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International Alchemy Guild do Brasil

Uma breve história da Alquimia


Por D. Hauck

As origens da Alquimia estão perdidas na história e abundam as teorias sobre onde ela poderia ter se
originado:

• Deus ensinou a Adão e depois a Moisés.

• Os anjos caídos ensinaram as mulheres humanas em troca de sexo.

• É um resquício de tecnologia perdida da Atlântida.

• Extraterrestres ensinaram aos nossos ancestrais.

Qualquer que seja sua verdadeira origem, a história registrada documenta uma tradição esotérica que
existe há vários milhares de anos. O mistério e a magia permeiam tudo sobre o antigo Egito.

Do começo ao fim, o Egito foi chamado de estado teocrático, governado por um sacerdócio muito
poderoso. O sacerdócio foi dividido em várias castas, cada uma com funções específicas — Como escribas
e astrônomos. De especial interesse para nós são os sacerdotes, que trabalharam de um modo que
poderíamos hoje descrever como Química. Esses sacerdotes, muitas vezes trabalhando sob voto de sigilo
em relação à sua arte, desenvolveram habilidades em metalurgia, cerâmica, medicina, mumificação e
vinificação, para citar apenas algumas.

O estudo das forças operativas em ação no universo era o objetivo principal do sacerdócio. Eles chamaram
essas forças de "Neteru", de onde obtemos nossa palavra, "Natureza".

Os Neteru são as forças da Natureza.

Pelo pequeno número de escritos que nos restam, fica claro que esses sacerdotes eram curandeiros
habilidosos que possuíam uma ciência dos materiais, grande parte da qual ainda é um mistério para nós.

Sempre houve duas partes para essas ciências - uma era mental / espiritual e a outra física. Por exemplo,
a preparação de um medicamento incluía o processamento de um material acompanhado por certas
palavras, feitiços, encantamentos ou rituais. E ao prescrever, o paciente recebia o remédio com instruções
para repetir um feitiço ou oração. O momento adequado dessas coisas era igualmente importante.

Nos mistérios egípcios, o homem era composto de vários componentes espirituais e mentais, bem como
do componente físico, e cada um tinha seu "remédio" adequado. Essas Ciências Secretas avançaram com
o tempo e histórias sobre óleos de cura maravilhosos, poções que dão vida, e as imitações de ouro e
pedras preciosas sobreviveram até os nossos dias.

Quando os ladrões de tumbas antigas saqueavam a tumba de um faraó, esses óleos preciosos eram uma
das primeiras coisas a serem roubadas. Eles eram considerados tão preciosos quanto o ouro e mais fáceis
de transportar e vender. O ouro roubado era pesado e precisava ser derretido antes de ser vendido.

Quando Alexandre, o Grande, chegou ao Egito por volta de 300 a.C., ele se apaixonou por toda a cultura
e os egípcios o recebeu de braços abertos. Isso deu início ao chamado período greco-egípcio ou
ptolomaico da história egípcia.

Os gregos chamavam o Egito de Khem ou Khemet. Isso significava literalmente "A Terra Negra" e se referia
à espessa camada de solo fértil escuro depositado pela enchente anual do Nilo. O conhecimento das
ciências secretas egípcias chegou à Grécia, onde foi chamado de Khemia "O País Negro" e gerou uma
longa linha de alquimistas gregos.

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No Egito, Alexandre iniciou uma ampla campanha de construção e restauração, incluindo a cidade que
leva seu nome - Alexandria. A Grande Biblioteca de Alexandria é lendária. Estima-se que esta biblioteca
continha quase um milhão de volumes de escritos coletados do mundo conhecido. Estudiosos de todos
os lugares se reuniram em Alexandria e ela se tornou um caldeirão de ideias e filosofias. É aqui que a
Filosofia Hermética e a Alquimia se solidificaram como um Caminho para a Realização Espiritual e seus
segredos foram revelados apenas para iniciados sob votos de silêncio.

Por volta de 30 a.C., as legiões romanas haviam varrido o mundo e o último dos Ptolomeus egípcios havia
caído sob o domínio romano. Durante esta insurgência, uma grande parte da Grande Biblioteca foi
destruída por um incêndio. Inicialmente, Roma foi tolerante com os costumes egípcios. Na verdade, a
adoração de Ísis se espalhou bem no mundo romano, com templos na própria Roma. À medida que os
primeiros imperadores romanos se converteram ao cristianismo, esse nível de tolerância caiu.

Em 290 d.C., o imperador Diocleciano temia que o influxo de imitação de ouro produzido pela arte egípcia
pudesse perturbar a economia romana. Temendo também que isso permitisse a alguém reunir riqueza
suficiente para formar um exército que pudesse se mover contra Roma, Diocleciano aprovou um édito
exigindo a destruição de todos os textos e materiais que tratam da manufatura de ouro e pedras
preciosas. Esta ordem foi executada com grande severidade.

Grandes massas de informações foram destruídas indiscriminadamente, assim como o que restou da
Grande Biblioteca. Em 325 d.C., Roma tornou-se oficialmente cristã e em 391 o imperador Teodósio
tornou a heresia punível com a morte e ordenou a destruição dos templos pagãos. No mundo romano,
que na época cobria vasta área, ou você era cristão ou você era exilado ou era morto.

A maioria dos praticantes da Filosofia Hermética fugiu do país e migrou para o leste, para terras árabes
não ocupadas por Roma. Os primeiros califas persas eram muito mais tolerantes com os alquimistas e o
centro da Arte mudou para lá, embora de modo muito mais protegida. Foi aqui que o prefixo árabe Al foi
adicionado ao grego Khemia para nos dar Al-Khemia, que mais tarde se tornaria Alquimia.

As atividades científicas no início da Roma cristã ficaram adormecidas por séculos. Com a queda do
Império Romano, o "mundo civilizado" foi lançado ao caos. Assim começou "A Idade das Trevas".

Começando com as invasões islâmicas por volta de 800 d.C., o conhecimento da Alquimia se espalhou
pela Europa Ocidental, em grande parte por meio das obras de Ibn Sinna (também conhecido como
Avicena). Ele formulou um sistema médico que foi popular por vários séculos. Outro foi Abu Musa Jabir
ibn Hayaan. Jabir tinha um estilo de escrita muito enigmático, projetado para esconder segredos
alquímicos. É de seu nome que derivamos nossa palavra para jargão (em inglês, Gibberish). Eles coletaram
muitos dos antigos trabalhos alquímicos egípcios e gregos e os traduziram para o árabe, que mais tarde
foram traduzidos para o latim na Europa.

Na Europa medieval, a Alquimia se tornou muito popular. A essa altura, reis e governantes de todos os
lugares já tinham ouvido falar das maravilhas possíveis por meio da Alquimia, especialmente a
transformação do chumbo em ouro. A Alquimia, como meio de fazer ouro, tornou-se uma atividade
popular entre ricos e pobres. Também houve um grande número de golpes e fraudes perpetrados por
aqueles que fingiam conhecer os segredos dos alquimistas. Muitas pessoas desavisadas perderam as
economias de uma vida na esperanças de encontrar o caminho para uma riqueza inesgotável.

A Alquimia começou a adquirir fama de embuste por causa disso, e as pessoas começaram a desconfiar
de todo o assunto sem realmente saber nada sobre a verdadeira arte alquímica.

Então, por volta de 1310, o Papa João XXII emitiu um decreto proibindo a prática da Alquimia, e em
particular, a fabricação de ouro, lançando multas pesadas contra aqueles que negociavam com ouro
alquímico.

Em 1404, o rei Henrique IV da Inglaterra emitiu uma "Lei" declarando a fabricação de ouro um crime
contra a Coroa. No século XV, a invenção da imprensa tornou o conhecimento mais acessível ao público.
Textos sobre Alquimia se tornaram muito populares e começaram a se multiplicar.

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Paracelso (nascido Theophrastus Bombastus von Hohenheim na Suíça em 1493) revolucionou a Arte
Alquímica e é considerado um dos pais da Química moderna e da medicina farmacêutica. Respeitado
médico e professor universitário, Paracelso também era hábil em todas as artes da Filosofia Hermética.
Paracelso demonstrou repetidamente o poder e a eficácia dos medicamentos preparados
alquimicamente.

Ele enfatizou a seus colegas a importância de examinar cuidadosamente a Alquimia como uma fonte de
medicamentos muito além do que a tecnologia farmacêutica atual poderia produzir.

Ele estava constantemente em conflito com os profissionais médicos de sua época e era considerado
muito suspeito pela Igreja por causa de seus pontos de vista e opiniões. Por causa disso, alguns acreditam
que Paracelso foi assassinado em 1541. No entanto, suas ideias e escritos não passaram despercebidos.
Em uma irônica e estranha virada, ajudou a levar ao fim da Era da Alquimia e ao início da Química como
a conhecemos hoje.

Os escritos de Paracelso mudaram a visão da busca de ouro ela havia caído sobre a Alquimia, trazendo de
volta ao seu propósito original - remédios para o corpo e alma que conduzem à saúde perfeita, integridade
e iniciação nos mistérios da Natureza. Paracelso reconheceu a constituição física e oculta do homem de
acordo com os Princípios Herméticos.

Por volta do século XVII, houve uma crescente liberdade religiosa que despertou uma onda de interesse
por todas as coisas místicas. Textos alquímicos tornaram-se ainda mais amplamente disponíveis, e os
estudiosos corajosamente se identificaram como Rosacruzes, Adeptos ou Alquimistas. Os aspectos
espirituais da Alquimia atraíram muitos, além de quaisquer trabalhos práticos.

Robert Boyle (outro "Pai da Química Moderna") e Isaac Newton estudaram Alquimia nessa época. Newton
estava totalmente envolvido e produziu volumes de trabalho. Na verdade, ele se considerava mais um
alquimista do que um físico ou matemático. Suas notas indicam que ele acreditava estar muito perto do
sucesso na arte alquímica da transmutação metálica.

Boyle também era um estudante fervoroso que tentava esclarecer muitos conceitos alquímicos que
estavam se tornando obscuros mesmo em sua época. Ele era um experimentador meticuloso e percebeu
a diferença entre o funcionamento filosófico e não filosófico dos materiais.

Em seu livro muito influente, "The Skeptical Chymist", Boyle questionou o número e a natureza dos
elementos e pediu uma terminologia mais organizada. Seus insights alquímicos foram amplamente mal
interpretados como um desmascaramento da Alquimia fervorosa em favor de uma concentração mais
rigorosa nos fatos físicos. Foi o início de uma visão de mundo mais mecânica, que duraria até o século XX.

Por volta de 1660, o rei Carlos II assinou a primeira Carta da Royal Society e o estudo da Química logo se
tornou uma ciência oficialmente reconhecida.

A América também teve seus alquimistas, incluindo vários governadores de estado. Houve grupos na
Pensilvânia que trouxeram consigo muitos dos primeiros escritos alquímicos alemães (que eram bastante
extensos).

Por volta de 1800, a prática da Alquimia havia desaparecido em grande parte no mundo exterior em favor
de seu ramo ainda jovem - a Química. A Alquimia sobreviveu no subsolo em várias "Sociedades secretas"
que se tornaram populares, especialmente no final do século XIX.

No início dos anos 1900, H. Spencer Lewis recebeu uma autorização de alguns desses contatos europeus
para formar a Antiga Ordem Mística dos Rosae Crucis, mais conhecida como AMORC.

Entre outras coisas, eles ensinaram Alquimia de laboratório como foi transmitida por fontes Rosacruzes
anteriores.

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No início da década de 1940, um aluno dessas classes era Albert Reidel. Frater Albertus passou a ministrar
essas aulas ele mesmo e mais tarde se separou por conta própria para estabelecer a Paracelsus Research
Society em 1960, que foi credenciada como Paracelsus College no início dos anos 80.

Com o falecimento de Frater Albertus em 1984, parecia haver um vazio nos ensinamentos alquímicos e a
falta de um ponto central onde os alunos pudessem trocar informações. No início dos anos noventa, por
meio do esforço de vários alunos do PRS, foi feito contato com um grupo francês e os Filósofos da
Natureza (PON) foi criado para preencher o vazio com novas ideias e continuar a pesquisa em Alquimia.
O PON fechou no final dos anos noventa. Agora temos a Internet - a nova "Biblioteca de Alexandria".
Como veremos, a química, deixada para crescer sem restrições, quase deu uma volta completa para
redescobrir a filosofia hermética.

Solve et Coagula

O Instrutor de sua Classe

ATENÇÃO:
Não esquecer de redigir seu relatório semanal e enviar para o seu instrutor, bem como
qualquer dúvida que tenha!!!

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