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Índice

Introdução....................................................................................................................................2
Objectivos....................................................................................................................................2
Gerais:..........................................................................................................................................2
Específicos:..................................................................................................................................2
Metodologia.................................................................................................................................2
Passagem de Turno......................................................................................................................3
A Comunicação na Passagem de Turno.......................................................................................3
Tipos de passagem de turno.........................................................................................................4
Barreiras e Estratégias para uma efectiva Passagem de Turno.....................................................6
Problemas Gerais de Comunicação..............................................................................................7
Problemas Sociais e Hierarquia....................................................................................................7
Dicas para uma passagem de turno eficaz....................................................................................8
Diário clinico do paciente.............................................................................................................9
Organização do diário Clinico....................................................................................................12
Diário Clínico em Papel.............................................................................................................13
Vantagens dos registos em papel têm algumas...........................................................................14
Registo Clínico Electrónico........................................................................................................14
Cinco níveis de registos clínicos electrónicos............................................................................15
Utilização dos dados..................................................................................................................15
Conclusão...................................................................................................................................17
Referencias.................................................................................................................................18
Introdução
A segurança do paciente vem sendo alvo de preocupações desde a década de 90, época
em que foi publicado a importante obra “To err is human: building a safer health
system” do Instituto de Medicina (IOM), dando relevância ao tema (SILVA, 2016).
Dessa forma, anos mais tarde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu
segurança do paciente como a redução ao mínimo aceitável o risco de dano
desnecessário que esteja associado ao cuidado, sendo o dano considerado o
comprometimento da estrutura ou função do corpo ou qualquer efeito dele oriundo

A passagem de plantão é considerada um relatório da assistência prestada ao paciente


que geralmente é feito pelos profissionais ao final da jornada de trabalho para aqueles
que iniciam um novo turno. Sendo assim, os meios utilizados devem possibilitar que os
membros da equipe compreendam o que foi feito no plantão anterior e planejem sua
assistência, sendo que as informações recebidas devem ser claras, precisas e atualizadas

Objectivos

Gerais:
• Falar da passagem de turno e Diário Clinico;
• Idenficar a funcionalidade da passagem de turno e do diário clinico.

Específicos:
• Falar da importância da passagem de turno e diário clinico;
• Descrever a tipologia da passagem de turno e diário clinico;
• Identificar a comunicação e as barreiras da passagem de turno

Metodologia
A metodologia usada durante a pesquisa para a elaboração do presente trabalho de
pesquisa baseou-se no método de revisão bibliográfica que culminou na recolha de
informação na Internet em obras e livro e só depois de uma leitura e análise segui ˗se a
respectiva digitação

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Passagem de Turno
(Manser, Foster, Gisin et al, 2010). A OE (2001, p.1) define a passagem de turno como
“um momento de reunião da equipa de enfermeiros, tendo como objectivo assegurar a
continuidade de cuidados, pela transmissão verbal de informação, e como finalidade
promover a melhoria contínua da qualidade de cuidados, enquanto momento de análise
das práticas e de formação em serviço/em situação”.

É também um momento de cumplicidade entre profissionais, no qual se reflete acerca


das práticas prestadas, gerando mudanças de comportamento e atitudes.

De acordo com Meibner, Hasseljorn, Estryn-Behar et al (2007), a maior parte da


informação transferida durante a passagem de turno pode ser encontrada no processo do
paciente ou é irrelevante para a prestação directa de cuidados. Esta informação escrita
pode tornar-se rapidamente desactualizada e inadequada, pelo que a passagem de turno
assume um papel importante.

A informação trocada durante a passagem de turno deve ser precisa de modo a coincidir
com as metas de segurança do doente e deste modo promover a qualidade dos cuidados
prestados. Estudos demonstram que a falta de tempo, as interrupções e uma elevada
carga de trabalho são barreiras na comunicação, originando falta e ou perda de
informação acerca das condições do doente podendo levar a diagnósticos e
procedimentos incorretos. Deste modo, uma passagem de turno destruturada têm
contribuído para erros, omissões, eventos adversos, aumento da duração de
internamento ou reinternamentos evitáveis e aumento de custos.

A Comunicação na Passagem de Turno


A passagem de turno é considerada a comunicação oral entre profissionais de saúde de
informação pertinente acerca dos pacientes, sempre que acaba um turno e começa outro,
de forma a proporcionar cuidados seguros e contínuos. É um mecanismo de
transferência de informação, responsabilidade e autoridade que deveria, idealmente, ser
um momento de partilha de conhecimento ou de senso comum entre os profissionais de
saúde, contribuindo para uma continuidade dos cuidados de uma forma informal,
relacional e de gestão

A função da passagem de turno passa por comunicar a informação do paciente,


providenciando segurança e continuidade dos cuidados (Popovich, 2011). No entanto,
podem também ser atribuídas outras funções a este momento, como a função de
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socialização, de organização, de educação e de esclarecimento (O’Connell, Macdonal &
Kelly, 2008). A passagem de turno pode funcionar também como uma oportunidade
para integrar novos elementos na cultura do serviço, ajudando-os a atingir metas e
valores profissionais, desenvolvendo também a coesão de grupo (Chaboyer, McMurray
& Wallis, 2010).

A passagem de informação entre enfermeiros ocorre, essencialmente, na troca de turno,


cuja frequência pode ser duas, três ou mais vezes durante o dia, nos sete dias da semana.
É um processo determinante do quotidiano profissional do enfermeiro, uma vez que
representa um tempo de simbolismo significativo, pela avaliação do trabalho realizado
num turno, pela organização do turno seguinte e pela discussão dos assuntos e dos
problemas surgidos (Ferreira, Luzio & Santos, 2010).

Tipos de passagem de turno


Smeulers, Tellingen, Lucas et al (2012) descreve a existência de diferentes tipos de
passagem de turno, que decorrem em diversos momentos do dia, sendo:

 Tradicional
 Junto à cama do paciente
 Verbal
 Gravada
 Oral

Passagem de turno Tradicional

Os enfermeiros passam informação lendo o registo de saúde do paciente, o que inclui


notas de evolução, medicação e planos. Durante uma passagem de turno tradicional, a
interação cara a cara acontece entre enfermeiros, habitualmente dentro de uma sala
adequada ou num outro lugar longe da cama do paciente.

Junto à cama do paciente

Esta passagem de turno localiza-se junto à cama do paciente, promovendo a


participação do paciente no seu tratamento, encorajando-o através de uma conversa face
a face e colocando o paciente como ponto central na troca de informação).

A passagem de turno junto à cama dos pacientes foi identificado como uma estratégia
importante para melhorar os cuidados centrados no paciente (Chaboyer, McMurray &

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Wallis, 2010). Este tipo de passagem de turno permite aos pacientes uma maior
envolvência na discussão do seu próprio internamento, assim como uma maior
proximidade do enfermeiro com o paciente e com a sua documentação (O’Connell,
Macdonal & Kelly, 2008). Permite, ainda, ao enfermeiro visualizar o paciente, ao
mesmo tempo que coloca as suas questões aos colegas e aos pacientes.

Este método encoraja o paciente a estar envolvido activamente no seu plano de cuidados
e ainda cria uma estandardização na comunicação entre os turnos (Maxson, Derby,
Wrobleski et al, 2012)

Passagem de turno verbal

Verbal (localizada em sala própria, o enfermeiro responsável por um grupo de pacientes


troca informação relevante e documentada com os colegas). Esta passagem de turno
pode ser considerada demasiado longa, com informação desnecessária e irrelevante em
vez de informação coerente, confiável e precisa baseada no processo escrito do paciente
(Chaboyer, McMurray & Wallis, 2010), contudo é esperado que a informação
transmitida seja o mais pertinente e actual possível. Outros autores consideram que a
passagem de turno verbal pode ser considerada como parcial, enigmática e
notavelmente casual (Riesenberg, Leitzsch & Cunningham, 2010).

Passagem de turno oral

Enquanto numa passagem de turno oral a tendência será para discutir aspectos físicos e
sociais; o conteúdo escrito da documentação não é, muitas vezes, encarado como uma
parte dos cuidados ao paciente (Meibner, Hasseljorn, Estryn-Behar et al, 2007).

Passagem de turno gravada

Esta passagem de turno ultrapassa algumas limitações do processo de passagem de


turno convencional, pelo que consome menos tempo dos profissionais e a informação
tende a ser mais objectiva quando transmitida desta forma. Contudo, torna-se difícil de
clarificar a informação, assim como as oportunidades de formação profissional aspiram
a ser mais reduzidas (O’Connell, Macdonal & Kelly, 2008).

Este tipo de passagem de turno, assim como as passagens de turno apenas escritas, não
apresentam oportunidade para uma socialização ou partilha de sentimentos entre
profissionais (Meibner, Hasseljorn, Estryn Behar et al, 2007)

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A passagem de turno gravada tende também a ser retrospectiva, com uma informação
baseada no tratamento, em vez de estar direccionada para um planeamento futuro
(Chaboyer, McMurray & Wallis, 2010). Os relatórios gravados são também mais
propensos a produzir omissões do que as passagens de turno cara a cara; contudo, são
menos prováveis de conter incongruências (Riesenberg, Leitzsch & Cunnigham, 2010).

Analisando os resultados do estudo de O’Connell, Macdonal & Kelly (2008), os


enfermeiros preferem conduzir a passagem de turno junto à cama do paciente, uma vez
que podem observar e assim estabelecer prioridades no seu trabalho (Maxson, Derby,
Wrobleski et al, 2012).

Por outro lado, os pacientes apontam como pontos negativos deste tipo de passagem de
turno o comprometimento da confidencialidade, a despersonalização e a pouca
interacção com o Enfermeiro, apontando ainda a informação transmitida como
repetitiva, pouco interessante e com linguagem técnico-científica (Ferreira, Luzio &
Santos, 2010).

Nesta sequência o Conselho Jurisdicional da OE emitiu um parecer, em 2001,


esclarecendo que esta prática não colocava em causa os direitos do paciente, uma vez
que as informações transmitidas próximas de terceiros, devem sempre salvaguardar o
direito dos pacientes à privacidade e à confidencialidade (Ferreira, Luzio & Santos,
2010). Contudo, os enfermeiros encaram a passagem de turno junto ao paciente de uma
forma positiva, acreditando que desta forma a informação é mais precisa, pelo que a
presença do paciente prontifica o profissional a recordar toda a informação que deve ser
transmitida, assim como permitia ao profissional que se encontra a receber a
informação, a colocar questões e a clarificar informação (Chaboyer, McMurray &
Wallis, 2010).

Barreiras e Estratégias para uma efectiva Passagem de Turno


A falha na comunicação entre elementos da equipa pode causar enganos que ameaçam a
segurança do paciente. Os esforços feitos no sentido de melhorar a qualidade e
segurança do paciente estão dependentes do trabalho em equipa e são prejudicados pelas
barreiras da comunicação e da colaboração existentes na mesma (Evanoff, Potter, Wolf
et al 2005). Existem poucos estudos que avaliem intervenções para melhorar a
qualidade da passagem de turno. A maior parte das intervenções envolvem a
implementação de um protocolo na passagem de turno, o que, nalguns estudos

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demonstrou evidência no aumento da qualidade neste momento (Manser, Foster, Gisin
et al, 2010).

Segundo Riensenberg, Leitzsch & Cunningham (2010), existem diversos tipos de


barreiras que dificultam a efectividade de uma passagem de turno, podendo estas ser
categorizadas em oito categorias; sendo a barreira da comunicação considerada a mais
frequente. Assim, existem categorias de barreiras, na qual se encontram incluídos: as
barreiras na comunicação, nas quais se encontram incluídos os problemas gerais de
comunicação e problemas sociais e de hierarquia.

Nas barreiras de comunicação relacionadas com estruturas hierárquicas estão incluídos


factores como falta de comportamentos de suporte ou pobre relação entre os pares; pelo
que uma atitude de compreensão por parte da hierarquia e dos superiores com os quais
os enfermeiros trabalham, assim como as regras “não escritas” de uma passagem de
turno são factores a ter em conta para melhorar as passagens de turno (Riesenberg,
Leitzsch & Cunnigham, 2010).

Problemas Gerais de Comunicação


 Conversas cruzadas durante a passagem de turno
 Informação escrita ilegível
 Omissões/Informação imprecisa
 Informação perdida ou incompleta
 Erros/Mal entendidos
 Impossibilidade de contactar o enfermeiro responsável
 Falha ao comunicar a importância das questões
 Falha em compreender qual informação é essencial
 Discurso Desorganizado
 Informação baseada na documentação
 Ocorrência de lapsos
 Estado actual do paciente não partilhado

Problemas Sociais e Hierarquia


 Problemas relacionais,
 Problemas associados com a estrutura hierárquica da equipa,
 Cultura de culpabilização que inibe os profissionais de questionar,

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 Confusão nos papeis e responsabilidades de cada membro da equipa,
 Problemas de comunicação com a equipa médica,
 Assuntos culturais,
 Barreiras de linguagem, barreiras étnicas
 Falta de comportamentos de suporte
 Pobre relação entre os pares

Por sua vez, Runny (2012) também definiu as barreiras existentes numa passagem de
turno: a falta de educação nas escolas de enfermagem a este nível, um sistema de saúde
que suporta uma autonomia e performance individual, falta de interesse por parte dos
pacientes e seus familiares no processo do cuidar, resistência por parte do staff na
mudança, falta de tempo para dedicar às passagens de turno, problemas físicos no local
propícios a barulho e interrupções constantes, barreira na linguagem entre médicos e
pacientes, falhas no processo de comunicação (como falhas técnicas no fax ou e-mail),
falta de evidência científica e dados para identificar a melhoria prática nas passagens de
turno e, ainda, falta de recursos financeiros para implementar processos padronizados de
passagens de turno.

Estudos demonstram que a falta de tempo, as interrupções e uma elevada carga de


trabalho são barreiras na comunicação, originando falta/perda de informação acerca das
condições do paciente podendo levar a diagnósticos e procedimentos incorrectos
(Burley, 2011).

Dicas para uma passagem de turno eficaz


Runy (2012) fornece algumas dicas para uma passagem de turno efectiva, sendo elas a
permissão de uma passagem de turno cara a cara sempre que possível, garantir que
existe uma comunicação em dois sentidos durante o processo da passagem de turno,
permitir à passagem de turno o tempo que for necessário, utilizando forma verbal e
escrita, conduzir a passagem de turno junto a cama do paciente sempre que possível,
envolvendo pacientes e familiares neste processo, permitindo clarificar a informação
transmitida, envolver os colegas no desenvolvimento da passagem de turno, incorporar
certas técnicas, requerendo uma verificação que a informação está a ser recebida e
entendida. O autor aponta ainda que a transmissão de responsabilidade efectiva para o
colega é essencial, pelo que a tecnologia deverá ser tida em conta para agilizar a troca

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de informação precisa e monitorizar a eficácia da passagem de turno e transmiti-la ao
pessoal.

: Exemplo de Comunicação Eficaz na Passagem de Turno

Política Providenciar uma abordagem padronizada para uma comunicação na passagem de


turno entre profissionais de saúde.

Garantir que o enfermeiro que transmite a informação possui informação actualizada


Enfermeiro tendo em conta o estado do paciente, medicação, planos
tratamento
de e alterações
.
significantes

Envolver o paciente e sua família nas decisões do seu plano de cuidados, assim
Paciente como do nível da sua envolvência no tratamento.
Providenciar informação perceptível ao paciente acerca da sua condição clínica e
seu plano de tratamento.

Usar uma abordagem padronizada para minimizar mal entendidos.


Comunicação na Atribuir tempo suficiente para colocar e responder questões.
passagem de turno Incorporar a repetiçãode informaçãocomoparte do processoda passagemde
turno.
Limitar a troca de informação ao que é estritamente necessário para providenciar
cuidados seguros ao paciente.
Providenciar ao paciente e ao próximo prestador de cuidados informação
acerca do
diagnóstico, tratamento, medicação e resultados de exames.

Diário clinico do paciente.


É um registo que contém informação clínica da saúde e da doença de um paciente, após
este ter procurado auxílio médico. Habitualmente as notas são feitas por médicos,
enfermeiros e outros profissionais de saúde. Estes registos contém considerações,
achados, resultados de meios complementares de diagnóstico e informações sobre o
tratamento do processo patológico. Ou seja dele devem constar a anamnese, o
diagnóstico, o registo dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica
realizados, a medicamentação prescrita e seu doseamento, incidentes adversos
ocorridos, formulários de consentimento informado e de alta médica voluntária, bem
como conversas relevantes tidas com o paciente.

A Lei n.º 25/2012, de 16/07, diploma regulador das diretivas antecipadas de vontade,
reforçou a importância do processo clínico, dado que impõe o registo no processo de
qualquer decisão de “iniciar, não iniciar ou de interromper a prestação de um cuidado de
saúde, [decisão essa que] deve ser inscrita no processo clínico do outorgante”, assim
como as decisões médicas que desatendam ao disposto na diretiva antecipada de
vontade e respetiva justificação.

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Um processo clínico completo e acurado, sendo fundamental no funcionamento de uma
instituição e no relacionamento médico/paciente, é especialmente importante em sede
de prova em tribunal do consentimento informado do paciente. Em regra os médicos
confiam em formulários-padrão para esse efeito, mas os tribunais começam a rejeitar
esse meio de prova, alegando que não passa de uma assinatura num documento,
desprovida de conteúdo substancial. Perante a crescente fragilidade destes formulários
os processos clínicos assumem novo destaque, dado que um processo que exprima um
registo fidedigno das conversas mantidas com o paciente se revela como o melhor meio
de prova de uma relação médico-paciente que seja genuinamente concretizadora do
consentimento informado que a lei exige. A ausência de prova do consentimento
informado pode implicar a condenação ao pagamento de uma indemnização e/ou ao
cumprimento de uma pena por prática criminosa.

O registo do doente é um conjunto ordenado de documentos que contêm todos os dados


(quer sejam médicos ou administrativos) recolhidos a um paciente.

O registo clínico é usado na prática clínica, e contém registos feitos por médicos e
outros profissionais de saúde.

Este registo contém dados relativos:

 À história clínica;
 Exame físico;
 Diário;
 Diagnósticos;
 Tratamentos efectuados;

O processo clínico ou diário clinico propriamente dito envolve uma série de etapas
como observação, decisão e plano de acção. Só se pode perceber a organização do
processo clínico em geral, e do processo clínico em papel ou electrónico, em
particular se se conhecer os vários tipos de informação que se dispõe para se tomar
uma decisão clínica.

Numa primeira fase, a partir da observação de dados recolhidos do paciente, que


incluem dados narrativos, como a história clínica ou a opinião do médico, medidas

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numéricas, como dados do exame físico (temperatura, tensão arterial, idade, etc) é
gerada informação.

Depois com base no conhecimento do clínico, existe uma interpretação desta


informação que dá origem a hipóteses de diagnóstico. Em presença do diagnóstico
(doença) é iniciada uma acção terapêutica.

É com base nesta informação que é organizado o processo clínico. Este contém
toda a informação relativa à saúde e à doença de um paciente desde o momento
que ele contactou o profissional de saúde.

A informação existente num diário clinico corresponde a informação


maioritariamente alfanumérica, ou seja, que pode ser representada por
caractéres ou dígitos. A restante informação não textual, fundamentalmente
aquela proveniente dos meios complementares de diagnóstico, como sinal ou
imagem, habitualmente não está disponível juntamente com o processo clínico
(ex: imagens das endoscopias só são visualizadas quando explicitamente
solicitadas), não ficando toda a informação clínica de um dado doente
disponível como um todo. Neste tipo de registo podemos normalmente
distinguir na sua organização dados de:

Carácter administrativo:

 Nome

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 Data de nascimento
 A identificação do doente

Dados médicos fixos (ocorrências singulares):

 Sexo
 Grupo sanguíneo
 Alergias

Outros dados médicos (ocorrências múltiplas de dados ou dados temporais):

 História clinica
 Exame obectivo
 Diagnósticos
 Procedimentos
 Terapêutica

A organização do processo clínico depende das preferências do clínico e das


orientações do local onde trabalha.

Organização do diário Clinico


Existem tipicamente 3 tipos de organização do registo clinico:

Time-oriented medical record - em que os dados clínicos do doente e as observações


são registadas de forma cronológica.

Este tipo de organização é característica da medicina efectuada antes do advento dos


meios complementares de diagnóstico, em que o que o médico registava era aquilo que
o doente lhe contava e aquilo que ele observava, organizando a informação
cronologicamente.

Source-oriented medical record - os dados clínicos são organizados consoante a sua


origem, ou seja, a proveniencia da informação determina a sua catalogação e
consequente registo. A ordem é dada pela origem da informação, são exemplos:

• História clínica

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• Exame físico
• Resultados dos meios complementares de diagnóstico

Problem-oriented medical record - em que a informação clínica é organizada por


problema.

Este tipo de organização da informação clínica surgiu nos anos 60, e a cada doente é
atribuído um ou mais problemas. Para cada problema os dados clínicos são organizados
de acordo com a estrutura SOAP.

• S - Subjectivo - dados da história clinica;


• O - Objectivo - dados do exame físico;
• A - Análise - resultados de exames auxiliares de diagnóstico e conclusões
como diagnósticos
• P - Plano - plano médico, tratamento ou atitude

Diário Clínico em Papel


O registo clínico em papel é uma forma de registo clínico, tal como está descrita no
capítulo anterior, em que os dados clínicos são introduzidos de forma manuscrita, e
toda a informação clínica é anexada a este processo em papel.

Como se pode compreender a partir da organização do processo clínico, os dados


clínicos de um paciente tem origens muito diversas, desde história clínica e exame
objectivo até resultados de exames auxiliares de diagnóstico.
O registo clínico é um sistema de armazenamento de informação clínica, que serve
de base à prestação de cuidados de saúde. Assim, necessita de integrar informação
proveniente de diversas fontes.

Como se pode ver pela figura o registo clínico em papel corresponde à


centralização de todo a informação clínica do doente, não permitindo feed-
back desta informação.

A estruturação da informação clínica introduzida no processo em papel depende do


médico ou da organização do serviço ou departamento. É possível que os dados
clínicos não tenham qualquer estruturação. Tal como é habitual os dados são

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organizados de forma cronológica. Por este motivo a forma de acesso à
informação está limitada.

Outros inconvenientes são:

• Ilegibilidade dos registos médicos por outros profissionais de saúde


• Inconsistência de formato e de localização da informação
• Falta de estruturação interna dos registos
• Perda de informação
• Duplicidade de informação.

Vantagens dos registos em papel têm algumas


• São facilmente transportáveis
• A introdução de dados está facilitada
• Cada profissional adapta o registo às suas preferências
• Versatilidade no registo de dados
• Não obrigam a formação específica

Registo Clínico Electrónico


Uma das aplicações mais directas da informática à medicina, prende-se com a criação
dos registos clínicos electrónicos, na tentativa de substituir os registos clínicos em
papel. É importante referir que os registos clínicos electrónicos vão muito além da
informatização dos registos em papel. Estes sistemas permitem:

 Auxiliar na prestação de cuidados de saúde


 Auxiliar a decisão clínica
 Avaliar a qualidade dos cuidados prestados
 Fazer a gestão e planeamento dos recursos de saúde
 Auxiliar na investigação
 Auxiliar na educação médica

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Relação das várias etapas da actividade médica com os sistemas de informação e
relação com outras áreas.

Cinco níveis de registos clínicos electrónicos


Baseado no trabalho de Peter Waegmann, MRI, 1997.

• Registo Clínico Automatizado: funciona em paralelo com o registo em


papel; passos incrementais para a informatização; inicio de reengenharia.
• Registo Clínico Computadorizado: imagem do documento; documentação
tradicional mas sem papel; aumento da reengenharia.
• Registo Clínico Electrónico: os profissionais interagem com o computador;
diferentes fontes de informação; reengenharia completa com funcionalidade
adicionais.
• Registo Electrónico do Paciente: informação de saúde e interoperabilidade;
regional / nacional / global; consenso em relação a confidencialidade /
segurança.
• Registo Electrónico de Saúde: envolvimento do utente; bem-estar
integrado; informação de saúde não tradicional.

Utilização dos dados


Os sistemas de informação em saúde são habitualmente usados em quatro níveis
diferentes, que corresponde também a níveis diferentes de complexidade:

 Nível pessoal: o médico, o enfermeiro e o paciente


 Nível departamental: que corresponde a um sistema de um departamento
clínico hospitalar ou um sistema ao nível dos cuidados primários

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 Nível institucional: um sistema existente num hospital
 Nível regional: política de saúde

Um registo clínico para além de poder conter toda a informação clínica relatica
a um paciente, independentemente da origem, também pode permitir a
visualização dos dados clínicos, sob várias formas, pode partilhar informação
entre vários utilizadores, pode restringir o acesso aos dados clínicos ou mesmo
disponibilizar formas de analisar a informação. 

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Conclusão
A melhoria da qualidade obriga à Gestão “um total repensamento da estrutura e da
prática dos serviços de saúde visando adequá-las à sua verdadeira missão. É também um
repensamento dos conceitos, das atitudes e das metodologias de trabalho” (Mezomo,
2001, p.108). A segurança na prestação de cuidados de saúde é indissociável da
qualidade pelo impacto nos resultados administrativos, clínicos e financeiros mas
também pela satisfação e reputação dos pacientes. A segurança do paciente tornou-se
um dos maiores desafios dos cuidados de saúde do século XXI, o que alertou a OMS
para a importância da comunicação como determinante da qualidade e da segurança na
prestação de cuidados.

Com o período de teste e reorganização da fermenta foi possível identificar a


importância que a mesma constitui para os setores, principalmente no que concerne a
segurança do paciente, possibilitando a identificação de problemas e organização de
soluções.

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Referencias
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ume estudo bibliográfico. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências
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http://arquivosmedicos.fcmsantacasasp.edu.br/index.php/AMSCSP/article/viewFile/49/
35. Acesso em: 14 jun. 2021.

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