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Moderna
Prof Martin Motloch
Modernidade
Conceito de modernidade: ruptura com a tradição, oposição entre o
antigo e o novo, valorização do novo, ideal do progresso, ênfase na
individualidade, rejeição da autoridade institucional.
Principais causas: Grandes transformações no mundo europeu dos
sécs. XV-XVI com a descoberta do Novo Mundo (Américas); surgimento
de importantes núcleos urbanos em algumas regiões; principalmente
na Itália; desenvolvimento de atividade econômica; sobretudo
mercantil e industrial.
A imprensa, após a invenção do tipo móvel por Johannes Gutenberg,
disseminou-se neste período e desempenhou um papel fundamental
na revolução científica e reforma protestante.
Grandes Transformações I
Humanismo renascentista: importância das artes plásticas, retomada do
ideal clássico greco-romano em oposição à escolástica medieval, valorização
do homem enquanto indivíduo, de sua livre-iniciativa e de sua criatividade.
Reforma protestante: crítica à autoridade institucional da Igreja, valorização
da interpretação da mensagem divina nas Escritas pelo indivíduo, ênfase na
fé como experiência individual.
Grandes Navegações: 1492 Cristóvão Colombo chegou ao que chamou as
"Índias ocidentais“; Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para a
Índia, Cabral descobre Brasil.
Redescoberta do ceticismo: a oposição entre o antigo e o moderno suscita a
problemática cética do conflito das teorias e da ausência de critério
conclusivo para a decisão sobre a validade destas teorias.
Revolução Científica I
Revolução científica: rejeição do modelo geocêntrico do cosmo e sua
substituição pelo modelo heliocêntrico, noção de espaço infinito, visão
da natureza como possuindo “uma linguagem matemática, ciência ativa
versus ciência contemplativa antiga.
A visão, inaugurada com a revolução científica, de uma ciência
experimental, integrada com a técnica e tendo uma preocupação
prática é representativa da visão do mundo no início da Modernidade
Copérnico (1473-1543) , Kepler (1571-1630)
Galileu Galilei (1564-1642),
Revolução Científica II
No início do século XVI, foram a publicação das obras De revolutionibus
orbium coelestium ("Das revolucões das orbitas celestes") por Nicolau
Copérnico e De Humani Corporis Fabrica ("Da Organização do Corpo
Humano") por Andreas Vesalius. A publicação do Diálogo dos Grandes
Sistemas, por Galileu Galilei e o enunciado das Leis de Kepler
impulsionaram decisivamente a revolução científica.
Galileu I
A criação, por Galileu (1564-1642)da ciência moderna (nova ciência)
Há três tipos de razões que fizeram de Galileu o pai de uma nova forma
de encarar a natureza: (1) deu autonomia à ciência, fazendo-a sair da
sombra da teologia e da autoridade livresca da tradição aristotélica;(2)
aplicou pela primeira vez o novo método, o método experimental,
defendendo-o como o meio adequado para chegar ao conhecimento;
(3) deu à ciência uma nova linguagem, que é a linguagem do rigor, a
linguagem matemática.
Os dois Livros: O livro da Natureza e O Livro Divino
Galileu II
Um exemplo do pioneirismo de Galileu na utilização do método
experimental é o da utilização do famoso plano inclinado, por si
construído para observar em condições ideais (ultrapassando os
obstáculos da observação direta) o movimento da queda dos corpos.
Pôde, desse modo, repetir as experiências tantas vezes quantas as
necessárias e registar meticulosamente os resultados alcançados.
“O livro da natureza está escrito em linguagem matemática e as letras
são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem as quais é
humanamente impossível entender uma só palavra.”
Galileu III
Quando dois corpos quaisquer são abandonados, no vácuo ou no ar
com resistência desprezível, da mesma altura, o tempo de queda é o
mesmo para ambos, mesmo que eles possuam pesos diferentes.
t = (2h/g)
g: aceleração da gravidade
A descrição matemática da realidade trouxe consigo uma ideia
importante: conhecer é medir ou quantificar. Nesse caso, os aspectos
qualitativos não poderiam ser conhecidos. Também as causas primeiras
e os fins últimos aristotélicos, pelos quais todas as coisas se explicavam,
deixaram de pertencer ao domínio da ciência.
Galileu IV
Com Galileu a ciência aprende a avançar em pequenos passos,
explicando coisas simples e avançando do mais simples para o mais
complexo.. Inicialmente, parecia que a ciência estava mais interessada
em explicar o “como” das coisas do que o seu “porquê”; por exemplo,
parecia que os resultados de Galileu quanto ao movimento dos corpos
se limitava a explicar o modo como os corpos caem e não a razão pela
qual caem.
Função em vez de essência
Bacon
Francis Bacon (1561- 1626)
ocupou-se especialmente da metodologia científica e do empirismo,
sendo muitas vezes chamado de "fundador da ciência moderna". Sua
principal obra filosófica é o Novum Organum.
A ciência deve restabelecer o imperium hominis (império do homem)
sobre as coisas. A filosofia verdadeira não é apenas a ciência das coisas
divinas e humanas. É também algo prático. Saber é poder. A
mentalidade científica somente será alcançada através do expurgo de
uma série de preconceitos por Bacon chamados ídolos. O
conhecimento, o saber, é apenas um meio vigoroso e seguro de
conquistar poder sobre a natureza. “Temos que torturar a natureza
para ela revelar os seus segredos’’
Ídolos
Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos)
que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos
homens que dizem fazer ciência:
Idola Tribus (ídolos da tribo): Ocorrem por conta das deficiências do
próprio espírito humano. Eles são inerentes à natureza humana, à própria
tribo ou raça humana (limitações da espécie humana).
Idola Specus (ídolos da caverna): De acordo com Bacon, cada pessoa possui
sua própria caverna, que interpreta e distorce a luz particular, à qual estão
acostumados..Portanto, os ídolos da caverna perturbam o conhecimento,
uma vez que mantêm o homem preso em preconceitos e singularidades
(subjetividade e particularidade de cada um indivíduo).
Ídolos
Idola Fori (ídolos do foro ou de mercado): Segundo Bacon, os ídolos do foro
são os mais perturbadores, já que estes alojam-se no intelecto graças ao pacto
de palavras e de nomes. Para os teóricos matemáticos um modo de restaurar a
ordem seria através das definições. Percebe-se portanto, que as palavras
possuem certo grau de distorção e erro.
Idola Theatri (ídolos do teatro): Os ídolos do teatro têm suas causas nos
sistemas filosóficos e em regras falseadas de demonstrações. Os falsos
conceitos, são as ideologias, essas são produzidas por engendramentos
filosóficos, teológicos, políticos e científicos, todos ilusórios. Os ídolos do
teatro, para Bacon, eram os mais perigosos, porque, em sua época,
predominava o princípio da autoridade – os livros da antiguidade e os livros
sagrados eram considerados a fonte de todo o conhecimento.
Novum Organum
O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os
fenômenos naturais. Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros depende da
observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O
conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos
fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos
fenômenos.
Deve-se descrever os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com
três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença
(responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam), a tábua
de ausência (responsável pelo controle de situações nas quais as formas
pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da comparação (responsável pelo
registro das variações que as referidas formas manifestam).
Indução aristotélica
A indução aristotélica não utilizava a experimentação. Se Aristóteles
tivesse recorrido à experimentação, facilmente poderia concluir que, ao
contrário do que estava convencido, a velocidade da queda dos corpos
não depende do seu peso. Para Aristóteles, a indução partia da simples
enumeração de casos particulares observados, enquanto que Bacon
falava de uma observação que não era meramente passiva, até porque
o homem de ciência deveria estar atento aos obstáculos que se
interpõem entre o espírito humano e a natureza.
Problemas
O método, no entanto, possui pelo menos duas falhas importantes. Em
primeiro lugar, Bacon não dá muito valor à hipótese. De acordo com
seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas três tábuas
acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre.
Em segundo lugar, Bacon não imaginou a importância da dedução
matemática para o avanço das ciências.
Descartes
Descartes é frequentemente referido como talvez o mais proeminente
fundador da filosofia moderna e, junto com ela, de um novo
paradigma filosófico.
A pergunta filosófica fundamental é deslocada da metafísica para a
teoria do conhecimento (reviravolta epistemológica, subjetivismo
epistemológico).
Método cartesiano da análise I
Descartes buscou estabelecer um método análogo e igualmente
rigoroso daquele da matemática a partir do qual fosse possível derivar
conhecimento filosófico seguro. A regras básicas do método que
Descartes apresenta na obra O discurso do método são as seguintes:
(1) Regra da evidência: o princípio normativo de aceitar como
verdadeiro apenas aquilo que se reconhece como evidente, ou seja,
aquilo que se apresenta ao nosso entendimento enquanto uma ideia
clara e distinta. Dessa forma eliminamos tudo que for passível de
dúvida. Para Descartes, somos capazes de reconhecer algo como
evidente por intermédio da nossa intuição intelectual.
Método cartesiano da análise II
(2) Regra da análise: dividir todo e qualquer problema em suas partes
mais elementares para melhor resolvê-lo. Da mesma forma que a certeza
é necessária para a evidência, a simplicidade que se alcança através da
análise de um problema é de extrema importância para a atuação da
intuição intelectual.
(3) Regra da síntese: a mera análise do problema não é suficiente, pois
ela revela as partes do problema em questão sem que seja possível
reconhecer as relações entre essas partes. Por isso, Descartes propõe
que essa mesma análise seja seguida de uma síntese que refaça a
estrutura do problema partindo do que é mais elementar e de mais fácil
conhecimento até as partes mais complexas.
Método cartesiano da análise III
(4) Regra de enumeração e revisão: a fim de se evitar qualquer erro banal,
Descartes propõe por fim, uma enumeração e revisão de todas as etapas de
análise e síntese no processo de estudo do problema em questão. A
enumeração é necessária para que verifiquemos se a análise foi completa,
ao passo que a revisão verifica se a síntese está correta.