Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Depois de uma acusação de corrupção, Bacon foi condenado a pagar uma multa e
foi proibido de exercer cargos públicos, encerrando sua carreira para a coroa.
Enquanto exercia os atributos de suas funções públicas, ele redigiu e publicou
algumas obras que entraram para a história da compreensão da natureza, do
conhecimento humano e das ciências. A mais importante obra foi publicada em
1620: o “Novum Organom” (que inicia a fase de maior êxito do compêndio
Instauratio Magna). Bacon faleceu em 1626, vítima de pneumonia."
"Bacon e o empirismo
Francis Bacon foi um grande crítico das ideias aristotélicas que abriram caminho
para o reconhecimento da importância de entender o mundo por meio da
experiência prática. Vale lembrar que criticar não significa abandonar, pelo contrário,
a crítica aqui é algo positivo. Para o filósofo inglês, Aristóteles estava certo ao
reconhecer a primazia do empirismo, no entanto desenvolveu um método errado
quando aplicado às ciências da natureza. O método aristotélico era suficiente para
entender a lógica e a linguagem, mas insuficiente para o entendimento correto da
natureza.
A modernidade foi marcada pela revolução científica, movida por nomes como
Galileu Galilei e Isaac Newton. Precisamos, contudo, reconhecer a importância de
Bacon nesse movimento. O filósofo inglês propôs uma crítica ao empirismo
aristotélico a ponto de reorganizar as bases do conhecimento, propondo um método
complexo. As considerações propostas por Bacon foram levadas em consideração
por Galileu para a formulação de seu método científico."
"O ser humano tem à sua disposição um conjunto de ferramentas intelectuais que o
proporciona o domínio da natureza. Aliás, esse domínio da natureza é um tema
comum na modernidade. A ideia central da crítica dos ídolos é a superação das
antigas bases do conhecimento, assentadas no aristotelismo, por uma nova
concepção que permita o maior desenvolvimento da ciência, a ponto de garantir o
domínio humano sobre a natureza.
Em todo esse movimento, existem ídolos que dificultam o nosso caminho de chegar
ao conhecimento mais completo e verdadeiro. Os quatro ídolos apontados por
Bacon são apresentados a seguir.
Ídolos da tribo: fazem parte da tribo humana por pertencerem à nossa natureza. Há
uma tendência humana de buscar a compreensão dos fenômenos à sua volta, aliás,
é isso que movimenta a vontade de dominar a natureza. Para Bacon, há uma
tendência de estabelecer vínculos causais por meio da observação do universo que
nos leva à criação de uma falsa causalidade. Como exemplo, podemos citar o ato
de nascer do Sol. O Sol aparece para nós todos os dias, movimento que chamamos
de “nascer” do Sol. Criamos, então, um vínculo causal que diz que o Sol nascerá
todos os dias.
Ídolos da caverna: temos uma individualidade que circunda todas as pessoas e que
nos aprisiona: uma caverna, que é o nosso próprio corpo. Quando Bacon recorre à
imagem da caverna, ele está fazendo referência à alegoria de Platão, que pensou o
corpo e os seus sentidos como uma caverna que nos engana. Nós somos impelidos
então por um ímpeto de confiar cegamente nos sentidos do corpo.
Ídolos do fórum: nós temos e nutrimos uma vida pública que faz parte da concepção
de vida humana. Essa vida pública é regida pelas regras de uma espécie de jogo da
linguagem, que, por sua vez, pode se colocar como um entrave para o verdadeiro
conhecimento da natureza, pois tendemos a comprar os discursos oferecidos no
fórum.
Método indutivo
Tratamos até agora de mostrar como Bacon criticou a filosofia aristotélica e tentou
sustentar novos pilares para o maior desenvolvimento da ciência na modernidade. O
que Bacon criticava em Aristóteles era, sobretudo, a sua maneira de conhecer o
mundo (que beira o empirismo e o método indutivo, mas corre de maneira mais
solta e menos metódica).
Bacon propôs, para concluir sua tarefa com êxito, um novo método indutivo, que
recorre ao conhecimento empírico e se utiliza da crítica aos ídolos, tendo nestes a
percepção do que não se deve fazer. O método baconiano está assentado em
quatro passos que acompanham o trabalho daquele que quer conhecer a natureza
com maior certeza e veracidade:
Vejam que esse método está presente em grande parte do trabalho de pesquisa nas
ciências naturais. Os cientistas buscam proceder por meio desse método para
induzir uma resposta (daí o nome indutivo), pois ele parte de um recorte de
observação (observa-se parte do todo) para formular uma teoria que se pretenda
geral (que abarca o todo).
“Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco.”