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DÍVIDA PÚBLICA

1. Conceito da Dívida Pública

É o conjunto das situações passivas que resultam para o Estado do recurso ao


crédito público, directa ou indiretamente, nº 1 do artigo 60 da lei do SISTAFE.

2. Formas da dívida pública

A divida pública, pode dizer – se, tem forma do crédito e dos empréstimos que
lhe dão origem.

Quanto à territorialidade: a dívida pública pode ser interna ou externa,


consoante seja interno ou externo o respetivo empréstimo.

 Dívida interna – é aquela que resulta do recurso ao crédito pelo Estado


através de empréstimos internos. Vide o nº 2 do art. 60 da Lei do
SISTAFE.
 Dívida externa – é aquela que resulta do recurso ao crédito pelo Estado
através de empréstimos externos. Vide o nº 2 do art. 60 da Lei do
SISTAFE.
 Os encargos da divida externa são satisfeitos em ouro ou em moeda
nacional que goza confiança internacional; isto porque os credores querem
prevenir – se das prováveis variações desfavoráveis dos câmbios e, exigem
pagamentos dos juros e o reembolso na moeda que lhes oferece confiança.

Quanto a sua duração (periodicidade): a dívida pode ser de curto prazo ou


flutuante, de longo prazo, fundada ou consolidada.

 Divida de curto prazo ou flutuante – é adquirida para suprir deficiência


de caixa e deve ser resgatada em curto espaço, para suprir eventual e
momentânea insuficiência de caixa. A divida de curto prazo representada,
usualmente, por bilhetes de tesouro.
 Dívida fundada – corresponde às obrigações assumidas num determinado
período orçamental e que devem, ser liquidadas em período posterior,
superior a um ano.

A dívida fundada pode ser perpétua ou consolidada (em prazo de reembolso;


a qual ainda poderá ser reembolsável em dadas circunstâncias – remível ou
no irremível e temporária.

3. GESTÃO DA DÍVIDA PÚBLICA

A gestão da divida pública é feita no âmbito do subsistema de Tesouro e


corresponde a um conjunto de operações necessárias à dinâmica do crédito e
que pode ter em vista a sua amortização regular, ou irregular e reembolso final
(gestão normal) ou a sua modificação (gestão anormal).

A gestão da divida publica pode ocorre da sua amortização, conversão, remissão,


prescrição, conforme o modo de extinção ou diminuição do empréstimo publico
que lhe deu origem.

4. Divida interna versus dívida externa

A dúvida pública externa poderá ser do tipo comercial, bilateral ou multilateral.

 Comercial – refere – se aos empréstimos contraídos junto de bancos


estrangeiros, a taxas de juro de mercado.
 Bilateral – resulta de empréstimos provenientes de outros Estados;
 Multilateral – é a consequência da contracção de empréstimos junto de
instituições financeiras multilaterais, por exemplo: Banco Mundial, FMI,
Banco Africano de Desenvolvimento.

No caso das dívidas bilateral e multilateral, trata – se de empréstimos


concessionais, ou seja, de empréstimos com uma taxa de juro muito inferior à
de mercado e que beneficiam de condições vantajosas de pagamento, co mo
sejam, um longo período de graça e prazos de amortização muito dilatados.

a) Vantagem do endividamento externo


a) O recurso a empréstimos interno por parte do Estado, implica um
aumento dos recursos financeiros totais disponíveis para o financiamento
do investimento nacional que permite um mais rápido crescimento
económico;
b) O recurso a empréstimo externo por parte do Estado, implica um aumento
dos recursos financeiros totais disponíveis para o financiamento do
investimento nacional que permite um mais rápido crescimento
económico;
c) Aumento de disponibilidade de divisas para o país devedor, contribuindo
para o financiamento dos défices na balança de transações correntes e um
aumento das reservas externas do Banco Central.
d) Nos empréstimos de carater concessional, baixo custo e condições
favoráveis de amortização. A concessionalidade dos empréstimos bilaterais
e multilaterais torna – os particularmente atrativos para os países de baixo
rendimento que não dispõem de recursos suficientes para suportar os
juros de mercado e cumprir com as condições de amortização associadas
aos empréstimos comercias internos e externos.

Em resumo podemos apontar as seguintes vantagens do endividamento


externo:

 Aumento da disponibilidade de recursos para financiar um investimento,


 Entrada de divisas no país,
 Concessionalidade dos empréstimos bilaterais e mutilarias.
b) Inconveniência do endividamento externo
1. O serviço de dívida pública externa implica uma saída de dinheiro do país,
diferente da divida pública interna, onde a amortização do capital e o
pagamento dos juros representam um transferência a favor de agentes
económicos nacionais. O dinheiro fica no país.
2. A acumulação de dívida pública externa gera uma crescente drenagem de
divisas do país, com reflexos negativos na balança de transações correntes
(pagamento de juros) e na balança de capitais (amortização de capital).
3. A dívida externa sofre um agravamento cada vez que a moeda nacional se
desvaloriza, já que serão necessárias mais unidades de moeda nacional
para pagar juros e o capital em moeda externa. Por outro lado, o valor real
da divida publica externa não diminui com a inflação, diferentemente da
divida publica interna que não é agravada quando há desvalorização da
moeda nacional e é beneficiada pela inflação.
4. A dívida pública externa representa sempre uma potencial perda de
soberania do país devedor, já que este se encontra suceptivel a
interferências e pressões de outros Estados soberanos ou de instituições
externas.

Em jeito de resumo são desvantagens do endividamento externo:

 O serviço da divida implica a saída do dinheiro no país,


 Impacto negativo do serviço da divida na Balança de pagamentos, dos
efeitos positivos da inflação no valor real da divida e,
 Perda de soberania nacional.
5. A sustentabilidade da Dívida Pública
 Diz - se que a divida é sustentável quando o Estado tem a capacidade
em recursos, para proceder ao seu reembolso.

Numa perspetiva dinâmica a sustentabilidade deverá implicar que essa


capacidade aumenta ou, pelo menos não diminui, ao longo do tempo.

Quando se analisa a sustentabilidade da dívida, dever – se – á considerar o


STOCK total de dívida e o montante despendido no serviço da mesma, isto é, os
recursos gastos na amortização1 da divida e no pagamento de juros. Esta análise
devera ser sempre dinâmica; que implicara necessariamente observar qual a

1
Amortização é um processo de extinção de uma dívida através de pagamentos periódicos, que
são realizados em função de um planejamento, de modo que cada prestação corresponde à soma
do reembolso do capital ou do pagamento dos juros do saldo devedor, podendo ser o reembolso
de ambos, sendo que os juros são sempre calculados sobre o saldo devedor.
evolução recente e as perpectivas de evolução futura do STOCK e do serviço da
divida.

A capacidade de um país pagar a divida publica é – nos dada, antes de mais,


pelo seu rendimento. Quanto mãos dor o rendimento nacional, menor será o
peso da divida e, consequentemente, maior será a sua sustentabilidade. O valor
da produção de bens e serviços numa economia, isto é, o produto Interno Bruto
(PIB), constitui uma medida aproximada do rendimento de um país.

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