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Finanças Públicas
Finanças Públicas
Autor: Waldemir Luiz de Quadros
Como citar este documento: Quadros, Waldemir Luiz de. Finanças Públicas. Valinhos: 2014.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Funções do governo 04
Unidade 2: Orçamento e despesas públicas 30
Unidade 3: Financiamento dos gastos 60
Unidade 4: Déficit e Dívida Pública 89
2/120
Apresentação da Disciplina
Objetivos
Provavelmente você já deve ter se perguntado: Qual o tamanho ótimo do governo? Quais as
funções do governo na economia? Como avaliar a qualidade da atuação do governo? Essas são
perguntas que vamos tentar responder nesta aula.
O governo aumentou muito de tamanho após as guerras mundiais e ainda continua crescendo
de tamanho. Vamos estudar as teorias que tentam explicar as causas desse fenômeno.
Vamos estudar, também, as funções econômicas do governo em suas dimensões alocativa
(oferta de bens e serviços), distributiva (de renda e riqueza) e estabilizadora (da inflação
e emprego). Aprofundaremos nossa análise através do estudo da teoria das falhas de
mercado, que apontam a necessidade da ação governamental para corrigir as distorções do
funcionamento do mercado e, assim, melhorar o nível de bem-estar da sociedade.
Para finalizar, faremos uma reflexão sobre a qualidade do setor público, questão que diz
respeito às condições que tendem a favorecer o governo a alcançar seus objetivos da maneira
mais eficiente.
4/120
1. Introdução 2. O tamanho do governo
O governo tem um papel muito importante Os governos dos países aumentaram muito
na economia e que se manifesta de muitas de tamanho após as guerras mundiais.
maneiras: impostos, emprego público, Para a média dos países desenvolvidos da
investimentos em infraestrutura, políticas OCDE, as despesas saíram de 10% do PIB,
sociais, dívida pública, política monetária em 1870, para 25%, em 1937, passando a
do Banco Central etc. 41%, em 1980, e chegando a 49% do PIB,
Você já teve a percepção de que o em 2009 (TANZI & SCHUKNECHT, 2000,
governo está presente de forma direta p.12-13; OECD, 2011).
ou indireta em praticamente todas as
questões econômicas? Essa pergunta
remete à questão do tamanho do governo
na economia e tem sido frequente nos
debates políticos que acompanhamos
através da mídia. Existe um tamanho ideal
para o governo? Essa é a questão que será
analisada a seguir.
5/120 Unidade 1 • Funções do governo
do Sul (25% do PIB). No extremo superior,
temos a Dinamarca e Suécia (50% do PIB),
Link países modelo do Welfare State europeu
A Organização para a Cooperação e (RFB, 2012, p.7).
Desenvolvimento Econômico – OCDE é uma Temos muitas teses que procuram explicar
organização internacional de 34 países as causas para essa tendência generalizada
desenvolvidos, à exceção do Chile, México e
de aumento do tamanho do governo.
Turquia. Dispõe de estudos e estatísticas sobre
Destaquem-se as seguintes (REZENDE,
os países membros e também de outros países,
2001, p. 20-27):
como o Brasil. Site: <http://www.oecd.org/>.
• O crescimento das funções
Outra maneira de medir o tamanho do administrativas, de segurança
governo é por meio da carga tributária. pública e bem-estar social em função
Em 2009, o Brasil apresentou uma receita do processo de urbanização.
tributária de 34% do PIB, mesmo patamar • O esforço de guerra e as despesas
observado para a média dos países militares.
desenvolvidos da OCDE e superior ao
• A teoria da escolha pública
verificado para os Estados Unidos e Coreia
(public choice) destaca o papel
6/120 Unidade 1 • Funções do governo
determinante, para o crescimento determinados serviços públicos mais
do Estado, da ação da burocracia, sofisticados tecnologicamente.
ao demandar a maximização do • Aumento das despesas com
orçamento de suas repartições, e da redistribuição de renda e assistência
ação dos políticos, ao demandarem social (com destaque para o seguro
aumento das despesas que desemprego).
maximizem o número de votos que
recebem. • Maiores possibilidade de aumento
da carga tributária em função do
• Aumento da demanda por desenvolvimento econômico (novas
investimentos em infraestrutura. bases de incidência tributária) e
• Crescimento populacional que melhoria do processo de arrecadação
pressiona por aumento dos gastos e de combate à sonegação fiscal.
em educação. • Novos grupos de interesses que
• Envelhecimento da população que passaram a fazer parte do cenário
demanda por aumento nos gastos político e social, gerando demandas
com previdência social e saúde. adicionais por gastos públicos.
• Aumento de custos relativos de • Criação de agências para regular e
7/120 Unidade 1 • Funções do governo
fiscalizar setores com características monopolistas, a exemplo dos setores de energia
elétrica e telecomunicações.
• A crise financeira de 2008 que levou os governos a intervirem na economia através de
políticas de emissão monetária, endividamento público e gastos fiscais, como forma de
evitar a depressão da atividade econômica.
3. As funções do governo
O governo tem como primeira função a garantia do cumprimento das leis e contratos que
garantem o funcionamento da economia de mercado. Destaquem-se as leis sobre os direitos
de propriedade, as relações de trabalho, e as relações de produção e comercialização de
bens e serviços. Temos as seguintes funções econômicas do governo: alocativa, distributiva e
estabilizadora.
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Considerações Finais
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Considerações Finais
» As falhas de mercado decorrem da existência de bens públicos, externalidades,
monopólios, mercados incompletos e informações assimétricas.
» A qualidade do setor público pode ser definida como a característica que
permite ao Estado alcançar seus objetivos da maneira mais eficiente.
» Accountability é o processo de responsabilização política do Governo em
relação à sociedade.
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Referências
ARVATE, Paulo & BIDERMAN, Ciro. Economia do Setor Público no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier,
2004.
COSTA, Mercedes da. O Papel do Governo. Brasília: ESAF - Instituto do FMI, Curso de Gestão
Macroeconômica e Política Fiscal, 23 de Março a 3 de abril de 2009. (Apresentação).
Disponível em: http://www.esaf.fazenda.gov.br/esafsite/CCB/program_2009/BT-09-04/GMPF-
PORT-09-04/PPT/P-1_O_Papel_Do_Governo_Mfpbtc2009P.pdf
GIAMBIAGI, Fábio & ALÉM, Ana Cláudia. Finanças Públicas: Teoria e Prática no Brasil. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2008, 3ª ed.
ORGANIZATION for Economic Co-operation and Development (OECD). General government
expenditures. In: Government at a Glance 2011. OECD Publishing, 01 Aug 2011. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1787/gov_glance-2011-10-en
RECEITA FEDERAL do Brasil (RFB). Carga Tributária no Brasil 2011. Brasília, (Estudos Tributários),
Novembro de 2012. Disponível em:
http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudoTributarios/estatisticas/CTB2011.pdf
TANZI, Vito & SCHUKNECHT, Ludger. Public spending in 20th century: a global perspective.
Cambridge: Cambridge University Press, 2000. Disponível em: http://assets.cambridge.
org/052166/2915/sample/0521662915wsn01.pdf
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Questão 2
2. Julgue os itens a seguir referentes a bens públicos, meritórios e priva-
dos, e indique a alternativa incorreta:
24/120
Questão 3
3. Em relação às funções econômicas do governo, julgue os itens a se-
guir e escolha a alternativa correta:
25/120
Questão 4
4. Com relação às hipóteses explicativas do aumento do tamanho do go-
verno na economia, podemos considerar como incorreta apenas a se-
guinte alternativa:
a) Os fatores demográficos que pressionam pelo crescimento dos gastos com educação na
fase de crescimento populacional, e dos gastos com saúde e previdência com o envelhecimento
da população.
b) A crescente necessidade de despesas distributivas do governo é a tese central
apresentada pela teoria da escolha pública.
c) A urbanização, que pressiona pelo aumento das demandas com as funções
administrativas, de segurança pública e de maior bem-estar social.
d) As maiores possibilidade de aumento da carga tributária em função do desenvolvimento
econômico, que aumenta as bases de incidência tributária.
e) A criação de agências para regular e fiscalizar determinados setores da economia de um
país, geralmente com características monopolistas, a exemplo dos setores de energia elétrica,
telecomunicações e petróleo.
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Questão 5
5. A presença de externalidades e de bens públicos abre espaço para a
intervenção do governo na economia como forma de melhorar o bem-
-estar da sociedade. Nessa situação, está incorreta a seguinte alternativa:
27/120
Gabarito
28/120
Gabarito
5. Resposta: A
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Unidade 2
Orçamento e despesas públicas
Objetivos
30/120
1. Introdução
2. O ciclo orçamentário
O ciclo (ou processo) orçamentário representa a sequência de fases ou etapas que deve ser
cumprida como parte do processo orçamentário. Temos quatro fases em um ciclo orçamentário
completo: elaboração da proposta orçamentária; apreciação legislativa; execução orçamentária
e financeira; controle e avaliação.
O processo de elaboração do orçamento tem início com a Proposta de Plano Plurianual. O PPA
é o instrumento pelo qual o governo define o planejamento para os próximos quatro anos das
diretrizes, objetivos e metas para as despesas de capital (investimentos) e para as despesas
relativas aos programas de duração continuada (custos de operação dos investimentos
previstos no PPA e novos programas de prestação de serviços à comunidade implantados).
O Presidente da República deve enviar o Projeto de Lei do PPA ao Congresso Nacional até 31
de agosto do primeiro ano de seu mandato. A vigência do PPA inicia-se no segundo ano do
32/120 Unidade 2 • Orçamento e despesas públicas
mandato presidencial e termina no primeiro ano do mandato seguinte.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias tem a duração de um ano e faz a ligação entre o PPA e
orçamento anual. A LDO determina as orientações básicas para a elaboração do orçamento.
O Projeto de LDO deve ser enviado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional até o
dia 15 de abril de cada ano.
Com base na LDO aprovada pelo Legislativo, o Poder Executivo elabora e encaminha o Projeto
de Lei do Orçamento Anual (PLOA) ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano, o
qual deve ser votado e aprovado até o final de cada Legislatura.
Depois de aprovado, o projeto é sancionado pelo Presidente da República e se transforma na Lei
Orçamentária Anual (LOA), possuindo vigência para um ano.
A LOA é o orçamento do governo propriamente. A LOA estima as receitas e fixa as despesas do
3. As despesas orçamentárias
Os estágios das despesas são as etapas ou operações que as entidades responsáveis pela
35/120 Unidade 2 • Orçamento e despesas públicas
despesa pública devem realizar ou percorrer para que a mesma seja realizada:
• Empenho: é o primeiro estágio da despesa, ou seja, precede a realização da despesa e está
restrito ao limite do crédito autorizado no orçamento. É vedada a realização de despesa
sem prévio empenho.
• Liquidação: é comprovação objetiva pelo governo de que o credor cumpriu todas as
obrigações constantes do empenho.
• Pagamento: é a emissão do cheque ou ordem bancária em favor do credor.
• Restos a Pagar: despesas empenhadas, mas não pagas, até 31 de dezembro, distinguindo-
se as processadas (despesas empenhadas e liquidadas) das não processadas (despesas
apenas empenhadas e aguardando a liquidação).
Na LOA, a esfera orçamentária tem por finalidade identificar se a despesa pertence ao:
• Orçamento Fiscal: referem-se aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
A estrutura programática, criada com a reforma orçamentária de 2000, tem por finalidade
principal demonstrar os objetivos e resultados do governo. O eixo principal é a interligação
entre o planejamento (PPA) e o orçamento (LOA), por intermédio da criação de programas
38/120 Unidade 2 • Orçamento e despesas públicas
para todas as ações de governo, com um Classifica-se em:
gerente responsável por metas e resultados
• Projeto: conjunto de operações,
concretos para a sociedade. Uma vez
limitadas no tempo, das quais resulta
definido o programa e suas respectivas
um produto que concorre para a
ações, classifica-se a despesa de acordo
expansão ou aperfeiçoamento da
com a especificidade de seu conteúdo e
atuação governamental.
produto, em uma função e subfunção,
independente de sua relação institucional, • Atividades: conjunto de operações
ou seja, independente em qual Ministério que se realizam de modo contínuo
esteja localizada aquela ação. e permanente, das quais resulta um
produto necessário à manutenção da
Programa é o instrumento de organização
ação de governo.
da ação governamental visando à
concretização dos objetivos pretendidos, • Operações Especiais: despesas que
sendo mensurado por indicadores não contribuem para a manutenção
estabelecidos no plano plurianual. das ações de governo, das quais não
resulta um produto, e não geram
Ação governamental é a operação da qual
contraprestação direta sob a forma
resultam bens ou serviços que contribuem
de bens ou serviços. Exemplos:
para atender ao objetivo de um programa.
39/120 Unidade 2 • Orçamento e despesas públicas
amortização, juros, encargos e ação governamental e à prestação
rolagem da dívida; pagamento de serviço público, tais como:
de aposentadorias e pensões; pagamento de pessoal e de serviços
transferências constitucionais etc. de terceiros, compra de material
de consumo e gasto com reforma
3.6. Classificação por catego- e conservação de bens móveis e
rias econômicas imóveis.
• Transferências correntes: dotações
As despesas são classificadas em duas
destinadas a terceiros sem a
categorias econômicas: correntes e de
correspondente prestação de
capital.
serviços, incluindo as subvenções
As despesas correntes destinam-se a sociais, os juros da dívida, a
promover a execução e a manutenção da contribuição à previdência social,
ação governamental e não contribuem, entre outros.
diretamente, para a formação ou aquisição
As despesas de capital contribuem,
de um bem de capital. Desdobram-se em:
diretamente, para a formação ou aquisição
• Despesas de custeio: aquelas de um bem de capital, de modo a contribuir
necessárias à manutenção da para o incremento da capacidade
40/120 Unidade 2 • Orçamento e despesas públicas
produtiva. Desdobram-se em: e concessão de empréstimos, entre
outros.
• Investimentos: agrupam toda e
qualquer despesa relacionada • Transferências de Capital: dotações
com planejamento e execução para investimentos ou inversões
de obras, aquisição de imóveis e financeiras que outras pessoas de
instalações, equipamentos e material direito público ou privado devam
permanente, constituição ou realizar, bem como as dotações para
aumento de capital de empresas que amortização da dívida pública.
não sejam de caráter comercial ou
financeiro. 3.7. Grupo de natureza de des-
pesa
• Inversões Financeiras: abrangem
os gastos com aquisição de imóveis O grupo de natureza da despesa é um
em utilização, aquisição de bens agregador de elemento de despesa com as
para revenda, aquisição de títulos de mesmas características quanto ao objeto
crédito e de títulos representativos de de gasto, conforme discriminado a seguir:
capital já integralizado, constituição
ou aumento de capital de empresas • Pessoal e Encargos Sociais: despesas
orçamentárias com pessoal ativo,
41/120 Unidade 2 • Orçamento e despesas públicas
inativos e pensionistas, relativas a auxílio-alimentação, auxílio-
mandatos eletivos, cargos, funções transporte etc.
ou empregos, civis, militares e de • Investimentos.
membros de Poder, com quaisquer
espécies remuneratórias, bem como • Inversões Financeiras.
encargos sociais e contribuições • Amortização da Dívida: despesas com
recolhidas pelo ente às entidades de o pagamento e/ou refinanciamento
previdência. do principal e da atualização
• Juros e Encargos da Dívida: monetária ou cambial da dívida.
despesas com o pagamento de • Reserva de Contingência: destinadas
juros, comissões e outros encargos ao atendimento de passivos
de operações de crédito internas e contingentes e outros riscos, bem
externas contratadas, bem como da como eventos fiscais imprevistos.
dívida pública mobiliária.
• Outras Despesas Correntes: despesas 4. As despesas da união, esta-
orçamentárias com aquisição de dos e municípios
material de consumo, pagamento de
Destaquem-se as seguintes observações a
diárias, contribuições, subvenções,
42/120 Unidade 2 • Orçamento e despesas públicas
partir da análise das despesas consolidadas total. É pequena a participação do
realizadas pela União, Estados e Municípios gasto em áreas cujas despesas não
em 2009 (MINFAZ/STN, 2010): são obrigatórias ou não contam com
recursos vinculados.
• O gasto total somou 65,1% do PIB,
sendo que a União participou com • A União predomina nas despesas com
67,1% desse total, os Estados com dívida e previdência (78,3% do gasto
21,1% e os Municípios com 11,6%. federal).
• O gasto total apresenta-se muito • Os governos subnacionais são
concentrado em poucas funções: a responsáveis por 78,3% do gasto
despesa com encargos especiais da total com educação e 64,5% com a
dívida (28,8% do PIB) representa o saúde.
principal item, e adicionando-se as • Nos Estados as despesas com
despesas com previdência (11,1% encargos da dívida têm grande peso
do PIB), educação (5,2% do PIB) (3,2% do PIB). As demais despesas
e saúde (5,1% do PIB) acumula- apresentam uma melhor distribuição:
se um montante de 50,2% do PIB, 23,6% para a educação (2,1% do PIB)
representando 77,2% a despesa e entre 11% e 16% para saúde (1,5%
47/120
Considerações Finais
48/120
Considerações Finais
49/120
Considerações Finais
51/120
Referências
ARVATE, Paulo & BIDERMAN, Ciro. Economia do Setor Público no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier,
2004.
GIACOMONI, James. Orçamento Público. São Paulo: Atlas, 2007, 14ª ed.
INSTITUTO DE PESQUISAS Econômicas Aplicadas (IPEA). Ocupação do Setor Público
Brasileiro: tendências recentes e questões em aberto. Brasília: IPEA, Comunicados do IPEA
nº 110, 08/09/2011. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/
comunicado/110908_comunicadoipea110.pdf
MENDES, Marcos. O governo brasileiro gasta pouco ou muito quando comparado a outros países?
Site: Brasil: Economia e Governo, 5/11/2012. Disponível em: http://www.brasil-economia-
governo.org.br/
54/120
Questão 2
2. O processo orçamentário deve cumprir as seguintes fases, exceto a:
55/120
Questão 3
3. Não está correta a seguinte alternativa a respeito do processo orçamen-
tário do governo federal:
56/120
Questão 4
4. A respeito da classificação orçamentária das despesas, assinale a
alternativa incorreta:
a) Na classificação por esfera orçamentária temos o Orçamento da Seguridade Social, que
contempla as despesas nas áreas de educação, saúde, assistência social e previdência social.
b) A classificação institucional tem por finalidade principal demonstrar qual é o Poder,
Órgão Orçamentário e Unidade Orçamentária responsável pela execução de uma determinada
despesa.
c) A classificação funcional é formada por funções e subfunções, e tem por finalidade indicar
em qual área de ação governamental a despesa será realizada.
d) As despesas são classificadas em duas categorias econômicas: despesas correntes e
despesas de capital.
e) O grupo de natureza de despesa representa um agregador de elemento de despesa com as
mesmas características quanto ao objeto de gasto (pessoal e encargos sociais; juros e encargos
da dívida; investimentos; etc.).
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Questão 5
5. Com relação à estrutura programática, indique a alternativa incorreta:
58/120
Gabarito
1. Resposta: C 4. Resposta: A
59/120
Unidade 3
Financiamento dos gastos
Objetivos
Nesta aula vamos estudar o financiamento do gasto público. Como são as receitas
orçamentárias do governo? Quais os princípios teóricos de um sistema tributário ideal? Quais
as características do sistema tributário brasileiro? Quais as características da carga tributária
do Brasil? Essas são algumas das questões que vamos desenvolver em nossa aula.
60/120
1. Introdução
3. Princípios de tributação
3.1. Equidade
O princípio da equidade tem por objetivo a garantia de uma distribuição equitativa do ônus
tributário pelos indivíduos (“justiça fiscal”), podendo ser dividido em duas linhas de ação:
• Princípio do benefício: cada indivíduo deveria contribuir com uma quantia proporcional
aos benefícios gerados pelo consumo dos bens e serviços públicos.
• Princípio da capacidade contributiva: o ônus tributário deve garantir equidade horizontal
(contribuintes com a mesma capacidade de pagamento devem pagar o mesmo nível
de impostos) e equidade vertical (as contribuições dos indivíduos devem diferenciar-se
63/120 Unidade 3 • Financiamento dos gastos
conforme suas diversas capacidades competitivas.
de pagamento).
3.4. Simplicidade
3.2. Progressividade
Pelo princípio da simplicidade, a
O princípio da progressividade diz que administração do sistema tributário deve
se deve tributar proporcionalmente mais procurar ser a mais eficiente possível, de
quem tem renda mais alta. No Brasil, a forma a minimizar os custos demandados
progressividade aparece no IRPF, IPI, ITR, pela fiscalização e garantir um fácil
ICMS, IPVA, IPTU, ITR, IPVA e no (previsto) entendimento por parte dos indivíduos no
imposto sobre grandes fortunas. pagamento dos tributos.
6.2. Arrecadação de
6.1. Evolução contribuições sociais
Verifica-se forte aumento da carga No aumento da carga tributária destaca-
tributária do Brasil, da ordem de 10% do se o aumento na arrecadação das
PIB, entre 1995 e 2011, quando atingiu contribuições sociais federais, que em
35,3% do PIB (cf. AFONSO et al., 2013,
70/120 Unidade 3 • Financiamento dos gastos
conjunto alcançaram 12,9% do PIB 6.3. Receita por tributo e com-
em 2010, contra 8,1% em 1995 (cf. petência
AFONSO, 2011, p.10). Destaque-se
que esse processo está ligado não só Em 2011, a carga tributária do governo
às necessidades de financiamento da federal totalizou 24,7% do PIB, sendo 8,8%
seguridade social, mas também ao ajuste do PIB no orçamento fiscal e 13,1% do PIB
fiscal do governo federal, pois a receita das no orçamento da seguridade social, sendo
contribuições sociais, além de não serem de 8,6% do PIB a dos Estados e de 1,9%
partilhadas com Estados e Municípios, do PIB a dos Municípios. A arrecadação de
existe também a atualmente chamada tributos apresenta-se muito concentrada
Desvinculação de Receitas da União (DRU), no governo federal (70% do total) (cf. RFB,
que permite que 20% do produto dessa 2012, p.9).
arrecadação tenha livre aplicação do
governo. 6.4. Receita disponível por es-
fera de governo
76/120
Considerações Finais
79/120
Considerações Finais
80/120
Referências
ARVATE, P. & BIDERMAN, C. Economia do Setor Público no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
GIAMBIAGI, F. & ALÉM, A. C. Finanças Públicas – Teoria e Prática no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier,
2008, 3ª ed.
MINISTÉRIO da Fazenda (MINFAZ) / Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Consolidação das
Contas Públicas, 2009. Brasília: Portaria nº 365, de 29/06/2010.
MINISTÉRIO do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) / Secretaria de Orçamento Federal
(SOF). Ementário da Classificação das Receitas Orçamentárias da União. Brasília, 2010. Disponível
em: http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/arquivos-receitas-
publicas/Ementario_2010a.pdf
RECEITA Federal do Brasil (RFB). Carga Tributária no Brasil 2011. Brasília, (Estudos
Tributários), Novembro de 2012. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/
estudoTributarios/estatisticas/CTB2011.pdf
83/120
Questão 2
2. A respeito dos princípios da tributação, indique a alternativa incorreta:
a) O princípio da equidade tem por objetivo a garantia de uma distribuição justa do ônus
tributário pelos indivíduos.
b) O princípio do benefício afirma que cada indivíduo deveria contribuir com uma quantia
proporcional aos benefícios recebidos do governo.
c) O princípio da capacidade contributiva afirma que o ônus tributário deve garantir
equidade horizontal e vertical.
d) O princípio da neutralidade estabelece que a tributação deve interferir na alocação de
recursos da economia.
e) O princípio da simplicidade afirma que se deve facilitar a cobrança dos tributos.
84/120
Questão 3
3. Assinale a alternativa incorreta dentre as afirmações a respeito da
incidência tributária
85/120
Questão 4
4. Assinale a alternativa incorreta a respeito do sistema tributário
brasileiro:
86/120
Questão 5
5. Não está correta a seguinte afirmação sobre a carga tributária do Brasil:
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Gabarito
Objetivos
Nesta aula nós vamos estudar o déficit público e a dívida pública. Quais os conceitos e medidas
utilizados para a mensuração do déficit e dívida? Como saber se a situação fiscal do governo é
sustentável ao longo do tempo? Como são estimados os cenários para a evolução sustentável
da dívida pública ao longo do tempo? Como estão se comportando os indicadores fiscais
do Brasil no período recente? O que mostra a situação fiscal do Brasil em uma comparação
internacional? Essas são as questões que vamos desenvolver em nossa aula.
89/120
1. Introdução para mensuração da dívida e do déficit
público é o de setor público não financeiro
O estudo do déficit público e seu mais o Banco Central. O Banco Central é
financiamento através da dívida pública incluído no conceito de setor público para
remetem à questão da sustentabilidade a apuração da dívida líquida pelo fato de
fiscal: o governo vai conseguir pagar os transferir seu lucro automaticamente para
serviços da dívida ao longo do tempo? o Tesouro Nacional. Considera-se setor
Uma questão que necessita ser público não financeiro as administrações
inicialmente esclarecida trata dos diretas federais, estaduais e municipais;
conceitos e medidas do déficit e dívida as administrações indiretas, o sistema
pública. Essa é a questão que será público de previdência social e as empresas
analisada a seguir. estatais não financeiras federais, estaduais
e municipais, além da Itaipu Binacional.
2. Conceitos Incluem-se também os fundos públicos
que não possuem características de
2.1. Setor Público intermediários financeiros. O Banco
Central é incluído por transferir seu lucro
O conceito de setor público utilizado automaticamente para o Tesouro Nacional.
3. Sustentabilidade Fiscal
A sustentabilidade fiscal pode ser definida como a situação na qual se espera que o devedor
pague o serviço da dívida sem a ocorrência de aumento pouco realista na sua receita líquida.
Exclui situações de default (calote) e de esquemas financeiros “à la Ponzi” (servir a dívida com
dt = βt*dt-1 – spt(2)
βt = (1+rt)/(1+gt)
Onde: β = taxa de juros real ajustada pela taxa de crescimento real do PIB; sp = superávit
primário/PIB; r = taxa real de juros; g = taxa de crescimento real do PIB; d = dívida/PIB; t =
95/120 Unidade 4 • Déficit e Dívida Pública
tempo.
A equação (2) implica que a razão dívida/PIB será menor:
• Quanto menor for a taxa real de juros.
• Quanto maior for a taxa de crescimento do produto.
• Quanto menor for o coeficiente de endividamento inicial.
• Quanto maior for a razão entre o superávit primário e o PIB.
3.2. Cenários
Exemplo:
r = 6,0%
g = 4,0%
dt= 0,50
5. Indicadores Fiscais
Destaquem-se as seguintes informações a partir da análise das estatísticas fiscais para o ano
Link
Uma das fontes principais para análise comparativa internacional é o site do FMI, que disponibiliza
informações e análises econômicas e financeiras dos 188 países membros.
Site: http://www.imf.org/
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Considerações Finais
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Considerações Finais
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Considerações Finais
superavitários para deficitário, e dívida bruta aumentou de maneira
significativa.
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Referências
__________. Séries Temporais: Taxa de Juros Implícita. (Sítio visitado em 31.03.2014). Disponível
em: http://www.bcb.gov.br/?TAXADLSP
__________. Séries Temporais: Dívida Mobiliária Federal. (Sítio visitado em 31.03.2014).
Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?DIVMOB
__________. Séries Temporais: Necessidades de Financiamento do Setor Público. (Sítio visitado
em 31.03.2014). Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?SERIEFINPUB
__________. Séries Temporais: Dívida Líquida e Bruta do Governo Geral. (Sítio visitado em
31.03.2014). Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?DIVIDADLSP (até 2007); http://www.bcb.
gov.br/?DIVIDADLSP08 (a partir de 2008).
__________. Série Perguntas Mais Frequentes: Indicadores Fiscais. Brasília: Jan/2012. Disponível
em: http://www4.bcb.gov.br/pec/gci/port/focus/FAQ%204-Indicadores%20Fiscais.pdf
BIDERMAN, C. e ARVATE, P. Economia do Setor Público no Brasil. Elsevier Editora, 2004.
GIAMBIAGI, F.& ALÉM, A.C. Finanças Públicas. Rio de Janeiro: Campus, 2008, 3ª ed.
International Monetary Fund (IMF). World Economic Outlook Database (WEO), April 2012.
Disponível em: http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/01/weodata/index.aspx
__________. World Economic Outlook Database (WEO), October 2012. Disponível em: http://
www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/02/weodata/index.aspx
a) O conceito de setor público utilizado é o de setor público financeiro mais o Banco Central.
b) A dívida líquida do setor público é definida como o saldo líquido do endividamento do
setor público não financeiro e do Banco Central junto ao sistema financeiro, o setor privado não
financeiro e o resto do mundo.
c) A dívida líquida do setor público é utilizada como base para o cálculo do déficit público
“abaixo da linha”.
d) O conceito de dívida bruta refere-se ao governo geral, o que exclui por definição todas as
estatais e também o Banco Central.
e) O conceito de dívida bruta representa um indicador que contabiliza apenas os passivos
sob responsabilidade dos governos federal, estaduais e municipais.
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Questão 2
2. Indique a alternativa incorreta em relação ao conceito de necessidades
de financiamento do setor público (NFSP):
a) A NFSP é uma medida do resultado fiscal do setor público segundo o critério “abaixo da
linha“.
b) A NFSP representa a variação da dívida líquida do setor público em um determinado
período de tempo.
c) O resultado nominal da NFSP representa a variação nominal da dívida líquida do setor
público em um determinado período de tempo.
d) O resultado primário das NFSP representa a diferença entre o resultado nominal das NFSP
e as despesas de juros reais incidentes sobre a dívida líquida do setor público.
e) O resultado primário das NFSP corresponde à variação da dívida fiscal líquida, excluídos os
encargos financeiros nominais líquidos.
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Questão 3
3. Suponha um governo que apresentou o seguinte resultado em suas
contas em um dado ano: gastos não financeiros de 40, arrecadação tri-
butária de 50, e estoque de dívida pública no início do ano de 100. Con-
sidere também que, nesse mesmo ano, a taxa de juros nominal incidente
sobre a dívida pública foi de 10% e que a taxa de inflação foi de 5%. Nes-
sas condições, o cálculo do resultado primário (RP) e resultado nominal
(RN) está correto na alternativa:
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Questão 4
4. A respeito do conceito e medidas da sustentabilidade fiscal do governo
ao longo do tempo, indique a alternativa incorreta:
a) A sustentabilidade fiscal pode ser definida como a situação na qual se espera que o
devedor pague o serviço da dívida.
b) Uma situação à “la Ponzi” indica que a trajetória da dívida é insustentável.
c) A trajetória da dívida é sustentável se o governo só consegue pagar os serviços da dívida
com mais dívida.
d) Supondo que o financiamento do déficit público ocorra apenas por meio de dívida pública,
a restrição orçamentária do governo afirma que a variação da dívida durante o ano t é igual ao
déficit durante o ano t.
e) Como o PIB cresce ao longo do tempo, faz mais sentido analisar a sustentabilidade fiscal
através da evolução da razão dívida/PIB.
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Questão 5
5. Suponha que dt = [(1+rt)/(1+gt )]*dt-1 – spt , onde: sp=superávit primário/
PIB; r=taxa real de juros; g=taxa de crescimento real do PIB; d=dívida/PIB;
t = tempo. Se r=3%, g=3%, dt-1=50%, então o superávit primário necessário
para manter constante a relação dívida/PIB ao longo do tempo (solução de
“steadystate”) é de:
a) sp = 3%
b) sp = 4%
c) sp = 5%
d) sp = 6%
e) sp = 0%
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Gabarito
1. Resposta: A 3. Resposta: B
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Gabarito
5. Resposta: E
sp = [(1+0,03)/(1+0,03)]*0,50 – 0,50 = 0,00
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