUCAL EMERGÊNCIAS HISTÓRICO MÉDICO


Histórico odontológico - Acidentes - Condição de saúde atual
- Eficiência de higienização - Dor/queixas -
- Medicamentos em uso
- Situação periodontal/mobilidade Lesões por
próteses antigas - Condição cognitiva
- Análise cáries/estudo da sua
incidência - Coordenação neuromuscular
- Oclusão atual/atrição/hábitos - Habilidade manual em geral
- Mucosa/lingual/fluxo salivar - Acesso ao consultório
- Enfoque/expectativas sobre a - Motivação em viver
odontologia - Paciente permitiria - Entrevista inicial com familiares,
que outras pessoas fizessem parte acompanhantes e enfermagem -
ou toda higienização bucal?
Medir pressão arterial e pulso
CONSULTA(s)
INICIAL (ais)
Considerar ainda: Diálogo com Médico(s) do Paciente

- Achados em radiografias periapicais - Grau de freqüência ao(s) médico(s)


- Análise de modelos articulados - Opinião sobre paciente, sua condição
- Estado mental do paciente x cooperação médica geral e expectativa de vida
- Possibilidades econômicas/convênios provável
- Cooperação da família, auxiliares em - Cuidados para tratamentos
dieta e higienização adequada odontológicos: anestesia, cirurgias,
- A influência da xerostomia nas próteses prevenção/cobertura antibiótica para
propostas - Número de consultas previstas endocardites, horários e duração
para um tratamento ideal x estado geral do ideais das consultas
paciente - Discussão sobre efeitos bucais dos
- A elaboração de um plano de tratamento fármacos ingeridos/decisão comum
principal e outro(s) opcional(is) sobre trocas
- Estado atual de compensação
hipertensão/diabetes

PLANO DE TRATAMENTO INICIAL(ais) Fatores modificadores do


plano proposto: tanto do
- Apresentado(s) ao paciente com paciente como de familiares
familiares/acompanhantes presentes responsáveis pelo pagamento e
do profissional, após a
primeira apresentação
PLANO DE TRATAMENTO FINAL

Emergências remanescentes Em casos maiores:


Quando o caso envolver: Cirurgias/correções Na espera até iniciar defini-
Ensino e controle de higienização bucal teciduais Periodontia Acertar as próteses existentes para o padrão tivos, manter controles de
Conserto imediato de próteses Endodontia oclusal/extensões desejados para as higienização constantes.
inadequadas Dentística definitivas, para acomodação do paciente,
Condicionamento de tecidos Pequenos movimentos ortodônticos antes da confecção final (com condicionadores
Ajuste oclusal (se necessário) Ajuste oclusal pós-ortodontia tecido ou não)

do paciente como de
familiares, responsáveis pelo

TRABALHOS DEFINITIVOS

- Dar instruções de higiene específicas a paciente, familiares, acompanhantes, por escrito. –


Instituir programa de controles de acordo com características de CADA paciente.

FASE DE MANUTENÇÃO
4. DISCUSSÃO

De acordo com Fiamingui et al. (2004) classificar pessoas acima de 65 anos


Como um grupo homogêneo prejudica a forma de abordar e manejar este grupo. A
abordagem deve respeitar as características individuais de cada ser, não
generalizando conceitos e procedimentos. Assim, evita-se a criação de rótulos que
podem modular o atendimento oferecido a esses pacientes. Concordando com o
autor Dunkerson (2009) fala que a terceira idade é um grupo heterogêneo devido às
diferenças em experiência de vida acumulada por cada indivíduo. Encontramos
idosos que variam muito quanto ao nível econômico, estado de saúde, nível cultural,
nível de motivação quanto à manutenção da saúde oral, etc. Tais diferenças devem
ser levadas em consideração quando do atendimento, pois podem afetar a
aceitação, o recebimento e o sucesso do tratamento.
Contrapondo a idéia acima Brunetti e Montenegro (2001) dizem que as novas
características da população de terceira idade – capacidade física de locomoção
para atendimento (por cuidados de saúde geral mais eficientes durante a vida) e
uma melhor condição financeira (em face de um crescimento da classe média
somada a um decréscimo dos custos dos tratamentos odontológicos – ampliando
benefícios preventivos para um maior número de habitantes) acabaram por gerar
opções de tratamento odontológico mais abrangente para esta faixa etária e que
hoje são as mesmas propostas para as pessoas de meia idade, apenas adequando-
as ás condições específicas dos indivíduos atendidos nos ambulatórios de
universidades e consultórios particulares.
Silva et al. (2002) lembra que o sistema estomatognático, relacionado
diretamente a funções vitais como mastigação, fonação, deglutição e respiração,
também percorre o caminho do envelhecimento. Com a avulsão de elementos
dentários, e abrasão dos dentes remanescentes, ocorre diminuição da dimensão
vertical, provocando queilite angular. A pele torna-se menos espessa e seca,
perdendo tônus muscular. As glândulas salivares reduzem em tamanho e função,
podendo promover o surgimento de xerostomia. Outra queixa pode ser a ardência
da mucosa bucal, originada por erosões e úlceras traumáticas propiciadas pela
diminuição do teor hídrico, fibrose e perda de elasticidade da mucosa. A língua é
outro órgão que, com o envelhecimento, provoca alterações tais como, aspecto liso,
plana e com atrofia de papilas; devido às condições resultantes da deficiência de
ferro ou de combinações de deficiências causadas por fatores nutricionais.
Já Silva e Júnior (2000) diz que apesar de não existirem doenças bucais rela-
cionadas diretamente à velhice, alguns problemas, como a diminuição da capacida-
de mastigatória, a dificuldade de deglutição, a secura na boca, as modificações no
paladar e a perda de dimensão vertical (espaço medido da base do nariz à ponta do
queixo quando os dentes estão cerrados, com a boca fechada) têm efeitos cumulati-
vos negativos e prejudiciais para o indivíduo.
Em seu estudo com pacientes geriátricos, Andreotti et al apud Brunetti;
Montenegro (2009) pontificam como fator de grande importância, o tempo da
consulta, onde pacientes debilitados não podem permanecer sentados por longo
período de tempo, e também sobre o horário da consulta (pacientes com doenças
cardiovasculares não devem ser atendidos antes das nove horas da manhã, pois
apresentam um maior risco de morte súbita no início da manhã), posicionamento do
paciente na cadeira odontológica (doenças cardiopulmonares, hérnias de hiato),
quantidade diminuída de vasoconstritor local (doenças cardiovasculares),
necessidade de cobertura antibiótica (pacientes com válvulas cardíacas
artificiais/histórico de endocardite prévia), e que diante destes quadros, o
planejamento protético deverá objetivar menor tempo clínico e com procedimentos
menos invasivos, e os aparelhos realizados devem permitir grande facilidade para
sua higienização bem como dos remanescentes dentários.
Braun e Marcus citado por Brunetti; Montenegro (2009) verificaram o
planejamento de casos mais complexos para pacientes idosos e orientaram analisar
inicialmente o estado geral da dentição, ou seja, a perda da estrutura de suporte, o
risco de fratura das cúspides, cáries, abrasão, migração, perda da dimensão vertical,
alterações pulpares com repercussão periapical, perfuração na raiz, fraturas, para
posteriormente apresentarmos o tratamento ao paciente. Deve também ser levado
em consideração o grau de interesse do paciente na manutenção dos elementos
dentários, seus cuidados relacionados à higiene bucal, poder realizar visitas
constantes ao consultório dentário e o custo de todo o tratamento proposto.
Segundo Brunetti, Montenegro e Marchini (2002), grande parte dos pacientes
idosos vêm ao consultório com familiares/acompanhantes que geralmente deixam
compromissos de lado para trazê-los ao atendimento. Também nas questões de
saúde o idoso prefere que um determinado filho/parente o acompanhe, atribuindo-
lhe, assim, uma carga muito grande. Isso deve ser ponderado no plano de tratamen-
to desses pacientes, pois pode levar ao abandono ou a interrupção do tratamento. A
saúde geral do paciente deve-se levar em conta, pois muitas vezes o paciente não
conseguirá se submeter a várias sessões clínicas e deslocamento para o consultó-
rio.
A localização física do consultório é importante: não pode existir muitos de-
graus a subir, especialmente se o paciente está debilitado ou de usa cadeira de ro-
das. O consultório para atendimento de pacientes da terceira idade deve preferenci-
almente ser em andar térreo ou em prédios que possuam elevadores amplos e rápi-
dos. O consultório ou clínica deve ter compleição física que permita deslocar o paci-
ente da cadeira de rodas para a cadeira odontológica quando necessário. (BRUNET-
TI, MONTENEGRO E MARCHINI 2002).
Pontos de interesse para o atendimento odontogeriátrico adequado: entender
o paciente como um todo, ver suas condições de vida e família, dar tempo a que se
expresse, colocar as necessidades estéticas e funcionais deles acima das nossas,
otimizar o tempo clínico, não abrir mão de planejamento adequado à realidade clíni-
ca do paciente, dominar fármacos ingeridos pelo paciente e abrir um canal de diálo-
go constante com os médicos, preservar os dentes remanescentes para evitar o
abatimento psicológico da perda dos dentes, criar e manter um sistema de controles
periódicos eficientes para cada cliente
Um estudo mais apurado deve abranger diversas consultas e passa primeira-
mente por diálogo com o paciente para saber quais são seus problemas bucais e o
que desejaria realizar, como encara a odontologia, seu grau de participação provável
no tratamento, doenças sistêmicas e fármacos usados regularmente, possíveis habi-
lidades manuais e visuais para a higienização correta e como seria a participação de
outros nessa tarefa. Uma anamnese bem realizada, exame clínico e exames com-
plementares feitos com cuidado complementariam essa etapa inicial. Após esses
relatos e observações passa-se a criação de um plano de tratamento principal para
o caso e suas variáveis técnicas e financeiras (BRUNETTI e MONTENEGRO 2002).
Segundo os autores Brunetti e Montenegro (2002) deve-se procurar evitar a
ação de um grande número de profissionais; as consultas devem ser planejadas e
curtas e o ambiente do consultório deve se calmo e sem estresse, para que se obte-
nha os resultados desejados.
De acordo com Marchini (2002) os pacientes idosos normalmente exibem
uma quantidade elevada de problemas bucais que há tendência de o profissional
perder-se entre eles, na tentativa de solucioná-los individualmente e de modo estrita-
mente tecnicista, esquecendo as reais necessidades e expectativas do paciente.
Para que isso não ocorra e o tratamento tenha maiores chances de sucesso, o cirur-
gião dentista deve procurar planejar o caso de modo a buscar uma solução para os
problemas bucais que compreenda também as expectativas e limitações decorren-
tes das condições sistêmicas e psicossociais do paciente em questão.
Os exames iniciais têm como finalidade definir os problemas e identificar as
possíveis causas, visando estabelecer os objetivos a serem alcançados durante o
tratamento. São eles: anamnese, exame clínico, exame radiográfico, exame dos mo-
delos de estudo e acessar as expectativas do paciente
O tratamento inicial envolve, em ordem de execução: 1. Solução de
emergências; 2. Orientração e motivação para higiene bucal; 3. Tratamento
periodontal não-cirúrgico; 4. Cirurgias (exodontias e periodontais); 5. Tratamentos
endodônticos; 6. Restaurações diretas e 7. Próteses provisórias. Se o paciente não
portar ausências dentárias ou essas ausências não implicarem em
comprometimento das funções mastigatórias e/ou da estética, o tratamento inicial
será suficiente para sanar a condição de saúde bucal do indivíduo. Segue-se ao
tratamento inicial a confecção de próteses de duração indeterminada. Deve-se
primar nessa fase do tratamento final por restaurar a parte funcional do indivíduo.
Como muitas vezes a necessidade estética não é soberana a parte funcional do
tratamento pode ser privilegiada (MARCHINI 2002).

5. CONCLUSÃO

Um protocolo de atendimento ao paciente geriátrico é primordial, visto que


esse indivíduo é um ser complexo, que vivenciou várias experiências e passou por
diversas mudanças, sendo-lhe impostas limitações. Essa complexidade deve ser
atendida por uma equipe interdisciplinar de profissionais, com um único propósito:
melhorar a qualidade de vida dos pacientes idosos. Na terceira idade, a razão para
muitos distúrbios físicos pode ser encontrada na esfera psicológica. Portanto,
aspectos fisiológicos devem ser observados e considerados em conjunto com o
psicológico do paciente, buscando atendê-lo como um ser humano completo,
mesmo durante os procedimentos realizados somente na cavidade bucal, como no
atendimento odontológico.
O Exército, com um número alto de pacientes idosos, deve estabelecer um
protocolo de atendimento para que a consulta odontológica e o tratamento sejam
feitos o mais rápido e eficaz possível, diminuindo o tempo de tratamento e o número
de consultas pois, sabe-se que pacientes nessa faixa etária possui dificuldades de
locomoção e limitações fisiológicas inerentes a idade.
Com um atendimento direcionado aos pacientes da terceira idade pode-se
aumentar a expectativa de vida com aumento da qualidade de vida dessa parcela da
população tornando-os mais independentes e saudáveis.

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