Você está na página 1de 5

Curso: Direito Tributário

Aula: Receitas Públicas


Professor: Mauro Lopes

Resumo

Introdução
Como visto na aula anterior, o Estado necessita auferir receita e esta é uma receita pública.

Sendo assim, nesta aula será visto o conceito de Receita Pública e uma pequena classificação, de modo a
viabilizar o enquadramento do Tributo, isto é, em que categoria de Receita Pública ele se encontra.

Receita Pública
1. Conceito
Receita Pública é toda e qualquer quantia (dinheiro) recolhida aos cofres públicos, aos cofres dos Estados,
em caráter definitivo, ou seja, não sujeita à restituição.

Destaca-se então dois aspectos principais do conceito de Receita Pública:

1 – quantia (dinheiro) recolhida nos cofres públicos (do Estado);

2 - definitividade do recolhimento.

Assim, tem-se que Receita Pública é qualquer quantia que venha a ser incorporada ao patrimônio público.

No Direito Financeiro, há um conceito genérico de "ingresso" ou "entrada", qual seja, toda e qualquer
quantia (dinheiro) recolhida aos cofres públicos a qualquer título.

E essa entrada ou ingresso, quando qualificada pela definitividade do recolhimento, ou seja, quando
acrescida de caráter definitivo, torna-se Receita Pública.
2. Classificação

As Receitas públicas podem ser classificadas de diferentes maneiras. A seguir, serão vistas duas principais
classificações: quanto a periodicidade da Receita (ordinária ou extraordinária) e quanto a origem (originária
ou derivada).

2.1. A Receita Pública, quanto à periodicidade, pode ser: i) Extraordinária e ii) Ordinária.
i) A Receita Pública Extraordinária é o ingresso definitivo de quantia aos cofres públicos em caráter
excepcional e que possuem um tempo determinado para sua arrecadação.

Exemplos:

- Empréstimo Compulsório (Art. 148, I da CF/881), pois só pode ser instituído em situações bem excepcionais,
para arcar com despesas extraordinárias decorrentes de situações descritas no texto constitucional.

- Imposto Extraordinário de Guerra (Art. 154, II da CF/882), o qual só pode ser instituído na iminência ou no
caso de guerra externa.

ii) A Receita Pública Ordinária, por sua vez. é o ingresso definitivo de quantia aos cofres públicos em caráter
ordinário, comum. Caracterizam-se pela sua regularidade e periodicidade, canalizadas para os cofres
públicos a partir do desenvolvimento normal da atividade estatal, fruto o exercício de competências
ordinárias. Portanto, tais receitas não se submetem às condições especiais previstas no texto constitucional.

Nesse sentido, geram fonte permanente (e previsível) de receita pública.

1
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
2
Art. 154. A União poderá instituir:
[...]
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência
tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação
2.2 Além disso, as Receitas Públicas, quanto à origem, podem ser: i) Originárias e ii) Derivadas.

i) Receita Pública Originária é aquela que tem sua origem:

a) no próprio patrimônio do Estado - Receita Pública Patrimonial (Ex.: quando o Estado aluga um bem
público a particulares); ou

b) na exploração de atividade econômica (empresarial) pelo Estado - Receita Pública Empresarial (quando
o Estado atua como se empresa fosse).

Quando a Receita Pública Originária decorre do próprio patrimônio estatal (a) também pode ser chamada de
Preço ou Preço quase privado.

Quando, em vez disso, a Receita Pública Originária decorre da exploração de atividade econômica ou
empresarial (b), também pode ser denominada de Preço Público ou Tarifa.

Em suma, o que diferencia, basicamente, Receita Pública Originária da Derivada é a contratualidade


(expressão da autonomia da vontade), presente na Originária e ausente na Derivada.

Obrigação ex voluntate (depende da


ORIGINÁRIA vontade do particular)
RECEITA PÚBLICA
Obrigação ex lege (independe da
DERIVADA vontade do particular, decorre do Poder
de Império do Estado)

Foi exatamente esse critério utilizado pelo Supremo Tribunal Federal para distinguir taxa e preço público
(Súmula 545/STF).

Súmula 545/STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas [taxas], diferentemente
daqueles [preços de serviços públicos], são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização
orçamentária, em relação à lei que as instituiu.
Em razão de ambos (taxa e preço público) serem contraprestacionais, isto é, são exigidos a partir de uma
prestação estatal, o STF estabeleceu a diferença, do ponto de vista conceitual, por meio da diferença básica
entre Receita Pública Originária (preço de serviço público) e Derivada (taxa).

Portanto, a diferença básica é que o Preço Público é obrigação facultativa, o que significa que o particular é
livre para escolher se, para satisfazer sua necessidade, irá recorrer à atividade empresarial do Estado (nesse
caso equiparado a um particular) ou se irá contratar algum outro particular.

Enquanto que a taxa é compulsória, ou seja, não existe alternativa para o particular.

6. Segundo a jurisprudência firmada nessa Corte, o elemento nuclear para identificar e distinguir taxa e preço
público é o da compulsoriedade, presente na primeira e ausente na segunda espécie, como faz certo, aliás, a
Súmula 545: "Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles,
são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as
instituiu". Esse foi o critério para determinar, por exemplo, que o fornecimento de água é serviço remunerado
por preço público (...). Em suma, no atual estágio normativo constitucional, o pedágio cobrado pela efetiva
utilização de rodovias não tem natureza tributária, mas sim de preço público, não estando, consequentemente,
sujeita ao princípio da legalidade estrita. 8. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido formulado nesta ação
direta de inconstitucionalidade.
[ADI 800, rel. min. Teori Zavascki, P, j. 11-6-2014, DJE 125 de 1º-7-2014.]

Com isso, verifica-se que os Tributos estão inseridos dentro da classificação de Receitas Públicas Ordinárias e
Derivadas, porquanto são canalizados para os cofres públicos a partir do desenvolvimento normal da
atividade estatal e por decorrem do Poder de Império do Estado e independem, para serem arrecadados, da
vontade do particular.

Você também pode gostar