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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IX


GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

VÍTHOR DOS ANJOS CABRAL

DIREITO TRIBUTÁRIO: ESTUDO DIRIGIDO SOBRE


CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS

BARREIRAS-BA
2023
VÍTHOR DOS ANJOS CABRAL

DIREITO TRIBUTÁRIO: ESTUDO DIRIGIDO SOBRE


CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS

Estudo dirigido sobre Créditos Tributários


apresentado a Universidade do Estado da Bahia
(UNEB) – CAMPUS IX com fins de avaliação
parcial da matéria de Direito Tributário.

Docente: Dr. Airton Pereira Pinto

BARREIRAS-BA
2023
A) DIFERENÇA ENTRE “DEPOSITO e MORATÓRIA”, modalidades da
SUSPENSÃO x “PAGAMENTO e REMISSÃO”, modalidades da EXTINÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

A1) DEPOSITO e MORATÓRIA

A diferença fundamental entre “Depósito” e “Moratória” está relacionada a duas


modalidades de tratamento da suspensão do crédito tributário dentro deste ramo de Direito,
isto é, duas maneiras diferentes de lidar com o processo de suspensão de pagamento de
impostos ou taxas devidos ao governo. O “Depósito” é particularmente uma opção que
permite ao contribuinte, este é, o sujeito passivo da obrigação tributária a depositar o valor do
tributo devido em uma conta específica geralmente vinculada, como agência tributária, ao
órgão responsável pela fiscalização do tributo.
Ademais, o depósito é uma modalidade em que o Estado garante o pagamento do
tributo, enquanto se discute a legalidade ou o valor do tributo devido. Este processo é comum
em situações em que o contribuinte discorda do montante do tributo ou alega que o tributo em
questão não é devido, isto porque o depósito suspende a exigibilidade do crédito tributário,
portanto, o governo não pode cobrar o tributo até que a questão jurídica seja resolvida, o
montante assim fica em uma espécie de “garantia” onde o valor pode ser completamente
devolvido em caso da resolução ser em favor do contribuinte ou, em caso contrário, quitado
pelo Estado no valor do tributo devido.
Um exemplo hipotético desta modalidade de depósito para suspensão de crédito
tributário é o caso de uma empresa que recebe uma notificação fiscal alegando que deve arcar
com o pagamento de R$ 100.000,00 de um determinado tributo, no entanto, a empresa sujeita
a pagar o tributo acredita que a quantia cobrada está incorreta. Como forma de contestação da
cobrança, a empresa pode optar por realizar um depósito no valor dos R$ 100.000,00 em uma
conta devidamente vinculada ao órgão fiscalizador do tributo, assim o montante ficará numa
espécie de garantia até que a situação jurídica seja definitivamente resolvida.
No exemplo citado acima os cenários da resolução podem variar, caso seja
devidamente comprovada a incorreção no cálculo da cobrança do tributo, a diferença entre o
valor real do tributo e o montante depositado deverá ser devolvida ao contribuinte. Assim,
caso fique comprovada, por exemplo, que o valor real do tributo seja R$ 75.000,00, os R$
25.000,00 restantes do montante originalmente depositados serão devolvidos ao contribuinte,
enquanto o valor real do tributo (75 mil reais) será quitado no crédito tributário outrora aberto
ao contribuinte. Da mesma forma se a resolução não for favorável ao contribuinte, todo o
montante de R$ 100.000,00 será quitado pelo Estado como pagamento do tributo devido. O
depósito, portanto, servirá como garantia do valor cobrado pelo Fisco enquanto correr a
contestação da dívida.
A “Moratória”, por sua vez, é uma medida governamental que permite a suspensão ou
adiantamento temporário do pagamento de tributos devidos por um determinado grupo de
contribuintes. Distingue-se da modalidade de depósitos também pelas suas situações de
adoção, pois geralmente as moratórias são adotadas em momentos de crises econômicas,
desastres naturais e outras situações menos correntes. Sua aplicação a um ou mais grupos de
contribuintes dependerá das circunstancias. Ao contrário do depósito, a moratória não envolve
nenhum pagamento em garantia, ela simplesmente adia o prazo do pagamento dos tributos
devidos com o fim de conceder mais tempo para o cumprimento das obrigações fiscais por
parte dos contribuintes.
Um exemplo hipotético da aplicação da modalidade de moratória é enquanto no
período da calamidade pública da COVID-19 um governo tenha implementado uma moratória
de 2 meses (60 dias) no prazo de pagamento do imposto de renda (IR) devido à crise
econômica provocada pela pandemia e a dificuldade financeira do povo afetado.
Por fim, a diferença geral entre o “Depósito” e “Moratória” consiste em que no
segundo não há pagamento de nenhuma garantia depositada em agência tributária plenamente
vinculada ao órgão fiscalizador como há no primeiro, e na moratória há prorrogação de prazos
para cumprimento das obrigações tributárias sem necessidade de nenhum depósito.

A2) PAGAMENTO e REMISSÃO

O pagamento é a forma mais comum e direta de extinção do crédito tributário.


Consiste precisamente na quitação total (integral) e voluntária do valor do tributo devido pelo
contribuinte ao governo, de acordo com as leis e regulamentos de ordem fiscal. O pagamento
é normalmente realizado por meio de depósito bancário ou transferência eletrônica para
agência tributária devidamente vinculada ao órgão fiscalizador. Tendo sido pago o tributo, o
seu crédito tributário em aberto é quitado, extinguindo-se a obrigação fiscal do contribuinte
em relação aquele tributo específico. Um exemplo simples de pagamento para extinção de
crédito tributário é o cidadão que realiza o pagamento do seu imposto de renda (IR) por
intermédio do Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF) vendo-se livre deste
tributo até o próximo ano corrente.

Já a remissão consiste em quando o governo decide perdoar total ou parcialmente o


montante devido em um tributo. Este processo só ocorre por razões específicas, como
incentivos fiscais, estímulo econômico, situações de calamidade pública ou outros motivos
determinados previamente por lei. A remissão depende de uma decisão administrativa ou
legislativa do governo e não depende de pagamento por parte do contribuinte, distinguindo-se
assim fundamentalmente da modalidade de depósito anteriormente explicitada.

B) - DIFERENÇA ENTRE “TRANSAÇÃO e COMPENSAÇÃO, modalidades da


EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO x ISENÇÃO, NÃO-INCIDÊNCIA e
IMUNIDADE do CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

B1) TRANSAÇÃO e COMPENSAÇÃO

A transação pode ser definida como o acordo celebrado entre a autoridade fiscal e o
contribuinte para extinguir ou reduzir o crédito tributário devido pelo segundo, sendo este
processo normalmente utilizado em situações em que o contribuinte não está em condições de
pagar o tributo devido ou encontra-se em disputas legais relacionadas a suas dívidas
tributárias. Tal acordo poderá envolver a redução do valor da dívida, a negociação de um
parcelamento cabível, a concessão de descontos e outras condições especiais que possam criar
melhores condições de pagamento e cumprimento das obrigações fiscais do contribuinte. Um
exemplo de um processo de transação para extinção de um crédito tributário é o caso de uma
empresa sociedade anônima que gerencia um grupo de fazendas para produção agropecuária e
se vê em dificuldades de cumprir com todas as obrigações fiscais necessárias para a utilização
de suas terras, como o Imposto Territorial Rural (ITR) e propõe ao governo o parcelamento de
suas dívidas para a possibilidade de pagamento a longo prazo de suas obrigações fiscais.

A compensação, por sua vez, ocorre quando o contribuinte possui créditos tributários a
seu favor, resultantes de pagamento a maior ou de outro título reconhecido pela autoridade
fiscal, que podem ser utilizados para quitar dívidas tributárias pendentes. Por exemplo, se um
contribuinte pagou em excesso um tributo em um período anterior ou tem direito a um crédito
tributário por outro motivo, ele pode solicitar que esse crédito seja utilizado para compensar
dívidas tributárias futuras ao invés de solicitar o reembolso do valor excedido pago.

Ambas as modalidades “transação” e “compensação” são uteis para facilitar o


pagamento da carga fiscal por parte dos contribuintes, no entanto, são diferentes porque a
transação é um acordo negociado entre a autoridade fiscal e o contribuinte para modificar as
condições de pagamento ou reduzir o montante da dívida tributária, já a compensação envolve
exclusivamente o uso de créditos tributários acumulados pelo contribuinte para quitar dívidas
tributárias pendentes.

B2) ISENÇÃO, NÃO-INCIDÊNCIA e IMUNIDADE

Isenção, não-incidência e imunidade são três conceitos distintos que se relacionam


com a ausência ou redução da incidência do crédito tributário, todavia possuem nascedouros
diferentes e produzem efeitos diversos. A isenção, por exemplo, é um benefício fiscal
concedido por meio de lei que exclui determinadas pessoas, bens, serviços ou atividades da
obrigação de pagamento de um determinado tributo. Um exemplo, uma nação pode conceder
isenção de Imposto de Renda para pessoas com renda abaixo de um determinado limite, como
isenção de impostos sobre produtos da cesta básica para garantir a capacidade de alimentação
dos mais necessitados.

A não-incidência ocorre quando a lei tributária declara que certas situações, bens,
serviços ou atividades não são sujeitos à tributação. Um exemplo normal de não-incidência é
a não tributação da exportação de bens, ou seja, os bens exportados não são sujeitos a
determinados tributos.

Por fim, a imunidade é um benefício fiscal previsto na Constituição Federal que


estabelece que certos tributos não podem ser cobrados em determinadas situações ou para
certos contribuintes. Um exemplo de imunidade é a imunidade para templos religiosos
tradicionais, como Igrejas que não podem ser tributados em seus rendimentos, patrimônio e
serviços relacionados a práticas do rito de sua religião

São conceitos diferentes, porquanto cada um destes tem suas próprias origens legais e
consequências para a obrigatoriedade de pagamento de tributos.

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