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1
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. “Direito Constitucional e Teoria da Constituição”, Almedina, 4ª
ed., p. 245.
2
“A determinação da ordem jurídica do Estado, em seus institutos fundamentais, é o que em sentido lato
se chama constituição.” (DEL VECCHIO, Giorgio. “Teoria do Estado”, Ed. Saraiva, 1957, p. 54, trad.
portuguesa de António Pinto de Carvalho).
3
Cf. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. “Direito…ob.cit.”.
4
ATALIBA, Geraldo. “Sistema...,”, p. 04.
Trata-se do que o professor SACHA CALMON chama de “constitucionalização do
Direito Tributário brasileiro”5.
O poder tributário pode, a princípio, ser visto como o poder geral do Estado
aplicado a um determinado setor da atividade estatal – a imposição6; ou seja, é uma
manifestação do poder do Estado, da soberania estatal, atinente à imposição de tributos.
Para ZELMO DENARI7, o poder tributário deve ser entendido como “a faculdade que
possui o Estado de impor tributo – é atributo da soberania estatal, e, por isso, inerente ao
poder político.”
5
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Comentários à Constituição de 1988. Sistema Tributário. Ed.
Forense, 9ª ed., p. 03.
6
HENSEL, Albert. Derecho Tributário. Ed. Nova Tesis, 2004, p. 91.
7
.DENARI, Zelmo. Curso de Direito Tributário. Ed. Atlas, 8ª ed., p. 37.
8
.ATALIBA, Geraldo. Conferências …, p. 174.
“…no Estado constitucional não há poder tributário, a rigor. Porque o
próprio do poder é ser ilimitado, é fazer o que quiser; vemos, pois, que
depois de constituído o Estado, depois, portanto, de sujeito à disciplina
constitucional, nenhuma pessoa pública tem poder tributário, porque
nenhuma pessoa pública faz o que quer, em matéria tributária.”
9
.ATALIBA, Geraldo. Conferências …, p. 174.
10
.ATALIBA, Geraldo. Conferências …, p. 174.
11
.ATALIBA, Geraldo. Conferências …, p. 175.
12
.CARRAZZA, Roque Antônio. Curso…, p. 413.
de grau superior às de nível legal, que prevêem as concretas obrigações
tributárias.(…)”
13
.CARRAZZA, Roque Antônio. Curso…, p. 415.
14
.CARVALHO, Paulo de Barros. Curso…ob. cit.,p. 212.
pessoas (as pessoas jurídicas de direito público interno) para que, por meio de lei,
tributem.”15
15
.CARRAZZA, Roque Antônio. Curso…, p. 414. (itálico nosso)
16
.CARRAZZA, Roque Antônio. Curso…, p. 418.
17
. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso…ob. cit.,p. 211/212.
bem como aquelas contidas nas Constituições Estaduais, nas Leis Orgânicas dos
Municípios e no próprio Código Tributário Nacional.
Nosso sistema federativo, tal como consagrado em nossa Carta Maior, revela-se
pela irrestrita isonomia entre os entes políticos, sendo os mesmos autônomos; porém,
como falar em autonomia ou independência políticas, sem que haja uma respectiva
autonomia financeira. Daí, a necessidade inafastável de cada ente político, observada
sua esfera territorial de atuação, possuir meios de exigir seus próprios tributos como
forma de encerrar sua autonomia financeira. Estes meios são justamente obtidos pelo
exercício da competência tributária.
18
SAMPAIO DÓRIA, Antônio Roberto. “Direito Constitucional Tributário e Due Process of Law”. Ed.
Forense, 2ª ed., 1986, p. 97.
19
“Todos recebem diretamente da constituição, expressão da vontade geral, as suas respectivas parcelas
de competência e, as exercendo, obtêm as receitas necessárias à consecução dos fins institucionais em
função dos quais existem (discriminação das rendas tributárias). O poder de tributar originariamente
uno por vontade do povo (estado democrático de direito) é dividido entre as pessoas políticas, que
formam a Federação. (COELHO, Sacha Calmon Navarro. “Comentários...”, p. 35).
20
. CARRAZZA, Roque Antônio. Curso…, p. 418.
Uma vez instituído o tributo, ou seja, uma vez editada a lei de imposição
tributária, não cabe mais se falar em competência tributária, pois a mesma já fora
exercida.
21
.“Art. 7º. A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar
tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida
por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.”
A delimitação da competência tributária pela CF/88 – a definição da regra-
matriz de incidência.
O legislador ordinário, seja o federal, estadual ou municipal, não está livre para
criação dos tributos que lhe melhor convir; na verdade, o legislador ordinário de cada
ente político só pode criar os tributos a ele autorizado pela Constituição. Qualquer
atuação, fora dos limites constitucionalmente postados, representa produção de ato
normativo vazado de validade, pois não encontrará na Constituição o fundamento de
validade necessário.
22
.CARRAZZA, Roque Antônio. Curso…, p. 414.
23
.Veremos que o art. 154, II da CF/88 representa exceção ao princípio da reserva de competências.
Esta é o efeito de termos uma Constituição rígida, exaustiva e daí a afirmação de
que a distribuição de competências tributárias já representa por si só uma limitação.
A Constituição não cria tributos, mas apenas discrimina competências para que
os entes políticos possam, por meio de leis, cria-los.24
24
.CARRAZZA, Roque Antônio. Curso…, p. 414.
25
.CARRAZZA, Roque Antônio. ICMS…, p. 23.
O legislador ordinário, quando da criação do tributo, deverá observar os
contornos feitos pelo constituinte na regra-matriz de incidência, ou seja, “ao mesmo
tempo em que distribui competências tributárias, a Constituição indicou os padrões
dentro dos quais o legislador ordinário de cada pessoa política é livre para traçar os
aspectos das normas jurídicas dos vários tributos que lhe dizem respeito.”26
Por exemplo: a Constituição, em seu art. 153, I, confere à União a aptidão para
criar um imposto que incida sobra a “importação de produtos estrangeiros”. Estamos
diante da regra-matriz de incidência do imposto de importação. Interpretando a presente
norma constitucional, verificamos que, para a incidência do imposto, deve haver a
aquisição de mercadoria estrangeira e sua conseqüente introdução em nosso território
nacional. Pois bem, estaremos diante de inconstitucionalidade se o legislador, ao criar o
imposto, estabelecer que também há a incidência tributária quando houver a aquisição
da mercadoria estrangeira já introduzida no mercado interno. Ou seja, pagará o imposto
aquele que importou e também aquele que não importou, mas que simplesmente
comprou uma mercadoria estrangeira que estava à venda em uma determinada loja. Ora,
a regra-matriz de incidência estabelece a incidência do imposto sobre produtos
estrangeiros adquiridos no exterior – deve haver a importação por quem adquiriu o
produto. Estamos claramente diante de lei que pretendeu alargar o alcance da incidência
prevista na regra-matriz traçada na Constituição. Esta lei é nula por claro vício de
inconstitucionalidade.
26
.CARRAZZA, Roque Antônio. ICMS…, p. 27.
O art. 145 estabelece a competência comum da União Federal, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios para instituição de taxas e de contribuição de
melhoria.
Diz-se ser competência comum, quando estamos diante uma “área em que todos
os entes políticos tivessem aptidão para criar tributos, que se superporiam uns aos
outros”.27
Nos arts. 148 e 149 estão fixadas as competências privativas da União Federal
para instituir, respectivamente, empréstimos compulsórios e contribuições especiais
(contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de
categorias profissionais e econômicas), exceto no que se refere ao §1º do próprio art.
149, o qual atribui aos Estados, Distrito Federal e Municípios a competência para
instituição de contribuição (social) previdenciária a ser cobrada de seus servidores para
custeio do regime de previdência próprio.
O art. 155 dispõe sobre a competência tributária, em regra, privativa dos Estados
e do Distrito Federal, também fixando o campo de incidência dos impostos através da
indicação das materialidades passíveis de tributação prescritas nos incisos I a III (regra-
matriz de incidência do imposto sobre transmissão causa mortis e de doações, regra-
matriz de incidência do ICMS e a regra-matriz de incidência do IPVA).
27
.AMARO, Luciano. Direito …ob. cit., p. 96.
No art. 156 tem-se a fixação da competência tributária, também em regra,
privativa dos Municípios para instituição dos impostos indicados, também por
materialidades próprias, nos incisos I a III (regra-matriz de incidência do IPTU, regra-
matriz de incidência do ITBI e a regra-matriz de incidência do ISS).
Por outro lado, diante da redação do art. 154, II, resta prejudicado o caráter
privativo da competência tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
tendo em vista a União Federal, quando da instituição dos impostos extraordinários,
poder invadir o campo de incidência próprio destes entes políticos.
Significa dizer, por meio do art. 154, I, pode a União Federal, observadas as
formalidades previstas, criar imposto novo (competência residual), assim entendido o
imposto cuja materialidade não esteja prevista na Constituição.
28
CARVALHO, Paulo de Barros. “Curso…ob. cit.”,pp. 214/215.
29
.CARVALHO, Paulo de Barros. Curso…ob. cit.,p. 38.
O professor SACHA CALMON30 elencou os requisitos para o exercício da
competência residual da União, advertindo que o não atendimento destes pressupostos
implicaria em inconstitucionalidade do novo imposto criado:
C) deve ter perfil diverso dos já existentes (fato gerador e base de cálculo).”
30
COELHO, Sacha Calmon Navarro. “Comentários…ob. cit.”, p. 474.
31
ATALIBA, Geraldo. Sistema Constitucional Tributário Brasileiro. São Paulo: RT, 1968, p. 04.
32
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Comentários à Constituição de 1988. Sistema Tributário. 9ª ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2005, p. 03.
encontramos regras de competência tributária, regras e princípios limitadores do
exercício de imposição tributária e regras acerca da partilha do produto da arrecadação
dos tributos.
33
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Da interpretação e da aplicação das leis tributárias. São Paulo: José
Bushatsky, 1974, p. 12.
34
Cf. BALEEIRO, Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. 7ª ed., atualizada pela
professora Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2005. A 1ª edição é de 1951.
Esta expressão está consagrada como título da Seção II, do Capítulo I, do
Título VI da Constituição de 1988, e vem sendo assim utilizada desde a Constituição de
1967/1969 em homenagem a Aliomar Baleeiro.
35
É importante advertir que a doutrina e a jurisprudência do STF admitem que estes limites não se
esgotam nestes dispositivos, havendo tanto outros limites em dispositivos constitucionais diversos como
até mesmo limites implícitos.
36
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo:
Malheiros, 1998, p. 71.
Também não pode restar dúvida que as normas constitucionais consistem
em normas jurídicas que guardam, como principal peculiaridade, a posição de
superioridade normativa dentro do ordenamento jurídico.
37
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 141.
Façamos agora uma leitura destes principais princípios constitucionais
tributários.
E continua a lição:
38
MACHADO, Hugo de Brito. Os Princípios Jurídicos da tributação na Constituição de 1988. 4ª ed.
São Paulo: Dialética, pp. 17/18. (itálico nosso)
grau de segurança nas relações jurídicas. O princípio da
legalidade, todavia, não quer dizer apenas que a relação de
tributação é jurídica. Quer dizer que essa relação, no que tem
de essencial, há de ser regulada em lei. Não em qualquer norma
jurídica, mas em lei, no seu sentido específico.
Dessa forma, a atividade tributária está adstrita, por força deste princípio
constitucional, ao seu exercício mediante lei; lei que autorize e esgote a matéria
tributária, prescrevendo todos os elementos necessários para instaurar-se a relação
jurídico-tributária.
Por outro lado, é importante advertir que encontramos no §1º do art. 153,
não uma exceção propriamente dita, mas um abrandamento ao princípio da legalidade
tributária.
Lei que busca fatos pretéritos à sua vigência, para fins de incidência
tributária, será inconstitucional, por ferir este princípio constitucional tributário.
3.1.3. Princípios da Anterioridade Geral e Nonagesimal
O grande Mestre Ricardo Lobo Torres39, com inteira razão, explica que o
que levou o constituinte derivado a somar ao princípio da anterioridade geral a “nova”
anterioridade nonagesimal fora o reiterado abuso do legislador infraconstitucional, que
“não raro, modificava a legislação nos últimos dias do exercício, ferindo a segurança
jurídica do contribuinte.”
39
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 15ª ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2008, p. 114.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (…)
E prossegue:
40
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. ob. cit.,p. 159.
41
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. ob. cit.,p. 160.
42
O STF entende que as multas tributárias estão sujeitas a estes princípios.
43
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. ob. cit., pp. 66/67.
3.2. Imunidades Tributárias
44
AMARO, Luciano. Imunidades Tributária, In: MARTINS, Ives Gandra da Silva (coord.) Imunidades
Tributárias. Caderno de Pesquisas Tributárias, Série IV. São Paulo: 1998, p. 145.
(...) a imunidade uma norma que estabelece a incompetência.
Ora, estabelecer incompetência é negar competência ou denegar
poder de instituir tributos, conjunto de normas que só adquire
sentido em contraste com outro conjunto que atribui ou concede
poder tributário. Conjunto só inteligível, se logicamente se
pressupõe um outro conjunto por ele reduzido ou delimitado: o
das normas atributivas de poder…45
45
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. ob. cit., p. 228. (nota de
atualização)
Para José Souto Maior Borges46, a imunidade objetiva “assegurar certos
princípios fundamentais ao regime, a incolumidade de valores éticos e culturais
consagrados pelo ordenamento constitucional positivo e que se pretende manter livres
das interferências ou pertubações da tributação.”
Como dito, não há que se falar em imunidade sem que haja previsão
constitucional expressa ou implícita; a Constituição, com efeito, é a única fonte das
imunidades em nosso ordenamento jurídico. E é no art. 150, VI, da Constituição de
1988, que encontramos as principais imunidades estabelecidas em nosso sistema
tributário, sendo necessário destacar que este dispositivo não esgota o rol de
imunidades.
46
BORGES, José Souto Maior. Teoria Geral da Isenção Tributária. Ed. Malheiros, p. 221.
47
BARRETO, Aires Fernandino. Imunidades Tributárias: Limitações Constitucionais ao Poder de
Tributar. 2ªed. São Paulo: Dialética, 2001, p. 34.
48
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional Financeiro e Tributário. Volume III. Os
Direitos Humanos e a Tributação: Imunidades e Isonomia. Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 51
O art. 150, VI, ora em comento, refere-se exclusivamente aos impostos,
havendo imunidade de outros tributos em outros dispositivos do Texto Constitucional.
A redação deste dispositivo constitucional não deixa dúvida quanto ao objetivo do
constituinte ao instituir as imunidades: proteger pessoas, fatos, bens que representam
valores constitucionalmente relevantes.
.“Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
49
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (…)”
Em sua brilhante atuação como ministro do Supremo Tribunal Federal,
Aliomar Baleeiro conduziu entendimento fazendo prevalecer seu entendimento
favorável à uma interpretação extensiva do preceito constitucional, consubstanciada na
amplitude da imunidade em relação aos outros impostos50.
50
BARRETO, Aires Fernandino. Imunidades…ob.cit., p. 35.
51
. STF - 2ª T., AGRAG 192.888, Rel. Min. Carlos Vellsoso, DJ 11.10.96; No mesmo sentido: STF - 1ª
T., RE 221.395/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, DJU 12/05/2000; STF - 1ª T., Rel. Min. Ilmar Galvão, RE
257.700/MG, DJU 29/09/2000.
52
.“Art. 150. (…)
§ 2º. A vedação do inciso VI, a, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais
ou às leis decorrentes.”
53
STF – 2ª T., RE 475.268 AgR, Rel.(a): Min. Ellen Gracie, DJ 15-03-2011
Prevista no art. 150, VI, b, da Constituição, a presente imunidade
objetiva assegurar a liberdade de crença e da prática de cultos religiosos como valores
consagrados expressamente por nossa Constituição54:
54
.“Art. 5º. (…)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”
55
.BARRETO, Aires Fernandino. Imunidades Tributárias: Limitações Constitucionais ao Poder de
Tributar. ob.cit., p. 61.
renda e os serviços "relacionados com as finalidades essenciais
das entidades nelas mencionadas". 5. O § 4º do dispositivo
constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas "b" e "c"
do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação
entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso
extraordinário provido.56
56
STF – Pleno, RE 325.822, Rel. Min. Ilmar Galvão, Relator(a) p/ Acórdão: Min. Gilmar Mendes, DJ 14-
05-2004
A previsão da imunidade aqui objetivou consagrar o exercício da
liberdade política57, da liberdade sindical58 e incentivar e possibilitar que a iniciativa
privada ajude o Estado com suas funções sociais constitucionalmente instituídas.59 Por
outro lado, não pode a Constituição possibilitar que estas entidades e instituições gozem
da imunidade prevista se as mesmas não existem para cumprir com suas finalidades
constitucionalmente protegidas.
57
.“Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
humana e observados os seguintes preceitos: (…)”
58
.“Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (…)”
59
.“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição
à seguridade social, e tem por objetivos: (…)
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
60
.BARRETO, Aires Fernandino. Imunidades Tributárias: Limitações Constitucionais ao Poder de
Tributar, p. 16/17.
61
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 13ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2002, p. 621.
Porém, a questão a se saber é: O que seria uma entidade sem fins lucrativos? E
mais: qual seria a lei competente para enumerar os requisitos a serem atendidos para o
gozo da imunidade? E que requisitos são estes? E por fim: poderia outra lei ampliar o
rol de restrições ao gozo da imunidade?
Instituição sem fins lucrativos não é aquela que existe para ter prejuízos
ou saldo de caixa zero. O não ter fins lucrativos não significa que a entidade não possa
buscar resultados positivos, ter superávits, muito pelo contrário, para se manter e
cumprir melhor seu papel, deve a entidade sempre buscar melhores rendimentos em
termos financeiros. Neste mesmo sentido, também não significa que as entidades
estejam proibidas de cobrar por seus serviços ou produtos.
62
.“Art. 5º. (…)
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; (…) IX - é livre a expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (…)
63
STF – 2ª T., AC 2.559-MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 21/06/2010.