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Distúrbios de Aprendizagem

Módulo II

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Sumário

Unidade 3 – Outros causadores das dificuldades de aprendizagem ............................... 3


3.1. A Educação Brasileira ........................................................................................ 4
3.2. A Escola............................................................................................................. 7
3.3. Os Professores.................................................................................................. 11
3.4. A Família ......................................................................................................... 13
Unidade 4 – Lidando com crianças com Distúrbios de Aprendizagem......................... 17
4.1. Como Detectar os Distúrbios de Aprendizagem................................................ 18
4.2. O Papel dos Pais............................................................................................... 22
4.3. O Papel da Escola............................................................................................. 25
4.4. O Papel dos Professores ................................................................................... 32
4.5. Como usar a Legislação.................................................................................... 36
Conclusão do Módulo II.............................................................................................. 43
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 44
Unidade 3 – Outros causadores das dificuldades de
aprendizagem

No primeiro módulo deste curso, foram discutidos aspectos fundamentais sobre


os distúrbios de aprendizagem. As principais características, causas e formas de
tratamento a eles ligado foram abordadas. Porém, além de elementos como as
disfunções cerebrais, os problemas genéticos, o baixo QI, deficiências visuais e
auditivas, problemas motores, questões alimentares e outros, existem determinados
componentes ligados ao processo de ensino-aprendizagem que são causadores em
potencial de dificuldades encontradas pelos indivíduos em qualquer faixa etária. Tais
componentes fazem com que o ato de aprender seja complicado tanto para crianças que
possuem os distúrbios até aqui tratados, como para crianças, adolescentes e jovens que
se apresentam fisicamente normais, sem deficiências de inteligência, que não são
afetados por características genéticas ou outros problemas.

Esta unidade é destinada à discussão das causas das dificuldades de


aprendizagem de maneira mais ampla, através da abordagem de aspectos estruturais
globais e locais que são capazes de causar impactos no processo de ensino-
aprendizagem como as características da educação brasileira, os conflitos da família
brasileira, a formação dos educadores, entre outros. Embora todos esses fatores estejam
intimamente ligados, eles serão, a partir desse momento, abordados em suas
particularidades.

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3.1. A Educação Brasileira

A educação brasileira é conhecida de


maneira geral pela população como sendo
deficiente em diversos âmbitos. No entanto,
sabe-se da sua fundamental importância
para o desenvolvimento dos cidadãos de
forma individual e, também, para o
desenvolvimento da nação como um todo.
A apreensão do conhecimento não é apenas requisito para alcançar uma vaga no
mercado de trabalho, mas é também fundamental para o enriquecimento cultural, para a
realização de transformações sociais efetivas, a valorização da ética e da moral e a
construção da cidadania.

Embora tenha melhorado com o passar dos anos, ao analisar o histórico de


desenvolvimento da educação no Brasil, pode-se perceber que a preocupação com as
suas melhorias, bem como com a democratização do ensino e o consequente acesso a
ele por uma quantidade infinitamente maior de pessoas, é relativamente recente. Há
algum tempo, apenas uma parcela ínfima da sociedade, pertencente à elite social
brasileira, tinha possibilidades de acesso à educação.

A democratização do ensino, embora seja algo positivo e de progresso, fez com


que, em pouquíssimo tempo, a educação tivesse que atender a uma quantidade imensa
de alunos. Essa necessidade repentina fez com que os sistemas educacionais não fossem
capazes de oferecer vagas nas escolas e, ao mesmo tempo, manter a qualidade do
ensino.

Essa experiência não muito longa acarreta também em dificuldades para a


tomada de decisões como o quanto se deve investir na educação, quais são suas
prioridades e os problemas que precisam de uma solução com mais urgência, quais os
melhores métodos a serem aplicados no processo de ensino-aprendizagem e muitas
outras.

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Quando comparado a outros países, tem-se que o Brasil é uma das nações que
mais investe na área da educação. Existe uma divergência entre profissionais desta área
quanto a isso. Uma parcela deles acredita que os valores destinados à educação são
insuficientes e deveriam ser aumentados, enquanto a outra tem a opinião de que os
valores estão adequados, mas o país, devido à sua inexperiência, não sabe como
aproveitar da melhor forma tais verbas. De qualquer forma, independente de qual
postura esteja correta, o que se apresenta é uma educação deficiente e carente de
melhorias.

Como já foi citado, o Brasil descobriu tarde a necessidade de se investir na


educação. Porém, esse cenário é ainda mais prejudicado pelo fato de que, mesmo após
essa descoberta, o país ter demorado décadas para tomar alguma atitude nesse sentido.
Além de verbas, é necessário tempo para que se possa desenvolver qualitativamente. O
aperfeiçoamento do processo de ensino exige análises, pesquisas e experiências capazes
de mostrar quais são as melhores metodologias para lidar com a educação brasileira,
afinal, apesar de ter investido na educação, o país continua apresentando ainda hoje
altos índices de analfabetismo. É ilusão pensar que nossos problemas se resolvam
apenas com capital, pois é preciso muito trabalho para realizar grandes transformações.
Isso mostra que o Brasil pode ter aprendido a gastar, mas ainda tem que descobrir a
ensinar efetivamente.

Essa deficiência não se limita ao ensino público, mas abrange também as escolas
privadas. Isso porque, apesar de possuírem mais recursos e verbas para destinarem ao
seu próprio desenvolvimento, são obrigadas a seguirem os programas educacionais do
governo no que diz respeito à estrutura das séries, aos critérios de aprovação e
reprovação de alunos, aos conteúdos programáticos e outros que também são deficientes
e se constroem de características insuficientes para o ensino de qualidade.

Nas instituições,públicas de ensino o problema é ainda mais complexo. Além de


possuírem os obstáculos encontrados pelas escolas privadas, elas também precisam lidar
com um número insuficiente de professores e outros profissionais, materiais
inadequados, péssimas condições físicas, ausência de recursos, ausência de suporte para
as crianças que possuem necessidades especiais e muito mais.
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Além dessas questões não serem consideradas como prioridades para o poder
público, a educação pode ser caracterizada como tecnicista e desligada da realidade, ou
seja, acaba por levar em conta na construção de seus conteúdos apenas aspectos ligados
às exigências técnicas do mercado de trabalho, esquecendo-se de considerar as
características peculiares de cada indivíduo e ainda, que o desenvolvimento de outros
valores é essencial para a sociedade, tanto no próprio mercado de trabalho, como em
outros âmbitos.

Existem ainda outras contradições quando se fala na educação brasileira. Apesar de ser
um dos países que mais investe nessa área, o Brasil também é o local em que as crianças
passam menos tempo na escola. Considerando que os alunos, em grande parte dos
países desenvolvidos, passam horas a mais no ambiente escolar, parte-se do pressuposto
de que o aumento do tempo em sala de aula ou em outros ambientes educativos é capaz
de proporcionar aos alunos novas oportunidades para que se desenvolvam e atinjam
seus objetivos.

A educação é um direito
fundamental, universal e inalienável.
Dessa forma, garantir a sua qualidade, o
acesso a ela e a permanência a todos os
cidadãos, a construção de espaços que
proporcionam a participação da sociedade,
a gestão, execução e avaliação de políticas públicas é dever do poder público. Assim,
voltando à questão dos recursos destinados à educação, pode-se dizer que o seu
financiamento é um tema relevante para todos aqueles que têm interesse na escola de
qualidade, para que seja possível garantir o conhecimento historicamente construído.

Não se pode desconsiderar que a educação é a base para o desenvolvimento de


toda e qualquer nação. Quanto antes ela chegar até as pessoas, maior será o seu
resultado e menores os seus custos. Ensinar conteúdos a pessoas que poderiam tê-los
aprendido anos antes, é mais difícil e acarreta em mais custos, além da apreensão do
conhecimento não ser tão eficiente como poderia ter sido em outros momentos. Isso
ocorre porque o ato de aprender não está ligado apenas à compreensão de informações,
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mas a um conjunto de capacidades que devem ser desenvolvidas nas crianças desde bem
pequenas. O processo de aprender determinadas coisas depois da primeira infância é
mais lento e ainda mais prejudicado em função da ausência de incentivos corretos nesta
fase da vida.

É claro que é preciso a existência de boas universidades para produzir


conhecimentos e tornar o país produtivo. Porém, a qualidade real na educação só poderá
alcançar altos índices, quando os poderes e a população compreenderem que é
necessário dar atenção especial aos anos escolares iniciais. Eles são decisivos para
moldar habilidades que constituirão a base para que outras possam ser desenvolvidas.

De acordo com a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os municípios


devem oferecer, gratuitamente, a educação infantil em creches ou entidades
equivalentes para crianças de até três anos de idade, e também em pré-escolas, para
crianças de quatro a cinco anos. Por oferecer pode-se supor não apenas criar e manter
unidades suficientes para atender a demanda de alunos, mas também lhes garantir
padrão de qualidade.

Dada esta contextualização, é possível compreender o porquê das crianças e


jovens terem suas dificuldades criadas pelo próprio sistema de ensino e, aqueles que já
possuem distúrbios de aprendizagem terem suas dificuldades ainda mais intensificadas,
afinal, as deficiências do processo de ensino-aprendizagem tem, na maioria das vezes,
implicado em mais conflitos e na evasão escolar.

3.2. A Escola

Os problemas da escola estão ligados às


deficiências gerais apresentadas no item anterior
no que diz respeito às questões gerais da
educação brasileira. Porém, no interior das
instituições de ensino estão presentes

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determinadas adversidades que podem ser resolvidas localmente e serão discutidas a
seguir.

Um dos fatores que dificultam ainda mais o processo de ensino-aprendizagem e


recaem sobre as crianças é a prática que a maior parte das escolas possui em culpar os
pais, os professores, a comunidade e o governo pelo fracasso de seus alunos e nunca
assumirem ao menos sua parcela da culpa. Já foi dito durante este curso que a eficiência
da educação depende de uma relação de fatores e, sendo assim, certamente a escola não
deve estar isenta de suas responsabilidades.

A maior parte dos diretores acreditam que os alunos são os que têm maior
responsabilidade quando não aprendem. Dessa forma, esses profissionais assumem a
tarefa de exercer seus papéis sem, no entanto, assumir o fracasso de seu trabalho. Os
diretores brasileiros não possuem os pré-requisitos que profissionais renomados e
pesquisadores colocam como sendo básicos para o desempenho da direção. Além de
uma experiência em gestão acadêmica, eles também deveriam manter o seu foco nas
salas de aula e traçar objetivos claros que sirvam de base para a atuação dos professores
e demais educadores existentes na instituição de ensino.

É claro que, se os cidadãos vissem a escola como o local em que o conhecimento


acontece, os trabalhadores adquiririam os subsídios de que precisam, e os valores éticos
e morais seriam incorporados pelos indivíduos, mas isso depende de uma boa gestão.
Uma boa gestão deve ser focada em uma integração entre o âmbito administrativo e
pedagógico. A separação entre essas áreas dá origem a um equívoco comum entre os
diretores: o de que o baixo desempenho dos alunos não está, de forma alguma, ligada à
execução ineficiente de seu trabalho.

Uma parcela considerável dos diretores não possui uma formação adequada,
como já dito anteriormente, e, muitas vezes, são egressos da carreira de professor ou,
ainda, alcançaram o cargo através da indicação de amigos ou familiares, sem ter
minimamente passado por um treinamento técnico.

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Isso agrava as dificuldades que normalmente até mesmo os profissionais que têm
formação adequada e são eficientes encontram no
cotidiano escolar. A rotina de todo diretor é caracterizada
por uma série de atividades. Quando chegam à escola,
não conseguem seguir o planejamento que fizeram no dia
anterior em função das emergências que surgem por
todos os lados. Essas interrupções podem implicar em
coisas simples como o telhado que está quebrado, um
professor que ficou doente e faltou, um aluno que se
acidentou ou um recurso tão esperado que não chegou.
Esses acontecimentos fazem com ele seja obrigado a reorganizar todo o seu plano de
trabalho e ainda conseguir resolver os problemas imediatos como a prestação de contas
ou estar presente em reuniões da Secretaria da Educação ou em visitas a familiares dos
alunos. Em meio a essas atribulações, as questões primordiais acabam sendo deixadas
de lado e correm o risco até mesmo de serem esquecidas.

Além disso, existe uma grande quantidade de deveres burocráticos que são
responsabilidades dos diretores. Seu tempo acaba se restringindo ao cuidado com a
parte administrativa da escola que não pode ser deixada de lado e deve seguir prazos
como, por exemplo, a fiscalização de entrega de materiais pela Secretaria de Ensino. O
planejamento e a execução de um projeto pedagógico eficiente e capaz de trazer
mudanças benéficas para a instituição de ensino, tudo isso precisa de tempo para ser
concluído, sendo impedido diante das circunstâncias que acabaram de ser descritas.
Nesse sentido, a escola acaba reproduzindo somente a ideia de formar indivíduos
produtivos, não respeitando e, muito menos estimulando, as possibilidades e
capacidades de cada um dos alunos que não se adaptam, por diversos motivos, aos
padrões impostos.
É de extrema importância evitar que as crianças sejam impossibilitadas de aprender e se
desenvolverem simplesmente por estarem fora dos padrões estabelecidos para todos.
Indivíduos com distúrbios terão seus problemas incompreendidos e agravados por falta
de atuação adequada. Disso resulta também a dificuldade em dizer se uma criança
realmente possui um distúrbio de aprendizagem ou simplesmente não consegue se
adaptar aos métodos de ensino a que está submetida. Alguém com falhas na percepção
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visual, por exemplo, encontra maiores dificuldades em escrever com letra cursiva (letra
de mão), pois os intervalos entre as letras não existem, tornando mais difícil ver os
contornos das mesmas. Os métodos que não funcionam com todos os alunos, fazem
com que crianças com distúrbios fracassem com mais frequência e acabem
marginalizadas.

Existem ainda outros aspectos, além das capacidades e possibilidades dos


gestores escolares, que estão relacionados aos elementos estruturais como, por exemplo,
o espaço da escola, a qualidade dos materiais didáticos, a incidência de violência no
interior desses ambientes, entre muitos outros. Fica realmente complicado imaginar que
esse cenário do ensino brasileiro, sendo incapaz de lidar com as suas necessidades
básicas, poderia dedicar um tempo especial para criar formas eficazes para o processo
de ensino-aprendizagem daqueles que possuem os distúrbios tratados durante este curso.
Mais uma vez, eles ficam em segundo plano e essas dificuldades são agravadas com o
passar do tempo.

A seguir estão listados alguns elementos característicos, principalmente das


escolas da rede pública de ensino, que constituem agravantes para todas as crianças e,
mais especificamente, para as que lidam diariamente com os distúrbios de
aprendizagem:

Na Primeira Infância:

A quantidade de crianças matriculadas na pré-escola não é adequada ao espaço


existente.

A quantidade de educadores é insuficiente diante do número de alunos.

As escolas não possuem espaços adequados para crianças pequenas como salas para
dormir e espaços específicos de recreação.

A limpeza da cozinha e demais setores pode não ser realizada adequadamente.

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No Ensino Fundamental e Médio:

Não existem salas de aula adequadas para todos os tipos de pessoas.

Ausência de profissionais qualificados como os psicólogos, que sejam capazes de


ajudar os alunos fora do ensino regular.

Raramente existem adaptações no espaço físico como rampas e banheiros adequados


para deficientes físicos ou alunos com dificuldades motoras.

Quanto aos materiais didáticos, não é necessário uma grande quantidade de


recursos para torná-los melhores. Salas de aula normais com materiais para crianças que
não conseguem seguir o mesmo ritmo de aprendizado dos demais alunos ou, ainda a
formação de duas ou três salas de aula na escola e materiais específicos para tais
crianças poderiam resolver grande parte dos problemas.

3.3. Os Professores

Como pôde ser percebido, esta unidade abordou o aspecto global da educação,
passando depois para problemas mais estruturais localizados no interior das escolas e,
neste momento, será discutido o cenário que envolve os professores e demais
educadores que, embora também sejam vítimas das deficiências da educação, são
causadores da intensificação dos distúrbios de aprendizagem em um grande número de
crianças.

O processo deficiente de educação pelo qual passa a maior parte das pessoas
acaba por formar profissionais também deficientes em suas capacidades. Assim, cria-se
um círculo vicioso em que jovens mal formados iniciam uma carreira que requer
determinadas vivências e compreensões, o que resulta em uma atuação que também fará
com que as crianças saiam da educação básica igualmente mal formadas.

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Muitos dos alunos que cursam o ensino
fundamental na rede pública de ensino apresentam
grandes dificuldades em aprender a ler e escrever
por não terem esse domínio. A má formação dos
educadores faz com que eles não sejam capazes de
saber minimamente quais as características que
podem ser indicadoras de distúrbios de
aprendizagem em seus alunos. Eles não possuem
conhecimentos suficientes nem para ter uma ideia sobre o problema da criança e, muito
menos, para fornecer orientações úteis para que os pais possam procurar ajuda de
especialistas capazes de dar um diagnóstico preciso.

O papel dos professores diante da posição que ocupam é fundamental e faz-se


necessário que eles tenham conhecimentos não apenas acerca de conteúdos teóricos
básicos, mas também que saibam lidar com a heterogeneidade de alunos com que têm
contato diário, sendo capaz de identificar as suas qualidades e dificuldades e adequar a
melhor forma de se trabalhar com elas.

Além dessa má formação do professorado originar uma didática ineficiente que


não permite que as crianças construam um conhecimento real, esses profissionais,
apesar da importância do papel que desempenham para toda a sociedade, já que são
formadores de opiniões e atitudes, são desvalorizados socialmente. Eles também são
vítimas de um sistema cheio de falhas e vivem em más condições, tendo que executar a
sua função recebendo péssimos salários, sem poder contar com qualquer auxílio para
renovar e multiplicarem seus conhecimentos, além de trabalharem em ambientes sem
estrutura alguma no que se refere a recursos, materiais didáticos e outros elementos que
constituem o processo de ensino-aprendizagem.

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3.4. A Família

Não é preciso dizer que o núcleo familiar constitui


também uma estrutura fundamental para o desenvolvimento de
toda e qualquer criança. Porém, sabe-se que a família
brasileira encontra diversos tipos de problemas em seu
interior. Os conflitos familiares podem ser causadores de
dificuldades de aprendizagem nas crianças que não as
possuem e, intensificar, os problemas que os alunos com
distúrbios já enfrentam.

Existem diferentes tipos de famílias. Algumas delas são mais presentes na vida
das crianças e, outras, não se importam muito com o que elas fazem ou deixam de fazer.
No entanto, essas diferenças podem auxiliar ou dificultar de forma intensa, não apenas
aspectos comportamentais na vida das crianças, mas também a sua vivência escolar.
Abaixo está colocado um quadro que diferencia características possíveis de serem
encontradas em filhos de pais ausentes e presentes:

Pais Presentes Pais ausentes


Criança mais educada Criança mais rebelde
Criança carinhosa Criança sentimental/carente
Criança com bom rendimento escolar Criança que não consegue ter um bom
rendimento na escola
Criança que não se importa muito com
Criança prestativa com o próximo
o próximo
Prazer na leitura e na aprendizagem Pensar apenas em brincar e atividades
que não exijam grandes esforços e
concentração

A ajuda dos pais ou demais responsáveis no processo de ensino-aprendizagem


das crianças é, portanto, outro elemento diferenciador capaz de levá-las ao sucesso
escolar e, isso é válido tanto para as crianças que possuem capacidades normais de

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aprendizagem, como para aquelas detentoras de determinado distúrbio.

Muitos aspectos estão ligados a essa relação entre família, aprendizagem e


sucesso escolar e todos eles têm uma influência no todo. A escolaridade dos pais é um
deles. Como se sabe, a porcentagem de brasileiros com formação superior é muito
restrita frente à população total. Isso acaba por reproduzir este quadro, afinal, é muito
mais fácil para os pais que sabem da importância do conhecimento e da escolaridade
(porque passaram por ela), se empenharem em incentivar e ajudar os seus filhos nesse
processo do que pais, que, possuindo um nível baixo de escolaridade, têm menos
chances de darem o suporte necessário às suas crianças. Os primeiros ao terem passado
por processos parecidos na vida escolar e acadêmica, procuram ler com seus filhos,
incentivá-los a buscar o sucesso escolar e lhes mostrar a importância do aprendizado,
bem como, têm mais probabilidades de reconhecer um distúrbio de aprendizagem
quando ele se manifesta e, consequentemente, procurarem a ajuda de especialistas. Já os
segundos, não tendo passado por tantas experiências escolares, podem não atribuir a
elas a devida importância e, dessa forma, refletir isso em seus filhos.

Existe entre os responsáveis uma carência de informações sobre o que realmente


acontece na vida de suas crianças, além de existir também uma defasagem de
informações sobre o que constituem os distúrbios de aprendizagem. Quando eles se
manifestam, pais caracterizados dessa forma se sentem, ao menos parcialmente,
culpados pela condição das crianças. Alguns chegam até mesmo a entrar em pânico.
Essas reações imobilizam os responsáveis e privam a criança da ajuda que precisa.

Existem mais alguns aspectos possíveis de serem encontrados nos núcleos


familiares que também são grandes causadores ou intensificadores das dificuldades de
aprendizagem. Veja abaixo uma parte deles:

Famílias desorganizadas que permitem um excesso de atividades extraescolares


na vida das crianças como muito tempo na frente de computadores, vídeos-
game, televisão e, consequentemente, a ausência de uma rotina de estudos.

Pais com problemas como, por exemplo, o alcoolismo.


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Pais demasiadamente exigentes projetam em seus filhos problemas emocionais
graves.

A superproteção característica de certos responsáveis pode criar crianças


dependentes e incapazes de solucionar problemas sozinhas.

Filhos de pais separados também encontram maiores chances de desenvolver ou


intensificar as dificuldades de aprendizagem. Essas crianças demonstram uma
grande necessidade de serem compreendidas.

Existem ainda as dificuldades causadas


por substâncias químicas a que os
responsáveis, tendo maior contato com as
crianças precisam estar atentos. Medicações
como antialérgicos ou astiasmáticos, causam sonolência e interferem na
aprendizagem, bem como drogas como o álcool em adolescentes também têm
grandes influências na sala de aula.

ESTE É O FIM DA UNIDADE 3! NESTA UNIDADE VOCÊ APRENDEU


QUE:

Além das dificuldades causadas pelos distúrbios de aprendizagem,


existem outras que estão ligadas aos aspectos estruturais da educação como um
todo. Tais aspectos são criadores de dificuldades e intensificam aquelas que já
existem. São eles:

A educação brasileira é deficiente no que diz respeito à sua maturidade, à


atenção dos poderes públicos e às características gerais que as define.

As escolas possuem diversos problemas internos como a má gestão


realizada pelos diretores; quantidade insuficiente de recursos; número
reduzido de professores e funcionários; deveres burocráticos; a falta de
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incentivo às possibilidades e capacidades individuais; padrões
metodológicos de ensino inadequados; organização espacial e materiais
didáticos sem qualidade e outros.

Os professores são mal formados; mal remunerados; não têm o seu


trabalho reconhecido pela sociedade e, o conjunto desses elementos
intensificam as dificuldades de aprendizagem dos alunos.

A maior parte da população brasileira não possui altos níveis de


escolaridade fazendo com que isso seja refletido nas crianças e reproduza
esse quadro.

O aspecto afetivo tem grande influência na vida escolar das crianças e os


lares desestruturados são capazes de causar dificuldades de
aprendizagem ou intensificar as que já existem.

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Unidade 4 – Lidando com crianças com Distúrbios de
Aprendizagem

No Módulo I deste curso, já foram


abordadas algumas características existentes em
crianças que possuem distúrbios de aprendizagem.
Nesta unidade, você vai conhecer de maneira mais
geral que tipos de características ou atitudes
observadas nas crianças devem constituir motivos
de preocupações e atitudes que busquem suas causas e formas de superação. Além
disso, essa unidade também tratará da importância dos papéis de cada um daqueles que
convivem e são, em maior ou menor intensidade, responsáveis pelo sucesso de tais
indivíduos.

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4.1. Como Detectar os Distúrbios de Aprendizagem

Para perceber quando uma criança ou jovem é detentor de um distúrbio de


aprendizagem, é preciso uma série de cuidados. Ao conhecer minimamente elementos
que podem ser indicadores, fica mais fácil buscar um diagnóstico mais preciso e buscar
o auxílio de profissionais especializados.

Para isso é preciso observar minuciosamente as


crianças quando elas brincam, ouvir o que elas
têm a dizer, ouvir suas conversas com os
colegas, tentar perceber como elas enxergam o
mundo ao seu redor, como organizam o seu
modo de pensar, qual a sua lógica, bem como
deve-se permitir que elas manipulem objetos,
que movimentem e aprendam diferentes coisas.

Como já foi dito, os distúrbios de aprendizagem costumam ser detectados na


fase escolar da criança, quando passam a ser impostas as exigências específicas da
aprendizagem. Antes de mais nada, é preciso ter certeza que a dificuldade da criança
não é motivada por problemas de visão ou audição, afinal, esses problemas podem ser
resolvidos de forma mais prática. Muitos indivíduos que apresentam algum desses
problemas acabam sendo submetidos a exames desconfortáveis e climas não muito
saudáveis desnecessariamente. Por isso, é preciso averiguar cuidadosamente cada uma
das possíveis causas. Para isso, faz-se necessário que todos os envolvidos no processo
de aprendizagem estejam atentos às dificuldades das crianças, observando se estas são
momentâneas ou persistem em diversos momentos, ambientes e atividades. É
fundamental perceber o problema o mais cedo possível, pois o comportamento da
criança pode variar grandemente de acordo com o tratamento que receber na escola e
em casa.

Existem alguns critérios básicos que ajudam a diagnosticar um distúrbio de


aprendizagem:

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1) Apresentar problemas de aprendizagem em uma ou mais áreas

2) Apresentar uma grande diferença entre o seu potencial e o seu desempenho real

3) Apresentar um desempenho irregular (a criança alcança os objetivos e, em outro


momento, não consegue realizar a mesma tarefa).

Quando essas características são observadas, deve-se buscar uma avaliação mais
profunda em que a criança é submetida a uma série de provas que considerem todas
as capacidades, habilidades e aptidões necessárias para a aprendizagem. Exames
psicológicos e neurológicos também são capazes de detectar determinados
problemas precocemente.

A seguir estão colocadas algumas características que podem ser observadas em


crianças e adolescentes em diferentes estágios escolares.

Educação Infantil

Problemas na aprendizagem de números, alfabeto e dias da semana

Dificuldades em seguir rotinas

Falta de persistência nas tarefas

Problemas em se manter sentado quando necessário

Problemas de articulação

Falta de interesse em ouvir histórias

Problemas na aquisição de comportamentos autônomos como amarrar o tênis

Relutância para desenhar


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Problemas na noção de direita e esquerda

Dificuldades nas interações sociais.

Ensino Fundamental

Dificuldades para recordar fatos

Problemas com conceitos matemáticos

Problemas de organização

Soletração pobre

Lenta aquisição de novas aptidões


Impulsividade

Erros cometidos por falta de atenção

Instabilidade na preensão do lápis

Problemas na forma da letra e na pressão do traço no papel

Problemas com a noção de tempo.

Ensino Médio

Problemas em estudar para as provas

Dificuldades na memória de longo prazo

Comportamentos inconstantes

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Dificuldade de autocontrole

Capacidade baixa para perceber detalhes

Fadiga mental

Pouca atenção/concentração

Compreensão pobre da leitura

Pouca participação verbal na classe

Problemas com palavras difíceis

Dificuldades em argumentar

Problemas na aprendizagem de línguas estrangeiras

Capacidade de escrita baixa

Problemas em fazer resumos/sínteses

Manipulação inadequada do lápis

Relutância em escrever

Fracas estratégias de aprendizagem

Desorganização no espaço e no tempo

Domínio pobre de conceitos abstratos

Dificuldades para a realização de exames e provas.


21
4.2. O Papel dos Pais

Não é preciso dizer que o cumprimento do papel dos pais,


de outros responsáveis e demais familiares é fundamental
no processo de desenvolvimento de todas as crianças,
mas, principalmente, daquelas que possuem maiores
dificuldades.

Em primeiro lugar, os pais devem conhecer


profundamente as capacidades e as dificuldades dos seus
filhos, considerando as atividades em que eles se dão bem e aquelas que se tornam mais
complicadas de serem realizadas. Na posição de educadores que estes também ocupam,
faz-se necessário conhecer minimamente os distúrbios de aprendizagem e, quando isso
existe dentro de suas casas, é preciso encontrar programas e demais formas de
superação para ajudar tais crianças tanto em casa, como na escola e na rua. Existe uma
grande carência de informações entre a maior parte dos pais sobre o que realmente
acontece com os seus filhos e, por isso, a busca por esses conhecimentos se faz
importante.

Após o percebimento de que existe uma dificuldade de aprendizagem, as causas


que as geram devem ser determinadas e, a partir de então, é possível buscar as
ferramentas adequadas para corrigi-las. É claro que, como já foi dito durante este curso,
as causas variam muito de pessoa para pessoa, de forma que até mesmo a ciência
encontre dificuldades em dar respostas e soluções para esses problemas, o que demanda
um cuidado muito mais intenso.

Ao conhecer as dificuldades das crianças e


procurar a ajuda de especialistas, o próximo passo é
informar os professores a respeito dos distúrbios dos filhos
e oferecer recursos, compreensão e apoio. É
imprescindível procurar a escola e, juntamente com os
professores, trabalhar de maneira adequada o conteúdo

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escolar para não desmotivar a criança.

No ambiente familiar, faz-se necessário a persistência no esforço de ajudar as


crianças a superarem as dificuldades, assumindo compromissos, reconhecendo a
necessidade de intervenções e colaborando ao máximo. Diante desse cenário, é
importante recompensar o comportamento e desempenho da criança, através de elogios
e incentivos para superarem seus obstáculos. Atitudes como punições e repreensões são
capazes apenas de causar medo e baixa autoestima nas crianças. É preciso estabelecer
limites e caminhar firmemente, mas sempre mantendo o equilíbrio.

Um filho com distúrbios de aprendizagem pode causar sofrimento a outros


membros da família também. Afinal, no núcleo familiar, seus sentimentos, problemas e
necessidades influenciam os pais, irmãos e outros familiares que compartilham desses
elementos e sentem muito pela criança. Por isso, uma compreensão especial, o apoio e a
ajuda da família devem ser efetivamente trabalhados.

Existem pais que acabam, de alguma forma, se sentindo culpados pelo fracasso
escolar dos filhos e chegam até mesmo a entrar em pânico. Porém, essas reações fazem
com que eles fiquem imobilizados e privem as crianças da ajuda que precisam. Pais que
ficam impactados dessa maneira, também são aconselhados a procurar ajuda para si
mesmo na intenção de não prejudicar seus filhos.

Além disso, é preciso ter claro que o aspecto afetivo tem grandes influências
sobre os resultados e isso demanda que os pais estejam bem e aptos para lidar com as
diversas situações. Eles devem assumir atitudes firmes no sentido de adotar uma rotina
diária organizada que seja capaz de prevenir possíveis imprevistos. Quando as crianças
sabem o que esperar da vida cotidiana, isso ajuda a diminuir características como a
impulsividade, a desatenção e outras. Não se pode passar ansiedade para os filhos e nem
ignorar as suas dificuldades e, a superproteção também pode inibir qualquer iniciativa
da criança. Diante disso, nada melhor que trabalhar o equilíbrio no interior das relações
familiares.

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As crianças com distúrbios de aprendizagem devem ser elogiadas por qualquer
bom desempenho, sem deixar de lado a disciplina. Elas precisam de uma estrutura
sólida e, oferecer segurança através da construção de bons vínculos, ajuda a desenvolver
nelas um alto nível de empatia, auxiliando a alcançar um comportamento social
adequado.

A escolha de tarefas deve ter como critério a possibilidade de a criança ser bem
sucedida, pois isso pode compensar o seu fracasso escolar, desenvolvendo a sua
autoafirmação e autoestima. Quando essa criança enfrenta limitações, ela precisa ser
respeitada e suas dificuldades acatadas.

A seguir estão colocadas algumas dicas para lidar com as crianças que
apresentam distúrbios de aprendizagem:

A comunicação deve ser clara e precisa.

É importante que se faça sessões curtas de leitura diariamente com os filhos.

Algumas coisas, como as noções de matemática, podem ser ensinadas de maneira


prática como, por exemplo, fazendo compras ou utilizando medidas de uma receita
culinária.

Para crianças hiperativas, recomenda-se que sua energia seja canalizada através de
tarefas que exijam esforço físico como, por exemplo, passear com o cachorro.

Trabalhe os pontos positivos do seu filho e o incentive a desenvolver habilidades que


ele possa ter.

Parcele tarefas grandes em tarefas menores e mais fáceis de serem executadas.

24
4.3. O Papel da Escola

É conhecido por todos o fato de que a escola


tradicional não tem sido capaz de atender a demanda
brasileira por educação. Se ela não consegue atender nem
mesmo os estudantes que se encontram em condições
normais de aprendizagem, fica ainda mais difícil lidar com
aqueles que são detentores dos distúrbios de aprendizagem
aqui tratados.

A escola é vista pela população como o primeiro


momento em que a criança é, de forma concreta, inserida na sociedade depois de já ser
integrante de um núcleo familiar. No início da infância, ela representa o lugar que a
criança possui como sendo o seu espaço. É o local onde estão as pessoas que esperam
por ela, que querem recebê-la e estão ali unicamente para ensiná-la e ajudá-la no que for
preciso. Aspectos como paredes bem pintadas, salas de aula organizadas e atraentes,
pátios e demais espaços adequados mostram que este trabalho de preparação foi feito
para ela. Essa primeira sensação de segurança é algo que influencia em todo o seu
trajeto de aprendizado e não apenas em seus primeiros anos escolares.

Não se pode esquecer que os grupos de crianças que frequentam a escola são
bastante heterogêneos e saber lidar com cada diferença é fundamental. Um dos grandes
problemas do ensino é tratar pessoas diferentes de forma igual. Embora a construção de
currículos rígidos e conteúdos previamente estabelecidos sejam mais fáceis de serem
geridos no âmbito da administração, essa não é a proposta ideal. É claro que todas as
crianças devem ter as mesmas oportunidades de aprendizado e crescimento, mas isso
não significa que o mesmo plano de ensino seja efetivo para todas elas. A verdadeira
inclusão na escola envolve reflexões sobre políticas globais de educação e a mudança
de objetivos para a implantação de um projeto que considere a diversidade dentro de
uma escola regular para todos. Tal projeto, portanto, deve ser da escola como um todo e
não parte do trabalho isolado de professores. É necessário trabalhar no sentido de criar
projetos educativos que incorporem a diversidade na tomada de decisões.

25
As dificuldades causadas pelos
distúrbios estão inseridas no processo de
ensino-aprendizagem, de forma que a escola
e os professores são responsáveis por eles,
uma vez que constituem partes integrantes
do corpo da escola. Uma forma de atender a
diversidade existente entre as crianças seria através de provas avaliativas. O primeiro
mês de aula corresponde a um período de preparação e ele pode ser reservado para esse
processo avaliativo. Ele seria uma espécie de sondagem entre os alunos que estão
iniciando os cursos propostos pela instituição de ensino. A avaliação envolveria testes
psicomotores, testes de prontidão, avaliação do nível de aprendizagem e outros. Através
deles seria possível aos professores conhecer as características individuais dos alunos, o
que poderia evitar o desenvolvimento ou a intensificação de possíveis distúrbios de
aprendizagem.

Na maioria das vezes, alunos com distúrbios de aprendizagem são obrigados a


repetirem os anos escolares, como se isso fosse uma espécie de “castigo” pelo seu
fracasso escolar. No entanto, a repetição de conteúdos não faz com que alunos
repetentes aprendam mais se a forma como o processo de aprendizagem que se dá é
sempre a mesma, mas muito pelo contrário, a tendência é que esses alunos abandonem
os estudos depois de várias tentativas em vão. No entanto, se a repetição de conteúdos
se dá de maneira efetiva fazendo com que a criança compreenda que essa atitude tende
apenas a ajudá-la e não puni-la, ela pode ter um lado benéfico. Nesse caso, para as
crianças, pode representar uma chance de recomeço quando a autoestima está
prejudicada por uma série de fracassos e, para os adolescentes, pode significar uma
mudança de postura diante dos estudos. Porém, a decisão pela reprovação nunca pode
ser tomada de maneira isolada, como, por exemplo, motivada pela dificuldade em uma
única matéria específica, mas sim, por um conjunto de fatores que realmente sejam
capazes de justificá-la.

Para os alunos que possuem dificuldades específicas de aprendizagem, a escola


precisa prever um tempo extra para apoiá-los. Esse apoio deve ser entendido por eles
26
como um presente e não como um castigo e a forma como isso é passado, também é
papel da escola. Afinal, é preciso estar claro tanto para os educadores, como para os
alunos, que a construção do conhecimento é feito por etapas e, para as crianças, pular
uma dessas fases ou passar por elas de maneira inadequada, impossibilita que elas
alcancem as demais.

A tendência das políticas públicas para a educação é que o tempo que as crianças
passam na escola aumente, como acontece nas instituições de ensino em países
desenvolvidos. Se isso acontecer de maneira pouco planejada e sem estratégias efetivas,
pode apenas desmotivar as crianças, mas se esse tempo for empregado com qualidade
pode trazer melhorias como, por exemplo, a carga necessária para que indivíduos com
distúrbios de aprendizagem tenham tempo suficiente para lidar com elas na relação com
os educadores.

É claro que para a efetivação de boas políticas públicas de educação, faz-se


necessário que os gestores escolares tenham competência para exercer as suas funções e
executar o seu trabalho com sucesso. Além de uma boa formação e experiência em
gestão, os diretores devem conseguir manter sua atenção voltada para as salas de aula e
serem capazes de traçar objetivos claros que sirvam de base sólida para os professores e
demais educadores. Uma medida eficaz para selecionar esses profissionais seria a
exigência de uma experiência mínima como, por exemplo, determinado tempo para a
atuação como assistentes de direção.

O sucesso das instituições de ensino depende de uma gestão eficiente, uma grade
curricular organizada, expectativas de aprendizagem elevadas, professores motivados,
materiais didáticos diversificados e formação continuada de educadores. Quando se
analisa o processo histórico de desenvolvimento da educação nos países desenvolvidos,
observa-se que a aprendizagem foi reforçada apenas quando os poderes públicos
implantaram políticas eficazes de valorização dos professores. Isso não se dá apenas
com a elevação de salários, mas também através de investimentos em capacitação e
boas condições de trabalho, além de estratégias capazes de elevar o prestígio social
desses profissionais até mesmo em campanhas publicitárias. No Brasil, a profissão de
professor não tem sido valorizada e ele é visto pela população como alguém incapaz de
27
realizar bem o seu trabalho, sendo responsabilizado por todo o déficit de recursos
característico do ensino brasileiro.

Os professores poderiam realizar as suas funções de maneira mais eficiente se as


salas de aula fossem formadas por um número menor de alunos, o que lhes daria mais
condições de controlar a turma e oferecer atendimentos mais individualizados de acordo
com as necessidades de cada um. Além disso, a valorização desses profissionais,
certamente, deveria passar por salários mais dignos, capazes de lhes dar uma vida
cultural mais intensa e que não os obrigassem a cumprir jornadas de trabalho em vários
locais para dar conta de suas obrigações e necessidades financeiras. Isso apenas causa
desgastes e desmotivação. É necessário ter visão de longo prazo e compreender que a
existência de um bom professor é decisiva para o alcance de um nível elevado e de
qualidade no processo de ensino-aprendizagem de
uma escola, independente de ser ela particular ou
da rede pública de ensino.

Como perceber-se, o sucesso escolar de


uma criança depende de um conjunto de fatores e,
um deles, certamente diz respeito ao ambiente
físico em que ela está inserida. Elementos como a
limpeza, a ordem, a boa sinalização, a
manutenção regular de cada ambiente são componentes do espaço escolar que
ultrapassam o âmbito da burocracia. A boa organização de um refeitório, por exemplo, é
capaz de demonstrar cuidado com os alunos. Embora possam parecer ações simples,
fazem parte do processo pedagógico, afinal, não é possível aprender onde não há um
clima de respeito e segurança.

Nesse sentido, o papel de gestão dos diretores também passa por perceber que a
escola deve ser um espaço do aluno e da sociedade e, portanto, deve ter atitudes
voltadas para eles. É necessário criar a consciência de que a escola é um local aberto a
todos. A participação da comunidade, o desenvolvimento de atividades ligadas à
cultura, artes, esporte, lazer, acompanhamento pedagógico e outras coisas podem

28
contribuir para que a escola se torne um espaço atrativo para os alunos de todas as
faixas etárias e níveis de ensino.

A participação dos familiares na vida escolar dos alunos pode ir muito além do
acompanhamento das notas e das conversas obrigatórias com professores e diretores. O
envolvimento dos pais e outros responsáveis no cotidiano da escola através do
acompanhamento de questões ligadas não apenas aos conteúdos e capacidades das
crianças, mas também a aspectos administrativos pode ser vital para a melhoria da
educação. A formação e boa gestão dos conselhos escolares são maneiras eficazes de se
implantar tal participação. Para isso, a escola tem que abrir suas portas para que a
comunidade possa se apropriar dela como um bem coletivo. Escolas que têm familiares
de alunos e moradores do bairro envolvidos, certamente são mais limpas e menos
depredadas.

É importante dizer que um processo de ensino-aprendizagem eficiente deve se


dar no início da escolarização na vida das crianças. Existem dois tipos de habilidades
que influenciam o sucesso da apreensão do conhecimento. Um deles está ligado às
capacidades ligadas ao QI (Quociente de Inteligência), ou seja, às capacidades dos
indivíduos de ver o mundo de forma sob o viés abstrato e lógico ao mesmo tempo. O
outro está relacionado ao autocontrole, à motivação e ao comportamento social.
Embora pareçam elementos básicos, eles são determinantes para o sucesso escolar e,
mais tarde, para a própria inserção no mercado de trabalho.
Embora existam muitas diferenças entre os indivíduos e determinadas
capacidades acima citadas estejam fortemente relacionadas à personalidade e ao
temperamento, elas devem ser trabalhadas nas crianças desde cedo. Mesmo quando
determinadas ações educativas não têm grandes influências no desenvolvimento do
conhecimento de uma criança, capacidades como a de manter o controle diante de
determinadas situações e saber se comportar podem ser desenvolvidas e têm grande
influência posteriormente. Por isso, tais habilidades devem ser ensinadas e treinadas
desde cedo. Daí a importância de se construir metodologias de ensino nas escolas que
também considerem o desenvolvimento das crianças pequenas.

29
A seguir estão colocadas algumas ações que a escola pode tomar no sentido de
promover o desenvolvimento de todas as crianças considerando as peculiaridades de
cada uma delas:

Seguir um projeto educacional que considere uma atuação indisciplinar dos


profissionais.

Realizar ajustes na sala de aula que incluam a atribuição de lugares especiais,


tarefas escolares alternativas ou modificadas e procedimentos de avaliação
também modificados e adaptados.

A aquisição e o uso de equipamentos especiais como fonadores eletrônicos e


dicionários especiais, processadores de textos, calculadoras falantes, livros
passados para fias e outros.

A contratação de assistentes de sala de aula responsáveis por registrarem todas


as atividades e eventuais conflitos, auxiliar a leitura das crianças, ajudar os
alunos a corrigirem seus erros.

A criação de estratégias de educação especial com horários diferenciados e


métodos voltados para as dificuldades específicas de determinadas crianças.

A atenção especial para as crianças com distúrbios de aprendizagem.

O desenvolvimento da competência escolar para o cumprimento de seu papel


social.

A reorganização das grades curriculares através da inclusão de atividades


esportivas, culturais e recreativas; a inclusão digital; a discussão de temas atuais
e necessários como o meio ambiente, a cidadania, a saúde e outros.

30
A busca por materiais didáticos estimulantes que realmente tenham um
significado para as crianças.

A reflexão sobre o seu papel na interrelação com os familiares.

O trabalho com o respeito dos alunos para que as crianças que enfrentam
dificuldades em seu aprendizado não sejam discriminadas ou rotuladas pelos
demais.

Maior número de professores e especialistas.

Maior disponibilidade de material didático.

Adequação física dos edifícios escolares.

Preparação profissional dos professores para elaboração de um projeto educativo


que atenda às novas necessidades, através de adaptações curriculares, dos
materiais pedagógicos e do sistema de avaliação.

Apoio psicopedagógico.

Conforme o tempo passa e os alunos vão se desenvolvendo, o tamanho da escola


parece diminuir em relação aos conhecimentos nas diversas disciplinas que esses
estudantes foram capazes de adquirir. Esses saberes alargam os horizontes dos
indivíduos levando-os a ter coragem de participar da sociedade e caminhar de maneira
mais independente. Também é papel da escola permitir o desenvolvimento dessa
autonomia para que o aluno possa crescer e desenvolver a capacidade de querer alcançar
horizontes mais ousados e próprios.

31
4.4. O Papel dos Professores

Atualmente a aprendizagem é mais valorizada


que o ensino. Assim, o bom professor seria aquele
capaz de conduzir o maior número de estudantes ao
aprendizado. Esse cenário faz com que o excesso de
alunos com dificuldades de aprendizagem indique que o
educador não está conseguindo encontrar os caminhos
adequados para ensiná-los. Esses profissionais
deveriam ser mais preparados para colocar o que
aprenderam em prática e não apenas para difundir
teorias pedagógicas se as mesmas não forem aplicadas,
como tem ocorrido no ensino brasileiro. As universidades não têm sido capazes de
formar tais profissionais, porém, refletir sobre a educação brasileira também constitui
parte de seu papel. Um professor não deve apenas dominar conteúdos, mas sim saber
transmiti-los de maneira tranquila e adequada aos alunos. As dificuldades escolares,
independente de suas causas, devem ser objeto de preocupação para os professores na
tentativa de buscar os reais motivos e desenvolver uma estratégia de ajuda para a
superação desses obstáculos.

Para isso, é necessário que os professores conheçam os seus alunos em primeiro


lugar. Só a partir disso é que se torna possível planejar o que fazer durante o período
escolar. Todas as estratégias criadas devem ser colocadas em prática, mas a sua eficácia
depende da sua adequação ao grupo ao qual se destinam. O papel do educador é
despertar no aluno o interesse pelo conhecimento para que ele possa desenvolver a sua
criatividade e construir a sua própria história de vida. Por isso, torna-se fundamental não
apenas conhecer características superficiais a respeito de cada aluno, mas sim conhecer
de maneira mais profunda os seus universos culturais.

32
Quando uma sala é composta por alunos com problemas relacionados à leitura
e/ou à escrita, uma possível solução é o
trabalho do professor em parceria com
profissionais como os fonoaudiólogos. O
educador deve estar atento aos seus alunos
e, a partir disso, elaborar relatórios que
contenham elementos como históricos
escolares dos alunos (notas, frequência,
interesse, local da sala em que senta); a
relação dos alunos com os demais colegas de sala; seu comportamento enquanto são
passadas as lições; observações manifestadas durante a leitura e a escrita (tipos de
trocas, produção de texto) e outras.

Através dessas informações, outros profissionais podem fazer uma avaliação


mais específica e os encaminhamentos necessários para o complemento de dados e a
elaboração de um plano para superação de dificuldades. Esse plano varia de indivíduo
para indivíduo dependendo de suas características, habilidades e dificuldades com os
códigos orais e/ou gráficos.

Algumas estratégias a serem adotadas pelos professores no ambiente da sala de


aula seriam o estabelecimento de uma rotina clara em que as regras estivessem bem
colocadas para todos do grupo; o uso de recursos visuais e auditivos que fossem
compreendidos por todos e servissem como motivadores; a implementação de um
sistema de controle de comportamento que seja primeiramente conhecido pelos alunos,
pais, auxiliares e funcionários da escola na tentativa de modelar a forma de agir e as
habilidades sociais necessárias para os alunos.

Ao elaborar um plano para ser adotado em sala de aula, é preciso ter em mente
que, mesmo nos grandes prejuízos da aprendizagem, há uma área em que a dificuldade é
menor e esse dado deve ser valorizado. Crianças com dificuldades de aprendizagem
devem ser encorajadas a superar seus problemas a partir de suas reais potencialidades.

33
Adotar atitudes positivas como elogios e pequenas recompensas para
comportamentos adequados e enfatizar o que os alunos fazem de maneira correta pode
ajudar grandemente. Quando alunos hiperativos, por exemplo, começam a ficar
agitados, frustrados ou incomodados, é preciso redirecioná-los para outras atividades ou
situações como levar um recado para fora da sala de aula, organizar os livros na
prateleira, apagar o quadro e outras. Tudo o que é dito, deve ser em voz clara e firme.

Também é possível controlar os alunos


pela proximidade, fazendo com que as crianças
mais difíceis de lidar sentem-se mais próximas ao
professor, longe da janela ou porta para evitar ao
máximo que elas se distraiam e perto de colegas
tranquilos que podem ajudá-las. Aliado a isso,
também é positivo que se ignore transgressões leves que não sejam intencionais e
também é importante ensinar o restante das crianças a ignorar comportamentos
inadequados menos sérios e a elogiar e reforçar comportamentos positivos.

Abaixo estão colocadas algumas atitudes que podem ser tomadas pelos
professores na tentativa de minimizar as possíveis dificuldades de aprendizagem
apresentadas pelos alunos:

Uso de variação metodológica na sala de aula. É preciso colocar o assunto de


várias formas diferentes até que seja possível ao aluno compreendê-lo.
Conteúdos que passam sem ser aprendidos acabam se acumulando e se tornam
problemas maiores, impedindo o aprendizado de outros conteúdos.

As crianças que não adquirem os conhecimentos tão facilmente como os demais


colegas, devem ser identificadas e acompanhadas com mais atenção.

O professor precisa ter consciência de que a aprendizagem também está ligada


ao afeto. Ele deve conhecer cada um dos seus alunos, bem como as suas
dificuldades e habilidades.

34
Para dificuldades com a escrita, o uso de folhas com linhas espaçadas e lápis
grossos pode ajudar.

Para crianças com déficit de atenção, é preciso fazer contato visual antes de
conversar. Certifique-se que o ambiente esteja calmo e permita intervalos
frequentes.

Faz-se necessário sempre lembrar que a aprendizagem é uma relação bilateral e,


portanto, depende tanto de quem aprende como de quem ensina.

Os professores nunca devem ressaltar as dificuldades dos alunos e diferenciá-los


dos demais; expressar impaciência diante de dificuldades expressadas pelas
crianças; corrigir seus erros com frequência na frente dos demais colegas;
ignorar suas dificuldades; forçar as crianças a fazer lições quando estiverem
nervosas por não terem conseguido.

Deve-se explicar para os alunos quais são as suas dificuldades, dizer que vai
ajudá-los e procurar usar situações concretas nos problemas.

Trabalhar sempre a noção de tempo, espaço, sequência e atenção.

Conhecer o perfil de desenvolvimento esperado para cada faixa etária.

Ser capaz de analisar as potencialidades de desenvolvimento e aprendizagem da


criança, para poder estabelecer os objetivos e os recursos educativos necessários
para melhor alcançá-las.

Priorizar o respeito pela singularidade das pessoas e por seu ritmo de


aprendizagem.

Procurar promover a autonomia de todos os estudantes.

35
Ter como objetivo fazer de cada escola um sistema organizado de preparação e
facilitação do desenvolvimento integral de todos os alunos e não apenas
daqueles com maior ou menor facilidade de aprendizagem.

Deve-se respeitar cada criança em seu estado de desenvolvimento.

4.5. Como usar a Legislação

Existe uma série de leis criadas em função do


atendimento educacional dos estudantes que possuem
dificuldades de aprendizagem dos mais diversos tipos. Ter
conhecimento acerca dessa legislação é de extrema
importância para aqueles que são responsáveis ou têm contato
com indivíduos com dificuldades de aprendizagem.

Na maioria das vezes, as pessoas não têm


conhecimentos consideráveis acerca da legislação no que se refere ao processo
educativo. É preciso ter claro que o acesso à educação constitui um direito básico de
todos os cidadãos e ele deve ser exercido. Em qualquer série do Ensino Fundamental I
(1º ao 5º ano), o aluno precisa dispor, gratuitamente, de material didático (material de
estudo, material recreativo e uniforme), transporte para ir e voltar da escola,
alimentação e assistência à saúde.

Embora não existam leis que se dirijam diretamente à educação das crianças
com distúrbios de aprendizagem, há uma legislação destinada ao atendimento da
educação especial e das dificuldades de aprendizagem de uma maneira geral, sendo de
extrema importância que ela seja conhecida. A educação especial foi um direito
adquirido ao longo da conquista dos direitos humanos. A garantia de acesso à educação
e a permanência na escola requer a prática de uma política de respeito às diferenças
individuais.

A política nacional de educação especial consiste no cumprimento de objetivos


gerais e específicos de pessoas que possuem alguma deficiência. Ela tem como intenção
36
garantir e orientar o processo de educação especial para garantir o atendimento de todos
os alunos.

Entre os objetivos colocados estão a promoção da interação social, o


desenvolvimento de práticas de educação física, atividades sociais, a promoção do
direito de escolha, o desenvolvimento de atividades linguísticas, o incentivo à
autonomia e a possibilidade de desenvolvimento social, cultural, artístico e profissional
das crianças especiais.

Porém, sabe-se das dificuldades enfrentadas pelo sistema de ensino brasileiro.


Antes que a educação especial possa ser assegurada, faz-se necessário que outras
medidas sejam tomadas como o aumento da oferta de serviços de educação especial
com equipamentos, a existência de equipes suficientemente qualificadas, materiais
didáticos adaptados, espaços físicos adequados, a criação de programas de preparo para
o trabalho, o estímulo à aprendizagem não tradicional, a orientação da família e muito
mais. Entretanto, os problemas escolares já tão conhecidos e difundidos pela população
dificulta ainda mais o acesso de muitas crianças ao ensino de que precisam e ao qual
têm direito.

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), o CEE (Conselho Estadual de


Educação de São Paulo) e o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) estabelecem
determinadas normas para a educação no sentido de atender tanto as crianças especiais,
como aquelas que possuem dificuldades causadas por outros motivos. A seguir estão
colocadas algumas leis referentes à educação especial, ao atendimento da dislexia e ao
atendimento das dificuldades de aprendizagem de uma maneira mais abrangente.

Educação Especial

LDB 9.394/96

Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu


sistema de ensino, terão a incumbência de:

37
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;

V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;

Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais,


ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na
idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização,
sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.

Art. 24 - a) avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos qualitativos


sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período.

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)

Art. 53, incisos I, II e III

“a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de


sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias


escolares superiores.”

Lei nº 12.524, de 2 de janeiro de 2007

Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial


de Educação

38
Artigo 1º - Fica o Poder Executivo obrigado a implantar o Programa Estadual para
Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação, objetivando a
detecção precoce e acompanhamento dos estudantes com o distúrbio.

Parágrafo único - A obrigatoriedade de que trata o “caput” refere-se à aplicação de


exame nos educandos matriculados na 1ª (primeira) série do Ensino Fundamental, em
alunos já matriculados na rede quando da publicação desta lei, e em alunos de qualquer
série admitidos por transferência de outras escolas que não da rede pública estadual.

Artigo 2º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede


Oficial de Educação deverá abranger a capacitação permanente dos educadores para que
tenham condições de identificar os sinais da dislexia e de outros distúrbios nos
educandos.

Artigo 3º - Caberá às Secretarias da Saúde e da Educação a formulação de diretrizes


para viabilizar a plena execução do Programa Estadual para Identificação e Tratamento
da Dislexia na Rede Oficial de Educação.

Artigo 4º - O Programa Estadual para identificação e Tratamento da Dislexia na Rede


Oficial de Educação terá caráter preventivo e também proverá o tratamento do
educando.

Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações
orçamentárias próprias.

Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 30 (trinta) dias, a


contar da data de sua publicação.

Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.


Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.

RODRIGO GARCIA, Presidente.

39
Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de
janeiro de 2007.

Indicação CEE nº 5/98, de 15/4/98


D.O.E. em 23/9/98

“(...) educação escolar consiste na formação integral e funcional dos educandos, ou


seja, na aquisição de capacidades de todo tipo: cognitivas, motoras, afetivas, de
autonomia, de equilíbrio pessoal, de inter-relação pessoal e de inserção social.

(...) os alunos não aprendem da mesma maneira e nem no mesmo ritmo. O que eles
podem aprender em uma determinada fase depende de seu nível de amadurecimento,
de seus conhecimentos anteriores, de seu tipo de inteligência, mais verbal, mais lógica
ou mais espacial. No cotidiano da sala de aula, convivem pelo menos três tipos de
alunos que têm “aproveitamento insuficiente”: os imaturos, que precisam de mais
tempo para aprender; os que têm dificuldade específica em uma área do conhecimento;
e os que, por razões diversas, não se aplicam, não estudam, embora tenham condições.

(...) recuperar significa voltar, tentar de novo, adquirir o que perdeu, e não pode ser
entendido como um processo unilateral. Se o aluno não aprendeu, o ensino não
produziu seus efeitos, não havendo aqui qualquer utilidade em atribuir-se culpa ou
responsabilidade a uma das partes envolvidas. Para recobrar algo perdido, é preciso
sair à sua procura e o quanto antes melhor: inventar estratégias de busca, refletir sobre
as causas, sobre o momento ou circunstâncias em que se deu a perda, pedir ajuda, usar
uma lanterna para iluminar melhor. Se a busca se restringir a dar voltas no mesmo
lugar, provavelmente não será bem sucedida.

(...) O compromisso da Escola não é somente com o ensino, mas principalmente com a
aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os recursos forem usados para que
todos os alunos aprendam. A recuperação deve ser entendida como uma das partes de
todo o processo ensino-aprendizagem de uma escola que respeite a diversidade de
características e de necessidades de todos os alunos.

40
(...) Dentro de um projeto pedagógico consistente, a recuperação deve ser organizada
para atender aos problemas específicos de aprendizagem que alguns alunos
apresentam, e isso não ocorre em igual quantidade em todas as matérias nem em
épocas pré-determinadas no ano letivo. A recuperação da aprendizagem precisa: - ser
imediata, assim que for constatada a perda, e contínua; ser dirigida às dificuldades
específicas do aluno; abranger não só os conceitos, mas também as habilidades,
procedimentos e atitudes.

(...) A recuperação paralela deve ser preferencialmente feita pelo próprio professor
que viveu com o aluno aquele momento único de construção do conhecimento. “Se
bem planejada e baseada no conhecimento da dificuldade do aluno, é um recurso útil.”

CHEGAMOS AO FIM DA UNIDADE 4! NESTA UNIDADE VOCÊ


APRENDEU QUE:

Para detectar possíveis distúrbios de aprendizagem é preciso ter cuidados como


observar atentamente as crianças e/ou jovens e buscar a ajuda de profissionais
especializados.

Os pais devem conhecer minimamente os distúrbios de aprendizagem; conhecer


profundamente seus filhos; informar os professores das crianças sobre suas
dificuldades, e oferecer compreensão e apoio a seus filhos.

As escolas devem procurar atender ao máximo as dificuldades dos alunos,


buscando formas de ajudá-los a superar os seus problemas através de
adaptações, profissionais qualificados e muitas outras coisas.

Os professores devem ser qualificados e estarem preparados para ajudar aos


alunos a superarem as suas dificuldades; é preciso que eles conheçam as
particularidades das crianças e adotem atitudes positivas.

Existe uma série de leis criada para o atendimento das crianças que possuem
dificuldades de aprendizagem ligadas às mais variadas causas. Essa legislação
41
deve ser conhecida por todos e os direitos garantidos por ela precisam ser
exercidos.

42
Conclusão do Módulo II

Chegamos ao fim do nosso curso. Espero que os conhecimentos aqui


transmitidos possam ser de grande utilidade para todos os que se interessaram por estes
conteúdos, bem como para as crianças que precisam de ajuda de pessoas capacitadas e
preocupadas com a educação.

É importante lembrar que são as dificuldades que fazem com que surjam novas
alternativas na busca por soluções para os problemas que são diariamente colocados.

Quando se sentir preparado (a), você deve fazer a avaliação referente ao Módulo
II localizada no menu do seu curso.

Boa Sorte!

43
Referências Bibliográficas

ANN, Irwin. Gagueira: uma ajuda prática em qualquer idade. São Paulo: Martins
Fontes, 1983.

DOMIMGOS, Gláucia de Ávila. Dificuldades do processo de aprendizagem. In:


www.psicologia.com.pt.

GIMENEZ, Eloísa H. Rocha. Dificuldade de aprendizagem ou distúrbio de


aprendizagem. In:
http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/reduc/article/viewFile/180/176.

LUZ, Mônica A. P. Cerqueira. Dislexia: dificuldade específica nos processamentos da


linguagem. In: http://www.abpp.com.br/artigos/113.pdf.

SILVER, B. Larry. A Criança Incompreendida: um guia para os pais de crianças com


distúrbios de aprendizagem.

VAYER, Pierre; DESTROOPER, Jean. Dinâmica da ação educativa para crianças


inadaptadas. São Paulo: Manole, 1986.

http://www.dislexia.org.br/leis/lei_indice.html

http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/legislacao_dificuldades_de_aprendizagem.htm

44

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