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Aula 03 – Aristóteles – Metafísica e Lógica

Aristóteles
Aristóteles foi outro importante filósofo da Grécia Antiga. Vindo dos ramos
da medicina, seu pensamento filosófico é marcado pela sistematização. Além
disso, é um grande opositor às ideias de Platão e seus dois mundos, o inteligível
e o sensível. Para o filósofo desta nossa aula não existem dois mundos em que
um é imutável e o outro mutável, mas um único, o que vivemos, marcado sim
pela mutabilidade, mas que pode ser objeto de um conhecimento verdadeiro
se for olhado para os elementos que vão além do físico de cada
acontecimento, é o que chamamos de Metafísica.

Metafísica
Aristóteles acredita na existência de um motor imóvel que move o
mundo e o ordena da forma que é (esse motor para Aristóteles não é deus na
concepção que temos hoje). Sendo assim, caso se conheça a forma como esse
motor opera, é possível adquirir um conhecimento que vai além da
mutabilidade das coisas.

Nesse sentido, o filósofo elabora alguns conceitos importantes que podem


ser encontrados nas coisas físicas e que diriam respeito à ordenação do mundo,
são eles:

 Substância: Aquilo que se articula no ser. Tem múltiplos significados. É o princípio


e a causa das categorias.
 Matéria: Princípio da individualização, levando em conta a pluralidade
 Forma: O que determina algo pertinente a uma categoria
 Ato e Potência Modos de ser em potência, ou seja, possibilidade de realização
(ex: Uma semente que pode se tornar uma árvore é um ato: semente e
potência: se tornar árvore)
 Essência: Base fundamental, aquilo que é o ser
 Acidente: O que há de mutável nas coisas.

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Aristóteles elenca também Quatro Causas para que as coisas sejam com
elas são.

Pensando no exemplo de uma casa em construção, as quatro causas são:

 Material: De que a cosia é feita? (De tijolos)


 Eficiente: O que fez a coisa? (Construção)
 Formal: O que lhe dá a forma? (A própria casa)
 Final: O que lhe deu forma?

Lógica
A lógica, para Aristóteles é fundamental para o filósofo. Ela nada mais é
que a forma racional de como devem ser dispostos os argumentos para que
eles sejam válidos, ou seja, para se montar um argumento de tal forma que ele
siga determinadas regras e possa ser entendido por todos. A lógica não atesta
a veracidade dos argumentos, pode-se criar um argumento seguindo as leis
lógicas que seja falso, mas todo argumento para ser válido, deve segui-la.

Os Três princípios básicos da lógica:

 Identidade: A é A. (Isto é um carro)


 Não-contradição A é A e ao mesmo tempo não é (Todo mundo veio, menos...)
 Terceiro excluído: É ou não é, não há terceira possibilidade (Porta é porta, não
cadeira)

Juízo: Para proferir um argumento, é necessário que ele seja formado por juízos,
que nada mais são que a relação entre a coisa e seu predicado

Silogismo: A lógica aristotélica argumentativa ocorre também por meio de


silogismo, que nada mais são composto de no máximo duas proposições das
quais se retira uma conclusão. Por exemplo:

“Todo homem é mortal,

Sócrates é homem,

Portanto Sócrates é mortal”

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Vale lembrar que as regras da lógica não são atestado de veracidade dos
argumentos, apenas regras que os argumentos devem seguir para serem
inteligíveis e válidos.

Questões:

1. (Uece 2019) “Chamo de princípio de demonstração às convicções comuns


das quais todos partem para demonstrar: por exemplo, que todas as coisas
devem ser afirmadas ou negadas e que é impossível ser e não ser ao mesmo
tempo.”

ARISTÓTELES. Metafísica, 996b27-30.

Em sua Metafísica, Aristóteles apresenta um conjunto de princípios lógico-


metafísicos que ordenam a realidade e nosso conhecimento acerca dela.
Dentre eles está o princípio de não contradição, o qual;

a) indica que afirmações contraditórias são lógica e metafisicamente aceitáveis,


pois a contradição faz parte da realidade.
b) estabelece que é possível que as coisas que tenham tais e tais características
não as tenham ao mesmo tempo sob as mesmas circunstâncias.
c) afirma que é impossível que as coisas que tenham tais e tais características
não as tenham ao mesmo tempo sob as mesmas circunstâncias.
d) é normativo, ou moral; portanto, deve ser rejeitado como antimetafísico, ou
seja, não caracteriza a realidade.

2. (Enem PPL 2017) A definição de Aristóteles para enigma é totalmente


desligada de qualquer fundo religioso: dizer coisas reais associando coisas
impossíveis. Visto que, para Aristóteles, associar coisas impossíveis significa
formular uma contradição, sua definição quer dizer que o enigma é uma
contradição que designa algo real, em vez de não indicar nada, como é de
regra.

COLLI, G. O nascimento da filosofia. Campinas: Unicamp, 1996 (adaptado).

Segundo o texto, Aristóteles inovou a forma de pensar sobre o enigma, ao


argumentar que

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a) a contradição que caracteriza o enigma é desprovida de relevância filosófica.
b) os enigmas religiosos são contraditórios porque indicam algo religiosamente
real.
c) o enigma é uma contradição que diz algo de real e algo de impossível ao
mesmo tempo.
d) as coisas impossíveis são enigmáticas e devem ser explicadas em vista de sua
origem religiosa.
e) a contradição enuncia coisas impossíveis e irreais, porque ela é desligada de
seu fundo religioso.

3. (Uel 2015) Leia o texto a seguir.

É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos
que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua
primeira causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos
por causa a substância e a essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção
última, e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda causa é a matéria
e o sujeito; a terceira é a de onde vem o início do movimento; a quarta causa,
que se opõe à precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é, com
efeito, o fim de toda a geração e movimento).

Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril
S. A. Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os Pensadores.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que
indica, corretamente, a ordem em que Aristóteles apresentou as causas
primeiras.

a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa formal.


b) Causa formal, causa material, causa final e causa eficiente.
c) Causa formal, causa material, causa eficiente e causa final.
d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final.
e) Causa material, causa formal, causa final e causa eficiente.

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4. (Ufu 2013) [...] após ter distinguido em quantos sentidos se diz cada um [destes
objetos], deve-se mostrar, em relação ao primeiro, como em cada predicação
[o objeto] se diz em relação àquele.

Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola,


2002.

De acordo com a ontologia aristotélica,

a) a metafísica é “filosofia primeira” porque é ciência do particular, do que não


é nem princípio, nem causa de nada.
b) o primeiro entre os modos de ser, ontologicamente, é o “por acidente”, isto é,
diz respeito ao que não é essencial.
c) a substância é princípio e causa de todas as categorias, ou seja, do ser
enquanto ser.
d) a substância é princípio metafísico, tal como exposto por Platão em sua
doutrina.

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Gabarito:

Resposta da questão 1:
[C]

O princípio da não contradição aristotélico afirma que duas afirmações que se contradizem não
podem ser, ambas, verdadeiras ao mesmo tempo e em referência à mesma coisa. Ou seja,
não seria possível que algo tenha uma característica e não a tenha ao mesmo tempo, sob as
mesmas circunstâncias, tal como indica a alternativa [C].

Gabarito:

Resposta da questão 2:
[C]

Para o autor do texto, a inovação da reflexão filosófica aristotélica acerca do enigma é a


admissão do caráter paradoxal inerente a ele, na medida em que associa coisas impossíveis,
em uma relação de contradição, para formular algo sobre coisas reais, sendo a alternativa [C] a
única que expressa essa ideia.

Gabarito:

Resposta da questão 3:
[C]

A teoria do conhecimento em Aristóteles busca explicar a mutabilidade da realidade. Para este


filósofo, para que se desenvolva um conhecimento verdadeiro, deve-se compreender as etapas
que constituem a realidade, objetivando com isto, compreender o processo como um todo. Os
conceitos desenvolvidos por ele buscam conhecer a mutabilidade da realidade através da
potencialidade (potência), a capacidade para se transformar em um determinado objeto e o
processo de transformação (ato), a realização da transformação. Soma-se a isto a relação
estabelecida pelo filósofo entre matéria e forma. Assim, quanto maior for a compreensão da
relação entre ato e potência e matéria e forma, maior será a compreensão da verdade. No livro
“Metafísica” para ele descreve a teoria das 4 causas como sendo: causa material - do que a coisa
é feita; causa eficiente - aquilo que produz a coisa; causa formal - a forma, os contornos, a
aparência, aquilo que a coisa vai ser; e causa final - a finalidade, aquilo para o qual a coisa é
feita.

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Gabarito:

Resposta da questão 4:
[C]

Em Categorias, Aristóteles concebe a substância apenas como indivíduos e define distinções


lógicas importantes entre tipos de atributos que se referem a estas substâncias, já em Metafísica,
o filósofo engendra uma análise fundante sobre a substância mesma e a posiciona
diferentemente como um complexo de matéria e forma. De maneira geral podemos tomar a
substância como o ser dito de várias maneiras: 1) ela é o princípio da realidade e do
conhecimento, 2) é a causa por excelência sendo em todos os sentidos causa formal, material,
eficiente e final, 3) é o suporte de propriedades essenciais e 4) é a essência, ou seja, aquilo sem
o qual a coisa deixa de ser o que é.

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