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Actividade Financeira do Estado

 Actividade Financeira do Estado


Sector Público é assim definido como conjunto de instituições e agências directa e indirectamente
financiadas pelo Estado, que têm como objectivo final a provisão de bens e serviços públicos.

Estrutura do Sector Público


- Estado (inclui órgãos do Estado)

Administração Administração - Serviços e fundos autónomos da


Pública Central - Administração central

Segurança - Instituições sem fins lucrativas da


Social - Administração central
SECTOR
PÚBLICO
- Conselhos Municipais
Administração - Instrituições sem fins lucrativas da Adm., local
Empresas Local - Serviços autónomos de Adm. local
Públicas

Serviços Autónomos e Fundos

 Serviços Autónomos – são aqueles cuja importância e a sua autonomia justifica-se, em princípio,
para além de carecerem de agilidade e rapidez de gestão, eles dispõe de receitas próprias geradas
pela venda de bens e prestação serviços. Por exemplo, notários e funcionários de justiça, o cofre
dos tribunais e outros «cofre», as administrações regionais de saúde, o Instituto de Acção Social
Escolar e os Serviços Médicos-Sociais das Universidades, as unidades e estabelecimentos
militares.
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 Fundos – são entidades autónomas com competência fundamentalmente financeira, por exemplo,
Fundo Nacional do Turismo, e Fundo Nacional de Estradas, Fundo de Desenvolvimento Agrário,
Fundo de Fomento de Habitação e outros. Não têm independência orçamental, mas o orçamento
próprio é publicado separadamente dentro do Orçamento do Estado.

Sector Público Administrativo Vs Sector Público Empresarial

Sector Público Sector Empresarial


Administração do Estado

Regras de Contabilidade Regras de Contabilidade das


da Administração Pública entidades privadas

Sujeito ao Plano Básico de Sujeito ao Sistema de


Contabilidade Pública Contabilidade para o Sector
Empresarial em Moçambique

Regime da Administração Financeira do Estado

Regime Geral Regime Excepcional


Personalidade Jurídica Não Sim
Tipo de Autonomia Administrativa Administrativa e Financeira
Património Próprio Não Sim
Poder dos dirigentes Gestão Corrente Gestão
Recursos efectivos Créditos inscritos no Transferência do Orçamento do Estado e
Orçamento do Estado Receitas Próprias
Créditos Não é permitido Permitido com autorização do MF
Pagamento de despesas Libertação de créditos Autorização dos dirigentes
na base dos duodécimos

Os meios de financiamento dos bens públicos


Os bens públicos são financiados por três tipos de receitas públicas, nomeadamente, as receitas
patrimoniais, as receitas tributárias e as receitas creditícias.

a) Receitas Patrimoniais (efectivas) – são valores que o estado recebe pela prestação de serviços,
venda de bens e produtos sob o seu domínio ou pela utilização individual do património público.
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As receitas patrimoniais são voluntárias, pois surgem da manifestação de vontade de um
determinado indivíduo em usufruir de um produto, bem ou serviço que esteja sob domínio do
estado.
As receitas patrimoniais podem ser Mobiliários (dividendos, lucros e Juros) e imobiliários (Domínio
Rural, Explorações de utilidade pública)

b) Receitas Tributárias (impostos e taxas) (efectivas) – são valores provenientes do cumprimento


de obrigações impostas por lei aos cidadãos. São, portanto, receitas coativas.

Os impostos – são prestações coativas, unilaterais, sem fins de punição, que são impostas aos
indivíduos em relação aos quais se verificam certos pressupostos, previstos na lei e que exprimem
determinadas situações de riqueza.

As taxas – são prestações do mesmo tipo que os impostos mas que se diferem daqueles pelo facto
de que os particulares a quem são exigidas auferem uma determinada utilidade relacionada com o
funcionamento de um serviço ou utilização de um bem.

c) Receitas Creditícias (Não-efectivas) – são resultantes dos empréstimos contraídos pelo estado
para cobrir défices orçamentais ou de tesouraria, ou ainda para esterilizar o poder de compra e
combater a inflação. Podem ser portanto, receitas voluntárias ou coativas.

 Perspectiva económica e jurídica da actividade financeira

A Perspectiva Económica do Fenómeno Financeiro – compreende (a) economia privada, social e pública,
(b) o poder e a economia, ordenação económica, intervenção económica e actuação económica do Estado.

 Receita e Despesa Pública

RECEITA PÚBLICA
RECEITAS são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contabilístico sob a forma de
entrada de recursos ou aumento de activos ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do
patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade. (IPSAS 2010)

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Constituem receita pública todos os recursos monetários, seja qual for a sua fonte ou natureza, postos à
disposição do Estado, com ressalva daquelas em que o Estado seja mero depositário temporário.

Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento do Estado ou cobrada senão em virtude de
lei e, ainda que estabelecidas por lei, as receitas só podem ser cobradas se estiverem previstas no
Orçamento do Estado aprovado.

Classificação Económica da Receita - CER

A receita orçamental quanto a categoria económica classifica-se em: Receitas Correntes e Receitas de
Capital.

a) Receitas Correntes – receitas fiscais, não fiscais, as consignadas e as de donativos; Exemplos:


Imposto sobre o Rendimento de Pessoa Singular, Rendas de Casa, Taxas de Portagem, Donativos
Não consignados à Projectos.

b) Receitas de Capital – são as receitas de alienação de bens, receitas de donativos e receitas de


fundo de empréstimos ou receitas recebida de pessoas de direito público ou privado, para atender
despesas classificáveis em Despesas de Capital, sob a forma de:

 Recursos financeiros provenientes de dívidas


 Conversão de bens e direitos
 Recursos recebidos
 Superávit do orçamento corrente
 Operações de crédito
 Alienação de bens
 Amortização ou resgate de empréstimos concedidos
 Receitas transferidas de entidades públicas e de particulares.

Exemplos: Alienação do Património do Estado, Donativos em Espécie a Projectos, Fundo de


Empréstimos Externos.

Os montantes de receita inscritos no Orçamento do Estado constituem limites mínimos a serem cobrados
no correspondente exercício.

Fases da Execução da Receita Pública


A execução da receita compreende três fases:

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a) Lançamento – A 1ª fase compreende o procedimento administrativo de verificação da ocorrência
do facto gerador da obrigação correspondente (Inscrição do Débito);

b) Liquidação/Arrecadação – A 2ª fase compreende o cálculo do montante da receita devida e


identificação do respectivo sujeito passivo (recebimento do numerário por parte dos agentes
arrecadadores);

c) Cobrança/Recolhimento – A 3ª fase corresponde a acção de cobrar, receber ou tomar posse da


receita e subsequente entrega ao Tesouro Público (recolhimento do numerário aos cofres do
tesouro público pelos agentes arrecadadores). Em função da adopção do regime de caixa para o
lançamento da receita pública, somente essa fase ocasiona registos contabilísticos, que estão a
seguir descritos:

Acto Orçamentário Débito Crédito Sistema


1.1 -  4.X -  Financeiro – entrada do recurso na CUT e respectiva
receita
Arrecadação da
7.3 -  8.3 -  Ordem – controlo da programação financeira,
receita corrente
disponibilidade por fonte de recursos
7.1 -  7.1 -  Orçamental - realização da receita prevista

Acto Orçamentário Débito Crédito Sistema


1.1 -  4.X -  Financeiro – entrada do recurso na CUT e respectiva
receita
Arrecadação da 7.3 -  8.3 -  Ordem – controlo da programação financeira,
receita de disponibilidade por fonte de recursos
investimento 7.1 -  7.1 -  Orçamental - realização da receita prevista
5.1 -  1.X -  Patrimonial – pela variação negativa do património,
baixa do bem alienado, por exemplo.

DESPESAS são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contabilístico sob a forma de
saída de recursos ou redução de activos ou incremento em passivos, que resultem em decréscimo do
patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. (IPSAS
2010)

DESPESA PÚBLICA: São todas as saídas de recursos, desembolsos, dispêndios que ficam a cargo de
uma entidade pública, seja para ocorrer aos compromissos da dívida pública, seja para atender às
necessidades dos serviços públicos criados no interesse e beneficio da colectividade, seja para acrescer
bens ao domínio público ou patrimonial;

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É todo o dispêndio de recursos financeiros, seja qual for a sua proveniência ou natureza, gastos pelo
Estado, com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à reposição dos mesmos (art.:
15, nr. 1, Lei nr. 09/02, de 12 de Fevereiro).

Classificação Económica da Despesa - CED

O classificador económico – classifica a despesa em (corrente e de investimento), pelo seu carácter


económico e segundo os conceitos da Contabilidade Nacional (por exemplo: o consumo, o investimento e
as transferências publicas).

Despesas Correntes (Funcionamento) – são os gastos que o Estado faz em bens e serviços consumíveis
durante o período financeiro, ou que se vão traduzir na compra/aquisição de bens de consumo.

As Despesas de Capital – são despesas com o planeamento e execução de obras ou infra-estruturas


básicas tais como estradas, pontes, barragens, administração, etc, a construção e reabilitação de infra-
estruturas sociais: escolas, clínicas públicas, hospitais públicos, etc., e a pesquisa e desenvolvimento de
tecnologias, a aquisição de imóveis, aquisição de equipamentos, aquisição de títulos representativos do
capital de empresas ou entidades de qualquer espécie como as transferências do capital, etc. Nesta rubrica
inclui-se a aquisição de instalações para realização de actividades públicas, aumento do capital de
empresas que não sejam de carácter comercial ou financeiro. Inclui-se, também despesas em
medicamentos.

 Investimentos: despesas com a criação de um bem público novo, de um programa novo, aquisição
de imóveis ainda não utilizados pela Administração.
 Inversões financeiras: importam a troca de dinheiro por bens, como aquisição de imóveis ou bens
de capital já em utilização pela Administração Pública e aquisição de ações de entidades já
constituídas.
 Transferências de capital: valores repassados pelo ente público a outra entidade para utilização
em despesas de capital.

Fases da Realização da Despesa Pública


A realização da despesa compreende três (3) fases:

Cabimento: O Cabimento representa a 1ª fase da despesa pública. É definido como acto administrativo de
verificação, registo e comprometimento do valor do encargo a assumir pelo Estado. Este acto só pode ser

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efectuado pelo gestor público se a Unidade Gestora possuir saldo suficiente nas contas denominadas
Dotação Disponível e Quota de Limite Orçamental a Utilizar.

Liquidação: A Liquidação da Despesa representa a 2ª fase da despesa pública e é onde se verifica a


entrega dos bens ou serviços contratados, bem como o apuramento do valor que efectivamente há a pagar
para emissão da competente ordem de pagamento.

Pagamento: O Pagamento da Despesa representa a 3ª fase da despesa pública e significa a entrega de uma
importância em dinheiro ao titular do documento de despesa

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