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Unidade I
Vanderlei da Silva
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APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 04
1 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: CONJUNTURA, ESTRUTURA E
PERSPECTIVAS....................................................................................................... 07
1.1 A Política de Educação como direito.............................................................. 09
1.2 Educação no contexto das transformações da sociedade
contemporânea........................................................................................................ 14
2 POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS SOCIOPOLÍTICOS E
HISTÓRICOS............................................................................................................ 19
2.1 As reformas educacionais e os planos de
educação.................................................................................................................. 30
Resumo.................................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 46
INTRODUÇÃO
Apresentação
Neste livro-texto, temos como objetivos criar condições para que os alunos
compreendam as condições históricas que envolvem a formulação das políticas setoriais
brasileiras, conheçam as peculiaridades das políticas sociais na conjuntura brasileira e
entendam a natureza das políticas sociais de educação no Brasil. Além disso, buscamos
formar profissionais capazes de responder às demandas sociais na perspectiva de
assegurar direitos e democratizar o acesso do cidadão às políticas sociais, por meio da
instauração de práticas profissionais competentes, com potencial de produzir
conhecimentos e propor alternativas para a transformação da realidade social.
Procuramos também desenvolver no aluno conhecimentos e habilidades que possibilitem
o bom exercício profissional e a devida informação ao cidadão usuário dos serviços
sociais.
Porém, essas questões precisam ser enfrentadas por todas as políticas públicas
implementadas pelo Estado, pois trata-se de uma questão que transpassa todas elas.
Assim, o que vamos apresentar neste livro-texto são possíveis formas de superação
desse cenário negativo a partir da educação e o que veremos a seguir é que o Brasil
ainda não encontrou o modelo ideal de educação que consiga superar um sistema
pensado para atender determinados setores da sociedade e que agora tem sido cobrado
para estender uma educação de qualidade para todos os segmentos da população.
Também veremos que é necessário superar um modelo educacional que tem por
finalidade principal a inclusão do indivíduo no mercado de trabalho, sendo que o
emprego está diminuindo cada vez mais e que os que restam exigem um tipo de
educação qualificada e abrangente.
Assim, torna-se primordial pensar numa educação que forme cidadãos políticos,
preparados para uma nova sociedade que emerge do processo de globalização, em que
novas habilidades e exigências são apresentadas ao público escolar.
Nesse sentido, vamos refletir sobre vários aspectos da educação, que ainda é um
processo em construção no qual vamos encontrar as marcas profundas da exclusão
social, econômica e cultural de uma classe menos favorecida. Trata-se de uma educação
sem investimentos e oportunidades a essa parcela da população e sob o domínio de
organismos nacionais e internacionais, os quais direcionam os rumos da educação
brasileira para uma ação mercantilista.
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Por esses motivos, é fundamental pensar no desenvolvimento de uma educação
diferenciada, participativa e de qualidade. Educação que deve ser construída com o
compromisso ético, com a paixão em socializar conhecimentos, a criatividade e a
dinamicidade na construção do conhecimento pelos educadores.
E para que isso seja, de fato, alcançado é necessário pensar em estratégias que
permitam a articulação da Educação com outras disciplinas, visando proporcionar uma
educação de qualidade e inclusiva como forma de transformação social.
A atual situação da educação no Brasil deixa evidente que o trabalho das escolas
precisa ser apoiado por ações de outras políticas setoriais, tais como assistência social,
saúde, cultura, esportes, trabalho e renda, segurança etc., pois somente com esse apoio
é que a educação conseguirá ter mais chances de sucesso. Tal proposta não é nenhuma
novidade, pois o princípio da articulação intersetorial já foi reconhecido em vários marcos
legais e planos governamentais e vem sendo reafirmado em documentos recentes.
É o que aponta, por exemplo, o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelecido para
o período 2014-2024, que foi instituído pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Nesse
documento está disposto que o alcance das metas de melhoria do acesso, da
permanência e do aproveitamento das crianças e adolescentes na escola depende, entre
outros fatores, da existência de ações conjuntas entre as áreas da Assistência Social, da
Saúde e da Educação. O Plano também indica que uma boa integração entre essas
áreas pode favorecer a redução de problemas que limitam a trajetória escolar da
população infanto-juvenil, especialmente aquela parcela pertencente aos segmentos
mais vulneráveis da população, que são beneficiários dos programas de transferência de
renda.
Outro desafio que se torna cada mais evidente para a melhoria da educação brasileira
é a redução da tendência à evasão escolar entre a população de 15 a 17 anos, que é
significativamente maior que a registrada em outras faixas etárias, fato que tem sido
constatado pelas pesquisas divulgadas pelo IBGE. Trata-se de um problema grave e cujo
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enfrentamento depende da existência de uma adequada articulação entre políticas
setoriais.
A partir dos nossos estudos vamos compreender que é necessário articular esforços
que efetivamente promovam avanços no âmbito educacional. Pois, os objetivos somente
serão alcançados se houver o aprimoramento dos mecanismos de gestão das políticas
setoriais, que deverão ser repensadas e reorganizadas para atuar de forma colaborativa.
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1. POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: CONJUNTURA, ESTRUTURA E
PERSPECTIVAS
Para o Estado brasileiro, a educação, nos últimos tempos, ocupou lugar de destaque
nas esferas econômica, política e cultural, pois estamos no processo de construção de
uma sociedade marcada pela tensão social e pelas disputas dos projetos societários de
diferentes grupos e segmentos sociais, especialmente para conquistar-se a hegemonia
política e cultural na sociedade.
Observação
Porém, na prática nem todos os discursos e nem todas as propostas legais se tornam
realidade, pois várias pesquisas demonstram que milhares de crianças, adolescentes e
jovens, mesmo matriculados em uma escola, permanecem excluídos de uma educação
participativa, democrática, conscientizadora, dialógica, autônoma e afetiva.
Dessa forma, podemos perceber que temos sérios problemas na educação básica,
que não consegue alfabetizar de maneira correta, fato que leva os jovens ao Ensino
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Médio sem a devida preparação e se torna motivo causador de uma alta taxa de evasão
escolar.
Saiba mais
PNAD Contínua 2018: educação avança no país, mas desigualdades raciais e por
região persistem. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-
imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/24857-pnad-continua-2018-educacao-
avanca-no-pais-mas-desigualdades-raciais-e-por-regiao-persistem. Acesso em:
11/07/2020.
Essa taxa é importante para compor um cenário mais amplo no qual se constata que
mais da metade dessa população (52,6%) não completou a educação básica, ou seja,
não chegou a se formar no Ensino Médio, o que corresponde a 70,3 milhões de pessoas.
A mesma pesquisa demonstra que o Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos
entre a população de 15 anos ou mais, números que correspondem a 6,8% dessa
população. O dado diz respeito ao cenário identificado em 2018 e apresentou queda de
0,1 ponto percentual em relação a 2017, o que significa 121 mil analfabetos a menos,
quando o país tinha 6,9% das pessoas nessa situação.
Diante desses dados é possível concluir que quatro anos depois do prazo
estabelecido o Brasil ainda não bateu a meta de alfabetização proposta nos planos
educacionais do país e que deveria já ter sido alcançada em 2015.
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Assim, torna-se nítido para todos que o Brasil precisa avançar muito no campo
educacional se, de fato, quiser cumprir com o projeto de país previsto em sua
Constituição Federal, sendo que isso justifica as introduções de novas práticas
educativas e novas formas de atuação.
Saiba mais
PNAD Contínua 2018: educação avança no país, mas desigualdades raciais e por
região persistem. Agência IBGE, 19 jun. 2019. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/24857-pnad-continua-2018-educacao-avanca-no-pais-mas-
desigualdades-raciais-e-por-regiao-persistem. Acesso em: 11/07/2020.
Porém, para que a política de educação seja garantida como um direito de todos, não
basta apenas a sua inserção no texto constitucional, pois é preciso tratar das relações
entre os problemas de acesso, permanência e qualidade e a configuração histórica do
Estado brasileiro, e, consequentemente, da política educacional que foi traçada a partir
dessa configuração.
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Apesar dessa consideração, não podemos negar que a legislação, ainda que
insuficiente para mudar essa realidade, é importante para indicar os caminhos e orientar
o cidadão e a sociedade sobre os seus direitos, proporcionando, consequentemente,
condições para que possam exigir o que está contido nas leis.
É necessário considerar, ainda, que nesse arcabouço jurídico está contido todo o
conjunto de normas, de todas as hierarquias: leis federais, estaduais e municipais,
portarias e regimentos que disciplinam as relações entre os envolvidos no processo de
ensino aprendizagem. Isso também é um problema a ser considerado, pois num país de
proporções continentais como o nosso existem também enormes diferenças regionais
que precisam ser consideradas pelo sistema educacional.
Por esse motivo, é muito importante tratar também dos princípios reguladores do
ensino no Brasil, e com essa finalidade iremos a seguir tratar de cada um deles.
Quando tratamos dos princípios que regem a educação no Brasil, não podemos deixar
de abordar um dos princípios que é considerado basilar do estado democrático de direito,
ou seja, o princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, é importante tratar da
dignidade da pessoa humana como um princípio norteador de todos os outros princípios
que norteiam o direito à educação.
Este princípio está tipificado no preâmbulo da Carta Magna e nos art. 3º, incisos I e IV
e 5º, caput e também no inciso I do art. 206, tendo como premissa maior que a educação
como dever do Estado deve ser fornecida a todos, e não a uma parcela da sociedade.
Observação
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Dessa forma, o texto constitucional determina que as condições de acesso à escola,
bem como a permanência, devem ser igualitárias, sem qualquer descriminalização, seja
ela de cor, raça, sexo, idade ou condições financeira ou religiosa.
Este princípio tem sido muito discutido atualmente, quando se trata do que a escola
deve ensinar e encontra alicerçado na diversidade. É importante destacar que tal
princípio está relacionado com a previsão do pluralismo político, descrito na Constituição
Federal em seu art. 1º, inciso I. Tal princípio também é um dos fundamentos do Estado
democrático de direito, pois significa que não cabe ao Estado impor um único modelo a
ser aplicado no processo de ensino.
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Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais
Visando dar condições para que a educação conte com a participação de profissionais
motivados com a sua carreira pedagógica, a valorização do professor foi definida como
princípio constitucional. Este princípio também têm o objetivo de garantir que o
magistério público se organize em plano de carreira, o que impossibilita que o quadro
seja composto de forma isolada.
É um princípio que também tem a sua origem nos princípios do estado democrático de
direito, no art. 1º da Constituição Federal, tais como soberania popular, cidadania e
pluralismo político.
Pelo respeito a esse princípio, o processo educacional não pode ser imposto sem que
se ouça a opinião das partes interessadas, uma vez que esse processo somente se
concretiza com a participação de todos os entes envolvidos, participando efetivamente da
gestão escolar.
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garantia de participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola, além da participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes.
Dessa forma, podemos dizer que este princípio tem dois sentidos objetivos: o
de integrar e trazer para a escola a população, pois assim todos poderão usufruir,
direta ou indiretamente, desse direito; e o de exercer o controle social da atividade,
na sua qualidade, gestão e finalidades.
Observação
Esse princípio foi introduzido na Constituição Federal pela EC n. 53/2006 e definiu que
a regulamentação ficava a cargo de lei federal, cabendo ao Poder Executivo Federal a
iniciativa legislativa.
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1.2 Educação no contexto das transformações da sociedade
contemporânea
Porém, é necessário considerar que existe outra função da educação e que na maioria
das vezes não tem sido devidamente observada, ou seja, a construção de um modelo de
educação que atenda às necessidades da população excluída dos direitos básicos da
existência humana e dos princípios da formação de sujeitos críticos, conscientes e
construtores de sua história.
Para conseguir cumprir com essa gama de objetivos que estão sendo colocados como
finalidade da educação, a escola deve articular o saber para o mundo do trabalho e o
saber para o mundo das relações sociais. Porém, conforme os ensinamentos de Frigotto,
nem sempre foi essa a expectativa que a sociedade colocava para a educação.
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No entanto, a sociedade globalizada coloca outras responsabilidades para uma escola
que encontra dificuldades em acompanhar todas as mudanças que estão ocorrendo no
mundo, principalmente nas escolas públicas, onde a burocracia do Estado dificulta a
implementação de mudanças para mudar os paradigmas existentes.
Esses novos paradigmas, em seu âmbito mais amplo, são questões que buscam
apreender a função social dos diversos processos educativos na produção e reprodução
das relações sociais. Já num plano mais específico, tratam das relações entre a estrutura
econômico-social, ou seja, o próprio processo de produção, as mudanças tecnológicas, o
processo e a divisão do trabalho, a produção e a reprodução da força de trabalho e os
processos educativos ou de formação humana.
É necessário que a escola consiga absorver tudo isso, pois vivemos uma nova
realidade mundial, a qual os estudiosos denominam como a “sociedade do
conhecimento”. Agora os métodos de aprendizado já não são baseados na divisão entre
o pensamento e ação, na fragmentação de conteúdos e na memorização, em que o livro
didático era responsável pela qualidade do trabalho escolar. Agora é possível aprender
na rua, no smartphone, no computador e em qualquer outro lugar. Assim, houve uma
significativa ampliação dos espaços educativos, o que não significa o fim da escola, mas
que esta deve se reestruturar de forma a atender as demandas das transformações do
mundo do trabalho e seus impactos sobre a vida social.
Saiba mais
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Assim, estudar se tornou algo para fazer durante toda a vida, pois a sociedade do
conhecimento requer que profissionais adquiram novas habilidades todo o tempo para se
manter produtivo e capaz de entender o mundo em que vive. Nesse sentido, qualquer
tipo de profissional tem de seguir estudando e aprendendo novas habilidades ao longo
da vida, não bastando apenas cursar o ensino tradicional, uma vez que vivemos em uma
sociedade baseada na inovação e que, por isso, há a necessidade de se renovar e
aprender coisas novas o tempo todo.
A síntese dessa nova proposta de educação foi desenvolvida por Jacques Lucien
Jean Delors, economista e político francês, que de 1992 a 1996 presidiu a Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI, da Unesco.
Observação
Durante o período que esteve à frente da Unesco, Delors (2010) foi o autor do
relatório "Educação, um Tesouro a descobrir", em que se exploram os quatro pilares da
educação. Esse relatório apontou como principal consequência da sociedade do
conhecimento a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda vida,
fundamentada em quatro pilares, que são, concomitantemente, do conhecimento e da
formação continuada.
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teóricos. É essencial que cada indivíduo saiba se
comunicar através de diferentes linguagens, assim
como interpretar e selecionar quais informações são
essenciais e quais podem ajudar a refazer opiniões e
serem aplicadas na maneira de se viver e de
redescobrir o tempo e o mundo.
Aprender a Esse domínio da aprendizagem atua no campo das
conviver atitudes e dos valores e envolve uma consciência e
ações contra o preconceito e as rivalidades diárias que
se apresentam no desafio de viver.
Aprender a ser Esta aprendizagem depende das outras três, e dessa
forma a educação deve propor como uma de suas
finalidades essenciais o desenvolvimento do indivíduo,
espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético,
responsabilidade pessoal e espiritualidade.
Fonte: Fundação Telefônica.
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trabalho coletivo, cujas responsabilidades pessoais e coletivas são assumidas para
execução dos objetivos estabelecidos.
Nessa perspectiva, a escola deve estar preparada para romper com todo o processo
histórico que representou a sua construção como uma importante organização social,
uma vez que o futuro lhe apresenta novos desafios. Dessa forma, para que a escola
consiga atender as novas expectativas que a sociedade coloca para a educação é
fundamental que os atores escolares estejam preparados para a utilização das novas
tecnologias da informação e da comunicação, pois são ferramentas que podem contribuir
de forma significativa para as práticas escolares em todos os níveis do ensino.
É importante considerar que boa parte dos alunos que frequentam as escolas já
possui o conhecimento necessário para utilizar essas tecnologias, pois já o fazem no seu
dia a dia. Porém, os atores escolares ainda têm dificuldades em conseguir fazer a junção
entre o conhecimento que precisa ser transmitido e a capacidade dos alunos em
aprender com a utilização de novas tecnologias, considerados por eles como muito mais
interessante que os métodos tradicionais.
Saiba mais
Por esses motivos, os atores escolares precisam começar a discutir de que forma a
utilização das novas tecnologias, especialmente da internet, pode ser utilizadas no
processo educativo. Porém, antes é fundamental compreender quais são as suas
especificidades técnicas e qual é o seu real potencial pedagógico.
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2. POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS SOCIOPOLÍTICOS E
HISTÓRICOS
Para que possamos entender os aspectos mais relevantes das nossas políticas
educacionais, precisamos primeiro compreender o processo de construção histórica da
educação no Brasil. Nessa seara, para entender o presente é necessário conhecer o
passado, uma vez que existe uma correlação direta entre as políticas educacionais
pensadas para o país durante toda a sua história e a prática escolar existente na
atualidade.
Pela leitura da obra de Freitag (1986, p.46) em seu livro Escola, estado e sociedade,
podemos classificar a História da Educação no Brasil em três períodos, fazendo uma
interface dos modelos educacionais aos ciclos econômicos vivenciados no país: o ciclo
da agro exportação, o de substituição das importações e, finalmente, o de
internacionalização do mercado interno.
A partir dessa divisão histórica podemos iniciar uma breve apresentação dos
processos pelos quais passaram a educação escolar no Brasil.
Nesse período, a economia do Brasil era baseada no modelo agroexportador, que foi
implantado na maior parte das Colônias portuguesas. Esse modelo tinha por finalidade
oferecer lucro à metrópole, sendo que esse objetivo era atingido por meio da produção
de produtos primários como açúcar, ouro, café e borracha.
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No Brasil Colônia, a estrutura social era formada basicamente por escravos, incluindo
os trabalhadores, os senhores de engenho, os grandes latifundiários e os funcionários da
coroa. Nesse tipo de formação da estrutura social inexistia o que hoje denominamos
como uma política educacional de caráter estatal. O que tínhamos nesse período era um
sistema educacional de elite, e não havia interesse em ampliar a escolarização para
atingir a classe subalterna. Assim, o entendimento da gênese do modelo educacional
brasileiro já nos leva a perceber que, desde a sua colonização, o país sempre valorizou
um sistema educacional organizado e estruturado de forma excludente e seletiva.
No ano de 1808, Portugal foi invadido pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte,
e a família real e a corte transferem-se para o Brasil. Com a vinda da Corte Portuguesa
para a Colônia, foram introduzidas modificações no plano econômico, político e social.
Tais mudanças também tiveram influências no âmbito da educação, adotada pelo
governo português para o Brasil. Nesse sentido, foram inauguradas diversas instituições
educativas e culturais e surgiram os primeiros cursos superiores de Direito, Medicina e
Engenharia, mas não universidades.
Observação
Nesse sentido, em 1827, foi determinada na legislação que deveriam ser criadas
escolas primárias em todas as cidades e vilas mais populosas. Porém, iniciava-se aí um
dos grandes problemas que dificultam a evolução da educação no país, pois muitas das
propostas previstas nas legislações acabaram por não serem implementadas de fato. E
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foi o que ocorreu na época, uma vez que em 1834 a responsabilidade pela educação
primária foi transferida para a responsabilidade das províncias.
Lembrete
Ocorre que, nesse período, o Estado apenas procurou garantir a manutenção dos
estabelecimentos considerados como padrão para as demais escolas secundárias do
país, mas não conseguiu atender aos anseios republicanos de ampliação das
oportunidades educacionais, permanecendo ainda um sistema elitista, excludente e
seletivo. Por esse motivo, foi a iniciativa particular que assumiu a responsabilidade sobre
o ensino secundário, pois havia uma completa ausência do Estado nesse nível
educacional.
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Com a criação, em 1924, da Associação Brasileira de Educação (ABE) pelos
educadores, intelectuais, políticos e figuras de expressão da sociedade brasileira, foi
possível impulsionar as discussões em torno dos problemas educacionais, por meio
desta organização, sendo promovidos cursos, palestras, semanas da educação e
conferências, principalmente as Conferências Nacionais de Educação. No período de
1927 a 1929, foram realizadas três grandes Conferências Nacionais de Educação,
ocorridas em Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo.
Foi por meio das Conferências Nacionais de Educação que surgiu em 1932 o
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, contendo uma nova proposta pedagógica e
trazendo em seu bojo uma proposta de reconstrução do sistema educacional brasileiro,
visando a uma política educacional do Estado.
Nesse período é importante destacar a atuação de Anísio Spínola Teixeira que foi um
jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Personagem central na história da
educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, ele difundiu os pressupostos do
movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do
intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização.
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melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Por esse motivo, as
atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo.
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1931 Em 30 de abril de 1931, por meio de um Decreto é instituído o ensino
religioso facultativo nas escolas públicas do país.
Quadro elaborado pelo próprio autor. Fonte: “85 anos do Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova”. Disponível em: http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/85-anos-do-
manifesto-dos-pioneiros-da-educacao-nova/. Acesso em: 13/07/2020.
Como o foco educacional nesse período era basicamente preparar os filhos dos
operários para trabalhar nas indústrias, em 1942, foi criado o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), e em 1946, o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (SENAC). Assim, o ensino industrial passou a assumir um papel relevante na
formação da mão de obra brasileira, principalmente no contexto da industrialização do
país, ocorrida a partir de 1930.
Tal foi sua importância que verificamos, a partir de 1942, tanto o Estado como a
Confederação Nacional das Indústrias patrocinando esse ensino. Havia, pois, dois tipos
de ensino industrial: um que compreendia a aprendizagem sob o controle patronal, ligado
ao SENAI, e outro sob a responsabilidade direta do Ministério da Educação e Saúde,
constituído pelo ensino industrial básico.
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Também no ano de 1942 foi decretada a Reforma Capanema, relativa ao ensino
secundário.
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Dentro de todo esse cenário que se formou durante a chamada Era Vagas, foram se
criando as bases para que houvesse a elaboração e a aprovação da primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 4.024/61.
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Porém, a partir do ano de 1964 o Brasil passou a ser governado pelo Regime Militar e
houve uma significativa diminuição do debate popular sobre a educação. Por outro lado,
é necessário reconhecer que houve uma ampliação do sistema de ensino por parte do
Estado durante esse período, inclusive no âmbito do ensino superior. Foi também nessa
época que ocorreu a criação de agências de apoio à pesquisa e à pós-graduação. O
ensino obrigatório foi ampliado de quatro para oito anos e foram promulgadas várias leis
que introduziram reformas importantes nos diferentes níveis de ensino.
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Inicialmente garantida apenas para o Ensino Fundamental, a universalização do
atendimento e gratuidade foi sendo aos poucos expandida para as outras etapas do
ensino básico. Exemplo dessa expansão foi a Emenda Constitucional nº 59, de 2009,
que determinou a universalização dos Ensinos Infantil e Médio, garantindo acesso à
escola para todos os jovens, dos quatro aos dezessete anos de idade.
Porém, é nítido que as tendências vigentes nesse período levavam para um projeto
hegemônico de política educacional para o Brasil contemporâneo, representado pelos
ideários neoliberais e de privatização do sistema, principalmente no que se refere ao
ensino superior.
O Brasil faz isso por meio dos chamados exames padronizados, também chamados
de exames de larga escala e avaliações externas, que são aplicados pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). A partir dos
diagnósticos produzidos por essas provas, é possível aos técnicos da educação traçarem
estratégias para melhorar a qualidade da Educação do país inteiro, de uma região, ou de
uma escola específica.
Educação Infantil
Em 2019, foi implantada uma avaliação dos insumos ofertados nas escolas de
Educação Infantil: o SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de Educação
Infantil. Tal iniciativa já estava prevista desde 2010 nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil.
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provas aplicadas aos alunos forneceram três importantes resultados: desempenho em
leitura, desempenho em matemática e desempenho em escrita.
Nesse sentido foi publicada uma portaria estabelecendo as diretrizes para a nova
forma de avaliação.
Saiba mais
No recorte amostral do Saeb, foram avaliadas escolas privadas que tinham dez ou
mais estudantes matriculados em turmas de 5º e 9º ano do ensino fundamental e de 3ª e
4ª série do ensino médio (tradicional e integrado).
Também houve amostra de escolas públicas e privadas que tinham dez ou mais
estudantes matriculados em turmas do 9º ano do ensino fundamental para aplicação dos
testes de Ciências da Natureza e Ciências Humanas; e de escolas públicas e privadas
que tinham dez ou mais estudantes matriculados em turmas de 2º ano do ensino
fundamental para aplicação dos testes de Língua Portuguesa e Matemática.
Uma amostra de instituições públicas ou conveniadas com o setor público que tinham
turmas de creche ou pré-escola da etapa da educação infantil participaram ainda da
aplicação de questionários.
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Ensino Médio
Até 2015, a prova era amostral, isto é, só avaliava um pequeno grupo de jovens que
representavam toda a nação; a partir de 2017, no entanto, o exame se tornou censitário,
ou seja, todos os alunos prestam. Essa prova, contudo, não fornece resultados
individuais.
É importante destacar que essa etapa de ensino tem outra avaliação, que é o Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM). O Enem foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar
os sistemas de ensino, mas se tornou peça-chave nos vestibulares, a partir de sua
incorporação aos programas de seleção para a universidade do Governo Federal, onde o
desempenho por aluno se tornou critério para preencher vagas em faculdades privadas e
públicas.
Ensino Superior
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O SINAES reúne informações do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(ENADE) e das avaliações institucionais e dos cursos. O ENADE avalia o rendimento dos
concluintes dos cursos de graduação, em relação aos conteúdos programáticos,
habilidades e competências adquiridas em sua formação. O exame é obrigatório e a
situação de regularidade do estudante no exame deve constar em seu histórico escolar.
Outra questão que precisa ser levantada é que nunca foi uma prioridade nacional
investir na melhoria da qualidade do ensino. Tal fato se torna evidente quando
percebemos a falta de preocupação dos governantes com o acesso de todos num
sistema educacional de qualidade. De um modo geral, podemos considerar que isso tem
a ver com a questão ideológica, pois é notório que a educação sempre foi colocada a
serviço de um modelo econômico de natureza concentradora de rendas e socialmente
excludente.
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Ideologia. Conjunto de ideias ou crenças que refletem as necessidades e
aspirações sociais de um indivíduo, grupo, classe ou cultura particular:
Já anunciaram diversas vezes o fim das ideologias, mas o homem não
precisa só de pão, precisa também de sonhos (Edgar Morin, filósofo
francês) (SACCONI, 2010).
Outra questão importante sobre as prioridades do Estado brasileiro é que tal processo
não ocorreu somente no âmbito da educação, mas em todas as políticas sociais do
Brasil, ou seja, a implementação dessas políticas possui uma relação direta com as
condições vigentes no país em nível econômico, político e social. Diante dessa realidade,
o Estado somente intervém nas questões sociais por meio de medidas pontuais, com o
objetivo, em primeiro lugar, de manter a ordem social.
Cabe destacar que a Constituição Federal de 1988 foi a que trouxe o mais longo
capítulo sobre a educação de todas as Constituições Brasileiras. Ela apresenta dez
artigos específicos (art.205 a 214) que detalham a matéria, a qual também figura em
quatro artigos do texto constitucional (art. 22, XXIV; 23, V; 30, VI e 60-61 das disposições
transitórias).
Saiba mais
Para que possamos compreender melhor como a Constituição Federal de 1988 tratou
das questões ligadas a educação é fundamental a leitura do Artigos que vão do 205 ao
214, pois são esses os artigos constitucionais que tratam de modo específico da
educação no Brasil. Ocorre que se não tivermos um conhecimento aprimorado desses
artigos, dificilmente vamos conseguir compreender as reformas educacionais e os planos
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de educação que foram sendo criados a partir dos novos parâmetros constitucionais. E o
motivo disso é que esses artigos conferem ao direito à educação um espaço normativo
mais preciso e delimitado.
Por exemplo, no Artigo 210 vamos encontrar os conteúdos mínimos para o ensino
fundamental:
Se por um lado o direito social à educação previsto no Artigo 6º, que apresentaremos
a seguir, não se confunde ou não se limita às imposições constitucionais dos artigos 205
a 214, por outro não há como negar a conexão óbvia entre esses dispositivos
constitucionais que, em última análise, são capazes de determinar o mínimo de atuação
estatal necessária para que se implemente o direito à educação. De certa maneira, a
Constituição delimita o núcleo essencial do direito à educação, colocando-o como um
dos direitos sociais.
Mas, apesar disso é importante destacar que os princípios da LDB- Lei nº 9.394/1996,
constam em seu Artigo 3º.
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II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas
sociais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.
erradicação do analfabetismo;
Por outro lado, reconhecemos que o cumprimento enfocado pela Constituição Federal
deu-se principalmente a partir da LDB, criada em 1996, que foi influenciada por várias
lutas sindicais, políticas, sociais e econômicas.
Logo em seu primeiro artigo, a LDB apresenta uma importante proposta para a
educação brasileira:
Por esse motivo é que, com embasamento na LDB, se definiu o Plano Nacional da
Educação, com o objetivo de se fazer uma regulamentação global de como deve ser
estruturada a educação básica no Brasil, cumprindo assim uma determinação que já
estava expressa no artigo 87 da LDB, como segue:
33
com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (BRASIL, 1996).
34
Dimensão tática: define caminhos exequíveis para as transformações da
realidade que estão anunciadas nas diretrizes estratégicas, considerando as
variáveis inerentes à política pública e reforçando a apropriação, pelo PPA,
das principais agendas de governo e dos planos setoriais para os próximos
quatro anos. A dimensão tática do PPA é expressa nos programas temáticos e
nos programas de gestão, manutenção e serviços ao Estado. Essa dimensão
aborda as entregas de bens e serviços pelo Estado à sociedade.
Saiba mais
UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Jomtien, 1990. Disponível
em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos-
conferencia-de-jomtien-1990. Acesso em: 14/07/2020.
Para tal realização o PDE pede apoio da família e comunidade para auxiliar os
professores, diretores e alunos para juntos fazerem uma educação de qualidade. São
enviados verbas e recursos técnicos pelo Governo Federal para auxiliar a sanar os
resultados negativos de aprendizagem dos alunos. Porém, a busca por uma educação de
qualidade e igualdade continua sendo desafio crucial a ser enfrentado pelo Brasil,
inclusive pelo que é cobrado ao país para o cumprimento das exigências do Movimento
Todos pela Educação.
Dessa forma, o PDE procura observar uma visão sistêmica da educação, observada
como processo de socialização e individuação voltado para a autonomia, não pode ser
artificialmente segmentada, de acordo com a conveniência administrativa ou fiscal. Ao
contrário, tem de ser tratada com unidade, da creche à pós-graduação, ampliando o
horizonte educacional de todos e de cada um, independentemente do estágio em que se
encontre no ciclo educacional.
35
Nesse sentido a formação inicial e continuada do professor exige que o parque de
universidades públicas se volte para a educação básica. Assim, a melhoria da qualidade
da educação básica depende da formação de seus professores, o que decorre
diretamente das oportunidades oferecidas aos docentes. O aprimoramento do nível
superior, por sua vez, está associado à capacidade de receber egressos do nível básico
mais bem preparados, fechando um ciclo de dependência mútua, evidente e positiva
entre níveis educacionais.
Saiba mais
https://www.todospelaeducacao.org.br/.
Com força de lei, o PNE estabelece 20 metas a serem atingidas nos próximos 10
anos:
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Metas do PNE Objetivo
1 Educação Infantil
2 Ensino Fundamental
3 Ensino Médio
4 Educação Inclusiva
5 Alfabetização
6 Educação Integral
8 Escolaridade média
11 Educação profissional
12 Educação superior
14 Pós-graduação
15 Formação de professores
17 Valorização do professor
19 Gestão democrática
20 Financiamento da educação
Saiba mais
37
O Plano Nacional de Educação desenvolve um diagnóstico da situação educacional
no país e, a partir dele, determina princípios, diretrizes, estratégias de ação e metas a fim
de guiar as políticas públicas educacionais e combater os problemas do sistema de
educação brasileiro em todos as esferas de governo. Em outras palavras, o PNE aponta
para onde queremos que a educação no Brasil chegue e qual é o caminho que ela
deverá percorrer para chegar até lá.
Saiba mais
O Observatório do PNE (OPNE) foi construído para que você possa encontrar
indicadores de monitoramento das 20 metas e 254 estratégias do Plano. No OPNE, além
de análises, está disponível um extenso acervo de estudos, vídeos e informações sobre
políticas públicas educacionais. A plataforma funciona como um instrumento de controle
social, para que qualquer cidadão brasileiro possa acompanhar o cumprimento das
metas estabelecidas e também apoiar gestores públicos, educadores e pesquisadores.
http://www.observatoriodopne.org.br/.
38
III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na
promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de
discriminação;
IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores
morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure
atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e
equidade;
IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à
diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
39
Figura disponível em: https://nacoesunidas.org/tema/odm/ . Acesso em: 14/07/2020.
40
Figura Fonte: Ministério das Relações Exteriores: Disponível em:
http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/objetivos_port.png. Acesso em:
14/07/2020.
A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para pôr o mundo em um caminho sustentável
é urgentemente necessário tomar medidas ousadas e transformadoras. Assim, os ODS
constituem uma ambiciosa lista de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a
serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos suas metas, seremos a primeira geração a
erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras dos piores efeitos
adversos da mudança do clima.
Saiba mais
Como o objeto de estudo deste livro-texto é a educação, vamos tratar de uma forma
mais aprofundada o objetivo 4, como segue:
41
conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes.
4.2 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos tenham
acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância,
cuidados e educação pré-escolar, de modo que eles estejam prontos
para o ensino primário.
4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os
homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de
qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade.
4.4 Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e
adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências
técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente e
empreendedorismo.
4.5 Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e
garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e
formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas
com deficiência, povos indígenas e as crianças em situação de
vulnerabilidade.
4.6 Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial
proporção dos adultos, homens e mulheres estejam alfabetizados e
tenham adquirido o conhecimento básico de matemática.
4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos
e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento
sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o
desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos
humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e
não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e
da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.
4.a Construir e melhorar instalações físicas para educação,
apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero, e
que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não
violentos, inclusivos e eficazes para todos.
4.b Até 2020, substancialmente ampliar globalmente o número de
bolsas de estudo para os países em desenvolvimento, em particular os
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países menos desenvolvidos, pequenos Estados insulares em
desenvolvimento e os países africanos, para o ensino superior,
incluindo programas de formação profissional, de tecnologia da
informação e da comunicação, técnicos, de engenharia e programas
científicos em países desenvolvidos e outros países em
desenvolvimento.
4.c Até 2030, substancialmente aumentar o contingente de
professores qualificados, inclusive por meio da cooperação
internacional para a formação de professores, nos países em
desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos e
pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
Trouxemos essas informações sobre os ODM e ODS por entendemos que é muito
importante conhecermos essas metas, pactuadas pela maior parte dos países com a
ONU, pois elas impulsionam as iniciativas nacionais, principalmente no que se refere à
educação.
Assim, as metas estipuladas, principalmente pelo objetivo 4 dos ODS, refletem o papel
importante da educação, pois essa política pública está diretamente relacionada com os
objetivos relacionados a saúde, crescimento e emprego, consumo e produção
sustentáveis, entre outros.
Lembrete
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Resumo
As políticas de educação são garantidas pela Constituição Federal e por outras leis,
como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96), sendo que o
direito dos cidadãos terem acesso à educação é garantido pela Constituição Federal no
artigo 205. Porém, é a Lei de Diretrizes e Bases que estabelece as principais regras que
devem ser seguidas pelo sistema educacional do país, sendo aplicada tanto para a rede
pública de ensino como para a rede privada.
Na LDB estão definidos os princípios que devem ser a base do sistema de educação,
quais são as obrigações do governo no oferecimento da educação aos seus cidadãos,
idade adequada para cada nível de estudo, desde a educação infantil básica até o ensino
superior universitário e os tipos de programas educacionais que devem ser oferecidos,
como educação básica, especial, a distância, profissionalizante e de jovens e adultos.
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Outra solução é a criação de políticas de educação a distância, pois essa modalidade
facilita, entre outras coisas, o acesso à educação de jovens e adultos que precisam
conciliar trabalho e estudo.
Porém, não basta apenas oferecer espaços para crianças, jovens e adultos
aprenderem, é necessária uma educação de qualidade. Portanto, as escolas precisam
aperfeiçoar os serviços oferecidos, criar estratégias diferenciadas para atrair a atenção
de alunos e estimular a participação em sala de aula.
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REFERÊNCIAS
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Audiovisuais
A DAMA de ferro. Dir. Phyllida Lloyd. Reino Unido: Pathé, 2011. 104 minutos.
ANTUNES, A.; FROMER, M.; BRITTO, S. Comida. Intérprete: Titãs. In: Jesus não tem
dentes no país dos banguelas. Rio de Janeiro: WEA, 1987. LP. Faixa 2.
Textuais
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Operacional Básica NOB/SUA. 2004a. Disponível em:
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/PNAS200
4.pdf. Acesso em: 11/05/2019.
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pluralidade cultural: orientação sexual. Brasília: SEF, v. 10, 1997. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf. Acesso em: 22/05/2019.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Gestão social e trabalho social : desafios e
percursos metodológicos / Maria do Carmo Brant de Carvalho. – São Paulo : Cortez,
2014.
DEMO, Pedro. Política social, educação e cidadania. Campinas, São Paulo, 1994.
Papirus: 3 edição.
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Disponível em http://www.cfess.org.br/arquivos/BROCHURACFESS_SUBSIDIOS-AS-
EDUCACAO.pdf
FREIRE. P. Educação como Prática da Liberdade. 14ª ed. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1983.
FREITAG. B. Escola, estado e sociedade. 6.ed. rev. São Paulo: Moraes, 1986.
Liberalismos e educação em debate / José Claudinei Lombardi & José Luís Sanfelice
(orgs). Campinas, SP : Autores Associados, Histedbr, 2007. – (Coleção educação
comtemporêna)
48
ODM BRASIL. O Brasil e os ODM. s.d.. Disponível em: http://www.odmbrasil.gov.br/o-
brasil-e-os-odm. Acesso em: 30 jul. 2019.
PNAD Contínua 2018: educação avança no país, mas desigualdades raciais e por
região persistem. Agência IBGE, 19 jun. 2019. Disponível em:
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noticias/releases/24857-pnad-continua-2018-educacao-avanca-no-pais-mas-
desigualdades-raciais-e-por-regiao-persistem. Acesso em: 20 jun. 2019.
UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Jomtien, 1990. Disponível
em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos-
conferencia-de-jomtien-1990. Acesso em: 20 jul. 2019.
Sites
http://www.observatoriodopne.org.br/
https://www.todospelaeducacao.org.br/
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