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Política Social em Educação

Unidade I

Vanderlei da Silva

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APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR

Prof. Dr. Vanderlei da Silva. Doutor em Educação (UNISO/2013). Mestre em


Educação (UNISO/2009). Especialista em EAD (UNIP/2017). Advogado
(UNISO/2004). Especialista em Direito do Terceiro Setor (FGV/SP/2005). Professor
do Curso de Graduação em Serviço Social Presencial/EAD (UNIP) e Pós-
Graduação em Gestão de Políticas Públicas EAD (UNIP). Professor convidado do
curso de especialização em Gestão Ambiental e Sustentabilidade na MBA UFSCar.
Gerente Administrativo e Financeiro do Serviço de Obras Sociais (SOS Sorocaba).
Diretor de Projetos do Lar Escola Monteiro Lobato. Conselheiro Fiscal da Fundação
Ubaldino do Amaral (FUA); Conselheiro Fiscal da Vila dos Velhinhos de Sorocaba;
Conselheiro Fiscal da Associação Protetora dos Insanos. Sócio do Escritório de
Advogados “Ranuzzi & Silva, Vieira”. Autor dos livros: “A Participação da Loja
Maçônica Perseverança III na Educação Escolar em Sorocaba” e “ O Terceiro Setor
e a Escola”. Participante convidado do "Social Innovationand Global Ethics Forum" -
SIGEF 2014 e 2015 realizado em Genebra/Suíça e SIGEF 2016 realizado em
Marrakech/Marrocos. Participante do "Premios Latinoamerica Verde 2016", realizado
em Guyaquil/Equador. Embaixador no Brasil do “Prêmios Latinoamérica verde 2020”
e porta-voz autorizado da Fundação Latinoamérica Verde no Brasil.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 04
1 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: CONJUNTURA, ESTRUTURA E
PERSPECTIVAS....................................................................................................... 07
1.1 A Política de Educação como direito.............................................................. 09
1.2 Educação no contexto das transformações da sociedade
contemporânea........................................................................................................ 14
2 POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS SOCIOPOLÍTICOS E
HISTÓRICOS............................................................................................................ 19
2.1 As reformas educacionais e os planos de
educação.................................................................................................................. 30
Resumo.................................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 46
INTRODUÇÃO

Apresentação

Neste livro-texto, temos como objetivos criar condições para que os alunos
compreendam as condições históricas que envolvem a formulação das políticas setoriais
brasileiras, conheçam as peculiaridades das políticas sociais na conjuntura brasileira e
entendam a natureza das políticas sociais de educação no Brasil. Além disso, buscamos
formar profissionais capazes de responder às demandas sociais na perspectiva de
assegurar direitos e democratizar o acesso do cidadão às políticas sociais, por meio da
instauração de práticas profissionais competentes, com potencial de produzir
conhecimentos e propor alternativas para a transformação da realidade social.
Procuramos também desenvolver no aluno conhecimentos e habilidades que possibilitem
o bom exercício profissional e a devida informação ao cidadão usuário dos serviços
sociais.

Pesquisadores que analisam a questão do desenvolvimento do Brasil destacam que o


país apresenta três problemas graves que impedem o seu crescimento e, principalmente,
uma mudança social transformadora. Sendo que os problemas que precisam ser
enfrentados são:

1 – A imensa desigualdade social.

2 – A violência existente na sociedade de uma forma geral.

3 – A falta de confiança entre os indivíduos e entre as instituições do Estado.

Porém, essas questões precisam ser enfrentadas por todas as políticas públicas
implementadas pelo Estado, pois trata-se de uma questão que transpassa todas elas.

Assim, o que vamos apresentar neste livro-texto são possíveis formas de superação
desse cenário negativo a partir da educação e o que veremos a seguir é que o Brasil
ainda não encontrou o modelo ideal de educação que consiga superar um sistema
pensado para atender determinados setores da sociedade e que agora tem sido cobrado
para estender uma educação de qualidade para todos os segmentos da população.

Também veremos que é necessário superar um modelo educacional que tem por
finalidade principal a inclusão do indivíduo no mercado de trabalho, sendo que o
emprego está diminuindo cada vez mais e que os que restam exigem um tipo de
educação qualificada e abrangente.

Assim, torna-se primordial pensar numa educação que forme cidadãos políticos,
preparados para uma nova sociedade que emerge do processo de globalização, em que
novas habilidades e exigências são apresentadas ao público escolar.

Nesse sentido, vamos refletir sobre vários aspectos da educação, que ainda é um
processo em construção no qual vamos encontrar as marcas profundas da exclusão
social, econômica e cultural de uma classe menos favorecida. Trata-se de uma educação
sem investimentos e oportunidades a essa parcela da população e sob o domínio de
organismos nacionais e internacionais, os quais direcionam os rumos da educação
brasileira para uma ação mercantilista.

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Por esses motivos, é fundamental pensar no desenvolvimento de uma educação
diferenciada, participativa e de qualidade. Educação que deve ser construída com o
compromisso ético, com a paixão em socializar conhecimentos, a criatividade e a
dinamicidade na construção do conhecimento pelos educadores.

E para que isso seja, de fato, alcançado é necessário pensar em estratégias que
permitam a articulação da Educação com outras disciplinas, visando proporcionar uma
educação de qualidade e inclusiva como forma de transformação social.

Inúmeras pesquisas nacionais e internacionais apresentam dados que demonstram o


que deve ser feito para que as escolas e os sistemas de ensino funcionem a contento e
promovam o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos.

O problema é que os resultados positivos dependem de muitos fatores que precisam


ser manejados e gerenciados ao mesmo tempo para que as melhorias aconteçam e os
resultados sejam significativos.

Assim, quando discutimos as questões relacionadas com os avanços que precisam


ser alcançados no âmbito da educação, é preciso considerar que as escolas têm cada
vez mais dificuldades para ensinar e promover o desenvolvimento integral de crianças e
adolescentes, especialmente aqueles que vivem em comunidades e famílias vulneráveis
que convivem com variadas formas de violência. Essas situações representam os fatores
de risco que podem impor limitações à trajetória escolar de crianças e adolescentes e
que estão presentes em um número cada vez mais amplo de territórios e espaços
urbanos e rurais, e não apenas naqueles tipicamente considerados como regiões críticas.
Para que esses obstáculos possam ser ultrapassados, torna-se fundamental a existência
de relações de cooperação entre as políticas setoriais.

A atual situação da educação no Brasil deixa evidente que o trabalho das escolas
precisa ser apoiado por ações de outras políticas setoriais, tais como assistência social,
saúde, cultura, esportes, trabalho e renda, segurança etc., pois somente com esse apoio
é que a educação conseguirá ter mais chances de sucesso. Tal proposta não é nenhuma
novidade, pois o princípio da articulação intersetorial já foi reconhecido em vários marcos
legais e planos governamentais e vem sendo reafirmado em documentos recentes.

É o que aponta, por exemplo, o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelecido para
o período 2014-2024, que foi instituído pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Nesse
documento está disposto que o alcance das metas de melhoria do acesso, da
permanência e do aproveitamento das crianças e adolescentes na escola depende, entre
outros fatores, da existência de ações conjuntas entre as áreas da Assistência Social, da
Saúde e da Educação. O Plano também indica que uma boa integração entre essas
áreas pode favorecer a redução de problemas que limitam a trajetória escolar da
população infanto-juvenil, especialmente aquela parcela pertencente aos segmentos
mais vulneráveis da população, que são beneficiários dos programas de transferência de
renda.

Outro desafio que se torna cada mais evidente para a melhoria da educação brasileira
é a redução da tendência à evasão escolar entre a população de 15 a 17 anos, que é
significativamente maior que a registrada em outras faixas etárias, fato que tem sido
constatado pelas pesquisas divulgadas pelo IBGE. Trata-se de um problema grave e cujo

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enfrentamento depende da existência de uma adequada articulação entre políticas
setoriais.

Assim, o principal objetivo deste livro-texto é o de apresentar os aspectos históricos da


educação no Brasil e dos desafios que ela ainda enfrenta após a promulgação da Lei n.
9.394/1996 (LDB).

A partir dos nossos estudos vamos compreender que é necessário articular esforços
que efetivamente promovam avanços no âmbito educacional. Pois, os objetivos somente
serão alcançados se houver o aprimoramento dos mecanismos de gestão das políticas
setoriais, que deverão ser repensadas e reorganizadas para atuar de forma colaborativa.

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1. POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: CONJUNTURA, ESTRUTURA E
PERSPECTIVAS

Para o Estado brasileiro, a educação, nos últimos tempos, ocupou lugar de destaque
nas esferas econômica, política e cultural, pois estamos no processo de construção de
uma sociedade marcada pela tensão social e pelas disputas dos projetos societários de
diferentes grupos e segmentos sociais, especialmente para conquistar-se a hegemonia
política e cultural na sociedade.

Observação

Hegemonia cultural é um conceito formulado por Antonio Gramsci para descrever o


tipo de dominação ideológica de uma classe social sobre outra, particularmente da
burguesia sobre o proletariado.

Nessa perspectiva, a Constituição Federal e as legislações vigentes têm como


fundamento a defesa de uma educação que permita o acesso a todo cidadão, com
qualidade e como propósito de inserção do cidadão no mercado profissional e no mundo
do trabalho.

Porém, na prática nem todos os discursos e nem todas as propostas legais se tornam
realidade, pois várias pesquisas demonstram que milhares de crianças, adolescentes e
jovens, mesmo matriculados em uma escola, permanecem excluídos de uma educação
participativa, democrática, conscientizadora, dialógica, autônoma e afetiva.

Segundo Libâneo (1994) as tarefas da Escola Pública Democrática são as seguintes:

1. proporcionar a todas crianças e jovens a escolarização básica e gratuita de pelo


menos oito anos, assegurando a todos as condições de assimilação de conhecimentos
sistematizados e a cada um o desenvolvimento de suas capacidades físicas e
intelectuais;

2. Assegurar a transmissão e assimilação dos conhecimentos e habilidades que


constituem as matérias de ensino;

3. Assegurar o desenvolvimento das capacidades e habilidade intelectuais ,sobre a


base dos conhecimentos científicos, que formem o pensamento crítico e independente,
permitam o domínio de métodos e técnicas de trabalho intelectual , bem como a
aplicação prática dos conhecimentos da vida escolar e na prática social;

4. Assegurar uma organização interna da escola em que os processos de gestão e


administração e os princípios de participação democrática de todos os elementos
envolvidos na vida escolar estejam voltados para o atendimento da função básica da
escola, o ensino.

Dessa forma, podemos perceber que temos sérios problemas na educação básica,
que não consegue alfabetizar de maneira correta, fato que leva os jovens ao Ensino

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Médio sem a devida preparação e se torna motivo causador de uma alta taxa de evasão
escolar.

Por isso, é preciso reconhecer a necessidade de se pensar em novas formas de


relação entre escola, alunos e sociedade, uma relação mais integradora, em que o
público interessado tenha espaço para uma maior participação nas decisões tomadas e
que impactam todo o processo educacional.

Nesse sentido, a integração de várias políticas sociais se coloca como um importante


fator de colaboração na implementação das mudanças que são necessárias para
transformar o ambiente escolar e para que a escola consiga dar respostas mais
significativas ao seu público, tornando-se um espaço de interlocução no qual os
problemas são debatidos e as respostas são encontradas de forma conjunta entre todos
os atores envolvidos no processo de educar.

Em junho de 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os


dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) para a
educação. Segundo essas estatísticas, 40% da população de 25 anos ou mais nem
sequer concluíram o ensino fundamental, o que representa cerca de 53,4 milhões de
pessoas.

Saiba mais

PNAD Contínua 2018: educação avança no país, mas desigualdades raciais e por
região persistem. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-
imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/24857-pnad-continua-2018-educacao-
avanca-no-pais-mas-desigualdades-raciais-e-por-regiao-persistem. Acesso em:
11/07/2020.

Essa taxa é importante para compor um cenário mais amplo no qual se constata que
mais da metade dessa população (52,6%) não completou a educação básica, ou seja,
não chegou a se formar no Ensino Médio, o que corresponde a 70,3 milhões de pessoas.

A mesma pesquisa demonstra que o Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos
entre a população de 15 anos ou mais, números que correspondem a 6,8% dessa
população. O dado diz respeito ao cenário identificado em 2018 e apresentou queda de
0,1 ponto percentual em relação a 2017, o que significa 121 mil analfabetos a menos,
quando o país tinha 6,9% das pessoas nessa situação.

As informações produzidas pela pesquisa são referentes ao ano de 2018 e, embora


ainda mostrem um cenário negativo, apresentam evolução em relação ao alcançado em
2017, quando 40,9% da população não tinham o fundamental. Já o índice de pessoas
que não terminaram a educação básica chegava a 53,8%. Também é importante
observar na pesquisa que o Nordeste tem uma taxa de analfabetismo quatro vezes maior
(13,9%) que a do Sudeste (3,5%).

Diante desses dados é possível concluir que quatro anos depois do prazo
estabelecido o Brasil ainda não bateu a meta de alfabetização proposta nos planos
educacionais do país e que deveria já ter sido alcançada em 2015.

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Assim, torna-se nítido para todos que o Brasil precisa avançar muito no campo
educacional se, de fato, quiser cumprir com o projeto de país previsto em sua
Constituição Federal, sendo que isso justifica as introduções de novas práticas
educativas e novas formas de atuação.

Saiba mais

Sobre o tema, leia a matéria a seguir:

PNAD Contínua 2018: educação avança no país, mas desigualdades raciais e por
região persistem. Agência IBGE, 19 jun. 2019. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/24857-pnad-continua-2018-educacao-avanca-no-pais-mas-
desigualdades-raciais-e-por-regiao-persistem. Acesso em: 11/07/2020.

1.1 A Política de Educação como direito

A perspectiva política e a natureza pública da educação são realçadas na Constituição


Federal de 1988, não só pela expressa definição de seus objetivos, como também pela
própria estruturação de todo o sistema educacional.

A nossa Constituição (BRASIL, 1988) enuncia o direito à educação como um direito


social no artigo 6º e especifica a competência legislativa nos artigos 22, XXIV e 24, IX.
Além disso, dedica toda uma parte do título da Ordem Social para responsabilizar o
Estado e a família, tratar do acesso e da qualidade, organizar o sistema educacional,
vincular o financiamento e distribuir encargos e competências para os entes da
federação.

Porém, para que a política de educação seja garantida como um direito de todos, não
basta apenas a sua inserção no texto constitucional, pois é preciso tratar das relações
entre os problemas de acesso, permanência e qualidade e a configuração histórica do
Estado brasileiro, e, consequentemente, da política educacional que foi traçada a partir
dessa configuração.

Também é de fundamental importância entender as profundas desigualdades sociais


e regionais e o correlato processo excludente quanto ao direito à educação no Brasil,
tanto do ponto de vista normativo-político quanto do ponto de vista das dinâmicas
intraescolares.

Dessa forma, ao tratarmos da política de educação como um direito é preciso recordar


que enquanto em outros países, já no século XIX, os sistemas nacionais de educação
começavam a se articular e a generalização da instrução elementar passava a ser
entendida como uma tarefa precípua do Estado nacional, ainda não temos, no Brasil do
século XXI, um sistema de educação que possa ser denominado nacional, dadas as
profundas disparidades entre redes e sistemas de ensino entre estados e regiões.

Essas disparidades impactam de forma negativa no sistema de ensino brasileiro,


dificultando de uma forma sistemática que o direito a educação seja garantido a todos os
brasileiros de uma forma igualitária, conforme o que está previsto na Constituição
Federal.

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Apesar dessa consideração, não podemos negar que a legislação, ainda que
insuficiente para mudar essa realidade, é importante para indicar os caminhos e orientar
o cidadão e a sociedade sobre os seus direitos, proporcionando, consequentemente,
condições para que possam exigir o que está contido nas leis.

Nesse sentido, podemos considerar que o direito educacional como um conjunto de


normas, princípios, leis e regulamentos que versam sobre as relações de alunos,
professores, administradores, especialistas e técnicos, enquanto envolvidos, mediata ou
imediatamente, no processo ensino-aprendizagem, possui um propósito bem definido, ou
seja, de proporcionar uma educação de qualidade a todos os segmentos da população
brasileira. Porém, a dificuldade se encontra em como conseguir superar os obstáculos
políticos, sociais e econômicos para que isso se torne uma realidade entre nós.

É necessário considerar, ainda, que nesse arcabouço jurídico está contido todo o
conjunto de normas, de todas as hierarquias: leis federais, estaduais e municipais,
portarias e regimentos que disciplinam as relações entre os envolvidos no processo de
ensino aprendizagem. Isso também é um problema a ser considerado, pois num país de
proporções continentais como o nosso existem também enormes diferenças regionais
que precisam ser consideradas pelo sistema educacional.

Por esse motivo, é muito importante tratar também dos princípios reguladores do
ensino no Brasil, e com essa finalidade iremos a seguir tratar de cada um deles.

Dignidade da pessoa humana:

Quando tratamos dos princípios que regem a educação no Brasil, não podemos deixar
de abordar um dos princípios que é considerado basilar do estado democrático de direito,
ou seja, o princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, é importante tratar da
dignidade da pessoa humana como um princípio norteador de todos os outros princípios
que norteiam o direito à educação.

Quando a Constituição brasileira, seguindo as convenções internacionais, determinou


que todo ser humano é sujeito de direito e deveres, que vivendo em comunidade possui
o direito de uma subsistência digna, o Brasil assumiu o dever de garantir o mínimo
indispensável à subsistência humana. Nesse sentido, o direito à educação integra essa
parcela mínima indispensável à sobrevivência do homem.

Igualdade de condições para o acesso e permanência escolar

Este princípio está tipificado no preâmbulo da Carta Magna e nos art. 3º, incisos I e IV
e 5º, caput e também no inciso I do art. 206, tendo como premissa maior que a educação
como dever do Estado deve ser fornecida a todos, e não a uma parcela da sociedade.

Observação

O preâmbulo tem por finalidade retratar os principais objetivos do Texto Constitucional,


enunciando os princípios constitucionais mais valiosos, assim como as ideias essenciais
que alimentaram o processo de criação da Constituição.

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Dessa forma, o texto constitucional determina que as condições de acesso à escola,
bem como a permanência, devem ser igualitárias, sem qualquer descriminalização, seja
ela de cor, raça, sexo, idade ou condições financeira ou religiosa.

Liberdades de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar pensamentos, a arte e o


saber

Tal princípio está diretamente relacionado com os direitos fundamentais e individuais,


previstos no art. 5º da Constituição Federal, que estabelece a liberdade geral como um
de seus valores básicos.

Assim, também ficou estabelecido o direito à inviolabilidade, à livre manifestação de


pensamento, à liberdade de consciência, à vedação ao anonimato e à liberdade de
expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença.

Dessa forma, quando a Constituição trouxe no inciso I do art. 206 a liberdade de


aprender, ensinar, pesquisar e divulgar pensamentos, a arte e o saber, ratificou os
valores básicos de um estado democrático de direito.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes


princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da
lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial
profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade

Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de


instituições públicas e privadas de ensino

Este princípio tem sido muito discutido atualmente, quando se trata do que a escola
deve ensinar e encontra alicerçado na diversidade. É importante destacar que tal
princípio está relacionado com a previsão do pluralismo político, descrito na Constituição
Federal em seu art. 1º, inciso I. Tal princípio também é um dos fundamentos do Estado
democrático de direito, pois significa que não cabe ao Estado impor um único modelo a
ser aplicado no processo de ensino.

Principalmente no Brasil, com suas proporções continentais, não é possível a


existência de uma única forma, pré-estabelecida, do processo de aprendizagem. Dessa
forma, o modo de ensinar deve obedecer a realidades regionais e ideológicas de cada
escola, a qual buscará a forma mais adequada de ministrar as aulas tendo em foco o
aluno, procurando sempre integrar a família e a comunidade nesse processo contínuo de
aprendizagem.

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Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais

Essa determinação legal trata da inclusão do princípio da gratuidade da educação no


rol dos princípios constitucionais, vedando qualquer possibilidade de que um projeto de
lei venha a estipular que o ensino público deva ser pago. Nesse contexto encontram-se
inclusos os Ensinos Fundamental, Médio e Superior.

Valorização dos profissionais de educação escolar

Visando dar condições para que a educação conte com a participação de profissionais
motivados com a sua carreira pedagógica, a valorização do professor foi definida como
princípio constitucional. Este princípio também têm o objetivo de garantir que o
magistério público se organize em plano de carreira, o que impossibilita que o quadro
seja composto de forma isolada.

O respeito a esse princípio garante a existência de mecanismos que possam propiciar


ao profissional de educação maior empenho e melhor produção do ensino, através de
melhorias salariais e de incentivos na continuidade da carreira do magistério. Nessa
mesma linha, podemos destacar também a instituição do piso nacional de salário para o
professor.

Gestão democrática do ensino público

É um princípio que também tem a sua origem nos princípios do estado democrático de
direito, no art. 1º da Constituição Federal, tais como soberania popular, cidadania e
pluralismo político.

Como a educação é um dever constitucional do Estado brasileiro, deve estar centrada


na democracia, ou seja, deve ser uma gestão escolar que envolva a comunidade escolar,
não somente no processo de escolha dos seus dirigentes através de eleição, mas em
toda administração, financeira e pedagógica.

Pelo respeito a esse princípio, o processo educacional não pode ser imposto sem que
se ouça a opinião das partes interessadas, uma vez que esse processo somente se
concretiza com a participação de todos os entes envolvidos, participando efetivamente da
gestão escolar.

Estudos e pesquisas apontam a gestão democrática como um dos elementos


recorrentes entre as redes que apresentam bons resultados nas avaliações finais,
por esse motivo a gestão democrática da Educação está amparada na legislação
educacional. Nesse sentido, a própria LDB prevê a autonomia da escola para
promover uma gestão participativa: “os sistemas de ensino assegurarão às unidades
escolares públicas de Educação Básica que os integram progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as
normas gerais de direito financeiro público”.

A gestão democrática implica primeiramente o repensar da estrutura de poder


da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do poder propicia a
prática da participação coletiva. Por esse motivo, dentre os mecanismos de
participação democrática na escola, referendados pela Constituição Federal de 1988
e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, estão a

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garantia de participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola, além da participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes.

Dessa forma, podemos dizer que este princípio tem dois sentidos objetivos: o
de integrar e trazer para a escola a população, pois assim todos poderão usufruir,
direta ou indiretamente, desse direito; e o de exercer o controle social da atividade,
na sua qualidade, gestão e finalidades.

Observação

Controle social é uma forma de compartilhamento de poder de decisão entre Estado e


sociedade sobre as políticas, um instrumento e uma expressão da democracia e da
cidadania.

Garantia de padrão de qualidade

O legislador constitucional já havia percebido que não seria suficiente prescrever a


educação como um direito de todos e ao mesmo tempo dever do Estado sem a garantia
de que fosse assegurado um padrão de qualidade.

Em todos os aspectos das políticas educacionais, será sempre a qualidade que


garantirá que os objetivos da educação serão alcançados, possibilitando o pleno
desenvolvimento da pessoa humana e viabilizado a sua inserção no mercado de trabalho
e, acima de tudo, o pleno exercício da cidadania.

Piso salarial para os profissionais da educação escolar pública

Quando uma Constituição Federal é elaborada, não é possível prever todas as


questões que ela precisa tratar. Por esse motivo é que existe a possibilidade de ampliar o
seu alcance por meio das Emendas Constitucionais.

Esse princípio foi introduzido na Constituição Federal pela EC n. 53/2006 e definiu que
a regulamentação ficava a cargo de lei federal, cabendo ao Poder Executivo Federal a
iniciativa legislativa.

Porém, a devida regulamentação dessa Emenda somente ocorreu com a promulgação


da Lei n. 11.738/08, de forma parcial. A Lei prescreve o piso inicial para o profissional
federal, com carga horária de 40h mensais com formação em nível médio. Trata-se de
um importante avanço no que se refere a valorização dos profissionais da educação e
consequentemente na melhor qualidade de ensino, constituindo este o objetivo do
princípio.

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1.2 Educação no contexto das transformações da sociedade
contemporânea

Sempre é importante destacar que as políticas de educação no Brasil pós-


Constituição de 1988 têm sido adotadas a partir dos parâmetros ditados pelo contexto da
ideologia neoliberal, ou seja, são políticas sociais, porém vistas por viés econômico,
como formação do capital humano. Dessa forma, a educação tem sido orientada como
um modelo de formação, de sujeitos produtivos para o mercado, modelo que se tornou
hegemônico e que está constituído pelas competências necessárias à empregabilidade.

Porém, é necessário considerar que existe outra função da educação e que na maioria
das vezes não tem sido devidamente observada, ou seja, a construção de um modelo de
educação que atenda às necessidades da população excluída dos direitos básicos da
existência humana e dos princípios da formação de sujeitos críticos, conscientes e
construtores de sua história.

Pensando a educação nessa perspectiva, é fundamental recordar o legado deixado


pelo educador Paulo Freire, que sempre procurou mostrar a importância de se ter uma
educação a partir do conhecimento do povo e com o povo provocando uma leitura da
realidade na ótica do oprimido, que ultrapasse as fronteiras das letras e se constitui nas
relações históricas e sociais. É fundamental pensar a educação por essa perspectiva,
pois a cada dia a sociedade contemporânea passa por significativas transformações
econômicas, políticas, sociais e culturais que mudam a forma como os sujeitos se
relacional entre si e com a sociedade.

Os caracteres mais salientes e visíveis do mundo moderno são a


necessidade de agitação incessante e de mudança contínua; a dispersão
numa multiplicidade não mais unificada; a análise levada ao extremo; a
fragmentação indefinida; a desagregação de todas as atividades
humanas; a não aptidão à síntese e a impossibilidade de qualquer
concentração (ROSSI, 1992, p.20).

Tais transformações são acarretadas, principalmente, em função dos avanços


tecnológicos que passam a ocorrer numa velocidade espantosa a partir do início do
século XXI. Nesse novo projeto de mundo tecnológico e conectado, a escola vem sendo
cada vez mais questionada a respeito do seu papel numa sociedade, que exige um novo
tipo de trabalhador, mais flexível e polivalente, capaz de pensar e aprender
constantemente e que atenda às demandas dinâmicas que se diversificam em
quantidade e qualidade. Além disso, cobra-se da escola a capacidade de conseguir
também desenvolver nos alunos conhecimentos, capacidades e qualidades para o
exercício autônomo, consciente e crítico da cidadania.

Para conseguir cumprir com essa gama de objetivos que estão sendo colocados como
finalidade da educação, a escola deve articular o saber para o mundo do trabalho e o
saber para o mundo das relações sociais. Porém, conforme os ensinamentos de Frigotto,
nem sempre foi essa a expectativa que a sociedade colocava para a educação.

Na perspectiva das classes dominantes, historicamente, a educação dos


diferentes grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-
los técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Trata-se de
subordinar a função social da educação de forma controlada para
responder às demandas do capital (FRIGOTTO, 1999, p.26).

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No entanto, a sociedade globalizada coloca outras responsabilidades para uma escola
que encontra dificuldades em acompanhar todas as mudanças que estão ocorrendo no
mundo, principalmente nas escolas públicas, onde a burocracia do Estado dificulta a
implementação de mudanças para mudar os paradigmas existentes.

Esses novos paradigmas, em seu âmbito mais amplo, são questões que buscam
apreender a função social dos diversos processos educativos na produção e reprodução
das relações sociais. Já num plano mais específico, tratam das relações entre a estrutura
econômico-social, ou seja, o próprio processo de produção, as mudanças tecnológicas, o
processo e a divisão do trabalho, a produção e a reprodução da força de trabalho e os
processos educativos ou de formação humana.

É necessário que a escola consiga absorver tudo isso, pois vivemos uma nova
realidade mundial, a qual os estudiosos denominam como a “sociedade do
conhecimento”. Agora os métodos de aprendizado já não são baseados na divisão entre
o pensamento e ação, na fragmentação de conteúdos e na memorização, em que o livro
didático era responsável pela qualidade do trabalho escolar. Agora é possível aprender
na rua, no smartphone, no computador e em qualquer outro lugar. Assim, houve uma
significativa ampliação dos espaços educativos, o que não significa o fim da escola, mas
que esta deve se reestruturar de forma a atender as demandas das transformações do
mundo do trabalho e seus impactos sobre a vida social.

Essas mudanças têm suas origens principalmente nas transformações técnico-


científicas ocorridas no âmbito da economia e da política, como o fenômeno da
globalização mundial com suas repercussões nos meios de produção, precarização e
flexibilização do trabalho e o desemprego causado pela automatização da produção.
Dessa forma, os avanços tecnológicos fizeram com que a escola precisasse desenvolver
um novo método de qualificação do sujeito, tendo como responsabilidade a formação de
indivíduo flexível e adaptativo para atender as necessidades do mercado. Assim, o
ambiente de formação escolar passa a ter a função de setor de produção e de agente de
transformação.

Porém, todas essas transformações também possuem um aspecto negativo, que de


certa forma também se reverbera na escola: o aumento do desemprego e da exclusão
social, pois a maior parte das benesses resultantes das transformações sociais são
usufruídas por apenas uma pequena parcela da sociedade.

Saiba mais

Leia o texto a seguir:

MEDEIROS, M. O mundo é o lugar mais desigual do mundo. Piauí, jun. 2016.


Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-mundo-e-o-lugar-mais-desigual-
do-mundo/. Acesso em: 18/07/2020.

Outro aspecto importante a ser destacado quando se procura entender a educação no


contexto das transformações da sociedade contemporânea é a obrigação imposta ao ser
humano de ter que estudar durante toda a vida se quiser manter-se atualizado e
participante da sociedade do conhecimento.

15
Assim, estudar se tornou algo para fazer durante toda a vida, pois a sociedade do
conhecimento requer que profissionais adquiram novas habilidades todo o tempo para se
manter produtivo e capaz de entender o mundo em que vive. Nesse sentido, qualquer
tipo de profissional tem de seguir estudando e aprendendo novas habilidades ao longo
da vida, não bastando apenas cursar o ensino tradicional, uma vez que vivemos em uma
sociedade baseada na inovação e que, por isso, há a necessidade de se renovar e
aprender coisas novas o tempo todo.

A síntese dessa nova proposta de educação foi desenvolvida por Jacques Lucien
Jean Delors, economista e político francês, que de 1992 a 1996 presidiu a Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI, da Unesco.

Observação

A Representação da Unesco no Brasil foi estabelecida em 1964 tendo como


prioridades a defesa de uma educação de qualidade para todos e a promoção do
desenvolvimento humano e social.

Durante o período que esteve à frente da Unesco, Delors (2010) foi o autor do
relatório "Educação, um Tesouro a descobrir", em que se exploram os quatro pilares da
educação. Esse relatório apontou como principal consequência da sociedade do
conhecimento a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda vida,
fundamentada em quatro pilares, que são, concomitantemente, do conhecimento e da
formação continuada.

Como veremos a seguir, tais pilares e os saberes e competências a se adquirir são


apresentados, aparentemente, divididos. Essas quatro vias não podem, no entanto,
dissociar-se por estarem interligadas, constituindo interação com o fim único de uma
formação holística do indivíduo. Como afirma Delors (2010), “À educação cabe fornecer,
de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao
mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele”.

Os quatro pilares da educação do século XXI.

Aprender a Essa aprendizagem se refere à aquisição dos


conhecer "instrumentos do conhecimento", desenvolvendo nos
alunos o raciocínio lógico, a capacidade de
compreensão, o pensamento dedutivo e intuitivo e a
memória. O importante é não apenas despertar nos
estudantes esses instrumentos, como motivá-los a
desenvolver sua vontade de aprender e querer saber
mais e melhor.
Aprender a fazer Essa aprendizagem confere ao aluno uma formação
em que aplicará na prática seus conhecimentos

16
teóricos. É essencial que cada indivíduo saiba se
comunicar através de diferentes linguagens, assim
como interpretar e selecionar quais informações são
essenciais e quais podem ajudar a refazer opiniões e
serem aplicadas na maneira de se viver e de
redescobrir o tempo e o mundo.
Aprender a Esse domínio da aprendizagem atua no campo das
conviver atitudes e dos valores e envolve uma consciência e
ações contra o preconceito e as rivalidades diárias que
se apresentam no desafio de viver.
Aprender a ser Esta aprendizagem depende das outras três, e dessa
forma a educação deve propor como uma de suas
finalidades essenciais o desenvolvimento do indivíduo,
espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético,
responsabilidade pessoal e espiritualidade.
Fonte: Fundação Telefônica.

Saiba mais

Sobre o tema, leia o texto a seguir:

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Brasília, 2010. Disponível em:


https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por. Acesso em: 18/07/2020.

A partir da compreensão do que estudamos a respeito da educação no contexto das


transformações da sociedade contemporânea, podemos ver que a sociedade do
conhecimento necessita também do conhecimento de processos, que em raras exceções
as escolas tentam ensinar. Além disso, nessa nova realidade os sujeitos precisam
aprender como aprender, sendo que nessa perspectiva as matérias podem ser menos
importantes que a capacidade dos alunos de continuarem aprendendo e que a sua
motivação para fazê-lo.

Dessa forma, podemos considerar que a educação deve representar a consolidação


de espaços que sejam utilizados como formas de participação e, principalmente, de
inserção das famílias nos espaços escolares, pois o compartilhamento e o acesso às
informações, assim como a valoração das realidades locais, devem ser aproveitados no
processo de construção do Projeto Político Pedagógico da escola.

O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um instrumento que reflete a proposta


educacional da escola. É através dele que a comunidade escolar pode desenvolver um

17
trabalho coletivo, cujas responsabilidades pessoais e coletivas são assumidas para
execução dos objetivos estabelecidos.

Nessa perspectiva, a escola deve estar preparada para romper com todo o processo
histórico que representou a sua construção como uma importante organização social,
uma vez que o futuro lhe apresenta novos desafios. Dessa forma, para que a escola
consiga atender as novas expectativas que a sociedade coloca para a educação é
fundamental que os atores escolares estejam preparados para a utilização das novas
tecnologias da informação e da comunicação, pois são ferramentas que podem contribuir
de forma significativa para as práticas escolares em todos os níveis do ensino.

É importante considerar que boa parte dos alunos que frequentam as escolas já
possui o conhecimento necessário para utilizar essas tecnologias, pois já o fazem no seu
dia a dia. Porém, os atores escolares ainda têm dificuldades em conseguir fazer a junção
entre o conhecimento que precisa ser transmitido e a capacidade dos alunos em
aprender com a utilização de novas tecnologias, considerados por eles como muito mais
interessante que os métodos tradicionais.

Saiba mais

Colocando os desafios da escola em perspectiva, Leandro Petarnella, por meio dos


indícios juntados no cotidiano escolar, propõe uma tarefa arriscada: constituir vetores
ativos, num cenário precário de passagens, que promovam a reflexão sobre a “escola
analógica” e cabeças digitais. Acesse o texto em:

PETARNELLA, L. Escola analógica e cabeças digitais: o cotidiano escolar frente às


tecnologias midiáticas e digitais de informação e comunicação. QUAESTIO, Sorocaba, v.
10, n. 1/2, p. 323-327, maio/nov. 2008. Disponível em:
http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/quaestio/article/download/76/76/. Acesso em:
11/07/2020.

Como podemos observar diante da realidade que se apresenta em nosso cotidiano,


vivemos numa nova sociedade onde as mudanças ocorridas nas formas de comunicação
e intercâmbio de conhecimentos, resultantes principalmente pelo uso generalizado das
tecnologias digitais, exigem uma grande reformulação das relações de ensino e
aprendizagem, tanto no que diz respeito ao que é feito nas escolas quanto a como é
feito.

Por esses motivos, os atores escolares precisam começar a discutir de que forma a
utilização das novas tecnologias, especialmente da internet, pode ser utilizadas no
processo educativo. Porém, antes é fundamental compreender quais são as suas
especificidades técnicas e qual é o seu real potencial pedagógico.

Saiba mais

Leia a obra a seguir: TEDESCO, J. C.O novo pacto educativo: educação,


competitividade e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 1998.

18
2. POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS SOCIOPOLÍTICOS E
HISTÓRICOS

Para que possamos entender os aspectos mais relevantes das nossas políticas
educacionais, precisamos primeiro compreender o processo de construção histórica da
educação no Brasil. Nessa seara, para entender o presente é necessário conhecer o
passado, uma vez que existe uma correlação direta entre as políticas educacionais
pensadas para o país durante toda a sua história e a prática escolar existente na
atualidade.

Pela leitura da obra de Freitag (1986, p.46) em seu livro Escola, estado e sociedade,
podemos classificar a História da Educação no Brasil em três períodos, fazendo uma
interface dos modelos educacionais aos ciclos econômicos vivenciados no país: o ciclo
da agro exportação, o de substituição das importações e, finalmente, o de
internacionalização do mercado interno.

Segundo o autor, para podermos compreender melhor essa classificação, podemos


utilizar a seguinte divisão cronológica:

 1º período: de 1500 a 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira


República;

 2º período: de 1930 a 1960, aproximadamente;

 3º período: de 1960 em diante.

A partir dessa divisão histórica podemos iniciar uma breve apresentação dos
processos pelos quais passaram a educação escolar no Brasil.

Por aproximadamente dois séculos, os Padres Jesuítas foram os educadores, quase


que exclusivos, no Brasil. Essa era uma forma de a Igreja Católica divulgar os preceitos
cristãos e os princípios da cultura europeia nos colégios e seminários dos jesuítas,
contribuindo com os objetivos da colonização portuguesa.

A História da Educação no Brasil inicia com a chegada dos padres


jesuítas, responsáveis pelas bases de um vasto sistema educacional,
ocorrendo por esse intermédio o desenvolvimento de um sistema
educacional que seria o marco da educação brasileira, que evoluiu,
progressivamente, com a expansão territorial da colônia, ou seja, como
predomínio da Igreja Católica na definição do sistema educacional
(PIANA, 2009, p. 59).

Em 1554, com a intenção de ensinar e catequizar os indígenas que viviam no planalto


de Piratininga, os jesuítas constroem a primeira escola, feita de pau a pique (técnica de
construção com barro, bambu e palha).

Nesse período, a economia do Brasil era baseada no modelo agroexportador, que foi
implantado na maior parte das Colônias portuguesas. Esse modelo tinha por finalidade
oferecer lucro à metrópole, sendo que esse objetivo era atingido por meio da produção
de produtos primários como açúcar, ouro, café e borracha.

19
No Brasil Colônia, a estrutura social era formada basicamente por escravos, incluindo
os trabalhadores, os senhores de engenho, os grandes latifundiários e os funcionários da
coroa. Nesse tipo de formação da estrutura social inexistia o que hoje denominamos
como uma política educacional de caráter estatal. O que tínhamos nesse período era um
sistema educacional de elite, e não havia interesse em ampliar a escolarização para
atingir a classe subalterna. Assim, o entendimento da gênese do modelo educacional
brasileiro já nos leva a perceber que, desde a sua colonização, o país sempre valorizou
um sistema educacional organizado e estruturado de forma excludente e seletiva.

No ano de 1808, Portugal foi invadido pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte,
e a família real e a corte transferem-se para o Brasil. Com a vinda da Corte Portuguesa
para a Colônia, foram introduzidas modificações no plano econômico, político e social.
Tais mudanças também tiveram influências no âmbito da educação, adotada pelo
governo português para o Brasil. Nesse sentido, foram inauguradas diversas instituições
educativas e culturais e surgiram os primeiros cursos superiores de Direito, Medicina e
Engenharia, mas não universidades.

Observação

Uma universidade é uma instituição de ensino superior pluridisciplinar e de formação


de quadros profissionais de nível superior, de investigação, de extensão e de domínio e
cultivo do saber humano.

É importante destacar que a introdução de cursos superiores no Brasil somente


ocorreu aproximadamente cem anos depois da criação de cursos superiores nos Estados
Unidos, sendo essa uma possível explicação para a diferença no nível de
desenvolvimento dos dois países.

Além dessas mudanças, houve a necessidade da formação de novos quadros


técnicos e administrativos para atender a demandados serviços criados em função das
inovações introduzidas por D. João VI.

Fundaram-se escolas técnicas e academias, para atender à demanda,


pois com a abertura dos portos, intensificou-se o contato com outros
países e outras culturas. Nesse período, foram criadas: a Academia Real
da Marinha, a Academia Militar, o curso de cirurgia, anatomia e, depois,
o curso de Medicina. E ainda, foram criados os cursos de Economia,
Agricultura, Botânica, Química Industrial, Geologia e Mineralogia, e
outros. Mas, cabe ressaltar, a maioria dos cursos eram rudimentares em
sua organização, pois focavam somente a profissionalização (FREITAG,
1986, p.48).

Novas mudanças educacionais serão promovidas no país a partir de 1822, com a


proclamação da Independência do Brasil. Os novos ideais foram discutidos pela
Assembleia Constituinte, que defendia a importância da educação popular.

Nesse sentido, em 1827, foi determinada na legislação que deveriam ser criadas
escolas primárias em todas as cidades e vilas mais populosas. Porém, iniciava-se aí um
dos grandes problemas que dificultam a evolução da educação no país, pois muitas das
propostas previstas nas legislações acabaram por não serem implementadas de fato. E

20
foi o que ocorreu na época, uma vez que em 1834 a responsabilidade pela educação
primária foi transferida para a responsabilidade das províncias.

Lembrete

As províncias foram subdivisões do território brasileiro, criadas no Reino do Brasil e


herdadas pelo Império do Brasil.

Outra questão que demonstra a falta de interesse do Império pelas questões


educacionais foi que a lei de 15 de outubro de 1827 vigorou até 1846 como a única lei
geral para o ensino elementar, ou seja, não houve nenhum interesse político em
modificar a situação que estava posta para a educação.

No período de 1860 a 1890, a iniciativa particular no sistema educacional cresceu em


oposição à situação de total abandono pelo Estado. Porém, mesmo assim, a Constituição
de 1891 adotou em parte a mesma forma de administração do sistema escolar do
Império.

A expansão do ensino foi lenta e irregular, por falta de uma formulação


da política educacional e mesmo com a proclamação da República, em
1889, quase não alterou esse cenário, mas houve somente investimento
e expansão no ensino superior, por meio da criação de muitas escolas
para a formação de profissionais liberais, em atenção aos interesses de
uma classe dominante para a permanência no poder (PIANA, 2009, p.
63).

No ano de 1890, foi criado o Ministério de Educação, Correios e Telégrafos, o qual


teve curta duração, sendo passados os assuntos educacionais para o Ministério da
Justiça.

Um significativo avanço no âmbito educacional brasileiro foi registrado entre os anos


de 1889 a 1930, quando foram fundadas algumas escolas superiores e construídas
muitas escolas primárias e secundárias, mas substancialmente pouco se alterou o
quadro do sistema educacional.

Ocorre que, nesse período, o Estado apenas procurou garantir a manutenção dos
estabelecimentos considerados como padrão para as demais escolas secundárias do
país, mas não conseguiu atender aos anseios republicanos de ampliação das
oportunidades educacionais, permanecendo ainda um sistema elitista, excludente e
seletivo. Por esse motivo, foi a iniciativa particular que assumiu a responsabilidade sobre
o ensino secundário, pois havia uma completa ausência do Estado nesse nível
educacional.

Porém, novas transformações ocorridas no setor econômico, político e social durante


a Primeira República introduziram mudanças no setor cultural, pois a ideia de que a
escolarização deve responder aos anseios das transformações sociais do século XX
levou a um entusiasmo pela educação e a um otimismo pedagógico. Nesse sentido, a
preocupação com a ampliação da escola primária, na década de 1920, foi o ponto
principal das reflexões e das discussões dos educadores e políticos.

21
Com a criação, em 1924, da Associação Brasileira de Educação (ABE) pelos
educadores, intelectuais, políticos e figuras de expressão da sociedade brasileira, foi
possível impulsionar as discussões em torno dos problemas educacionais, por meio
desta organização, sendo promovidos cursos, palestras, semanas da educação e
conferências, principalmente as Conferências Nacionais de Educação. No período de
1927 a 1929, foram realizadas três grandes Conferências Nacionais de Educação,
ocorridas em Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo.

Foi por meio das Conferências Nacionais de Educação que surgiu em 1932 o
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, contendo uma nova proposta pedagógica e
trazendo em seu bojo uma proposta de reconstrução do sistema educacional brasileiro,
visando a uma política educacional do Estado.

Assim, a política educacional começa a modificar-se após a Primeira


Guerra Mundial, quando surge uma geração de grandes educadores, em
destaque Anísio Teixeira; ocorrem, nesse período, várias reformas do
ensino nos Estados. Na década de 1930, surgem as primeiras
universidades brasileiras e amplas reformas do ensino nos demais
níveis, consideradas importantes, embora decorrentes da implementação
de um regime autoritário (GUIRALDELLI JUNIOR,2003, p.21).

O Manifesto dos Pioneiros da Educação, ou Movimento Escolanovista, apresentou os


aspectos centrais para uma ampla reforma nacional que influiu fundamentalmente nas
mudanças posteriores e denunciou o atraso do sistema de educação no Brasil e a não
inclusão da população a um amplo processo de educação escolarizada.

Todos esses movimentos promoveram grandes mudanças no campo educacional


brasileiro, tendo início um período importante para educação, pois aí se desenhou uma
certa democratização no ensino, principalmente, em virtude de alguns fatores, entre eles,
a discussão em torno da “escola ativa” de Dewey, tendo como seguidores, no Brasil,
Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e Francisco Campos.

Nesse período é importante destacar a atuação de Anísio Spínola Teixeira que foi um
jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Personagem central na história da
educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, ele difundiu os pressupostos do
movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do
intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização.

Para Anísio Teixeira a educação não é um privilégio de poucos, portanto a política


educacional brasileira deve contemplar um sistema em que se juntem as vantagens da
descentralização e da autonomia, com a unidade dos três poderes – municipal, estadual
e federal – em prol da escola.

John Dewey é o principal representante da corrente filosófica que ficou conhecida


como pragmatismo, embora Dewey desse o nome de instrumentalismo, pois para esse
filósofo as ideias somente têm importância quando servem de instrumento para a
resolução de problemas reais.

No campo específico da pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na chamada


educação progressiva. Um de seus principais objetivos é educar a criança como um todo.
Nesse sentido, essa forma de educação parte do princípio que os alunos aprendem

22
melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Por esse motivo, as
atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo.

Além desses conceitos ligados diretamente ao processo pedagógico, Dewey também


defendia a democracia não só no campo institucional mas também no interior das
escolas.

85 anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova

“Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e


gravidade o da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a
primazia nos planos de reconstrução nacional”. É com essa frase que o educador
Fernando de Azevedo (1894-1974) abre o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova,
documento lançado em 1932 reconhecido como um dos grandes marcos da educação
brasileira.

Em 2019 completaram se 87 anos do lançamento desse importante manifesto e


estamos novamente discutindo a importância da educação para o desenvolvimento do
país.

Assim, é fundamental conhecermos melhor as propostas apresentadas pelos


Pioneiros da Educação Nova e confrontarmos com a nossa realidade, para verificarmos
os nossos avanços e retrocessos no âmbito das políticas educacionais.

Fonte: Fundação Telefônica (2017). Disponível em:


http://fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/85-anos-do-manifesto-dos-pioneiros-da-
educacao-nova/. Acesso em: 13/07/2020.

Quadro explicativo com as principais reformas educacionais que ocorreram no Brasil


entre os anos de 1827 a 1959.

Ano Reforma promovida

1827 Lei Geral do Ensino do Brasil. Estabeleceu as primeiras diretrizes para


o ensino público no país.

1834 Ato adicional que delegou às províncias a organização de seus


sistemas organizacionais.

1924 É fundada a Associação Brasileira de Educação.

1930 Ocorre a instalação da Nova República e a criação do Ministério da


Educação (MEC), pelo então Presidente da República, Getúlio Vargas.

1931 A Associação Brasileira de Educação organiza a IV Conferência


Nacional de Educação.

23
1931 Em 30 de abril de 1931, por meio de um Decreto é instituído o ensino
religioso facultativo nas escolas públicas do país.

1932 Em 24 de fevereiro de 1932 as mulheres conquistam o direito ao voto


feminino.

1932 Em 19 de março de 1932 ocorre, nos principais jornais do país, a


publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.

1932 Ocorre a Revolução Constitucionalista de 1932.

1959 Em 01 de julho de 1959 ocorre o lançamento de novo manifesto com o


título “Mais uma vez convocados”.

Quadro elaborado pelo próprio autor. Fonte: “85 anos do Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova”. Disponível em: http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/85-anos-do-
manifesto-dos-pioneiros-da-educacao-nova/. Acesso em: 13/07/2020.

A criação do Ministério da Educação e Saúde em 1930 foi a medida educacional mais


importante surgida nesse período, pois tinha como papel fundamental orientar e
coordenar, como órgão central, as reformas educacionais que seriam incluídas na
Constituição de 1934, tendo como seu titular Francisco Campos. Por esse motivo, essas
reformas levaram o nome de Reforma Francisco Campos e, de fato, contaram com
elementos importantes, como a integração entre as escolas primária, secundária e
superior e, ainda, a elaboração do estatuto da Universidade brasileira. Nesse período,
também foram introduzidos o ensino primário gratuito e obrigatório e o ensino religioso
facultativo.

Como um processo histórico construído pela própria sociedade possui um movimento


inercial difícil de ser freado, a Constituição de 1937 absorveu parte das propostas
educacionais já existentes na legislação vigente e introduziu ainda o ensino
profissionalizante.

Referente à profissionalização dos trabalhadores, esse tipo de formação tornou-se


obrigatória para as indústrias e sindicatos, que tiveram que iniciar um processo visando à
criação de escolas na esfera de sua especialidade para os filhos de seus operários ou
associados.

Como o foco educacional nesse período era basicamente preparar os filhos dos
operários para trabalhar nas indústrias, em 1942, foi criado o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), e em 1946, o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (SENAC). Assim, o ensino industrial passou a assumir um papel relevante na
formação da mão de obra brasileira, principalmente no contexto da industrialização do
país, ocorrida a partir de 1930.

Tal foi sua importância que verificamos, a partir de 1942, tanto o Estado como a
Confederação Nacional das Indústrias patrocinando esse ensino. Havia, pois, dois tipos
de ensino industrial: um que compreendia a aprendizagem sob o controle patronal, ligado
ao SENAI, e outro sob a responsabilidade direta do Ministério da Educação e Saúde,
constituído pelo ensino industrial básico.

24
Também no ano de 1942 foi decretada a Reforma Capanema, relativa ao ensino
secundário.

A chamada “redemocratização” do Brasil, no pós-Segunda Guerra


Mundial, em 1945, com a promulgação da Constituição de 1946 e o
surgimento do Estado populista desenvolvimentista, trouxe novas
reformas, um longo período de reivindicações, surgindo um movimento
em prol da escola pública, universal e gratuita, que repercutiu
diretamente no Congresso Nacional e culminou com a promulgação, em
1961, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. As discussões
em torno dessa Lei contribuíram para conscientizar o poder político
sobre os problemas educacionais (PIANA, 2009, p. 66).

Saiba mais

Educadores - Gustavo Capanema


Duração: 00:25:59 - Série: Educadores - Etapa de ensino: Geral

Sinopse: O trabalho do político que comandou a educação e a cultura brasileira


durante o período em que foi ministro do governo de Getúlio Vargas, de 1934 a 1945.
Nesse episódio, vemos a criação das leis que reformaram o ensino e regulamentaram o
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Gustavo Capanema criou o INEP e construiu o
prédio que sediou o antigo Ministério da Educação e Saúde, hoje o Palácio Gustavo
Capanema, no Rio de Janeiro.

Disponível em: https://api.tvescola.org.br/tve/video/educadores-gustavo-capanema.


Acesso em: 13/07/2020.

Dentro de todo esse cenário que se formou durante a chamada Era Vagas, foram se
criando as bases para que houvesse a elaboração e a aprovação da primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 4.024/61.

A promulgação da lei ocorreu em meio a uma ampla discussão teórica sobre as


mudanças necessárias para que a educação brasileira se modernizasse. No entanto, as
prescrições referentes ao currículo escolar apareceram de forma pouco elaborada no
texto legal, impedindo que a oportunidade de haver uma ampla renovação educacional
se consumasse.

Assim, a Lei n. 4.024/61, que fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,


estabeleceu que o ensino no Brasil de nível primário poderia ser ministrado pelo setor
público e privado, extinguindo a obrigatoriedade do ensino gratuito nesses anos
escolares. Permitiu também ao Estado subvencionar os estabelecimentos de ensino
particulares, por meio de bolsas de estudo e empréstimos, e a construção, as reformas e
a infraestrutura da escola.

Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional passou a ser


compreendida como a medida mais importante assumida pelo Estado em relação à
política educacional.

25
Porém, a partir do ano de 1964 o Brasil passou a ser governado pelo Regime Militar e
houve uma significativa diminuição do debate popular sobre a educação. Por outro lado,
é necessário reconhecer que houve uma ampliação do sistema de ensino por parte do
Estado durante esse período, inclusive no âmbito do ensino superior. Foi também nessa
época que ocorreu a criação de agências de apoio à pesquisa e à pós-graduação. O
ensino obrigatório foi ampliado de quatro para oito anos e foram promulgadas várias leis
que introduziram reformas importantes nos diferentes níveis de ensino.

Sobre esse período, também é importante destacar o importante papel do educador


Paulo Freire, reconhecido internacionalmente como o criador de um novo método
pedagógico de alfabetização e educação de base. O método educacional proposto por
Paulo Freire visava a um processo de conscientização e de participação política por meio
da aprendizagem das técnicas da leitura e da escrita.

Dessa forma, o pensamento de Freire exerceu profunda influência nos


profissionais da educação, pois seu método fundamentava-se na prática
pedagógica não diretiva, que consistia em passar o homem da condição
de “objeto” para a de “sujeito” (PIANA, 2009, p. 67).

Saiba mais

Paulo Freire — contemporâneo

Duração: 00:53:02 - Etapa de ensino: Geral

Sinopse: Nascido em 19 de setembro de 1921 no Recife, Pernambuco, Paulo Freire


foi um dos maiores educadores brasileiros e, ainda hoje, é referência bibliográfica na
pedagogia e estudos relacionados ao ensino e à educação. O documentário
Contemporâneo retoma as origens das primeiras experiências de alfabetização e de
educação popular freirianas, quase 50 anos depois de sua realização em Angicos (RN),
para mostrar de que forma os elementos fundamentais de seu pensamento e pedagogia
estão vivos e presentes até os dias atuais.

Disponível em: https://api.tvescola.org.br/tve/video/paulofreirecontemporaneo. Acesso


em: 13/07/2020.

Apesar de todas as questões políticas e sociais que envolviam as relações do Regime


Militar com a Sociedade Civil, a legislação brasileira evoluiu na direção da garantia do
direito à educação, até sua consagração como direito público subjetivo, na Constituição
Federal de 1988. Assim, os anos que se seguiram ao fim do regime militar foram
marcados por grande entusiasmo democrático, pois, após longo período de restrições às
liberdades civis e políticas, iniciava-se uma nova fase histórica no Brasil, cujo traço
essencial seria, conforme sentimento bastante difundido entre as elites intelectuais e
políticas, a de uma participação mais ativa dos cidadãos e da sociedade na condução
dos rumos do país.

Esse movimento também impactou no âmbito das políticas educacionais e na forma


como a educação foi tratada pelo Legislador Constituinte. Seguindo esse movimento, a
partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, as propostas educacionais no
âmbito do Estado e da sociedade civil passam a fazer parte dos direitos constitucionais.

26
Inicialmente garantida apenas para o Ensino Fundamental, a universalização do
atendimento e gratuidade foi sendo aos poucos expandida para as outras etapas do
ensino básico. Exemplo dessa expansão foi a Emenda Constitucional nº 59, de 2009,
que determinou a universalização dos Ensinos Infantil e Médio, garantindo acesso à
escola para todos os jovens, dos quatro aos dezessete anos de idade.

Porém, é nítido que as tendências vigentes nesse período levavam para um projeto
hegemônico de política educacional para o Brasil contemporâneo, representado pelos
ideários neoliberais e de privatização do sistema, principalmente no que se refere ao
ensino superior.

Também é importante destacar que a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação


Brasileira, de 1996, foi a primeira lei geral da educação promulgada desde 1961, tendo
uma ampla repercussão sobre o sistema escolar.

A partir dessas legislações, a União assume a definição da política educacional como


tarefa de sua competência, descentralizando sua execução para Estado e municípios.
Visando melhorar a qualidade do ensino, o controle do sistema escolar passa a ser
exercido por meio de uma política de avaliação para todos os níveis de ensino.

Para podermos conhecer de forma um pouco mais aprofundada a questão da


avaliação escolar, trataremos a seguir dos exames de larga escala aplicados para cada
etapa da Educação Básica. Essas avaliações têm por objetivo dar condições para que os
governantes consigam ter um panorama de quanto as crianças e jovens espalhados
pelas escolas de todo o território nacional estão de fato aprendendo.

O Brasil faz isso por meio dos chamados exames padronizados, também chamados
de exames de larga escala e avaliações externas, que são aplicados pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). A partir dos
diagnósticos produzidos por essas provas, é possível aos técnicos da educação traçarem
estratégias para melhorar a qualidade da Educação do país inteiro, de uma região, ou de
uma escola específica.

A seguir, vamos tratar das principais avaliações em larga escala aplicadas na


Educação Básica do Brasil, de acordo com cada etapa de ensino.

Educação Infantil

Em 2019, foi implantada uma avaliação dos insumos ofertados nas escolas de
Educação Infantil: o SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de Educação
Infantil. Tal iniciativa já estava prevista desde 2010 nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil.

A avaliação também está prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), e deveria


ter sido implantada em 2016.

Anos iniciais do Ensino Fundamental

Durante os anos de 2013, 2014 e 2016 o Governo Federal utilizou a “Avaliação


Nacional da Alfabetização” (ANA) como uma forma de verificação externa que objetivava
aferir os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e
Matemática dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas. As

27
provas aplicadas aos alunos forneceram três importantes resultados: desempenho em
leitura, desempenho em matemática e desempenho em escrita.

Porém, em 2019 o Ministro da Educação determinou que os testes do Sistema de


Avaliação da Educação Básica (Saeb) de ciências da natureza e ciências humanas para
estudantes do 9º ano e a avaliação da alfabetização do 2º ano do ensino fundamental
fossem feitos por amostragem, e não de forma universal como ocorria até 2016.

Nesse sentido foi publicada uma portaria estabelecendo as diretrizes para a nova
forma de avaliação.

Saiba mais

PORTARIA Nº 366, DE 29 DE ABRIL DE 2019. Estabelece as diretrizes de realização


do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) no ano de 2019.

Disponível em: http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n%C2%BA-366-de-29-de-abril-


de-2019-86232542. Acesso em: 13/07/2020.

Anos finais do Ensino Fundamental

Em 2019 também foram apresentadas novas diretrizes para a realização da avaliação


por meio do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB).

O SAEB 2019 teve aplicações censitárias e amostrais. A aplicação censitária foi


realizada em todas as escolas públicas localizadas em zonas urbanas e rurais que
tinham dez ou mais estudantes matriculados no 5º e no 9º ano do ensino fundamental, e
na 3ª e 4ª série do ensino médio (tradicional e integrado).

No recorte amostral do Saeb, foram avaliadas escolas privadas que tinham dez ou
mais estudantes matriculados em turmas de 5º e 9º ano do ensino fundamental e de 3ª e
4ª série do ensino médio (tradicional e integrado).

Também houve amostra de escolas públicas e privadas que tinham dez ou mais
estudantes matriculados em turmas do 9º ano do ensino fundamental para aplicação dos
testes de Ciências da Natureza e Ciências Humanas; e de escolas públicas e privadas
que tinham dez ou mais estudantes matriculados em turmas de 2º ano do ensino
fundamental para aplicação dos testes de Língua Portuguesa e Matemática.

Uma amostra de instituições públicas ou conveniadas com o setor público que tinham
turmas de creche ou pré-escola da etapa da educação infantil participaram ainda da
aplicação de questionários.

Saiba mais

Detalhamento da população e resultados do SAEB 2019

Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/educacao-basica/saeb. Acesso em:


13/07/2020.

28
Ensino Médio

Assim como os alunos de 5º e 9º anos do Fundamental, os estudantes do 3º ano do


Ensino Médio da rede pública também prestam o SAEB, respondendo a itens de
português e matemática e também um questionário socioeconômico.

Até 2015, a prova era amostral, isto é, só avaliava um pequeno grupo de jovens que
representavam toda a nação; a partir de 2017, no entanto, o exame se tornou censitário,
ou seja, todos os alunos prestam. Essa prova, contudo, não fornece resultados
individuais.

É importante destacar que essa etapa de ensino tem outra avaliação, que é o Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM). O Enem foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar
os sistemas de ensino, mas se tornou peça-chave nos vestibulares, a partir de sua
incorporação aos programas de seleção para a universidade do Governo Federal, onde o
desempenho por aluno se tornou critério para preencher vagas em faculdades privadas e
públicas.

Nesse sentido, os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio - Enem, como


procedimento de avaliação do desempenho do aluno, deverão possibilitar:
I. a constituição de parâmetros para a autoavaliação do participante, com vistas à
continuidade de sua formação e a sua inserção no mercado de trabalho;
II. a criação de referência nacional para o aperfeiçoamento dos currículos do
Ensino Médio;
III. a utilização do exame como mecanismo único, alternativo ou complementar
para acesso à educação superior, especialmente a ofertada pelas instituições
federais de educação superior.

O primeiro programa a incorporar os resultados do exame foi o Programa


Universidade para Todos (ProUni), em 2004, como um dos requisitos para conseguir
bolsas de estudo em universidades privadas. No entanto, o caráter de vestibular foi
intensificado a partir de 2010, quando a nota passou a ser utilizada como único critério de
seleção via Sistema de Seleção Unificado (SISU). A partir de 2014, agora com o
propósito de assegurar financiamento para o custo das instituições superiores privadas,
os resultados passaram a integrar o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES).

Diferentemente do SAEB, o ENEM é opcional, ou seja, os estudantes que desejam


fazer a prova precisam se inscrever.

Ensino Superior

Conforme está previsto no Artigo 207 da CF/88, as universidades gozam de


autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) analisa as


instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes. O processo de avaliação leva
em consideração aspectos como ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social,
gestão da instituição e corpo docente.

29
O SINAES reúne informações do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(ENADE) e das avaliações institucionais e dos cursos. O ENADE avalia o rendimento dos
concluintes dos cursos de graduação, em relação aos conteúdos programáticos,
habilidades e competências adquiridas em sua formação. O exame é obrigatório e a
situação de regularidade do estudante no exame deve constar em seu histórico escolar.

A primeira aplicação do ENADE ocorreu em 2004, e a periodicidade máxima da


avaliação é trienal para cada área do conhecimento.

As informações obtidas são utilizadas para orientação institucional de


estabelecimentos de ensino superior e para embasar políticas públicas. Os dados
também são úteis para a sociedade, especialmente aos estudantes, como referência
quanto às condições de cursos e instituições.

Os processos avaliativos do SINAES são coordenados e supervisionados pela


Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES). A operacionalização
é de responsabilidade do INEP. O responsável pela regulamentação dos procedimentos
de avaliação dos SINAES é o Ministro da Educação.

Diante do exposto, podemos notar que o processo de construção de um projeto de


educação para o Brasil é fruto de discussões em vários setores da sociedade. Também é
importante destacar que apesar dos apelos neoliberais em relação ao projeto
educacional, muitos avanços foram conquistados, como o acesso à educação. Assim,
não podemos negar que hoje a escola tem um caráter mais universal, o que não ocorria
no passado, mas também é preciso aceitar que a qualidade do ensino tem deixado muito
a desejar.

Por esse motivo, é necessário continuar o aperfeiçoamento do nosso sistema


educacional, pensando sempre que educação é uma política pública prevista na
Constituição Federal como dever do Estado e direito do cidadão, que deve ser prestada
como qualidade para todos.

2.1 As reformas educacionais e os planos de educação

Ao tratarmos da questão das reformas educacionais no Brasil, precisamos observar


que elas sempre ocorreram em momentos de crises nacionais e internacionais do
sistema capitalista. Posto isso, é possível perceber que na educação brasileira, são
poucas as vezes em que houve uma intenção real de democratizar o ensino e,
consequentemente, torná-lo acessível aos mais desfavorecidos economicamente.

Outra questão que precisa ser levantada é que nunca foi uma prioridade nacional
investir na melhoria da qualidade do ensino. Tal fato se torna evidente quando
percebemos a falta de preocupação dos governantes com o acesso de todos num
sistema educacional de qualidade. De um modo geral, podemos considerar que isso tem
a ver com a questão ideológica, pois é notório que a educação sempre foi colocada a
serviço de um modelo econômico de natureza concentradora de rendas e socialmente
excludente.

Para que possamos compreender melhor a questão ideológica da educação,


apresentamos uma definição de ideologia.

30
Ideologia. Conjunto de ideias ou crenças que refletem as necessidades e
aspirações sociais de um indivíduo, grupo, classe ou cultura particular:
Já anunciaram diversas vezes o fim das ideologias, mas o homem não
precisa só de pão, precisa também de sonhos (Edgar Morin, filósofo
francês) (SACCONI, 2010).

Outra questão importante sobre as prioridades do Estado brasileiro é que tal processo
não ocorreu somente no âmbito da educação, mas em todas as políticas sociais do
Brasil, ou seja, a implementação dessas políticas possui uma relação direta com as
condições vigentes no país em nível econômico, político e social. Diante dessa realidade,
o Estado somente intervém nas questões sociais por meio de medidas pontuais, com o
objetivo, em primeiro lugar, de manter a ordem social.

A política social brasileira compõe-se e recompõe-se, conservando em


sua execução o caráter fragmentário, setorial e emergencial, sempre
sustentada pela imperiosa necessidade de dar legitimidade aos governos
que buscam bases sociais para manter-se e aceitam seletivamente as
reivindicações e até as pressões da sociedade (VIEIRA, 1995, p.68).

O que observamos no Brasil é o desenvolvimento de políticas sociais focalizadas na


perspectiva neoliberal, pois as políticas sociais focalizadas são consideradas as mais
eficientes e adequadas para a concepção da política econômica neoliberal por terem
como alvo as famílias e os indivíduos mais pobres.

Porém, a focalização de políticas sociais divide os trabalhadores em diferentes


categorias (miseráveis, pobres) e estimula a disputa no âmbito interno da classe
trabalhadora para a entrada nos programas de transferência de renda. As políticas
sociais focalizadas também transformam o cidadão portador de direitos em cidadãos
carentes, pobres e tutelados, por meio da transferência direta de renda cujos critérios de
elegibilidade de seus beneficiários baseiam-se na carência.

Ocorre que, como já vimos no capítulo anterior, com a promulgação da nova


Constituição Federal de 1988, nascida após amplo movimento de redemocratização do
país, ampliam-se as responsabilidades do Poder Público e da sociedade em geral para
com a educação, ou seja, mesmo que os governos tenham adotado uma postura
neoliberal de distanciamento do Estado das questões sociais, existe uma obrigação
constitucional para que sejam adotadas políticas públicas que propiciem a inclusão
social.

Cabe destacar que a Constituição Federal de 1988 foi a que trouxe o mais longo
capítulo sobre a educação de todas as Constituições Brasileiras. Ela apresenta dez
artigos específicos (art.205 a 214) que detalham a matéria, a qual também figura em
quatro artigos do texto constitucional (art. 22, XXIV; 23, V; 30, VI e 60-61 das disposições
transitórias).

Saiba mais

Para que possamos compreender melhor como a Constituição Federal de 1988 tratou
das questões ligadas a educação é fundamental a leitura do Artigos que vão do 205 ao
214, pois são esses os artigos constitucionais que tratam de modo específico da
educação no Brasil. Ocorre que se não tivermos um conhecimento aprimorado desses
artigos, dificilmente vamos conseguir compreender as reformas educacionais e os planos

31
de educação que foram sendo criados a partir dos novos parâmetros constitucionais. E o
motivo disso é que esses artigos conferem ao direito à educação um espaço normativo
mais preciso e delimitado.

Por exemplo, no Artigo 210 vamos encontrar os conteúdos mínimos para o ensino
fundamental:

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de


maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa,
assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas
maternas e processos próprios de aprendizagem.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 . Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em:
14/07/2020.

Se por um lado o direito social à educação previsto no Artigo 6º, que apresentaremos
a seguir, não se confunde ou não se limita às imposições constitucionais dos artigos 205
a 214, por outro não há como negar a conexão óbvia entre esses dispositivos
constitucionais que, em última análise, são capazes de determinar o mínimo de atuação
estatal necessária para que se implemente o direito à educação. De certa maneira, a
Constituição delimita o núcleo essencial do direito à educação, colocando-o como um
dos direitos sociais.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 90, de 2015) (BRASIL, 1988).

Porém, a efetividade do direito à educação depende da existência de toda uma


estrutura que permita a organização do sistema educacional.

Assim, especificamente no que se refere às políticas educacionais, mesmo que se


tenha respondido com algumas reformas legais aos direitos da população infanto-juvenil,
depois da reforma Constitucional de 1988, por meio do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), Lei Federal n. 8.069/90, e da Lei de Diretrizes e Base da Educação
Nacional (LDB), Lei Federal n. 9.394/96, sempre nos deparamos com uma enfraquecida
política educacional, e os programas existentes não superam a demanda e tampouco
garantem o efetivo direito à educação previsto nas leis brasileiras.

Mas, apesar disso é importante destacar que os princípios da LDB- Lei nº 9.394/1996,
constam em seu Artigo 3º.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

32
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas
sociais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

Porém, as pesquisas realizadas para avaliar a educação no Brasil apresentam dados


que demonstram que ainda estamos distantes de alcançar as metas estipuladas pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009, que são:

 erradicação do analfabetismo;

 universalização do atendimento escolar;

 melhoria da qualidade do ensino;

 formação para o trabalho e promoção humanística, científica e tecnológica do


país.

Por outro lado, reconhecemos que o cumprimento enfocado pela Constituição Federal
deu-se principalmente a partir da LDB, criada em 1996, que foi influenciada por várias
lutas sindicais, políticas, sociais e econômicas.

Logo em seu primeiro artigo, a LDB apresenta uma importante proposta para a
educação brasileira:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se


desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à
prática social (BRASIL, 1996).

Por esse motivo é que, com embasamento na LDB, se definiu o Plano Nacional da
Educação, com o objetivo de se fazer uma regulamentação global de como deve ser
estruturada a educação básica no Brasil, cumprindo assim uma determinação que já
estava expressa no artigo 87 da LDB, como segue:

Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir


da publicação desta Lei.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei,
encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação,

33
com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (BRASIL, 1996).

Cumprindo a determinação expressa nesse artigo da LDB, a partir do Plano Nacional


da Educação o governo elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). É
necessário ressaltar aqui que os parâmetros foram elaborados sem a participação da
sociedade, mas com o importante apoio de especialistas do ramo da educação. Os PCNs
servem para orientar o ensino brasileiro de acordo com a realidade de cada região das
escolas brasileiras.

Segundo o Ministério da Educação, o Parâmetro Curricular Nacional é considerado


pelo governo como referencial de qualidade para a educação básica. Tais normativas
visam alcançar as finalidades da educação, conforme o que está previsto no Artigo 2º da
LDB:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos


princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Nesse mesmo sentido, em cumprimento ao que determinava a Lei de Diretrizes e


Bases da Educação (LDB), criou-se o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), que
enviava recursos financeiros para valorizar o salário dos professores, assim como para
serem utilizados na educação básica.

Ainda, segundo informações do Ministério da Educação, o Fundo de Manutenção e


Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(FUNDEB) atende toda a educação básica, da creche ao Ensino Médio. Substituto do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (FUNDEF), que vigorou de 1997 a 2006, o FUNDEB está em vigor desde
janeiro de 2007 e se estenderá até 2020.

Visando também cumprir o que foi afirmado na Declaração de Jomtien em 1990, o


Brasil criou o Plano Plurianual, definido pelo artigo 165 da Constituição Federal, com uma
duração de quatro anos, formado por um conjunto de programas do Governo Federal
com o objetivo de abranger diversas áreas sociais para promover o acesso à educação
em qualquer nível.

O PPA incorpora correções relativas a questões identificadas durante a gestão do


plano anterior, como a aproximação entre a orientação estratégica e os programas
temáticos, facilitando a compreensão de como a estratégia geral do governo se conecta
com os objetivos e metas expostos na sua dimensão programática.

É papel do PPA, além de declarar as escolhas do governo e da sociedade, indicar os


meios para a implementação das políticas públicas, bem como orientar taticamente a
ação do Estado para a consecução dos objetivos pretendidos. Nesse sentido, ele se
estrutura nas seguintes dimensões:

 Dimensão estratégica: precede e orienta a elaboração dos programas


temáticos. É composta por uma visão de futuro, eixos e diretrizes estratégicas.

34
 Dimensão tática: define caminhos exequíveis para as transformações da
realidade que estão anunciadas nas diretrizes estratégicas, considerando as
variáveis inerentes à política pública e reforçando a apropriação, pelo PPA,
das principais agendas de governo e dos planos setoriais para os próximos
quatro anos. A dimensão tática do PPA é expressa nos programas temáticos e
nos programas de gestão, manutenção e serviços ao Estado. Essa dimensão
aborda as entregas de bens e serviços pelo Estado à sociedade.

 Dimensão operacional: relaciona-se com a otimização na aplicação dos


recursos disponíveis e a qualidade dos produtos entregues, sendo
especialmente tratada no orçamento.

Saiba mais

Leia a declaração a seguir:

UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Jomtien, 1990. Disponível
em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos-
conferencia-de-jomtien-1990. Acesso em: 14/07/2020.

Como já vimos, também foi criado o Sistema de Avaliação da Educação Básica


(SAEB), que existe desde 1995 e a cada dois anos é realizado para verificar a educação
básica no país. O responsável pela quantificação dos dados é o INEP. Segundo o
Ministério da Educação, o SAEB, conforme estabelece a Portaria n. 931, de 21 de março
de 2005, é composto por dois processos: a Avaliação Nacional da Educação Básica
(ANEB) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC).

No ano de 2007, o Brasil também implantou o Plano de Desenvolvimento da


Educação (PDE), que apresenta formas de enfrentar os problemas de rendimento,
frequência e permanência do aluno na escola. O PDE ajuda a estabelecer metas e
avaliar e cobrar resultados em todas as escolas de zona urbana do país e que
apresentem mais de 20 alunos por sala.

Para tal realização o PDE pede apoio da família e comunidade para auxiliar os
professores, diretores e alunos para juntos fazerem uma educação de qualidade. São
enviados verbas e recursos técnicos pelo Governo Federal para auxiliar a sanar os
resultados negativos de aprendizagem dos alunos. Porém, a busca por uma educação de
qualidade e igualdade continua sendo desafio crucial a ser enfrentado pelo Brasil,
inclusive pelo que é cobrado ao país para o cumprimento das exigências do Movimento
Todos pela Educação.

Dessa forma, o PDE procura observar uma visão sistêmica da educação, observada
como processo de socialização e individuação voltado para a autonomia, não pode ser
artificialmente segmentada, de acordo com a conveniência administrativa ou fiscal. Ao
contrário, tem de ser tratada com unidade, da creche à pós-graduação, ampliando o
horizonte educacional de todos e de cada um, independentemente do estágio em que se
encontre no ciclo educacional.

35
Nesse sentido a formação inicial e continuada do professor exige que o parque de
universidades públicas se volte para a educação básica. Assim, a melhoria da qualidade
da educação básica depende da formação de seus professores, o que decorre
diretamente das oportunidades oferecidas aos docentes. O aprimoramento do nível
superior, por sua vez, está associado à capacidade de receber egressos do nível básico
mais bem preparados, fechando um ciclo de dependência mútua, evidente e positiva
entre níveis educacionais.

Saiba mais

O “Todos” é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, plural e


suprapartidária, como propósito de melhorar o Brasil, impulsionando a qualidade e a
equidade da Educação Básica no país. Com uma atuação focada em contribuir para o
avanço das políticas públicas educacionais, busca criar senso de urgência para a
necessidade de mudanças.

Acesse o site da organização:

https://www.todospelaeducacao.org.br/.

No ano de 2014, o Congresso Federal sancionou o Plano Nacional de Educação


(PNE), com validade de 10 anos e com a finalidade de direcionar esforços e
investimentos para a melhoria da qualidade da educação no país. Esse plano estabelece
diretrizes, metas e estratégias que devem reger as iniciativas na área da educação. Por
isso, todos os estados e municípios devem elaborar planejamentos específicos para
fundamentar o alcance dos objetivos previstos considerando a situação, as demandas e
as necessidades locais.

O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e


estratégias para a política educacional no período de 2014 a 2024 visando elevar a
taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até o final da
vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de
analfabetismo funcional.

Também são metas do PNE formar, em nível de pós-graduação, 50% dos


professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir
a todos os profissionais da educação básica formação continuada em sua área de
atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos
sistemas de ensino.

Para alcançar esses objetivos o PNE preconiza a valorização dos


profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a
equiparar seu rendimento médio ao dos demais profissionais com escolaridade
equivalente, até o final do sexto ano de vigência do PNE.

Com força de lei, o PNE estabelece 20 metas a serem atingidas nos próximos 10
anos:

As 20 metas do Plano Nacional de Educação

36
Metas do PNE Objetivo

1 Educação Infantil

2 Ensino Fundamental

3 Ensino Médio

4 Educação Inclusiva

5 Alfabetização

6 Educação Integral

7 Aprendizado adequado na idade certa

8 Escolaridade média

9 Alfabetização e alfabetismo de jovens e adultos

10 EJA integrada à educação profissional

11 Educação profissional

12 Educação superior

13 Titulação de professores da educação superior

14 Pós-graduação

15 Formação de professores

16 Formação continuada e pós-graduação de


professores

17 Valorização do professor

18 Plano de carreira docente

19 Gestão democrática

20 Financiamento da educação

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Saiba mais

O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias para a


política educacional no período de 2014 a 2024.

Disponível em: http://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 18/07/2020.

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O Plano Nacional de Educação desenvolve um diagnóstico da situação educacional
no país e, a partir dele, determina princípios, diretrizes, estratégias de ação e metas a fim
de guiar as políticas públicas educacionais e combater os problemas do sistema de
educação brasileiro em todos as esferas de governo. Em outras palavras, o PNE aponta
para onde queremos que a educação no Brasil chegue e qual é o caminho que ela
deverá percorrer para chegar até lá.

Ao todo, o plano apresenta 254 estratégias e 20 metas a serem cumpridas ao longo


de dez anos, que buscam garantir o direito à educação básica de qualidade, a
universalização do ensino obrigatório, a redução das desigualdades, a valorização da
diversidade, a valorização dos profissionais da educação e o aumento das oportunidades
educacionais. São diretrizes que mobilizam todas as esferas administrativas e, por isso,
estados e municípios também foram obrigados a elaborar seu próprio plano estadual ou
municipal de educação, seguindo os princípios do plano nacional, mas adaptados a sua
realidade.

O plano é, portanto, uma ferramenta para planejar e articular as ações de todas as


esferas do governo em função de objetivos em comum, a fim de otimizar suas ações e
evitar problemas causados pelas lacunas entre União, estados e municípios, como
descontinuidade de programas e de políticas públicas e insuficiência de recursos.

Saiba mais

O Observatório do PNE (OPNE) foi construído para que você possa encontrar
indicadores de monitoramento das 20 metas e 254 estratégias do Plano. No OPNE, além
de análises, está disponível um extenso acervo de estudos, vídeos e informações sobre
políticas públicas educacionais. A plataforma funciona como um instrumento de controle
social, para que qualquer cidadão brasileiro possa acompanhar o cumprimento das
metas estabelecidas e também apoiar gestores públicos, educadores e pesquisadores.

Nesse sentido, é importante visitar o site do observatório e verificar como anda o


cumprimento das metas no nosso município.

http://www.observatoriodopne.org.br/.

Os principais desafios do plano estão relacionados à evolução dos indicadores de


alfabetização e inclusão, à formação continuada dos professores e à expansão do ensino
profissionalizante para adolescentes e adultos. Atualmente, o Brasil é chamado pela
sociedade a dar respostas para melhorar a Educação, sendo que tais ações são
essenciais para atender às necessidades da construção de uma sociedade de
conhecimento.

E para enfrentar esses desafios é necessário observar as diretrizes do Plano Nacional


da Educação:

Art. 2º - São diretrizes do PNE:


I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;

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III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na
promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de
discriminação;
IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores
morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure
atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e
equidade;
IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à
diversidade e à sustentabilidade socioambiental.

No Brasil, uma significativa parcela dos alunos de diferentes níveis educacionais,


apresentam deficiências em disciplinas críticas, sendo que as baixas absorções de
conceitos científicos prejudicam a inclusão desses indivíduos na sociedade moderna.

Assim, a educação de qualidade é um desafio persistente, visto que o Sistema


Educacional Brasileiro nem sempre é capaz de desenvolver habilidades cognitivas de
importância essencial para a vida cotidiana e evidencia debilidades no fomento à
formação de valores que capacitem os cidadãos a uma participação ativa na sociedade e
também na promoção do desenvolvimento humano sustentável.

Nesse sentido, é importante tratarmos também dos Objetivos de Desenvolvimento do


Milênio, que são as oito metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas
(ONU) em 2000, com o apoio de 191 nações, inclusive do Brasil, e ficaram conhecidas
como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). São elas:

 acabar com a fome e a miséria;

 oferecer educação básica de qualidade para todos;

 promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;

 reduzir a mortalidade infantil;

 melhorar a saúde das gestantes;

 combater a AIDS, a malária e outras doenças;

 garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente;

 estabelecer parcerias para o desenvolvimento.

39
Figura disponível em: https://nacoesunidas.org/tema/odm/ . Acesso em: 14/07/2020.

Conforme pudemos observar, a meta 2 trata da educação básica de qualidade para


todos. É importante destacar que os objetivos do milênio não foram estabelecidos
arbitrariamente, mas a partir de uma série de debates no âmbito das conferências
internacionais dos anos 1990. Assim, em setembro de 2000, eles foram sintetizados na
chamada Declaração do Milênio, um pacto assinado por 192 países-membros da ONU
para serem cumpridos até 2015.

No Brasil, educação básica de qualidade é um direito assegurado pela Constituição


Federal. Da mesma forma, o projeto político-pedagógico da escola não pode ser
desenvolvido sem o envolvimento dos profissionais da educação.

Os chamados 8 jeitos de mudar o mundo surgiram a partir do Projeto do Milênio,


elaborado pela ONU no sentido de melhor operacionalizar e divulgar os ODM em um
plano de ação concreta. A participação do Brasil no cumprimento desses objetivos foi
bastante significativa, pois segundo os dados disponibilizados no site da ODM Brasil, nos
últimos anos, houve avanços importantes em termos de acesso e rendimento escolar de
crianças e jovens no Brasil. Esses avanços ocorreram mesmo com o país convivendo
com uma baixa taxa de conclusão escolar, que pode ser explicada pelos elevados
índices de repetência e de evasão.

Ainda com o propósito de serem criadas metas internacionais para o desenvolvimento


dos países, em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em
Nova York, e decidiram mais um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o
planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Nesse encontro
ficou estabelecida a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém o
conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

40
Figura Fonte: Ministério das Relações Exteriores: Disponível em:
http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/objetivos_port.png. Acesso em:
14/07/2020.

A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para pôr o mundo em um caminho sustentável
é urgentemente necessário tomar medidas ousadas e transformadoras. Assim, os ODS
constituem uma ambiciosa lista de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a
serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos suas metas, seremos a primeira geração a
erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras dos piores efeitos
adversos da mudança do clima.

Saiba mais

O QUE SÃO OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL?

Disponível em: http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-


development-goals.html. Acesso em: 14/07/2020.

Como o objeto de estudo deste livro-texto é a educação, vamos tratar de uma forma
mais aprofundada o objetivo 4, como segue:

Objetivo 4: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e


promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos

4.1 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem


o ensino primário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que

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conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes.
4.2 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos tenham
acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância,
cuidados e educação pré-escolar, de modo que eles estejam prontos
para o ensino primário.
4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os
homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de
qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade.
4.4 Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e
adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências
técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente e
empreendedorismo.
4.5 Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e
garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e
formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas
com deficiência, povos indígenas e as crianças em situação de
vulnerabilidade.
4.6 Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial
proporção dos adultos, homens e mulheres estejam alfabetizados e
tenham adquirido o conhecimento básico de matemática.
4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos
e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento
sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o
desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos
humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e
não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e
da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.
4.a Construir e melhorar instalações físicas para educação,
apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero, e
que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não
violentos, inclusivos e eficazes para todos.
4.b Até 2020, substancialmente ampliar globalmente o número de
bolsas de estudo para os países em desenvolvimento, em particular os

42
países menos desenvolvidos, pequenos Estados insulares em
desenvolvimento e os países africanos, para o ensino superior,
incluindo programas de formação profissional, de tecnologia da
informação e da comunicação, técnicos, de engenharia e programas
científicos em países desenvolvidos e outros países em
desenvolvimento.
4.c Até 2030, substancialmente aumentar o contingente de
professores qualificados, inclusive por meio da cooperação
internacional para a formação de professores, nos países em
desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos e
pequenos Estados insulares em desenvolvimento.

Fonte: 17 OBJETIVOS PARA TRANSFORMAR NOSSO MUNDO. Disponível em:


https://nacoesunidas.org/pos2015/ods4/. Acesso em: 14/07/2020.

Trouxemos essas informações sobre os ODM e ODS por entendemos que é muito
importante conhecermos essas metas, pactuadas pela maior parte dos países com a
ONU, pois elas impulsionam as iniciativas nacionais, principalmente no que se refere à
educação.

Assim, as metas estipuladas, principalmente pelo objetivo 4 dos ODS, refletem o papel
importante da educação, pois essa política pública está diretamente relacionada com os
objetivos relacionados a saúde, crescimento e emprego, consumo e produção
sustentáveis, entre outros.

No que se refere a educação inclusiva no Brasil, seus principais objetivos estão


relacionados com a organização de espaços em que os professores e gestores possam
elaborar estratégias que atendam ao grupo e às necessidades especiais. Sendo que ela
também investe na organização de sala de recursos multifuncionais que possam oferecer
Atendimento Educacional Especializado (AEE) e serviços de educação especial.

Lembrete

Desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades da geração


atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações.

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Resumo

Nesta unidade aprendemos que as políticas educacionais fazem parte do grupo de


políticas públicas sociais do Brasil. Dessa forma, constituem um elemento de
normatização do Estado, guiado pela sociedade civil, que visa garantir o direito universal
à educação de qualidade e o pleno desenvolvimento do educando.

Nesse sentido, as políticas públicas de educação são programas ou ações, criadas


pelos governos para colocar em prática medidas que garantam o acesso à educação
para todos os cidadãos. Além de garantir a educação para todos, também é função das
políticas públicas avaliar e ajudar a melhorar a qualidade do ensino do país. Dessa
forma, as políticas públicas educacionais são ligadas a todas as medidas e decisões que
são tomadas pelo governo em relação ao ensino e à educação no país.

As políticas de educação são garantidas pela Constituição Federal e por outras leis,
como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96), sendo que o
direito dos cidadãos terem acesso à educação é garantido pela Constituição Federal no
artigo 205. Porém, é a Lei de Diretrizes e Bases que estabelece as principais regras que
devem ser seguidas pelo sistema educacional do país, sendo aplicada tanto para a rede
pública de ensino como para a rede privada.

Na LDB estão definidos os princípios que devem ser a base do sistema de educação,
quais são as obrigações do governo no oferecimento da educação aos seus cidadãos,
idade adequada para cada nível de estudo, desde a educação infantil básica até o ensino
superior universitário e os tipos de programas educacionais que devem ser oferecidos,
como educação básica, especial, a distância, profissionalizante e de jovens e adultos.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.3994/1996) é


assegurado acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os
que não os concluíram na idade própria. Também é assegurado o atendimento
educacional, durante o período de internação, ao aluno da educação básica internado
para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado.
Outra garantia é a oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando
e o atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de
idade.

Assim, as políticas educacionais devem promover o engajamento escolar visando


garantir, a todo cidadão brasileiro, o direito ao acesso à educação em seu estado,
município e Distrito Federal. Nesse sentido, todos os governantes precisam criar e
manter espaços adequados e suficientes para o número de alunos, assim como ampliar
e reorganizar o transporte escolar.

Iniciativas como o Programa Caminho da Escola, do Governo Federal, além de outros


projetos estaduais e municipais, auxiliam os estudantes que residem longe dos
ambientes educacionais, em áreas rurais e ribeirinhas, por exemplo, fornecendo
transporte gratuito para assegurar que cheguem até as escolas.

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Outra solução é a criação de políticas de educação a distância, pois essa modalidade
facilita, entre outras coisas, o acesso à educação de jovens e adultos que precisam
conciliar trabalho e estudo.

Além disso, é dever do Estado garantir o acesso à educação aos alunos


impossibilitados de se locomover até a escola, como aqueles alocados em hospitais e
centros de detenção, e proporcionar um ambiente escolar inclusivo para crianças e
jovens com necessidades especiais.

Porém, não basta apenas oferecer espaços para crianças, jovens e adultos
aprenderem, é necessária uma educação de qualidade. Portanto, as escolas precisam
aperfeiçoar os serviços oferecidos, criar estratégias diferenciadas para atrair a atenção
de alunos e estimular a participação em sala de aula.

Dessa forma, considerando a importância da educação como um direito social,


garantido pela Constituição Federal, podemos dizer que as políticas educacionais fazem
parte do processo de crescimento e desenvolvimento do nosso país, contribuindo,
inclusive, para mudar o Brasil que conhecemos.

Por esse motivo, a sociedade também deve participar ativamente da criação de


programas e ações voltados para a educação, levando ao Poder Público suas sugestões
e demandas e exigindo dos governantes a qualidade de ensino assegurada pela
legislação, especialmente pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pois,
para serem efetivas, as políticas educacionais devem levar em consideração diversos
aspectos relacionados à atual realidade da educação brasileira, inclusive a situação de
vulnerabilidade social em que se encontram diversos alunos.

45
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